sexta-feira, junho 26, 2020

Revendo a adolescência na Internet

Em 2015 eu publiquei um texto intitulado "Revendo a infância na Internet". Pois estou descobrindo lembranças de adolescência, também. 

No final dos anos 1970 e começo dos 1980 eu adorava espiar as revistas importadas que eram vendidas no Stand Vera Cruz, na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Elas ficavam expostas na parte de trás. A gente tinha que entrar para ver. Que eu lembre, foram pouquíssimas vezes em que o vendedor pediu que eu não as folheasse. Em geral eu ficava livre para vê-las, até porque eu não me demorava muito e, quando fosse algo do meu interesse, eu comprava. Eu adorava Hit Parader, que já comentei aqui.

Uma revista que eu nunca comprava era "16". Essa era para adolescentes e, embora eu fosse um, com certeza eu não me enquadrava no público-alvo das publicações "teen", geralmente para garotas, com matérias aos montes sobre David Cassidy, Leif Garrett, Donny Osmond e outros "meninos bonitos" do pop americano. Mas, entre as figurinhas carimbadas da "16", havia um grupo pelo qual eu me interessava e muito: Kiss. É exatamente por essa identificação com o público "teen" que o Kiss sempre teve sua legitimidade questionada como grupo de rock. E só foi ganhar capa da revista Rolling Stone em 2014, algo que nem eles mais esperavam conseguir.

Pois sempre que aparecia alguma matéria sobre o Kiss na "16", eu procurava dar uma lida rápida. E algumas ficaram guardadas na lembrança. Eu, como todos os fãs do grupo na época, tinha uma curiosidade imensa de conhecer o verdadeiro rosto dos integrantes por trás da maquiagem. E eu nunca esqueci destas fotos de Gene Simmons que apareceram em 1978:
Elas estavam em páginas diferentes, mas fiz a montagem. Também guardei na memória as respectivas legendas. Outro "point" do centro de Porto Alegre para quem gostava de revistas importadas era a Miscelânea, na Andrade Neves, onde hoje fica uma barbearia (ou "cabeleireiros"). Foi lá que encontrei outra "16" focalizando o Kiss, também em 1978, dessa vez o baterista Peter Criss. E as fotos que eu vi e nunca mais esqueci (inclusive as legendas) foram estas:
Hoje já se sabe que não foi Lydia, a primeira esposa de Peter, a musa inspiradora de "Beth", e sim a mulher de um ex-integrante de uma das bandas anteriores do baterista. Mas essas eram as lendas que se divulgavam na época. É curioso que, atualmente, qualquer fã do Kiss é capaz de identificar Peter Criss nessa foto, mesmo aparecendo apenas os olhos,* mas na época era uma visão inédita para o grande público. A propósito, essas imagens foram copiadas do excelente blog "Lansure's Music Paraphernalia", farto em digitalizações de revistas de música e material promocional de artistas diversos. A parte do Kiss é ótima e a de David Bowie, melhor ainda. Confiram.

Uma revista que eu até comprava de vez em quando era a "Rock Scene", uma espécie de publicação de fofocas do mundo do rock destinada a um público mais "cabeça". Não sei por que não adquiri o número de setembro de 1978, pois continha várias reportagens do meu interesse. Talvez o dinheiro de minha mesada tivesse acabado. Mas dei a tradicional lida rápida no Stand Vera Cruz e me chamou a atenção um texto sobre o fim do Kiss e o lançamento de discos solo por cada um dos ex-integrantes. Sim, saíram álbuns solo, mas não com títulos individuais, como eu lembrava de ter lido. E nem o Kiss se separou. Concluí, tempos depois, que deveria ser um artigo de ficção. E pude confirmar isso neste endereço aqui. O link leva direto para a revista em questão (é preciso habilitar o Adobe Flash Player para conseguir folhear virtualmente as páginas), mas o site contém todas as edições digitalizadas da "Rock Scene". Um verdadeiro tesouro.

Eu tinha 17 anos em 1978. Foi um ano marcante por diversos motivos, mas principalmente por ter sido o último do 2º grau no Colégio Pio XII. De algumas coisas, tenho saudade. Mas acho, sinceramente, que sou mais feliz hoje. 

*Sobre identificar alguém apenas pelos olhos, é o que está acontecendo agora, durante a pandemia, em que estamos todos de máscara. Eu reconheço os vizinhos e eles me reconhecem. A tática do Cavaleiro Negro, de preservar sua verdadeira identidade cobrindo parte do rosto, não funciona na vida real.

sexta-feira, junho 19, 2020

Kleiton e Kledir no Jornal do Comércio

O Jornal do Comércio de hoje traz uma reportagem cultural de Patrícia Lima sobre os 40 anos de Kleiton e Kledir incluindo um depoimento meu. Cliquem aqui para ler.