domingo, fevereiro 27, 2005

Decifrando a enrolação masculina

Em geral, sempre que eu comento com alguma amiga que as mulheres preferem os cafajestes, ela discorda radicalmente! O fato de a grande paixão da vida dela ter sido aquele homem que a humilhou foi apenas uma infeliz coincidência. Da mesma forma, se os homens corretos que ela conheceu não a atraíram, foi mera casualidade. As mulheres juram que querem, sim, um homem carinhoso e fiel. Mas quando acham, dispensam.

Costumo conversar bastante com mulheres sobre relacionamentos. Às vezes me surpreende ver moças experientes, maduras, sempre caindo nas mesmas conversas. "Saímos uma vez, mas agora ele não me procura mais, o que será que houve?" Santa ingenuidade! O que houve é que ele já te comeu, ora bolas! Era só isso que ele queria!


De tanto oferecer ombro amigo a mulheres mal amadas, fora minhas próprias experiências, já sei de cor certos scripts que, embora manjados, continuam dando certo mesmo com as mais espertas. Decidi então oferecer uma pequena ajuda revelando o verdadeiro significado de algumas frases. Eu não deveria fazer isso, pois de certa forma estou divulgando segredos de minha classe. Mas podem estar certos de que sinto tanto peso na consciência quanto o Mr. M, que escancarou truques de magia em horário nobre. Se depois de lerem o que escrevi abaixo vocês continuarem caindo nas mesmas conversas, me desculpem, vocês gostam de sofrer mesmo!

Quando os homens dizem:
“Vamos tomar um chopp hoje na saída?”
Querem dizer:
“Estou a fim de alguma coisa contigo.”

Quando dizem:
“Puxa, você está mexendo comigo. Nunca senti isso antes.”
Querem dizer:
“Quero te comer.”

Quando dizem:
“Estou envolvido com você, mas não posso abandonar minha família, sou muito ligado a meus filhos.”
Querem dizer:
“Só quero te comer, nada mais. Compromisso, nem pensar!”

Quando dizem:
“Eu sei que já faz anos que estamos nos encontrando. Mas já disse que seria muito complicado desmanchar minha família. Meus filhos precisam de mim e eu gosto de conviver com eles. Eu realmente não posso me separar.”
Querem dizer:
“Depois de todos esses anos você ainda não caiu na real? Só quero te comer, nada mais!”

Quando dizem:
“Foi errado o que aconteceu entre nós. Não devíamos ter feito. Acho melhor nos afastarmos por um tempo.”
Querem dizer:
“Eu só queria te comer e já comi, agora larga do meu pé.”

Por outro lado, quando dizem:
“O que aconteceu entre nós foi muito forte, mexeu muito comigo. Sei que é errado, mas quero me encontrar contigo de novo.”
Querem dizer:
“Adorei a trepada, você é boa de cama. Quero te comer de novo.”

Quando dizem:
“Puxa, você é uma mulher tão especial... Você é feliz?”
Querem dizer:
“Quero te comer mesmo você sendo casada. Quem sabe você não é carente e topa?”

Quando dizem:
“Podíamos sair pra tomar um chopp. Como amigos, nada mais.”
Querem dizer:
“Ah, eu ainda vou chifrar seu marido!”

Quando dizem:
“Puxa, você está bonita hoje!”
Querem dizer:
“Pensando bem, produzida você até fica gostosa. Acho que quero te comer.”

Quando dizem:
“Eu nunca tinha saído da linha, mas você foi especial, mexeu comigo.”
Querem dizer:
“Você praticamente se atirou no meu colo, eu não ia perder a chance!”

Quando dizem:
“Há tempos eu estava de olho em você.”
Querem dizer:
“Você era uma das muitas mulheres que eu queria comer.”

Quando dizem:
“Ainda penso muito em você. Se for pra gente voltar um dia, a gente vai acabar voltando.”
Querem dizer:
“Não namore ninguém e fique à minha disposição enquanto eu como as outras à vontade. Se eu sentir falta de uma companhia para cozinhar e passar roupa, a gente volta.”

Quando dizem:
“Tenho ótimas lembranças dos momentos que passamos juntos. Você foi uma pessoa especial em minha vida.”
Querem dizer:
“Qualquer hora quero te comer de novo, sem compromisso.”

