quarta-feira, agosto 31, 2005

Translator salad

Na versão em português do Blogger (servidor deste blog), no procedimento de carregamento de imagens, aparece a mensagem: "Após clicar em Concluído, você pode alterar sua postagem e publicar no seu blog". Só que no botão está escrito "Pronto". É o que dá dividir serviço entre mais de um tradutor.

Paul Bryan

O tecladista cego Sérgio Sá, que participou da novela "América" como entrevistado de Dudu Braga no programa fictício "É Preciso Saber Viver", fez sucesso em inglês no começo dos anos 70 com "Listen". Foi também co-autor de "Don't Say Goodbye", gravada por Chrystian (hoje mais conhecido por sua dupla com o irmão Ralf). Sá usava o nome artístico de Paul Bryan. Mas, na capa do LP "Listen to Paul Bryan", quem aparecia era um loiro barbudo sem nenhuma semelhança com o artista. Que eu saiba, não chegou a haver divulgação em programa de TV ou clip, do contrário teria sido uma antecipação do engodo Milli Vanilli.

Se meus pais fossem vivos

Às vezes fico imaginando como meus pais se comportariam em meio a essas novidades todas que surgiram depois que eles se foram. Meu pai faleceu em 1984 e não chegou a conhecer nem videocassete, embora o aparelho já existisse. Minha mãe morreu em 1989 e tomou conhecimento da existência do CD, mas nunca viu um de perto. Também nunca chegou a mexer em computador, que no tempo dela ainda não tinha os atrativos de hoje. Internet, CD-R, DVD, ou mesmo TV por assinatura, nada disso eles chegaram a pegar.

Meu pai teria curtido muito o videocassete, mas, como a maioria dos usuários, não aprenderia a programá-lo. A despeito de sua notória inteligência, ele era atrapalhado com aparelhos. O rádio-relógio já o estressava, com seus ajustes de horário e modo de despertar. Mas com certeza ele pediria a mim que gravasse algum programa que o interessasse. Nas locadoras, tentaria encontrar seus filmes preferidos para rever e procuraria também documentários de História, principalmente sobre a Segunda Guerra. Não sei o que ele acharia das cópias de péssima qualidade que as locadoras ofereciam no começo. Legendas para ele não seriam problema, já que ele lia sem dificuldade. Lembro de um filme legendado a que assistimos na TV e ele comentou que as enxergava normalmente, como no cinema.

O surgimento do CD reacenderia o seu interesse por tangos e orquestras. Talvez ele comprasse a caixa “A Faxineira das Canções”, de Elizeth Cardoso, mas reclamaria por não poder levar só os CDs ao vivo com Jacob do Bandolim, que ele adorava. Na Internet ele pesquisaria sobre História e Direito, mas sua curtição maior, sem dúvida, seriam os chats. Em seus últimos meses de vida ele se divertiu conversando anonimamente no tele-amigos, mas sempre de forma sadia. Ele achava que, por ter sido autoridade, não podia se expor muito, mas a possibilidade de se comunicar sem se identificar o fazia sentir-se liberado. Imagino o que ele não iria aprontar no ICQ, MSN e salas de conversa. Faria muitas amizades virtuais, também, inclusive com pessoas de outros estados.

Se não me engano minha mãe não datilografava, então o teclado do computador talvez a afugentasse. Do contrário, vejo-a recebendo e repassando essas mensagens de auto-ajuda que circulam pela Internet. Ela seria forte candidata a acreditar nos textos falsamente atribuídos a Luis Fernando Verissimo ou Mario Quintana, até que alguém a avisasse. Mas os falsos alertas de vírus e golpes ela repassaria na maior inocência. Se perdesse o pudor de usar cartão de crédito, se divertiria fazendo compras nas lojas virtuais como tantas vezes fez por telefone ou pelo correio. Procuraria sites em alemão, também. Já na TV a cabo, ela só assistiria a canais em alemão na ausência do meu pai. Era sempre ele quem escolhia o que ver na televisão e isso não mudaria.

Já ia me esquecendo do telefone celular. Eles também não conheceram. Se tivesse surgido na minha adolescência, seria perfeito para eles saberem onde eu estava e por que ainda não tinha voltado. Mas também teria servido para eu ligar e dizer que iria chegar mais tarde, já que por tanto tempo tive hora para voltar para casa. Se eles tivessem apenas vivido para conhecer o celular na época em que apareceu, não chegaria a fazer tanta diferença. Só o meu pai é que estaria sujeito a receber ligações da minha mãe em qualquer lugar, mas isso não seria problema, já que sempre ele é que atenderia, mesmo.

Respondeu tudo

Trecho da entrevista do violonista Yamandu Costa na Zero Hora de hoje, na capa do Segundo Caderno:

ZH - Qual foi a primeira vez que ouviste falar de Borghettinho?

Yamandu - O Borghettinho é daquelas pessoas que quando se conhece já se fica amigo, uma pessoa maravilhosa e querida.

E a vovó já comeu pitanga?

terça-feira, agosto 30, 2005

Tudo explicado!

A Rosana Herrmann não me bloqueou. Foi realmente uma falha de sistema. Isso me lembra um sujeito que recebeu um convite de formatura da Faculdade de Direito com o título de "Intimação" e pensou: "O que foi que eu fiz desta vez?"

Dieta

Eu não estava motivado a fazer dieta, mas acho que agora não tenho escolha. Obesidade e asma é uma combinação explosiva. Vou ter que encarar. Já estou com água na boca só de pensar nas verduras (aaaaaargh!!!). Mas já aviso que não farei como em outros blogs, que ficam informado o avanço (ou não) do emagrecimento e mostrando fotos.

Cavalos de Tróia

Como já disse outras vezes, tenho o mesmo e-mail desde 1996. Participo ativamente de grupos de discussão do Brasil e do exterior e já fiz centenas de compras on-line. Com isso, meu endereço eletrônico está espalhado por sites da Internet para quem quiser consultar. E assim, recebo toneladas de mensagens não solicitadas (SPAM), muitas delas contendo os famigerados “Cavalos de Tróia”: programas mal-intencionados destinados a infectar seu computador ou roubar informações sigilosas. Por sorte, já aprendi a reconhecê-los. É muito raro eu cair em armadilhas.

Por esse motivo, acho graça quando um desses muitos programas nocivos que circulam pela Internet é explorado isoladamente como notícia sensacionalista. Parafraseando um antigo bordão do saudoso programa humorístico Planeta dos Homens: é só esse? Cadê os outros? Um recente alerta de vírus divulgado na imprensa até foi redigido de forma clara, com as informações bem apuradas. Só não concordei com um detalhe: a expressão “vírus do Orkut”, usada inclusive no título da matéria. Quem ler atentamente a reportagem vai entender, mas muitos pensarão que é o site do Orkut que contém vírus e qualquer usuário corre perigo enquanto estiver cadastrado. Não é nada disso.

A infeliz expressão “vírus do Orkut” se refere na verdade ao uso maldoso do nome do site de amizades para induzi-lo a executar um programa que rouba seus dados bancários. O Orkut é apenas um inocente útil. Mais ou menos como se um estranho lhe telefonasse dizendo: “sua mãe pediu que você me passasse os dados da sua conta, inclusive a senha”. Depois os jornais denunciariam o golpe “da mãe”, coitadinha, que não tem culpa. E muito antes do Orkut, outros sites já tiveram seus nomes usados em arapucas virtuais. Não critico quem se deixa enganar, mas nunca fui iludido porque as primeiras dessas mensagens que chegaram até mim citavam empresas das quais eu não era cliente, como Banco do Brasil, Citibank e ebay. Isso me ajudou a ficar esperto.

Mas o alarde feito em torno do “vírus do Orkut” me faz pensar em quantas notícias bombásticas estiveram bem em baixo do meu nariz e eu simplesmente as deletei. Deveria ter guardado todos os “Cavalos de Tróia” que recebi, nem que fosse para fazer uma estatística. Não me vejo como um expert, mas considerando quanta gente ingênua e bem intencionada freqüenta a Internet, acho que tenho algumas dicas a repassar. Vamos a elas:

- Se o seu provedor de correio eletrônico tem webmail (página para ler os e-mails no próprio site em qualquer computador), examine primeiro as mensagens antes de baixá-las para o seu disco (via Outlook ou outro programa específico). Exclua o supérfluo e só baixe realmente o que quiser guardar.

- Jamais clique em links fornecidos via e-mail por pessoas estranhas ou empresas (conhecidas ou não).

- Se receber um e-mail de pessoa conhecida mas achá-lo estranho e sem sentido, desconsidere e apague. Muitos vírus criam mensagens para envio e copiam endereços válidos no campo “remetente”. E pode ser outro computador, que não o do suposto remetente, que está infectado.

- Jamais confie em e-mails que instruem a atualizar software, seja por link fornecido (ver dica correspondente acima) ou por programa anexo (que você não deve executar!). Se você for usuário cadastrado de algum software e ficar em dúvida, confira diretamente no site do fabricante. Mas não siga nenhuma orientação do e-mail. Digite você mesmo o endereço do site, fornecido no pacote de software, no campo do navegador, ou use o link do próprio programa, se houver. O MSN, por exemplo, avisa sobre atualizações no momento em que você se conecta. Mas não por e-mail comum: aparece uma janela avisando explicitamente que há uma versão mais atual disponível.

- Jamais confie em e-mails com pedidos de atualização de dados cadastrais.

- Jamais confie em e-mails com aviso de pendências ou irregularidades do Serasa, da Receita Federal ou de qualquer outro órgão. Esse tipo de aviso, quando legítimo, chega pelo correio normal (não me perguntem como eu sei disso). Eis um bom assunto para uma matéria: o "vírus do devedor".

- Se receber um aviso confirmando uma transação que você não fez, desconsidere. Mesmo que seja a transferência de um valor astronômico para a conta de alguém. Se quiser investigar, lembre-se da dica de jamais clicar em links fornecidos no e-mail, pois o objetivo é induzi-lo a fazer exatamente isso.

- Por mais ciumento e desconfiado que você seja, desconsidere e-mails que avisam que você está sendo traído e dizem para clicar no link e ver as fotos. Mesmo que você saiba com certeza que está sendo traído, o e-mail é apenas coincidência. Esse pode ser o "vírus do corno".

- Desconsidere qualquer e-mail de procedência anônima.

- Jamais confie em e-mails que anunciam fotos exclusivas do Big Brother Brasil ou de alguma mulher famosa. Não caia no "vírus do tarado".