Quando dizem:
“Eu estaria com você se não sonhasse com um futuro pra nós?”
Querem dizer:
“Não quero falar em casamento, pra mim está bom assim.”

Quando dizem:
“Não gosto de ser cobrado. Um relacionamento saudável tem que ser sem cobranças.”
Querem dizer:
“Não quero saber se estou sendo injusto ou egoísta, quero fazer o que é bom pra mim e não aceito reclamações.”

Quando dizem:
“Quero uma mulher que confie em mim.”
Querem dizer:
“Quero uma mulher que não fique perguntando onde eu estava quando eu chegar tarde em casa depois de trepar com outra. Ou então que acredite nas minhas desculpas esfarrapadas”

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Os 70 anos de Luluzinha



Ontem fiquei sabendo pelo jornal que uma de minhas personagens preferidas, a Luluzinha, completou 70 anos. Não é segredo para ninguém que eu adoro histórias em quadrinhos. Sempre gostei, desde a mais tenra infância. Mas alguns personagens resistem ao tempo. Coloco as histórias da Luluzinha no mesmo nível das do Tio Patinhas e do Pato Donald escritas e desenhadas por Carl Barks: são criativas e inteligentes de forma a agradar adultos e crianças. Barks sempre dizia que não nivelava suas histórias por baixo ao criar o enredo, jamais subestimando a inteligência de seus leitores. O mesmo pode ser dito sobre Luluzinha e sua turma.


Bolinha dirigindo-se com entusiasmo a um de seus locais preferidos, o restaurante Pôr-do-sol

Meu personagem preferido era mesmo o Bolinha. Como eu me identificava com ele! Eu era um menino gordinho como ele, com todos os problemas que isso acarretava. Também tinha medo das "turminhas da Zona Norte". Também tinha as minhas paixonites de infância, como era a Glória para o Bolinha. Mas o Bolinha personificava também o que eu gostaria de ser: detetive, líder de turma, um garoto cheio de amigos sempre se metendo em divertidas aventuras.




A exemplo dos personagens de Disney, Bolinha e Luluzinha tiveram diferentes artistas e escritores ao longo dos anos. Do começo em 1935 até 1947, o traço era da criadora, Marge Henderson Buell. Luluzinha fez sua estréia nos quadrinhos do Saturday Evening Post . A partir de 1945, John Stanley entrou para a equipe, inicialmente escrevendo e desenhando. Foi também nesse ano que começou a sair o gibi. Depois de algum tempo, Irv Tripp assumiu a parte artística, deixando Stanley apenas com os enredos. No começo, tentou-se manter o mesmo estilo de Marge, tanto no traço quanto no temperamento explosivo e determinado da personagem. Com o tempo, consagrou-se um visual mais limpo, juntamente com o modo dócil e apaziguador de Lulu. É difícil precisar exatamente quantos e quais desenhistas Luluzinha já teve, pois há pelo menos quatros estilos bem definidos: o do começo (um tanto pobre em detalhes), o clássico (o dos quadrinhos acima), o das histórias em que aparece o Vovô Fracolino e, por fim, uma fase totalmente dispensável nos anos 70. Essa, pelo visto, caiu no esquecimento (ainda bem).


O nome da cidade onde Bolinha e Luluzinha moravam nunca era citado, mas dizem que o cenário era inspirado em
Peekskill, no estado de Nova York. De vez em quando a cidadezinha é visitada por fãs dos personagens, que se divertem procurando os locais que serviram de modelo para o restaurante Pôr-do-Sol (o preferido do Bolinha – ver quadrinho acima), a área do Clube do Bolinha (onde "menina não entra"), ruas com casas no estilo da Luluzinha e do Bolinha, a praia (onde o Alvinho se perdeu uma vez) e mercadinhos com frutas expostas à frente. Um dia eu vou até lá conferir.


Este é um dos volumes da série que está republicando todas as histórias da Luluzinha

No Brasil, as primeiras revistas de Luluzinha e Bolinha foram publicadas pela editora de O Cruzeiro. Eram revistas grandes, em formato americano. Em 1975, os personagens passaram para a Abril, com os gibis no tamanho menor que era tradicional da editora. Atualmente, não estão mais saindo no Brasil. Por muito tempo o meu sonho de consumo eram os caríssimos volumes da série "Little Lulu Library", hoje fora de catálogo, mas que custavam, cada um, mais de 100 dólares. Felizmente, a editora Dark Horse deu início a uma série de relançamentos das histórias de Luluzinha em livros de 200 páginas em preto-e-branco (infelizmente), por apenas 9,95 dólares cada um. Já está no terceiro volume. Quem sabe alguma editora brasileira se entusiasma?

Os melhores sites sobre Luluzinha na Internet são "
The Little Lulu Web Page" e "Michele's Little Lulu Page", de onde obtive as ilustrações acima (inclusive das revistas brasileiras) e o link sobre Peekskill.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Final feliz para o DVD

Hoje, finalmente, o DVD que eu encomendei foi liberado. Sem cobrança de taxa. Mas o melhor de tudo foi descobrir que meu novo DVD player toca DVDs do sistema PAL europeu. E com perfeição, sem qualquer alteração na qualidade do som ou da imagem. Final feliz para um velho fã de Demis Roussos redescobrindo seu ídolo de adolescência. Outra hora escrevo mais sobre ele aqui ou no International Magazine.

Encomendas de viagem

Uma lição que aprendi de minhas viagens ao exterior é que não se devem aceitar encomendas. Por mais antipática que possa ser essa postura. Eu sei como se sentem os amigos de quem vai viajar. Puxa, o Fulano vai para os Estados Unidos, o que custa pra ele trazer pra mim um CD/ um livro/um DVD/uma máquina fotográfica digital/um notebook/qualquer coisa! Eu dou o dinheiro! E, por minha experiência, eu sei que sempre alguém quer alguma coisa. Então o ideal é não abrir exceções e não trazer nada para ninguém.

Confesso que já estive do outro lado, ou seja, dos que encomendam. Mais de uma vez. E somente em uma delas o meu amigo trouxe exatamente o que eu pedi. Em todas as outras, ouvi explicações. Não achei nenhum livro com esse nome. Na loja onde fui ninguém conhece esse CD. Esse CD-ROM que você pediu é da Inglaterra, como você se sentiria se alguém encomendasse alguma coisa de Portugal para procurar no Brasil? (Depois fui confirmar e o CD-ROM era americano, mesmo. Ouvi a piada de graça.) Em todos esses casos, minha primeira reação foi de irritação. "Não soube procurar." Mas não posso me queixar. Bem-feito pra mim por ir contra os meus próprios princípios.

Existem vários motivos para que não se façam ou aceitem encomendas. Tanto as excursões quanto as viagens a negócios costumam ter um roteiro bem rígido. O viajante tem direito de aproveitar os momentos livres como lhe aprouver, procurando o que for do interesse dele. Isso ele fará com prazer e motivação, indo nas lojas certas tantas vezes quantas forem necessárias até encontrar ou desistir. Eu próprio, em 1985, frustrei-me nos Estados Unidos tentando achar um livro que eu muito queria. Se eu o tivesse encomendado a outra pessoa e ela não o trouxesse, eu pensaria, como sempre: "não soube procurar". Mas como eu mesmo fui em busca do que me interessava, tive certeza de que não havia como consegui-lo. Hoje, felizmente, compra-se qualquer coisa pela Internet.

Mesmo assim, testemunhei o calvário de alguns colegas de excursão que aceitaram encomendas. Ah, aquela raquete de tênis para o filho. Tem que ser aquele modelo certo. O toca-fitas para o irmão. Os óculos espelhados para piscina. O CD player. Alguns, bravamente, insistiam em sua busca, para não decepcionar. E perdiam tardes inteiras com isso. No fundo, eu tinha pena não de quem teria sua encomenda frustrada, mas dos que se esforçavam em sua procura e não receberiam o devido crédito. Com certeza, quem fez as encomendas pensaria: "não soube procurar". Até minha mãe achava isso quando me pedia para buscar alguma coisa na loja da esquina e eu não encontrava, então o que dizer de uma compra em viagem?