- Existem muitos e-mails maldosos usando o nome do site Humortadela. Se o nome do remetente não estiver identificado ou for alguém que você não conhece, apague a mensagem imediatamente. Na dúvida, apague também.


- Não confie em propostas milionárias para desembaraçar dinheiro. Essas geralmente vêm em inglês.

Os cartões virtuais são um capítulo à parte. Se a minha caixa postal é parâmetro, eles são a forma mais usada para disseminar “Cavalos de Tróia”. Não existe uma receita infalível para identificar cartões falsos, mas algumas orientações são certeiras. Vejamos:

- Por mais que você esteja carente, por mais que você torça para que seu namorado ou namorada sinta saudade e volte, jamais confie em cartões anônimos, tipo “do seu amor para o meu amor”, “de alguém que te ama”, “estou com saudades”, “alguém que gosta muito de você enviou este cartão”, etc. Cartões legítimos nunca são anônimos. Não clique nos links ou será infectado pelo "vírus da saudade".

- Na maioria dos cartões falsos, não é o seu e-mail que aparece no destinatário. Isso porque eles são enviados para vários ao mesmo tempo. E não significa que alguém esteja com saudade de tanta gente, é para infectar o maior número possível de computadores, mesmo.

- Não sei por que, mas cartões falsos geralmente têm erros de ortografia no título. “Você” sem acento é o mais comum. Agora, se isso não lhe chama a atenção, aí é outra história. Breve os jornais falarão no "vírus do analfabeto".

- Não sei se todas as páginas de “webmail” são iguais, mas na do meu provedor, basta colocar o cursor por cima de um link (sem clicar) para ler no rodapé do navegador o verdadeiro endereço para onde o link direciona. Nos cartões falsos, nunca é o mesmo que aparece no texto. E invariavelmente termina em “exe”, “scr” ou “zip”, que são os programas nocivos. Mas cuidado: existe uma forma de fazer aparecer no rodapé um endereço diferente do real. Não descuide das outras dicas.

- Alguns cartões falsos trazem nome de pessoas atribuídos aleatoriamente. Se coincidir com o nome de quem você está esperando, ainda assim vá com calma. Na dúvida, telefone para seu/sua ex. Aliás, é um bom pretexto, mas cuidado para não pagar mico. Esse poderia ser o "vírus do descornado" (não confundir com o "vírus do corno", citado acima).


Tudo o que eu escrevi me parece claro e óbvio, mas nem todos têm a mesma experiência, então espero ter ajudado em alguma coisa.


Pergunta

Será que este jornal australiano foi o primeiro a ter a originalíssima idéia de usar o nome do grupo de rock Katrina and the Waves (Katrina e as ondas), surgido nos anos 80, para fazer um trocadilho com o furacão americano?

domingo, agosto 28, 2005

Serviços especializados

Agora há pouco precisei de um táxi (meu carro está com um problema – aliás, mais um, agora na caixa de câmbio) e, enquanto voltava, pensei: o aparente martírio desse motorista, tendo que trabalhar altas horas da noite, na verdade é uma situação muito parecida com a minha, quando viro a noite traduzindo. Claro que ele está se expondo a riscos e eu, não. Mas, fora isso, não vejo tanta diferença. E garanto a vocês: assim como ele provavelmente não teria condições de trabalhar como tradutor, eu também não possuo os requisitos para ser motorista de táxi.

Em primeiro lugar, eu detesto dirigir. Estranho, vocês acham? Pois é: um homem que não gosta da direção. Nem de automóveis. Talvez se eu pudesse ter sempre o carro do ano, mantê-lo bem conservado, eu pensasse de outra forma. Mas por melhor carro que eu pudesse comprar, isso não mudaria a condição de nossas estradas, que além de esburacadas, são mal iluminadas e mal sinalizadas. Não tornaria o trânsito mais civilizado. Apenas me daria uma vantagem a mais em meio ao caos.

Outro problema: apesar de sempre ter morado em Porto Alegre, eu sou um péssimo conhecedor de ruas e trajetos. Quando tirei minha carteira, aos 18 anos, a maioria dos bairros era desconhecida para mim. Ou então eu até conhecia os lugares, mas não sabia como ir de um ponto ao outro. Meu instrutor de auto-escola foi avisado disso e imaginou que, me fazendo percorrer a cidade de cabo a rabo, sanaria essa deficiência. Mas eu estava tão preocupado em dirigir corretamente que apenas ia seguindo as direções indicadas, sem realmente aprender os caminhos. Até hoje, se alguém me guia até um determinado local dando as instruções de última hora, eu não memorizo a seqüência de ruas que me levou até o destino. Para muitos de vocês, isso deve ser tão estranho quanto é para mim saber de pessoas que moram vários meses – ou anos – nos Estados Unidos ou Inglaterra e não aprendem inglês como poderiam. Uns são impermeáveis para idiomas, outros para ruas e traçados.

Outra observação que de vez em quando eu faço é a de que não tenho o que eu chamo de "inteligência de empregada doméstica". Percebi isso claramente nos dois períodos em que morei com minha irmã. Meus sobrinhos são organizados e ordeiros, mas eu deixava um rastro de tralhas reviradas por onde passava. Muita gente contrata faxineira por comodismo. Eu, não: para mim, ela é uma profissional que detém um conhecimento que eu não tenho. Estou pagando por um serviço especializado que eu próprio não conseguiria realizar. Por isso, fico furioso quando vejo a classe média fazendo drama cada vez que aumenta o salário mínimo. E agora, como vamos continuar remunerando nossas empregadas? Com o reajuste legal, é óbvio. Afinal, o trabalho delas não é moleza. Eu não trocaria minhas traduções por serviços de faxina, ainda que ganhasse o mesmo. Aliás, acho que nem ganhando mais, sinceramente.

Em qualquer atividade sempre existirão os bons e os maus profissionais, mas tenho o maior respeito por quem realiza esses serviços menos valorizados. São habilidades especializadas como quaisquer outras e muitas delas eu não possuo. Então complemento minha renda fazendo traduções, porque é uma de minhas capacidades. Com o dinheiro que ganho, pago uma faxineira para limpar o apartamento, chamo um táxi quando não posso usar o carro e contrato um eletricista se há problema na instalação. Se pudesse, teria uma empregada doméstica em tempo integral. Eu digo, sem ironia, que não ganho o suficiente para remunerar esse serviço altamente especializado.

sábado, agosto 27, 2005

Ainda esperando o trem

Este ADSL de disponibilidade intermitente é uma verdadeira tor-tu-ra chinesa! Maldita hora em que fui optar por modem USB! Eu esqueço que, na era da computação, nem tudo o que é feito pera funcionar efetivamente funciona. E, como sempre, "é assim mesmo". Eu é que estou errado por não entender isso. Ou por ter feito a opção errada supondo que funcionaria tão bem quanto a outra.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Lógica

Eu tinha pensado em escrever um longo comentário sobre este assunto, mas acho que posso resumir em um parágrafo. Não entendo a fúria de alguns antipetistas pelo fato de Luis Fernando Verissimo "não estar criticando Lula com a mesma veemência com que malhava FHC". Ora, é óbvio que ele não vai fazer isso! Assim também, é normal que Chico Buarque prefira silenciar. Não é coisa pouca, é um sonho de mais de 20 anos que está ruindo. E a decepção não os fará juntar-se ao coro dos inimigos. Mal comparando: se o Internacional deixasse de existir eu iria trocar de time, mas continuaria torcendo contra o Grêmio.

Preto-e-branco já!

Está saindo em DVD no Brasil a primeira temporada da série “A Feiticeira”. Ótimo. Só que tem um detalhe. Nos Estados Unidos foram lançadas duas caixas: uma em preto-e-branco, como eram originalmente os capítulos, e outra em versão colorizada. Aqui no Brasil não teremos opção: alguém decidiu por nós que ninguém iria se interessar pela série em preto-e-branco e, com isso, só a colorizada está sendo lançada. E o pior é que, do ponto de vista mercadológico, até foi uma decisão acertada.

Infelizmente, vigora uma mentalidade burra de que tudo o que é a cores é melhor do que o preto-e-branco. A qualidade da produção, o valor histórico, o pioneirismo, nada disso interessa. Se é em preto-e-branco, já leva desvantagem. Existe um filme sensacional, um clássico, chamado “O Pai da Noiva”. Foi produzido em 1951, com direção do grande Vincent Minelli e a jovem Elizabeth Taylor no papel da noiva. Só que quase ninguém se interessa em conhecer essa obra-prima porque em 1991, criminosamente, foi feito um remake com o exagerado Steve Martin no papel do pai da noiva. E como é mais recente e é a cores, todos preferem ver esse. Ora, o original tinha um humor sutil e verossímil, captando com perfeição os sentimentos ambíguos de um pai cuja filha está prestes a casar. Spencer Tracy foi indicado para o Oscar por sua interpretação do pai. Já o filme de Steve Martin é uma palhaçada braba, estraga todo o potencial do roteiro. Mas é esse que as pessoas querem ver porque é mais atual e porque é a cores.

Hoje vejo a caixa de DVDs com a primeira temporada de “Perdidos no Espaço”, que me custou 200 reais, sendo vendida por menos de 100. Por quê? Porque é em preto-e-branco, ora! Por que mais seria? Então você não sabe que tudo o que é em preto-e-branco é ruim? Felizmente nunca refizeram ou colorizaram “Cidadão Kane”. “Casablanca” até teve um relançamento a cores, mas em DVD foi preservado em seu glorioso preto-e-branco. No caso de “A Feiticeira”, alguns podem achar que é só tirar a cor do televisor. Mas não é. O processo de colorização altera os tons. Fica aqui o meu protesto. Quero “A Feiticeira” em preto-e-branco, tal como foi filmado. E quem só viu “O Pai da Noiva” na versão pastelão do Steve Martin fica multado em conhecer o original.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Publicidade gratuita

Cliquem aqui para ouvir minha voz falando inglês. Locuções em idiomas estrangeiros é um dos muitos serviços oferecidos pela empresa de traduções Traduzca. Se o cliente não gostar de meu timbre ou de minha pronúncia, não tem problema: nesta página encontram-se amostras de outras vozes falando inglês (ou aqui para outros idiomas).

Para ouvir minha voz falando português é só me telefonar. Mas não aconselho. Minha namorada é muito ciumenta.

Esperando o trem

Eu já sou dispersivo ao natural. Sempre fui, desde a infância. Lembro de uma vez em que eu estava começando a fazer meu tema de casa quando minha mãe saiu e ficou um longo tempo fora. Quando ela voltou, ficou furiosa de saber que eu ainda estava na questão número dois. Mais tarde, quando já estava tudo em paz, ela quis saber o que eu tinha "ficado fazendo". A rigor, nada de mais. Eu parava, circulava pela casa, olhava para os lados, pensava, sonhava, viajava, mas para todos os efeitos eu estava "fazendo o tema".