Não é só em viagens ao exterior que a gente tem que se resguardar. Idas a São Paulo, por exemplo, é bom manter em segredo. Sempre aparece alguém querendo uma peça, um item de reposição, um conserto, enfim, alguma coisa que "só tem em São Paulo". E acham que é uma cidade como Porto Alegre, em que se vai a qualquer lugar em no máximo meia-hora pagando dez reais de táxi. Eu não cheguei a receber encomendas de São Paulo, mas já ouvi comentários posteriores do tipo "pena que eu não sabia que você ia pra lá, senão teria pedido tal coisa". Ainda bem que não pediu.

Alguns viajantes possuem táticas politicamente corretas para driblar as encomendas. Anotam qualquer coisa e depois dizem que não acharam ou falam que vão ligar para pegar os dados e "ficam sem tempo". Eu prefiro ser sincero e dizer que não aceito encomendas, ponto final. Tenho um camarada que foi, por assim dizer, o meu primeiro "amigo musical", para quem tomei a iniciativa de dizer em 1985: "Estou indo aos Estados Unidos e não vou trazer nada para ninguém, mas se você quiser um disco eu trago, pois isso eu vou olhar bastante por lá." E ele guarda até hoje o vinil de "Axis, Bold as Love", de Jimi Hendrix, que eu não tive dificuldade nenhuma de encontrar. Mesmo assim ele pagou. Mas foi uma exceção. Não sei se terei a chance de ir novamente ao exterior, mas se tiver, já sabem: não aceito encomendas.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Pai Contra Mãe

Meu amigo Paulo Brody me avisa que está de volta a sua peça "Pai Contra Mãe", adaptada de um conto de Machado de Assis. Eu já vi e fiquei impressionado com algumas cenas de agressão. Depois fui falar com ele e ele me disse que não me preocupasse porque "era técnico". A esposa dele, a atriz e diretora Jaqueline Pinzon, havia feito um curso de como encenar cenas violentas com realismo sem machucar os atores. Seria o oposto das antigas aulas de técnicas de tortura sem deixar marcas: o teatro deixa marcas, mas não tortura. Ah, estou exagerando. A peça nem tem tanta violência assim. Vale por sua mensagem social.

Então tomem nota: o espetáculo ficará em cartaz de sexta a domingo, às 21 horas, nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro, na Sala Álvaro Moreyra (Centro Municipal de Cultura, Av. Érico Veríssimo 307), dentro da programação do PORTO VERÃO ALEGRE. É uma realização do Grupo Teatral Arnesto Nos Convidô, com direção de Paulo Brody, e elenco formado pelos atores Denizeli Cardoso, Carlos Azevedo, Vanderlei Santos, Wagner Padilha e Larissa Cardoso. A peça tem duração de 50 minutos (mais do que isso a atriz principal não agüenta apanhar – brincadeira...).

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Eu li!

Numa comunidade do Orkut, alguém escreveu que tomava guaraná em pó para ficar acordado porque era "natural e sem contra-indicação". Alguém respondeu:

- Fulano, "por ser natural e sem contra-indicação" é o que disse o carinha que deu chá de cicuta pro Sócrates!

Resposta do Fulano:

- Pra você ver como são as coisas. O Sócrates mesmo cheio de chá jogava um bolão né. Aquilo que era craque!

E se pôs a comentar casos de doping no futebol!

Yahoo de castigo

Estou em modo web em praticamente todas as minhas comunidades do Yahoo. Isso significa que não recebo os e-mails em minha caixa postal, tenho que lê-los nos arquivos do site. Só que hoje já faz horas que as mensagens, por algum motivo, não estão disponíveis para leitura. Já estou com síndrome de abstinência!

Imposto sobre pretensão

Na semana passada, encontrei em minha caixa postal um aviso de chegada de pequena encomenda com a solicitação de que eu comparecesse ao posto alfandegário do correio. Fui até lá, cheguei a colocar as mãos no DVD que havia comprado, mas não pude retirá-lo porque a mercadoria não veio acompanhada de fatura. Sem isso eles não teriam como saber o valor para taxação. Ficou combinado que eu imprimiria uma fatura do site da Internet e enviaria por fax. Foi o que fiz. Isso no dia 10.

Ingenuamente eu fui conferir na minha caixa postal no dia seguinte para ver se o DVD já havia sido liberado. E no outro dia. E no outro. E no outro. E assim compareci praticamente todos os dias até ontem, 17 de fevereiro. Nada. Hoje resolvi telefonar para o posto alfandegário para saber se por acaso eles não tinham recebido a fatura. Resumindo: o DVD ainda está lá. Parado. Desde o dia 10.
(P.S. - Mas no final deu tudo certo. Leiam mais acima, "Final feliz para o DVD".)

Já acho questionável essa taxação extorsiva de 60% sobre mercadorias importadas. Entendo que a indústria nacional tenha que ser protegida e blá blá blá, mas o que há de errado em eu querer comprar CDs e DVDs que não são lançados no Brasil? Quando envio encomendas para meus amigos colecionadores do exterior, eles recebem tudo sem imposto ou burocracia. Aqui, parece que o consumo de produtos estrangeiros é visto como algo pecaminoso. Onde já se viu querer comprar DVD importado? Tá pensando que é cidadão de Primeiro Mundo? Nasceu no Brasil, tem que penar! Olha o pobre coitado ali comprando pirataria de camelô a preço de banana e você querendo adquirir DVDs oficiais do estrangeiro. Ponha-se no seu lugar! Esse imposto de importação tem mais jeito é de penalidade, de multa, de castigo por tentar burlar as privações costumeiras do Terceiro Mundo. Como se antes de nascer tivéssemos contratado um plano de vida mais barato que não nos dá direito a certos privilégios. O Brasil estaria na classe econômica do planeta Terra.


Aliás, sobre essa lógica de defender a indústria brasileira, acho que o caso mais inusitado que aconteceu comigo foi quando comprei um CD da Ana Mazzotti. A Ana era daqui de Porto Alegre, lançou-se cantando em bailes com o grupo Desenvolvymento, até que chegou a lançar um LP bastante elogiado nos anos 70, com músicas inéditas (exceto a cover de "Feel Like Making Love", de Roberta Flack). Pois esse disco foi relançado em
CD e vinil na Inglaterra, pelo selo Whatmusic. Eu encomendei o CD e paguei imposto de importação sobre um disco de uma cantora da minha própria cidade. Algumas lojas alternativas já estão vendendo cópias piratas desse CD a preço acessível. Fazer o quê?

O pior é que eu já vi que não vou conseguir tocar o DVD que encomendei em meu DVD player. Ele está no sistema PAL europeu, que é totalmente incompatível com nossos equipamentos. Eu costumo observar esses detalhes e até fico indignado com quem se atrapalha e não percebe que o padrão de cores para vídeo pré-gravado, no Brasil, sempre foi o NTSC. Acontece que o
anúncio no site da Amazon dizia que o DVD era zona 1, compatível com aparelhos dos Estados Unidos e Canadá. Esses o meu player reproduz sem problemas. Claro que vou reclamar pela propaganda enganosa. Mas o custo e o incômodo de encaminhar a devolução seriam tão desgastantes que prefiro ficar com o DVD e pedir para alguém tirar uma cópia convertida para mim. (P.S. - Isso também deu certo no fim. Ver novamente "Final feliz para o DVD", mais acima.)

Certas coisas não são para o bico da gente, não adianta. A impressão que eu tenho é que, se eu namorar uma mulher muito bonita, terei de pagar imposto por excesso de areia no meu caminhão.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Sunset Riders quinta e sexta

Gente, desculpem o aviso no último minuto, mas realmente eu estava desinformado (cadê os divulgadores de plantão, Lisete, Renan, Sylvio...?). Tem Bee Gees Especial com a Sunset Riders na quinta-feira, dia 17, no John Bull (que fica no Shopping Total, antiga Brahma, na Av. Cristóvão Colombo), às dez da noite. No dia seguinte, no mesmo local e horário, a Sunset Riders volta para o seu show de covers genéricos. Quem gosta de Bee Gees não pode perder o show de quinta. Eu digo, sem nenhum exagero, que para quem mora em Porto Alegre, não faz diferença os Bee Gees voltarem ou não: já temos a Sunset Riders!

As emoticonsilábicas

Eu sou fanático pela Internet, adoro teclar em ICQ e MSN, mas tenho uma certa aversão a esse "Internetês" que se usa por aí. Não virou "naum", você virou "vc", também virou "tmb" e todas as formas de "por que" foram reduzidas a "pq". São só alguns exemplos, existem muitos outros.