Pois bem: este meu ADSL é de dar nos nervos. Um colega meu que conhece melhor o assunto acha que o problema pode ser de eu estar usando modem USB, que é acionado por um "discador" e faz uso de software na navegação. Com isso, quando envio um comando para o navegador ou tento baixar meus e-mails pelo Outlook, nem sempre a resposta é imediata. Às vezes o modem chega a levar mais de um minuto para ser acionado. Se interrompo uma tradução para fazer uma consulta, a espera é agoniante. Como sei que as consultas e mudanças de tela virão todas ao mesmo tempo, aproveito para ir dando comandos em outras janelas, para aproveitar a "viagem" (seja lá que "viagem" é essa que o computador precisa fazer para me "trazer" o que eu pedi na Internet). Lá pelas tantas eu até esqueço que tinha feito uma consulta. Quando mudo de janela, lá está a palavra que eu tinha pesquisado e nem lembrava mais.

Não vou colocar a culpa só nisso, mas com certeza essa navegação intermitente contribui para que eu acabe fazendo pausas maiores do que o necessário em minhas traduções. Tive algumas vantagens ao colocar ADSL: a conta do telefone baixou e os downloads e uploads ficaram sensivelmente mais rápidos. Mas essa navegação tipo "esperar o próximo trem" é de tirar a paciência de qualquer um. Se alguém souber uma forma de resolver esse problema sem trocar de modem, agradeço qualquer dica (já passei antispyware e antiadware e não adiantou).

quarta-feira, agosto 24, 2005

Especial Bee Gees

Uma vez por mês a banda Sunset Riders faz o seu Especial Bee Gees, sempre numa quinta-feira. Pois dia 25 é o dia! Às 22:30 no John Bull Pub, no Shopping Total (antiga Brahma), Av. Cristóvão Colombo 545. Desta vez eu não vou poder ir, infelizmente, mas continuo dizendo que eles tocam Bee Gees melhor do que os Bee Gees. Se acham que é exagero, apareçam lá e confiram.

Abolição das regras

Dizem que uma língua se constrói a partir do povo. Concordo que não se pode ignorar o surgimento de novas palavras e significados. Mas acho que para tudo há um limite. Lembro do projeto de um idealista de alterar a ortografia do português de forma que cada letra representasse univocamente um fonema. Por mais prática que fosse a idéia, parece-me delírio de alguém que sofreu com a ortografia no tempo do colégio e, entre um resmungo e outro, dizia: “Que saco, por que não se escreve tudo como se fala? Eu vou lançar um projeto para acabar com esse martírio!”

Ora, quem sabe não seria uma boa idéia? Eu, particularmente, nunca tive muita dificuldade com português, mas muitos têm. Então, para acabar de uma vez por todas com o conceito de “erro”, a solução seria liberar geral! Tanto a gramática quanto a ortografia passariam a espelhar as diversas formas com que o povo se expressa. Posso até imaginar a minuta dessa nova reforma lingüística:

- Fica extinta a obrigatoriedade da concordância do particípio. Pode-se dizer e escrever, por exemplo: “Foi trocado as molas do carro.” “Foi discutido as novas regras”

- Expressões como “pão-duro” e “puxa-saco” passam a flexionar opcionalmente em gênero, podendo dizer-se “pão-dura” e “puxa-saca”.

- Expressões terminadas em “que o pariu” não flexionarão em gênero, de forma que até mesmo uma mulher será encaminhada à pessoa que “o” pariu.

- O acento grave, até agora usado rigorosamente como sinal de crase, passa a ser aceito como mero ornamento da palavra "a" em suas mais diversas funções gramaticais.

- A grafia das palavras "cessão", "sessão", "seção" e até mesmo o popular "'cês são" passa a ser livre e intercambiável.

- A palavra "fritas" passa a ser aceita como substantivo singular. Exemplo: "Quero um chope e uma fritas pequena."

- A palavra “menos” passa a flexionar opcionalmente em gênero, podendo ou não dizer-se, por exemplo, “menas força” ou “menas paciência”.


- Passam a ser aceitas as formas “seje” e “esteje” nas conjugações dos verbos “ser” e “estar” respectivamente.

- Fica criado o verbo “indiguinar” como sinônimo de “indignar”, de forma que não seja mais errado dizer: “Eu me indiguino quando me corrigem!”

- A concordância em número passa a ser opcional, sendo facultado dizer, por exemplo “dois dólar”, “três pila” e “esses gaúcho metido a besta”.

- O verbo “haver”, no sentido de “existir”, pode ser usado no plural, não sendo mais incorreto dizer-se “houveram diversas mudanças na gramática”.

- “Bimensal” passa a ser aceita como sinônimo de “bimestral”, ou seja, uma vez a cada dois meses.

- A expressão “de encontro a” torna-se sinônima de “ao encontro de”.

- Os substantivos femininos terminados em “ão” passam a ter terminação opcional em “ã”. Exemplo: “questã”, “cançã”, etc.

- A pronúncia do “x” passa a ser livre, de forma que “tóxico” pode ser pronunciado “tóchico”, “coaxial” pode ser dito “coachial” e os pedantes ficam autorizados a pronunciar “máximo” como “mácsimo”.

- A palavra “paralisação” passa a ter a grafia opcional “paralização”.

- Oxítonas e monossílabos tônicos terminados em “i” e “u” passam a ter acento opcional. Exemplo: recebí, imprimí, etc. E aquele monossílabo que tem assento agora passa a ter também acento.

- A segunda pessoa do singular pode ser conjugada como a terceira: “tu foi”, “tu disse”, etc.

- A palavra “fizemos” passa a ser aceita como presente do indicativo, sinônima de “fazemos”. Exemplo: “Aqui na alfaiataria nós fizemos qualquer ajuste que o senhor quiser.”

- Passa a ser válido o uso da preposição “com” para expressar valores, inclusive em títulos de crédito. Exemplo: Cinqüenta reais com vinte centavos.

- As palavras “excesso” e “exceção” podem ser escritas com qualquer grafia alternativa que preserve os fonemas originais, portanto não serão aceitas as formas “eseso” e “exesão”, por exemplo.

- Está liberado o uso da vírgula em qualquer ponto da frase exceto no final. Também não serão aceitas duas vírgulas consecutivas sem uma palavra que as separe.

Digitei isto no Word e nunca o corretor ortográfico implicou tanto com um texto meu. O "menas" ele não queria deixar passar de jeito nenhum, corrigia na hora. Em todo o caso, está lançada a proposta. Aí, quem sabe, ficarão extintos os erros de português.

De novo!

Continuam roubando minhas idéias. Hoje foi o chargista Marco Aurélio, na Zero Hora.

terça-feira, agosto 23, 2005

Visita internacional

Não sei como me achou, mas de qualquer forma é uma honra ter nos comentários a presença de um "hermano" argentino. Desculpe, não vou arriscar uma só linha em espanhol. Mas seja bem-vindo. Como vai meu ídolo Charly Garcia? Tem recuperação ou vai continuar sendo um souvenir de pele e osso do artista que foi um dia? Um dia ainda quero conhecer Buenos Aires.

Chuva

Essa chuva que está caindo lá fora me lembra de uma experiência que tive aos dez anos, na casa em que nossa família veraneava, em Atlântida. Era verão, eu estava de férias e chovia forte. Peguei uma cadeira, sentei na entrada da casa, na parte coberta, e fiquei curtindo a chuva. Aquela visão me transmitiu uma paz incrível. Eu estava ali, protegido, ouvindo aquele barulho, vendo aquela paisagem semiabandonada, um enorme terreno baldio logo à frente se encharcando da água da chuva, o tempo cinzento, e eu estava gostando. Sem que eu soubesse, era o meu lado contemplativo que começava a se manifestar. Eu era uma criança, mas já conseguia captar o relaxamento da natureza. Fiquei um bom tempo ali, apreciando a chuva. Hoje existe até CD com barulho de chuva, mas quando ela cai de verdade a gente reclama. Mais pessoas deveriam tentar viver essa experiência em vez de ficar chorando que "não deu praia".

Gil roqueiro

Hoje encontrei por dez reais o CD "Dia Dorim, Noite Neon", de Gilberto Gil. O vinil original saiu em 1985 e o relançamento é produzido por Marcelo Fróes, com faixas bônus. Mas eu comprei o disco por causa de uma só música: "Roque Santeiro - o Rock". Não, não confundam com o tema da novela, que é de Sá e Guarabyra e eu também adoro. A música do Gil é uma composição totalmente atípica em sua obra, um rock iradíssimo turbinado pela guitarra de Sérgio Dias, dos Mutantes. Muitos roqueiros ditos "autênticos" não fizeram um rock tão perfeito e carregado de adrenalina. A letra é uma homenagem ao rock brasileiro, que nos anos 80 assumiu o poder e conquistou a mídia que tanto o ignorava nos anos 70. Gil cita Lobão, Paralamas, Ultraje a Rigor e Titãs e faz uma de suas letras mais contundentes e otimistas, casando perfeitamente com o pique da melodia e do arranjo: "Outrora o reino do pai / agora o tempo do filho com seu novo canto / outrora o Monte Sinai / agora sinais da nave do Espírito Santo". De arrepiar. O clip dessa música foi apresentado no Fantástico na semana do último capítulo da novela Roque Santeiro.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Miudezas

Na semana passada, fui pegar meu carro num estacionamento do Centro e vi outro cliente reclamando que não queria pagar o preço de uma hora. Isso me fez lembrar o quanto eu não sou miudeiro para essas coisas. Não digo que eu esteja certo. Mas sou assim. Posso conferir o total de uma conta e reclamar eventuais erros, mas não sei pedir exceções ou tratamentos especiais. Até me sinto mal quando vejo alguém fazendo isso.

Já fui criticado, por exemplo, por não pechinchar. E até não tiro a razão de quem fez a crítica. Eu ajo como se os produtos e serviços já nascessem com preço. Mas pelo contrário: muitas vezes o valor de uma mercadoria já é estipulado levando em consideração o “desconto especial” que será dado ao cliente. Há pessoas que já fazem da pechincha uma prática usual de consumo. Mas eu não consigo. Nem mesmo em situações em que a margem de lucro é totalmente arbitrária, como lojas de discos raros, por exemplo. Compro ou não compro, mas pechinchar, não faço. Acho muito mesquinho.