A verdade é que, em meus primeiros chats, eu não me sentia muito à vontade. Talvez seja a diferença de idade, mas eu tinha dificuldade de encontrar salas de conversa onde se dissesse algo mais do que "aeeeee" e "hehehehehe". Eu gosto realmente de escrever quando converso e até acho limitado o tamanho de bloco do MSN. Por mim, mandava verdadeiros tijolões a cada clique. E todos com as palavras escritas por extenso, com toda a pontuação e acentuação necessária.

Mas o "Internetês" conseguiu algo inédito, que foi sintetizar ainda mais a comunicação. Antigamente, uma sujeito que falava pouco era dito "monossilábico". Conheço algumas pessoas assim na Internet e até deveria me dar por feliz se recebesse um "oi" ou "é", "bão" e outros fragmentos de frase. Mas, na nova era, existem pessoas que falam menos do que as monossilábicas: são as "emoticonsilábicas"! Essas muitas vezes nem uma palavra se dignam a digitar! Tenho algumas amigas "emoticonsilábicas" com quem teclo de vez em quando. Nosso diálogo é mais ou menos assim:

Eu:
Oi, que bom que você está aí, estava com saudades de teclar com você!


Ela:
:c)


Eu:
Ultimamente não tenho conseguido teclar muito, estou cheio de coisas para fazer.


Ela:
:c(


Eu:
Na noite passada nem dormi direito.


Ela:
:c(


Eu:
Mas amanhã vou me reunir com os amigos e já me sinto melhor.


Ela:
:c)


Claro que o repertório de "emoticons" dos programas de chat está cada vez maior e mais criativo. Mesmo assim, imagine você estar conversando pessoalmente com uma pessoa e ela não dizer uma palavra, ficar só fazendo caretas feito uma surda-muda. Na prática, por enquanto, isso não acontece. Mas do jeito que o Internetês está viciando a garotada a ponto de já estar aparecendo até em algumas redações (sob protesto dos professores), eu não duvidaria que os "emoticonsilábicos" acabassem inaugurando de uma vez por todas a era da comunicação não verbal. :c)

Epa, isso pega! :c(

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Pensamento da hora

O Grammy é como a Academia Brasileira de Letras: a gente só leva a sério quando concorda com as escolhas.

Os "reality shows"

Sei que o formato não foi inventado no Brasil, mas não importa: acho esses "reality shows" a maior degradação que já apareceu na TV. Nunca imaginei que uma idéia tão tosca pudesse fazer tanto sucesso. Esqueçam as novelas mexicanas, esqueçam o programa do Ratinho, esqueçam tudo o que já viram antes: os "reality shows" conseguiram rebaixar a televisão a níveis inimagináveis de ruindade.

O argumento apresentado por um amigo meu que assiste ao "Big Brother" é de que o programa atiça o seu lado "voyeur". Ora, a locadora da esquina deve ter toneladas de filmes pornôs ou eróticos bem mais interessantes! Ou então, encoste o ouvido na parede e ouça os vizinhos. Os "reality shows" reduzem seres humanos a bichos de exposição. Institucionalizou-se o prazer mórbido de observar os conflitos, as fraquezas, os dramas e os sentimentos de um grupo de pessoas em convivência. Coloque-se sal na ferida e obriguem-nos a usar chapéus e roupas ridículas.

Não acredito que nenhum desse participantes venha a ter fama por muito tempo. Nos velhos tempos dos programas de perguntas e respostas ("O Céu é o Limite", "8 ou 800", etc), os concorrentes tinham seus quinze minutos Warholianos de notoriedade e depois desapareciam. Pois a turma do "Big Brother" vai sumir também. A Elaine, que venceu o primeiro "No Limite", achou que conseguiria largar seu ofício de cabeleireira, mas teve que voltar. Que fim levou a Pipa? E a Andréa? Aliás, até é bom dizer: o "No Limite" eu achei um programa interessante, bem produzido, com toda uma mística. A Praia dos Anjos e a Chapada dos Ventos não tinham esses nomes, mas foram assim batizados especialmente para a TV. Os desafios, as provas, as paisagens, tudo tinha um toque de superprodução. Agora, o que dizer de observar um grupo heterogêneo confinado em uma casa?