Minha mãe era uma pessoa muito econômica, mas não lembro de tê-la visto pechinchar em algum momento. Ela gostava de procurar lojas bem populares onde, dizia ela, encontravam-se os mesmos produtos das outras, mas a preços acessíveis. E assim, percorríamos a Voluntários da Pátria à procura de roupas e outros artigos. Mas não recordo de uma única ocasião em que ela tenha tentado baixar preço. Acho que ela não gostava desse joguinho. Um dia ela perguntou a um camelô o preço dos óculos escuros. Quando ele informou um valor que lhe pareceu alto, ela simplesmente virou as costas e disse que iria comprar de outro que vendia pela metade. O pobre vendedor ambulante ainda tentou baixar o preço dizendo que “tinha outros mais baratos”, mas minha mãe não deu conversa. Meu pai, que eu lembre, também não pechinchava, mas sabia negociar. Na presidência do Clube do Comércio, dizia o quanto podia pagar por um show e não cedia um milímetro. Como dificilmente um artista vinha a Porto Alegre especialmente para se apresentar no Clube, acabava aceitando o preço dele, para aproveitar a viagem.

No começo, o Shopping Praia de Belas tinha uma franquia de meia-hora sem cobrar estacionamento. O tempo limite foi reduzido para 20 minutos, mas sou capaz de apostar como essa mudança foi apenas na informação. No sistema, a carência deve continuar a mesma. É que devia aparecer muito cliente chorando que não era justo pagar por ter ficado “só dois minutos além do tempo” ou então contando uma baita história sobre como acabou se atrasando na fila da saída. Reduzir o tempo “oficial” foi uma solução perfeita, pois já fica prevista uma tolerância de dez minutos. Na prática, em qualquer situação, não existe “limite flexível”. Isso um colega meu captou muito bem no tempo do 2º Grau. Uma professora, vendo que ele estava demorando muito para entregar a prova, lhe falou: “Fulano, não fica tão preocupado em acertar uma questãozinha a mais, porque se faltar um ponto para a nota eu te dou automaticamente.” E ele, na mesma hora: “E se faltarem dois?” Nesse aspecto, o Shopping achou a fórmula ideal, criando dois limites: o oficial e o real (mas isso é apenas uma suposição minha, não tomem como uma informação privilegiada).

Num restaurante, o máximo que eu faço é pedir que não seja incluído arroz num prato que normalmente o conteria, mas não fico tentando trocar por outra coisa se essa opção não me for oferecida. Em rodízios, posso até dizer ao garçom o que mais me agrada, mas não fico pedindo que me tragam isso ou aquilo, ou não seria mais rodízio e sim a la carte. Talvez eu seja conformado demais, mas acho que a vida é curta e cheia de compromissos para que ainda me sobre tempo para ficar discutindo detalhes ou tentar negociar segundos e centavos. Encaro as ofertas como pacotes prontos: ou se compram, ou não se compram. Mas não tenho paciência de tentar mudá-las.

domingo, agosto 21, 2005

Show de Kleiton e Kledir - ingressos

Confirmadíssimo o show de Kleiton e Kledir dia 3 de setembro, sábado, no Salão de Atos da PUC, em Porto Alegre, do qual será gravado um DVD. Os ingressos começam a ser vendidos amanhã, segunda-feira, dia 22 de agosto, no Zaffari Menino Deus e no Bourbon Country.

Primeira Platéia - R$ 40,00
Segunda Platéia - R$ 30,00
Mezzanino - R$ 20,00

Tem tele-entrega, também, mas dessa eu não tenho o número. Descontos de 20% no cartão ZH e 30% para professores e alunos da PUC.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Delação premiada

Pensando bem, "Delação Premiada" parece nome de promoção com sorteio de prêmios. "Visite Brasília e participe da Delação Premiada! O próximo pode ser você!" (Epa!)

Paixão resistente

A crise do PT coloca em pauta não somente os fatos, mas as reações. Neste momento é que se percebe como é difícil ser imparcial e avaliar os acontecimentos com isonomia. Os antipetistas estão exultantes, é óbvio. Mas também demonstram uma certa irritação pelo que consideram uma resistência inútil dos petistas mais fiéis em admitir a derrocada do partido. Ou seja, os mesmos que apontaram seus dedos de forma implacável para a corrupção em governos anteriores, agora recorrem à retórica, a manobras argumentativas, para tentar demonstrar que “é diferente” ou “não é bem assim”. E com isso atrapalham a festa de quem gostaria de ver os petistas jururus, de cabeça baixa, com o rabinho entre as pernas, dizendo sem meias palavras: eu estava errado e meus inimigos estavam certos.

Ontem ouvi uma petista afirmando, sem muitos rodeios: “eu vou continuar votando no PT”. E também no jornal o ator Paulo Betti falou como se essa crise fosse episódica e o partido fosse conseguir superá-la. Aí vêm aqueles questionamentos: o PT é o Lula? É os políticos que o compõem? Quantos políticos envolvidos em corrupção, e em que níveis, são suficientes para se dizer que é o partido que está maculado e não apenas os indivíduos?

Já deu pra perceber que, para alguns simpatizantes, o PT não é nem o Lula, nem os políticos: é o ideal em que sempre acreditaram desde que viram a sigla surgir. Ainda que isso possa continuar existindo sob uma nova bandeira, muitos insistem com o PT, com a persistência de um apaixonado que sofreu uma decepção com a amada, mas não deixou de gostar. Deve ter gente até querendo pegar o Lula no colo. Ou o PT. Ou a si mesmo.

Quando Ricupero foi flagrado na parabólica, na campanha de Fernando Henrique, um jovem petista ingenuamente perguntou à sua mãe antipetista se aquele fato não a fazia mudar de idéia quanto ao seu voto. Diante de vexames como esses, o impulso dos que se beneficiam é dizer: estão vendo? Eu não disse? Mas, na prática, não traz o resultado imediato que muitos esperariam.

Até agora, só quem eu ouvi falar mal do PT em razão de todas essas revelações foram pessoas que nunca gostaram do partido. Os outros lamentam, resmungam, criticam os indivíduos, mas Lula e sua sigla parecem estar sendo guardados para um julgamento posterior. Sem entrar no mérito, isso mostra que, quando o assunto é PT, a paixão de uns é tão forte quanto a rejeição de outros. A persistência é que está sendo testada.

Ensaboado

O depoimento de ontem do Delúbio, que "irritou a nação", me fez lembrar que há pessoas que são assim mesmo, ensaboadas. Não adianta ser firme com elas, pois elas sabem enrolar muito bem. E é irritante, mesmo.

quinta-feira, agosto 18, 2005

Show de Zé Rodrix

Quem leu na Zero Hora de hoje, na coluna "Contracapa", de Roger Lerina, que vai ter show de Zé Rodrix no domingo, deve ter tido duas curiosidades. Primeira: onde? Segunda: a que horas? Falhas acontecem, mas para que os fãs do Zé que visitam o meu blog não fiquem desinformados, aviso que o show "As Canções" será no Santander Cultural às 17 horas. Zé Rodrix se apresentará sozinho ao piano, mostrando composições novas e antigas.

Quanto ao show de Kleiton & Kledir do dia 3 de setembro, sábado, no Salão de Atos da PUC, recebi um e-mail perguntando onde será a venda de ingressos. Nem eles sabem ainda, mas quando for divulgado, darei aqui todas as informações.

quarta-feira, agosto 17, 2005

Infames

Esse tal de Sandro Mabel deve ser bem conhecido, pois já foi citado em pelo menos duas músicas. “Michelle”, dos Beatles:

Michelle, Mabel...”

A outra é um sucesso de Anita Ward dos anos 70, da época da discotheque. Quem lembra?

You can ring Mabeeeeel, ring Mabel, Mabel, ring Mabel...”

Mas ele não é o único. Lembram do Olívio Dutra? Ele também teve menção em uma letra dos Beatles, no caso, “I’ll Be Back”:

I wanna go, but I hate Olívio, you know I hate Olívio, oh oh oh oh...” (Por que será que o John Lennon detestava o Olívio?)

E quando o Queen gravou “Bohemian Rhapsody”, a letra se referia a Raul Carrion ou Carrion Jr.? Talvez os dois, um de cada vez:

If I’m not back again this time tomorrow, Carrion, Carrion as if nothing really matters...”

terça-feira, agosto 16, 2005

O dia em que eu defendi o Collor

A crise política do governo e o depoimento de Collor no Fantástico me fizeram lembrar de um episódio do tempo da Faculdade de Jornalismo. Foi em 1992, na disciplina de Cinema. O professor era Carlos Gerbase, já na época um destacado cineasta. Havíamos decidido fazer um vídeo focalizando dois programas de rádio em que os ouvintes participassem por telefone. Um deles seria o de Jayme Copstein, na Rádio Gaúcha, na madrugada. O outro escolhido foi o Talk Radio, na Ipanema FM, apresentado por Kátia Suman das 10 às 11 da noite, inspirado pelo filme homônimo. Mas, para ficar mais divertido, ligaríamos para os programas tentando provocar algum assunto polêmico. No caso do de Jayme Copstein, um colega telefonou se dizendo vigia abandonado pela mulher e pedindo aconselhamento ao advogado convidado Dr. Flor Édson. Mas para o Talk Radio, programa de sucesso na época, queríamos preparar algo especial.

Quem deu a idéia foi o próprio Gerbase. “Que tal alguém defendendo o Collor?” O impeachment era recente e nada podia ser mais sui generis do que um jovem manifestando seu apoio ao Presidente recém-afastado, cuja popularidade estava no fundo do poço. E logo em Porto Alegre, onde o neto do gaúcho Lindolfo Collor sempre foi visto como persona non grata, mesmo durante a campanha que o elegeria. A proposta foi aceita, mas quem iria levá-la a cabo? Pensávamos no colega Celso Santana, que era também ator e se destacava por sua personalidade irreverente e criativa. Mas ele não se entusiasmou muito. Disse que não sabia o que iria falar. Comecei a dar sugestões sobre as argumentações que ele poderia fazer e notei que os olhares dos colegas se voltaram para mim com interesse. Apesar da minha notória timidez, acabei admitindo que, se alguém teria condições de interpretar esse papel, seria eu mesmo.

No dia marcado, Gerbase e um grupo de alunos compareceram ao estúdio da Ipanema para gravar em vídeo uma edição do Talk Radio. A locutora Kátia Suman já estava avisada. Mas o que ela não sabia é que, na casa de uma de nossas colegas, a outra metade do grupo estava reunida, também com equipamento de vídeo, para ligar para o programa. Assumi minha posição ao telefone e, talvez por sorte, não tive dificuldade de conseguir ligação. Fui o segundo a falar.