No exterior os "reality shows" estão se diversificando. Estão colocando a equipe de TV dentro da casa de uma família famosa. Para os fãs do artista enfocado até pode ser interessante, mas no fundo é a mesma mediocridade do "Big Brother". Agora querem fazer um programa mostrando gordinhos em dieta, acompanhando o emagrecimento de cada um. Eu nunca imaginei que a televisão desceria tão baixo, explorando as dificuldades e reveses do ser humano para deleite do telespectador.

Se o "Big Brother" não serve para nada, ao menos me faz valorizar as novelas, os programas de auditório, os programas humorísticos, qualquer coisa. Bom, eu já disse que quase não vejo TV. E se for pra ver "reality show", prefiro olhar ao meu redor, pois está tudo ali. Eu me pergunto se a televisão um dia vai conseguir inventar algo mais decadente. É melhor nem lançar o desafio.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Qual a novidade?

Seguidamente recebo mensagens com os títulos de "Emagreça comendo" e "Emagreça dormindo". Eu só gostaria de saber se existe alguma dieta em que o vivente não possa comer nada nem dormir.

domingo, fevereiro 13, 2005

Dica

Descobri um método infalível para curar a insônia: arranje trabalho para fazer em casa. O sono vem na hora...

sábado, fevereiro 12, 2005

Eu li!

"Between in contact with us..."
(Encontrado na versão em inglês de um site brasileiro. O que eles quiseram dizer foi "entre em contato conosco". Pelo visto, tem gente usando e confiando em tradutores automáticos. O site todo está assim, com mais erros do que buracos em queijo suíço.)

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

O casamento do Príncipe

Estou feliz pelo Príncipe Charles. Ele vai casar de novo. E com a mulher que sempre amou. Finalmente mandando às favas a opinião pública, o protocolo, os preconceitos da realeza, ele vai assumir oficialmente sua paixão. Como devia ter feito desde o início.

Camilla Parker-Bowles deve estar feliz, também. Não faz muito tempo, conversei com uma amiga sobre os relacionamentos do passado. Ela viveu vários anos sob o mesmo teto com o grande amor de sua vida, teve uma filha com ele, mas ele nunca legalizou a união. E isso era importante para ela. Para ele talvez fosse só um detalhe, uma formalidade boba que não iria mudar nada na prática. Tanto que, vinda a separação, ela obteve todos os seus direitos na Justiça. Mas ficou a mágoa de nunca ter sido "assumida oficialmente" pelo homem que amava. O papel passado e as alianças com os nomes trocados seriam, para ela, como uma declaração de amor. E ela não a teve.

Sobre o casamento do Príncipe, não faltam os inconvenientes de plantão para dizer que é uma bobagem, o que ele viu nessa feiosa, olha a Diana como era bonitinha e blá blá blá, como se atração fosse um quesito meramente visual e dependesse da aprovação alheia. Não importa para nós o que ele viu nela que, num determinado momento, o fez querer ser um absorvente interno em seu corpo. Também não vem ao caso agora lembrar o quanto a Princesa Diana sofreu ao lado dele. Foi uma história triste com fim trágico, mas o Príncipe Charles com certeza também teve o seu quinhão de dissabores com tudo o que aconteceu. Que bom que está se reerguendo e reconstruindo a sua vida. Ele tem todo o direito de fazer isso.

E no final de tudo fica aquela lição recorrente e piegas, mas sempre pertinente, de que ainda há pessoas que acreditam em amor. Vejam aí esses namoradinhos de 56 e 57 anos anunciando ao mundo, felizes, o seu enlace. Um casamento real para mostrar ao mundo que o amor também é real.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Eu li!

"Mantenha o Peru limpo!"
Cartaz afixado no banheiro de um trem para Macchu Picchu. Aliás, o local ideal para manter o Peru limpo. O cartaz está aqui, mas vale a pena visitar todo o site do Projeto "Cartele".