Depois de tudo pronto, vivi a rara experiência de ver em vídeo os dois lados de uma conversa telefônica da qual eu havia participado. Tivemos alguns problemas no geral e não conseguimos terminar o trabalho como gostaríamos. Ao tentar achar algo de positivo para dizer sobre o resultado, Gerbase elogiou minha interpretação, disse que eu realmente parecia estar convicto de meus argumentos. Não sei se fiquei orgulhoso, mas o fato é que eu havia sido escolhido para a tarefa exatamente por ter uma voz grave e formal, típica de um “Mauricinho” que votaria em Collor. Quanto ao que eu falei, foi tão convincente que até hoje há quem ache que eu aproveitei a brincadeira para dizer o que eu realmente pensava. Mas não foi bem assim.

Na semana em que o impeachment foi votado, o jornalista Juarez Fonseca publicou um comentário na Zero Hora que dizia que era preciso evitar a carnavalização dos acontecimentos. E era o que eu pensava. O fato de o primeiro Presidente eleito pelo povo após 20 anos de ditadura estar saindo antes do fim do mandato não era motivo para festa. Pelo contrário: eu fiquei apreensivo. Tinha convicção de que Collor estava caindo por falta de apoio político, apenas isso. O povo foi somente a claque. Cheguei a temer alguma manobra oportunista que, felizmente, não aconteceu. Ao fazer minha defesa de Collor no rádio, essa foi uma de minhas linhas de argumentação. De resto, não foi difícil supor o que um simpatizante do ex-Presidente pensaria naquela situação. Sempre tive facilidade de me imaginar nos dois lados de uma discussão e usei isso em minha encenação.

E assim, misturando mentira com verdade, apresentei-me como um jovem de 26 anos (já estava com 31) chamado Rogério, que havia votado em Collor no segundo turno (votei em Lula no segundo e Brizola no primeiro), que achava que a degradação da imagem de Collor era conseqüência de manipulação da imprensa, que o impeachment havia sido pretexto para o povo fazer festa sem realmente perceber a gravidade do que estava acontecendo, que Itamar Franco era uma “água morna” e que Collor só não fez mais coisas boas porque não lhe deram condições. A intenção foi atingida: Kátia ficou impressionada com o que ouviu. Pedia que eu apresentasse mais argumentos, “quero te ouvir mais”, e eu me sentia acuado, não via a hora de a conversa terminar. Depois que desliguei o telefone, estava me sentindo mal. Havia mentido bem demais. E se surgisse em Porto Alegre um movimento jovem pró-Collor motivado por esse tal Rogério de 26 anos?

O roteiro original previa que eu iria até a Ipanema para me encontrar com a Kátia e revelar o trote. Isso seria registrado em vídeo, também. Mas acabei me perdendo, não encontrando o caminho para a rádio a tempo, e com isso até hoje não sei se ela chegou a ser avisada de que foi tudo armação. Depois disso, participei de cinco “Clubes do Ouvinte”, na Ipanema, falei pessoalmente com a Kátia, mas nunca contei que aquele ouvinte “collorido” que havia ligado para o Talk Radio era eu.

segunda-feira, agosto 15, 2005

Minha irmã já sabia

Tudo o que Collor falou ontem no Fantástico, minha irmã Beatriz Pacheco já sabia. Eu tinha uma vaga lembrança de já ter ouvido aquela história de ele pensar em suicídio, comparar-se a Getúlio e ser dissuadido da idéia por Brizola. Pois confirmei com ela e tinha sido ela mesma quem me falou. Em 2003 ela viajou a Brasília ao lado de Fernando Collor. Embora não seja simpatizante dele politicamente, minha irmã é uma pessoa comunicativa e sociável e retribuiu as iniciativas de conversa do ex-Presidente. No assento da frente, um fotógrafo de Veja viajou quase o tempo todo virado para trás, fotografando-os. E depois da viagem ainda prometeu que a imagem dela "seria preservada". Preservada para publicação, foi o que ele quis dizer – vide a foto acima. A matéria sobre a nova rotina de Collor acabou saindo em fevereiro de 2004. O ex-Presidente estava de aliança e conversou com minha irmã também sobre o ciúme de sua então esposa, Rosane, de quem já está hoje separado. É, irmã, perdemos um furo de reportagem.

Valores

Quando eu era adolescente e alguém da família queria me dar um presente, fosse de aniversário, Natal ou outra data importante, se me perguntavam o que eu queria, a resposta era sempre: um disco. E eu ficava indignado quando escutava: “Ah, não, mas eu queria te dar alguma coisa melhor”. Ora, o que podia ser melhor do que um disco?

Ontem, Dia dos Pais, eu, meu filho e minha namorada fomos almoçar no McDonald’s do Assis Brasil Strip Center. Fica no caminho de volta da casa dela e, quando meu filho vê, é ali que ele quer ficar. A lanchonete estava vazia, só estávamos nós lá dentro. Claro, como era Dia dos Pais, pais e filhos foram almoçar “em algum lugar melhor”. Ou comeram num bom restaurante, ou fizeram um almoço especial em casa, mesmo. Com isso, foi uma tranqüilidade pedir o nosso lanche sem ter que entrar em fila, nem me preocupar em impor limites ao meu filho para que não perturbasse outras pessoas. O McDonald’s era só nosso.

Claro, eu poderia ter levado meu filho para comer “em algum lugar melhor”. Mas o McDonald’s, pra ele, é como os discos na minha adolescência: o que pode ser melhor? No Shopping Praia de Belas ele até tem preferência por outros restaurantes, mas a figura imponente do McDonald’s “de rua”, como é o caso do que fica na área do Assis Brasil Strip Center, é irresistível para ele.

Feliz Dia dos Pais atrasado aos pais que visitam o blog!

sexta-feira, agosto 12, 2005

O diferencial do preço alto

A revista Viagem e Turismo, da Editora Abril, fez uma reportagem sobre a ultraluxuosa loja Daslu, de São Paulo. A repórter apresentou um retrato bem interessante sobre o que a loja tem de diferente e, principalmente, como se comportam os clientes.

O fato em si de existir uma loja para um público diferenciado em um país como o Brasil não me incomoda nem um pouco. Eu próprio, como ávido consumidor de CDs e DVDs, às vezes fico indignado quando vejo alguém consultando o preço de um CD na Saraiva, sem saber que é importado, e gritando: "SESSENTA REAIS? Não, não pode ser, esse preço está errado..." Se o empresário consegue bancar uma loja para clientes de alto poder aquisitivo, onde se encontrem produtos de qualidade, ninguém tem nada com isso.

No entanto, uma pergunta que eu me faço e acho que vocês também, é: os produtos caríssimos vendidos pela Daslu valem o preço? Quem comprar, por exemplo, uma bolsa tiracolo de nylon por R$ 3.140,00 terá vantagens na mesma proporção da diferença de preço de um modelo vendido na Voluntários, aqui em Porto Alegre? Os óculos escuros da Chanel, que a Daslu vende por 1.600 a 1.800 reais, estão com uma margem de lucro padrão em relação ao custo? Quem usá-los verá o mundo de uma forma inteiramente nova, que fará valer o investimento?

Não posso provar nada, mas há fortes indícios de que, além de produtos realmente caros, muitos dos itens da Daslu seguem uma lógica espertíssima de marketing. Por falta de uma expressão melhor, chamá-la-ei de "o diferencial do preço alto". Simplificando, seria a idéia de que o preço alto, por si só, consegue tornar um produto cobiçado e valorizado. A melhor qualidade pode existir ou não, mas o preço já começa nivelando por cima. Não é "qualquer um" que vai aparecer com aquela bolsa ou aqueles óculos. Você paga o valor não da mercadoria, mas do ingresso no fechado clube dos que "estão podendo".

Na literatura, o "diferencial do preço alto" vem sendo bem explorado desde 1974 pela inglesa
Genesis Publications. Os luxuosos volumes da Genesis, quase todos autografados e em edição limitada, podem custar 500 libras ou mais! Alguns títulos saem em duas edições: uma "deluxe", outra mais barata, por "apenas" 300 libras. O saudoso ex-Beatle George Harrison, a despeito de seu anunciado desapego por bens materiais (especialmente marcante no LP "Living in the Material World", de 1973), foi um dos primeiros músicos a lançar itens especiais pela Genesis. Em 1980 ele publicou uma autobiografia "I, Me, Mine", em edição autografada com capa de couro, custando 148 libras. Quando o mesmo livro saiu por outra editora a preço convencional, ele comentou numa entrevista que não via sentido para isso, pois "não é o conteúdo que importa". E se alguém tinha alguma dúvida do que ele quis dizer, também pela Genesis ele lançou "Songs by George Harrison", um compacto duplo de vinil com músicas inéditas acompanhado de um livreto de ilustrações do desenhista Keith West. O preço era 235 libras. Na mesma entrevista ele comentou: "é caro, mas num mundo com tanto lixo, isso é para ser algo especial". Ou seja, um produto não é caro porque é especial, é especial porque é caro.

Hoje dei uma entrada na Kopenhagen, aqui em Porto Alegre, e me vi na Daslu do chocolate. Não que eles sejam ruins, pelo contrário: adoro os bombons da Kopenhagen. Mas, sinceramente, ainda prefiro as barras da Nestlé que encontro bem baratinhas em qualquer supermercado. A única vantagem dos produtos Kopenhagen é, claro, o diferencial do preço alto. Imagine sua namorada falando para uma amiga: "Ganhei uma caixa de bombons. Mas não qualquer caixa de bombons. Da Kopenhagen! Você já viu quanto custa? Eu estou podendo!"

Este é o marketing perfeito: fazer com que o seu produto seja valorizado porque o preço é alto. Não sou mesquinho e até me irrita ver gente reclamando do preço alto dos livros (não os da Genesis, claro), por exemplo, por não valorizar a literatura ou talvez não querer assumir que tem preguiça de ler. Mas para tudo existe um limite. Mesmo que eu fosse milionário, não me imagino querendo entrar para o clube dos que "estão podendo". Pelo menos não a esse preço. Ou, pensando bem, talvez até comprasse alguns livros da Genesis, mas os guardaria num cofre e usaria luvas para folheá-los. A propósito, o mais recente lançamento da editora é a biografia do Pink Floyd, "
Inside Out", de autoria do baterista Nick Mason, o único integrante a participar de todas as formações. Custa apenas 595 libras (não, não digitei mal: quinhentos e noventa e cinco libras). Não percam essa barbada!

O bolso ou a bolsa

Não sei se vocês conhecem a estória do Velho, o Garoto e o Burro. Se não, tentem achá-la pois não vou contá-la aqui. De qualquer forma, sempre que alguém vem tentar mudar meus hábitos, eu lembro dessa estória. Principalmente em relação às tralhas que eu carrego em meu bolso.

Antigamente existia um acessório masculino chamado leva-tudo, que os não-gaúchos conhecem como capanga. Aquilo foi moda uma época, mas moda ou não, era extremamente útil. Tinha a extensão certa para o talão de cheques, que não precisava ser dobrado. E assim podia conter também documentos, folhetos, fotos, papéis em geral. Eu, com minha tendência de acumular papelada, logo “inchava” o pobre leva-tudo, que começava a abrir nas costuras. E o couro começava a gastar, também. Mas pelo menos estava tudo ali.

Até que os amigos começaram a fazer campanha para que eu aposentasse aquele, segundo eles, antiquado e ridículo apêndice. Tanto martelaram que acabaram conseguindo. Livrei-me dos papéis inúteis e passei a levar os documentos no bolso. Ótimo. Só que agora minha namorada está tentando me convencer a usar uma bolsa.

Eu admito que o volume que carrego em meus bolsos é de chamar a atenção. E o que todos perguntam é se aquilo tudo é realmente necessário. Se eu não poderia deixar alguma coisa em casa. Para mostrar que não tenho nada a esconder (ainda mais nesta época de crise política, caixa dois, dólares na cueca e sei lá que mais), farei aqui uma relação de tudo o que carrego no meu bolso e por que é essencial e indispensável.

- Carteira de dinheiro e documentos. É talvez o que mais faz volume. Quando eu não usava, meus colegas pegavam no meu pé pelo “dinheiro de bêbado” que saía todo amassado do meu bolso sempre que eu ia pagar alguma coisa. Fizeram campanha para que eu usasse. A culpa é deles. Aproveito para levar também os documentos, cartões e talão de cheque (dobrado, mesmo).

- Bombinha de asmático. Sem ela eu não vivo. Não, não preciso usá-la sempre. Mas tenho que saber que ela está ali. Às vezes, só de colocar a mão nela, já respiro melhor. Por outro lado, se eu enfiar a mão no bolso e não encontrar aquele volume comprido e duro (a bombinha!), é crise de asma na certa! Sinto muito, mas minha bombinha de asmático é como o martelo do Thor e a espada do He-Man. Não saio de casa sem ela.

- Agenda de endereços. É bem fininha, foi presente de uma colega que me via bem atrapalhado com duas ou três agendas das Paulinas dentro do leva-tudo (uma para cada ano). Aproveito para colocar dentro os documentos do carro.

- Chave do carro. Tá, essa eu não precisaria levar sempre. E não levo. Mas ninguém nota a diferença, pois nem chaveiro tem, só a “argolinha”. É o que menos ocupa espaço.

- Controle remoto para abrir a porta do estacionamento. Também ocupa pouco espaço e nem sempre carrego.

- Molho de chaves de casa. Esse está em um chaveiro daqueles de se pendurar na cintura. A pessoa que me presenteou com o chaveiro se ofendeu quando viu que eu o estava colocando todo no bolso. Ora, minha cintura é a parte mais externa do meu corpo, qualquer coisa que eu colocar ali está sujeita à perda. Não vou arriscar.

- Celular. Bem que eu tentei viver sem esse aparelhinho de stress, mas com a minha asma, achei melhor me render. E pelo mesmo motivo supracitado, não vou usar capinha de celular presa na cintura. Vai no bolso, pra não perder.

- Moedas. O que vocês querem que eu faça, carregue uma niqueleira? Pra fazer mais volume?

Opcionais (carregados esporadicamente):

- Colírio Lerin. Se eu o tivesse no bolso quando fui ver "Homem-Aranha 2", não teria passado a metade do filme tentando tirar uma jamanta do olho.

- Afrin (para desobstrução nasal).

- Carregador de celular.

- Comprimidos diversos (Tylenol, Coristina, etc.).

- Camisinha, antes de voltar a namorar firme. Mas raramente tinha chance de usar. Hoje uso, mas não levo no bolso. Fica em casa, mesmo.

Então a minha namorada quer que eu volte a usar bolsa. Ela jura que não é leva-tudo, mas outra menor, mais moderna. Ah, a moda...

Como dizia o vovô no meu disquinho com a estória do Velho, o Garoto e o Burro: “Não há remédio. Carreguemos o burro.” Quer dizer, a bolsa.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Dia do Pendura

Ah, sim, já ia esquecendo: hoje é Dia do Pendura (ou “Pindura”, como alguns preferem escrever, ainda que esteja totalmente errado), em que estudantes de Direito tradicionalmente deixam de pagar a conta em restaurantes. Lembro de uma vez em que fui com um amigo e minha (hoje ex) esposa jantar no Julius justamente numa noite de 11 de agosto. Havia um aviso de que estavam cobrando adiantado, mas não nos importamos, só queríamos comer, mesmo, sem pendurar. E, ao contrário do que dizia o cartaz, não nos cobraram adiantado. Só que, para desespero do garçom, meu amigo resolveu puxar assunto de Direito. Ficou falando de matérias de concursos, possíveis ramos para advogar, enfim, tudo o que pudesse levantar suspeita sobre nós. O garçom caminhava nervosamente de um lado para outro, mas não se afastava da nossa mesa. Deve ter dado um suspiro de alívio quando pagamos a conta.

Eu pendurei algumas vezes no meu tempo de estudante de Direito, mas hoje me arrependo. É uma brincadeira que não é bem aceita. Além disso, sempre ocorrem abusos. Mesmo os restaurantes que aparentemente “aceitam bem”, no fundo o fazem porque não têm opção. Fazer o quê? É difícil acabar com uma tradição que só traz vantagens para quem a mantém viva. Paciência.

Abigeatário

Acho curioso que, fora do Rio Grande do Sul, não são conhecidos os termos “abigeato” e “abigeatário”. Certa vez li na revista Imprensa que um editor de São Paulo pegou no pé de um jornalista gaúcho por querer usar essas palavras em uma matéria. Aí, claro, já comecei a dar asas à imaginação. Pensei no que aconteceria se um gaúcho aparecesse numa agência bancária ou empresa de crédito de outro estado para fazer um empréstimo. A moça preenchendo o cadastro perguntaria:

- Profissão?

E o gaúcho, bem sério:

- Abigeatário.
- O que é isso?
- Sou negociante no ramo do abigeato.
- Sim, mas o que é abigeato?
- Tem a ver com pecuária. Negócios com gado.

E a moça, já envergonhada por ter demonstrado sua ignorância, decide encerrar o assunto. Mas, por precaução, resolve investigar. Pede um número de referência no Rio Grande do Sul e liga.

- Desculpe, o senhor conhece Fulano de Tal?
- Sim, conhecemos.
- Ele é abigeatário?
- Sim, exatamente.

Tudo certo, crédito autorizado. O cliente põe a mão no dinheiro e desaparece. Nunca mais é encontrado. O gerente fica indignado. Quem diria, um empresário do ramo do abigeato dando um golpe dessas. Não se pode mais confiar nem nas profissões dignas.

Pois é. Só que “abigeato” é roubo de gado. “Abigeatário” é ladrão de gado. Essas palavras são conhecidas no Rio Grande do Sul. É bom que os outros estados também as aprendam, por precaução.

Sono interrompido

Minha namorada às vezes não me deixa dormir. Sabem como é, começo de namoro... Ela me vê de olhos fechados, querendo começar a roncar, e questiona: “Vai dormir?” E eu, louco de sono, digo: “Não, claro que não!” E às vezes ela me acorda mais cedo, também.

Pois ontem não dormimos juntos. Às 15 pras 10 da noite eu telefonei pra ela, imaginando que ela iria estar bem feliz do outro lado do telefone, cheia de saudade. Ela atendeu com aquela voz de travesseiro:

- A... lô...

Já tinha ido dormir. Estava morta de sono. Nem falou direito comigo. Eu juro que se não estivesse cheio de traduções pra fazer, jogava tudo pra cima e ia até a casa dela acordá-la na marra, pra ela ver o que é bom pra tosse!

Mas acho que ela ia gostar. Porque eu também gosto quando ela me acorda.

quarta-feira, agosto 10, 2005

Um ano hoje

Bom, já que eu, feito criança que abre os pacotes na véspera, antecipei para ontem a "comemoração" de um ano do blog, só me resta agradecer a todos que vêm aqui regularmente e fazem aquele contador continuar subindo. Pode ser que um dia o aniversário do meu blog seja motivo de festa VIP com direito a fotos naquelas revistas de futilidades que depois só os fotografados é que compram. Por enquanto, a festa é aqui mesmo e vocês todos são os convidados.

Quero agradecer à Rosinha Monkees pela menção especial que fez ao aniversário deste blog no dela, "
On the road with Rosinha Monkees". Aliás, apesar dos doze meses de atividade, até hoje não aprendi como se colocam links fixos na página. Estou em dívida com vários amigos blogueiros que me "linkaram" em suas páginas.

Tem um tal de "
BlogShares" que é uma bolsa de valores fictícia onde o meu blog de vez em quando aparece na rabeira dos 100 mais na categoria "Brazilian Portuguese". Ainda não entendi bem como é o critério. Dizem que é a quantidade de links para o blog em outros sites, mas só três aparecem e eu sei que existem muitos outros. Então sei lá, só sei que um tal de Nicholas Moline de vez em quando compra ações do blog.

Segue o baile!

terça-feira, agosto 09, 2005

Ciúme da comida

A vida é um eterno aprendizado, especialmente quando o assunto é mulheres. Eu, por exemplo, só há bem pouco tempo constatei mais uma característica feminina: o ciúme da comida feita por outros. E nem me refiro ao caso óbvio da comidinha da ex-esposa ou “da mamãe” – leia-se a sogra. Não: algumas mulheres sentem ciúme da comida preparada por qualquer outra pessoa, até mesmo um cozinheiro escondido em uma cozinha qualquer. Isso geralmente se manifesta em restaurantes, quando você elogia algum prato ou sobremesa. Na mesma hora, sua companheira diz: “Eu sei fazer isso, posso fazer para nós.” Ou: “Isso não deve ser difícil de fazer.”

Custei a entender o porquê de as namoradas fazerem questão de dizer que sabiam fazer qualquer comida de que eu gostasse. É que, na cabeça delas, fazer a comida do homem é atribuição exclusiva da mulher. Se ele prefere comer o que outros cozinham, é porque ela não está dando conta do recado. Isso, lógico, é resquício de uma mentalidade em extinção, mas que ainda persiste no subconsciente: a de que a esposa tem que cozinhar para o marido. E “ser boa cozinheira” faz parte do repertório de uma boa mulher. Ou de uma mulher boa, tanto faz. A mulher tem que saber fazer tudo de que o seu homem gosta, como ele gosta. Inclusive a comida, quero dizer.

Para mim, essa descoberta foi uma surpresa. Talvez porque, ao contrário do que muitos pensam, eu quero uma mulher, não uma cozinheira. O fato de eu ainda sonhar com um relacionamento à moda antiga, morando sob o mesmo teto, faz com que alguns achem que eu procuro uma empregada. Valorizo muito a presença da companheira, mas não necessariamente para fazer a comida. Podemos pedir um “tele”, comprar congelados ou, de vez em quando, ir a um restaurante. No entanto, minha namorada insistiu, quase se ofendeu, quando notou que eu não lhe estava dando chance de cozinhar para mim. Uma ex certa vez lamentou que eu demonstrasse preferir, nas palavras dela, “ir a um restaurante e pedir.” A despeito do discurso feminista que se faz ouvir nas últimas décadas, algumas mulheres ainda sentem necessidade de fazer a comida para seus homens para ficarem plenamente realizadas. Não basta ser boa de cama, tem que ser boa de fogão, também.

Vejam bem, não estou pregando que lugar de mulher é na cozinha. De forma alguma. Mas, se sua esposa ou namorada disser que quer cozinhar para você, não se faça de rogado: aceite. Dê a ela mais esse prazer. E, da próxima vez em que forem a um restaurante, seja discreto. Não demonstre abertamente o quanto você está saboreando a comida do cozinheiro desconhecido. Do contrário, ela se sentirá preterida. Para algumas mulheres, ouvir elogios à comida alheia é tão humilhante quanto ver o namorado olhando com cobiça para a gostosa da mesa do lado.

Um ano amanhã

Amanhã, dia 10 de agosto, o blog completa um ano. Para antecipar a comemoração, preparei um grupo de links para os textos que considerei mais interessantes. Aí vão:

A crase
A evolução do mercado de vídeo
A máquina do vovô
As emoticonsilábicas
As meias
As regras que eu criaria
Branco e o vídeo-tape da polêmica
Compromisso
Confusões de infância e adolescência
Decifrando a enrolação masculina
Decisões e opiniões
Encomendas de viagem
Feita pra mim
Fofoca, não!
Garantia de incomodação
Gírias
Ignorância
Mitos e Falsas Verdades
O alho
O ceticismo
O corno
O IBOPE quer saber...
O meio
O Ouvinte Casual
O telefone
Objetividade visual
Os fantasmas do passado gremista
Perguntas óbvias
Pessoas irritantes
Promessas terceirizadas
Qual é o biquíni?
Quando os homens não notam
Refeições comentadas
Sabedoria de mãe
Solucionando problemas
Termos da moda
Transmitindo informações
Tu e outros gauchismos

domingo, agosto 07, 2005

Edição capenga

Só quando abri a caixinha do recém lançado DVD de "Alice no País das Maravilhas", de Walt Disney, é que fui ver que incluía um DVD só. Essas edições especiais trazem dois DVDs no original. "Bambi" e "Mary Poppins", por exemplo, foram lançados no Brasil em DVD duplo, com todos os extras. Já no caso de "Alice" algum babaca deve ter pensado: "Ah, é só um monte de documentários, ninguém vai ver, mesmo." Depois, quando eu digo que a cultura no Brasil está em mãos erradas, acham que sou implicante. Olhem só o que havia no segundo DVD (copiado do site da Amazon):

Disc 2:
"One Hour in Wonderland" documentary (60 mins.)
"An Alice Comedy: Alice's Wonderland" featurette (8 mins.)
"Operation Wonderland" featurette (11 mins.) *
Excerpt from "The Fred Warring Show" (30 mins.)
Deleted Material Featurettes: "From Wonderland to Never Land," "Song Demos," Deleted Storyboard Concept: Alice Daydreams in the Park" *
Original Walt Disney TV introductions and trailers
Art galleries *
Plus a Wonderland match card game set


Somente os extras assinalados com asterisco (*) foram enxertados no primeiro e único DVD da edição brasileira. Pelo menos uma hora e meia de material suplementar ficou de fora. Vou dar um jeito de conseguir a edição importada. Poderia tentar uma troca com meus amigos colecionadores dos Estados Unidos, mas é só o DVD entrar aqui, que já vou ser punido pelo crime de querer material de melhor qualidade do exterior... pagando taxa de importação. De qualquer forma, como fã de Disney, quero deixar o meu muito obrigado aos representantes brasileiros por decidirem por mim o que iria me interessar ou não e lançarem essa edição capenga de "Alice" em DVD.

Cena modificada?

Já aconteceu de vocês reverem em vídeo ou na TV um filme a que assistiram no cinema e acharem que alguma coisa foi mudada? Pois ontem eu estava vendo "Sleepers" em DVD (que está sendo vendido nas bancas desde sexta) e tive a impressão de que houve mudança na cena em que o padre (Robert de Niro) ouve de um dos rapazes o relato das crueldades que sofreram na casa de detenção, na infância. A lembrança que eu tinha é de que aquela cena incluía inserções de "flashbacks", mostrando os garotos sofrendo os maus tratos. A intenção do diretor não era a de compartilhar com o espectador as palavras exatas do testemunho, mas apenas dar uma idéia do que foi contado. No DVD, não há "flashbacks" nesse momento. Ainda assim, a voz do ator é mixada bem abaixo da música de fundo, para não ser ouvida mesmo. Mais importante do que o que está sendo dito é a expressão de horror no rosto de Robert de Niro. Como se não bastasse, essa sutileza se perdeu na dublagem, pois a voz do dublador foi colocada em primeiro plano. Seja como for, alguém mais que tenha visto o filme no cinema percebeu essa diferença?

Ele voltou

O Nescafé Tradição voltou, com direito a comercial e tudo para anunciar o seu retorno. E, provavelmente como eles planejaram, eu não lembro qual era o preço anterior. Fiquei tão feliz com a volta que não me importei em pagar. E o patê de fígado Sadia, por quanto tempo mais vai continuar escondido?

A propósito, os boatos eram verdadeiros: o cardápio do extinto Rib's continua vivo no The Best Food, no Assis Brasil Strip Center, tendo como astro principal o inigualável milk-shake. Já fui lá testar e aprovei: é o mesmo. O milk-shake deles é especial porque é na verdade um sorvete batido, bem consistente. Todos choram o Rib's da 24 de Outubro, mas o "meu" era o da Rua da Praia esquina General Câmara. Hoje tenho que atravessar a cidade para tomar o milk-shake. Tudo bem, vale a pena, considerando que é uma viagem ao passado. Melhor que isso, só se eu saísse de lá e encontrasse a Casa Victor do outro lado da rua. Mas não acharia CDs nem DVDs para comprar, então viva o presente!

sexta-feira, agosto 05, 2005

Resposta a um comentário

Antes de mais nada, quem ainda não leu o meu texto “O fim do sentimento”, publicado em 7 de abril, clique aqui para ler.

Leram? Muito bem.

Hoje apareceu o seguinte comentário, feito por uma visitante do blog:

“Tudo isso é muito bonito, mas como vais dizer a uma pessoa com quem estás há mais de sete anos: não te amo mais? Principalmente se sabes que ela te ama com todas as suas forças e já ameaçou várias vezes se matar se a deixares? Por vezes as coisas não são assim tão simples...”

Em primeiro lugar, cara leitora, se ainda não estiver fazendo terapia, recomendo que comece imediatamente. Pois nada que eu diga aqui terá mais valor do que um aconselhamento profissional. Feita a ressalva, entremos no assunto.

Em momento algum eu disse que era “simples”, muito menos “bonito”. Pelo contrário: o fim do sentimento é sempre muito triste. Deixa um vazio para quem não ama mais e uma dor muito forte em quem se sente rejeitado. Por mais tato que se use no momento de romper uma relação, não há como evitar o sofrimento que se causa.

Por outro lado, viver uma mentira é muito pior. Quanto tempo você acha que conseguirá segurar essa relação falsa? Talvez, até que apareça outra pessoa para arrebatar seu coração. Aí, você trocará a chance de terminar o relacionamento de uma forma honesta, sincera, pela crueldade de fazer seu par ter a amada “roubada” por outro.

Essa pessoa que “ama com todas as suas forças” já está sofrendo hoje. Agarra-se ao pote mesmo sabendo que já não encontra nele o mel de outros tempos. Sua presença forçada é um paliativo, um prêmio de consolação. O amor já acabou. Quanto tempo você acha que poderá suportar essa situação?

Quanto à chantagem emocional, dizem os psicólogos que quem ameaça, não cumpre. É apenas uma forma de pressão, uma tentativa desesperada de comover. Claro que o risco existe. Mas você não pode ser coagida a se manter numa situação que não lhe serve, nem ser responsabilizada por sua honestidade. A culpa é de quem faz.

Já ouvi muitas histórias de pessoas, especialmente mulheres, que se mantiveram numa relação sem amor por pena ou comodismo. Em todas elas, o final foi o mesmo: a separação, ainda que tardia. Pense nisso. Tudo de bom para você.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Ficar doente

Quando a gente é criança, gosta de ficar doente. Contanto que não seja nada muito grave ou dolorido. Uma febre ou gripe forte está de bom tamanho. Basta ser intenso o suficiente para que não se possa ir à aula. Pouco importa que se percam trabalhos, provas, enfim, que depois o prejuízo venha a ser cobrado. Lembro de um longo período de ausência que tive no segundo ano primário. Depois, tive que dar conta de uma pilha de exercícios mimeografados. Mas no começo é bom. Não se pensa nas conseqüências. Fica-se em casa dormindo, descansando, vendo televisão e, nos breves períodos de melhora, até brincando.

Ah, as responsabilidades. Na vida adulta, não se pode ficar doente. Não tem ninguém para assumir os compromissos por nós. Sem contar a burocracia do atestado. Muitas vezes, com febre baixa, tomei comprimidos e fui trabalhar. O esforço de ir até o médico e ir até o local de trabalho era o mesmo. Só fico em casa mesmo quando a prostração é implacável. Em países de primeiro mundo, não se exige atestado. O sujeito liga para seus colegas e avisa que não vai trabalhar porque está doente. Aqui não só o atestado é indispensável como os médicos já desenvolveram um senso de prevenção com pacientes que marcam consulta sem apresentar nenhum sintoma. No final, pedem um atestado. Mas nem sempre levam. No Orkut existe uma comunidade só para médicos chamada “Não dou atestado”. E com isso os justos pagam pelos pecadores.

Já fiquei doente na volta de uma viagem a trabalho. Vinha de ônibus. Nunca o assento foi tão desconfortável. Quando cheguei em casa, tinha uma pizza me esperando, mas não me apeteceu. Fui direto pra cama e mergulhei num envolvente torpor. Tinha outra viagem marcada para o dia seguinte e precisei cancelar. No tempo em que eu corria, tinha faringite uma vez por mês. Dizia que era a minha menstruação.

Estou gripado. Devia ter tomado aquela vacina. Já tomei uma vez. Aparentemente, deu certo. Fiquei um ano sem ficar doente, mas não escapei de alguns espirros. Mas desta vez não estou imunizado. Depois de um dia espirrando sem parar, meu septo nasal está inflamado e só sinto vontade de deitar e dormir. Ah, que saudade da minha infância, dos cafés na cama, das sopinhas, das consultas a domicílio do Dr. Toledo, vizinho que atendia praticamente todas as crianças do prédio. Na minha idade, ficar doente é um saco. Tem um monte de coisas que quero fazer. Antigamente o comercial dizia: Vitamina C e cama. Hoje é: antigripal e rua. Pelo menos enquanto der pra segurar.

quarta-feira, agosto 03, 2005

O adeus dos cinemas

Eu não deveria lamentar o fechamento dos cinemas Imperial e Guarany, que terão hoje e amanhã suas últimas sessões. Os cinemas do centro de Porto Alegre já fecharam quase todos: Cacique, Scala, São João, Rex (esse fechou há décadas, muito antes da era do vídeo), Lido (idem), Marabá (idem – imortalizado em música de Júlio Reny) e Capitólio. Até o velho e popular Carlos Gomes, que teve sua época de sessão dupla Kung Fu/pornochanchada para depois se render ao sexo explícito, não existe mais. Aliás, mesmo em outros bairros os cinemas de minha infância e adolescência já se foram: Avenida, ABC, Ritz, Coral, Vogue, Marrocos, Baltimore, Astor... Mas não posso me queixar. Os cinemas de hoje são muito melhores, têm bons assentos, som primoroso, boa qualidade de imagem, enfim, em nada deixam a desejar. Houve uma época em que cheguei a recear que o videocassete pudesse afastar o público da tela grande. Mas o que aconteceu foi o fim das grandes salas e uma proliferação dos cinemas em shoppings.

Mas, por uma questão de nostalgia, eu tenho saudades de velhos cinemas de Porto Alegre. O Cacique, por exemplo, se eu soubesse que iria fechar, teria ido ver seu último filme, fosse qual fosse. Até os 26 anos eu morei no centro, na Siqueira Campos. Atravessava a Garagem Ceres, depois a galeria do Edifício Ouvidor, e chegava rapidamente ao Cacique. Lá vi “King Kong” quatro vezes em 1977. Se não me engano foi também lá que eu vi “Help”, dos Beatles, em 1966 (tinha cinco anos). Eu achava o Cacique um ótimo cinema sob todos os aspectos. Pelos padrões atuais, não sei se teria a mesma opinião. O último filme que fui ver no Cacique foi um em que Claude Van Damme fazia papel de dois irmãos gêmeos.

O antigo cinema Guarany, desativado em 1975, ficava praticamente ao lado do Imperial. Depois o mezanino do Imperial foi transformado em cinema à parte e herdou o nome do antigo vizinho. Foi no novo Guarany que vi o divertidíssimo “Por Favor Matem Minha Mulher”, até hoje minha comédia preferida. Já no Imperial a lista é bem maior. O mais marcante foi “Tommy”, que vi a primeira vez em 1976, depois mais três vezes em 1978, sempre lá. O último filme a que assisti no Imperial foi “Demolidor”, no ano retrasado. Achei as cadeiras um tanto desconfortáveis e o cinema como um todo com cheiro de mofo. Definitivamente, os tempos mudaram.

Talvez eu vá me despedir do Imperial, vamos ver. Gostaria mesmo é de poder reunir a velha turma de adolescência para me acompanhar. E comprar bala Azedinha ou Bonzinho e Gauchinho da Neugebauer para comer durante a sessão.

terça-feira, agosto 02, 2005

Mas é o Radicci!

Eu me recuso a acreditar que esse barrigudo bochechudo aí em cima seja eu, mas pelo menos a mulher que está comigo é bonita. Tiramos essa foto num jantar de "gringos" (descendentes de italianos). Embora eu não tenha nada de italiano no sangue, fiquei impressionado com a minha semelhança com o Radicci. Cliquem aqui para conhecer o personagem e digam se não sou eu mesmo com menos barba.

Show de Kleiton e Kledir

Dia 3 de setembro tem show de Kleiton e Kledir no Salão de Atos da PUC, em Porto Alegre. A apresentação será gravada para lançamento em DVD. Já deixem a data reservada na agenda.

O veranico de julho na Zero Hora

Eu sou o maior “propagandista” do veranico de julho, que acontece todos os anos e ninguém lembra. Pois faço questão de reproduzir aqui um trecho de uma notícia que saiu hoje na Zero Hora, assinada por Fábio Schaffner. Mas não me iludo. Não é a primeira vez que o jornal toca neste assunto. Já houve uma matéria intitulada “Acredite: o inverno sempre foi assim”, há mais de dez anos. Não adianta. Mesmo quem ler, vai esquecer depois. Em todo o caso, aqui vai o trecho relevante:

Apesar de surpreender os gaúchos, o calor fora de época não é novidade para os meteorologistas. O segundo veranico do ano - o primeiro e mais tradicional ocorreu em maio - cumpre um ritual cíclico no comportamento do clima no Estado. Um levantamento da rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo aponta temperaturas acima de 30ºC em julho em pelo menos oito ocasiões nos últimos 10 anos.

- Sempre depois de um período de frio intenso ocorre essa elevação das temperaturas. Temos veranico em maio, julho e agosto. Para a última semana deste mês, há uma previsão de 34°C - afirma o coordenador da rede, Eugenio Hackbart.

Essas alternâncias radicais na temperatura se dão por causa da posição geográfica do Estado, considerado uma fronteira climática. Quando as massas de ar polar se deslocam para o Ooceano Atlântico, a atmosfera é ocupada por uma massa tropical, com ar quente e seco, oriunda do norte.

- Apesar da idéia generalizada de o inverno gaúcho ser muito frio, as temperaturas mais baixas ocorrem no outono. Entre julho e setembro, as massas de ar seco provocam esse calor repentino - explica Hackbart.

Os veranicos de julho nos últimos 10 anos:

1995 - 32,4°C
1997 - 30°C
2000 - 30,4°C
2001 -30,8°C
2002 - 32,5°C
2003 - 32,6°C
2004 - 31,3°C
2005 - 33,6°C

Fonte: Rede de Climatologia de São Leopoldo

Fim da transcrição. Apenas um complemento: houve veranico de julho, sim, em 96, 98 e 99. Talvez a temperatura não tenha ultrapassado 30 graus, mas chegou perto. Desde que comecei a observar o veranico de julho, ele só falhou uma vez, que foi em 1984. Nunca esqueci porque passei todo o primeiro semestre anunciando e não teve. Um colega meu pegou no meu pé por causa disso. Em compensação, nunca mais esqueceu do meu alerta nos anos seguintes.

Dicas pela Internet

Eu sou verdadeiramente fascinado pela Internet e acho que poderia criar um blog para escrever só sobre ela. Às vezes tenho a impressão de que são poucos os que conseguem enxergar a real dimensão do que a rede significou em termos de revolução das comunicações. Embora a expressão “sexto sentido” esteja desgastada, é exatamente isso que a Internet representa para mim. Se de uma hora para outra eu não pudesse mais acessá-la, seria como uma cegueira virtual. Eu me sentiria preso, isolado, sem ter mais contato com meus amigos do resto do mundo. Volta e meia aparece algum chato para falar que estou viciado. Mas pergunta pro chato se ele viveria sem televisão. Cada um escolhe seu vício.

Um dos aspectos mais fantásticos da Internet é a democratização das opiniões. Por exemplo: no site da Amazon, que vende livros, CDs e DVDs, há um espaço para os clientes avaliarem os produtos. Aquelas informações são muito mais confiáveis do que a de um “crítico especializado” ou, óbvio, do texto promocional. Enquanto o anúncio tenta convencê-lo de que determinado livro é a oitava maravilha do mundo, os leitores são implacáveis. Já deixei de encomendar um livro por ter sido unanimemente rejeitado pelos comentários da Amazon. Assim como já decidi efetuar uma compra em razão dos elogios que li. Os compradores não têm escrúpulos nem meias palavras, vão direto ao ponto e dizem por que determinado livro, DVD ou CD é bom ou ruim, o que tem ou deixa de ter como atrativo.

Assim também, adoro a comunidade “Restaurantes de Porto Alegre”, do Orkut. Nada contra o Guia 4 Rodas, que avalia aspectos que o consumidor não enxerga, como o asseio da cozinha e a conservação dos alimentos. Mas os glutões do Orkut não estão preocupados com frescuras, ambientes requintados, pratos exóticos, chefs e quetais. Querem comer bem, só isso. Nessa troca de dicas, já tenho dois nomes anotados: Prinz e Costela no Rolete. Sem falar na comunidade “Tributo ao Milk Shake do Rib’s”, onde fiquei sabendo que todo o cardápio do saudoso Rib’s continua existindo com o nome de The Best Food, no Assis Brasil Strip Center. Já estive lá duas vezes e constatei: o milk-shake é o mesmo!

É claro que essa democratização de informações abre caminho para a disseminação de falsas notícias, mitos, textos com autorias incorretas e tudo o mais. Tudo o que vem pela Internet deve ser avaliado com cautela. No início eu também acreditava piamente nos alertas que circulavam e nos falsos Verissimos e Quintanas. Hoje já aprendi a discernir e raramente me engano. Também as avaliações citadas às vezes precisam passar por um filtro. Se uma biografia é execrada pelos fãs no site da Amazon, não significa necessariamente que seja ruim, mas fala mal do ídolo. Tudo isso torna a Internet ainda mais apaixonante.

E pensar que, quando eu fiz a Faculdade de Jornalismo, usava-se máquina de escrever, régua de paica e ilha de edição em videocassete U-Matic. Acho que vou fazer Vestibular de novo. O computador mudou tudo e a Internet criou um novo conceito de comunicação.