Perguntas óbvias

Quem é da minha geração deve lembrar das "Respostas Cretinas Para Perguntas Imbecis", da Revista Mad. Eram criação de Al Jaffee. E também do Pedro Bó, do programa Chico City. Se alguém aí ainda responde a uma pergunta boba com um "não, Pedro Bó", está revelando a idade. É preferível citar a "tolerância zero" do "Zorra Total".

Mas, se pararmos pra pensar, existe uma sutil diferença entre uma pergunta boba e uma pergunta de rotina. Imagine que você sai com seu cão pela coleira e o vizinho pergunta: "Vai levar o cachorro para passear?" Você até pode dar uma resposta cretina à moda de Al Jaffee ou Pantaleão. Mas estará sendo indelicado. Porque a pergunta não tem como objetivo obter uma informação ou confirmação. O vizinho está vendo que você vai levar o cachorro para passear. A pergunta é uma forma de contato, uma maneira de transmitir interesse em você e no seu mundo, uma demonstração de que ele não o está ignorando. É como um cumprimento disfarçado de pergunta. Em vez de "bom dia", um questionamento amistoso adaptado à situação.


Não vai muito longe: quem nunca disse na vida um: "é mesmo?" Analisando bem, "é mesmo?" pode ser uma pergunta boba. A interpretação ao pé da letra seria a de que o interlocutor está duvidando da sua palavra. Você acabou de relatar algo interessante e ele pergunta: "é mesmo?" Uma pessoa mais implicante teria a chance de responder: "não, contei essa longa história, mas é tudo mentira". Na prática o "é mesmo?" confirma que o relato que você acabou de ouvir é realmente impressionante.

As perguntas de rotina já fazem parte das relações interpessoais. Ela cumprem a função de manter os indivíduos em contato de uma forma amena e não-intrusiva. Por outro lado, em Jornalismo, elas seriam válidas? Rosana Herrmann, em seu blog "
Queridos Leitores", fez uma crítica severa a um repórter da Globo que estava cobrindo o Carnaval. Ela achou absurdo que ele perguntasse a Zeca Pagodinho: "E aí, a Portela tá entrando para arrebentar com tudo?" Como se houvesse a menor chance de ele responder que não. É claro que, no uso profissional, a Comunicação deve se processar por normas mais rígidas do que no dia a dia. Mas, numa pergunta rápida, até acho que uma frase como essa pode ser considerada válida. Ela não tem necessariamente o objetivo de obter uma informação, mas sim de estimular o entrevistado a fazer um pronunciamento rápido. É como no futebol. Antes da partida, o repórter pergunta ao jogador: "E aí, Fulano, preparado para o jogo?" Ora, é claro que ele vai dizer que está, sim, preparadíssimo. A pergunta é apenas uma deixa. E bem mais simpática do que, por exemplo, "diga alguma coisa para os ouvintes da Rádio Tal".

De forma alguma estou pretendendo fazer uma apologia às perguntas bobas. Elas existem, sim. Eu próprio citei o exemplo do repórter que perguntou ao chefe dos bombeiros em São Paulo, enquanto saía fumaça sem parar do prédio em chamas: "Fogo ainda ou só fumaça?" Lembro de casos piores, como o do pai que teve a filha pequena assassinada e o jornalista quis saber: "O que significava sua filha para você?" Apenas acho que há tipos de perguntas óbvias que já se incorporaram ao cotidiano e que não mereceriam as críticas ferinas de Al Jaffee e outros. Aliás, sinceramente, prefiro mil vezes ouvir perguntas óbvias do que questionamentos concretos do tipo: "Quem fim levou aquela morena que vinha no seu apartamento no ano passado?" "Está sem namorada?" "Com quantos quilos você está?" No meu caso, guardo as respostas cretinas não para as perguntas imbecis, mas para as indiscretas.

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Pessoas irritantes

Inspirado por um post do Blog da Rosana Herrmann (Queridos Leitores), decidi fazer uma breve lista de pessoas que me irritam:

- Gente que não sabe usar um caixa automático ou Banco 24 horas. Não sabe a hora nem a maneira certa de introduzir o cartão, erra a senha e não desocupa a moita se por acaso a agência estiver fora, a senha estiver errada ou a conta não tiver saldo. Sem falar aqueles que primeiro ocupam a moita, depois vão procurar a senha anotada no bolso ou na bolsa e no final ainda ficam examinando o saldo antes de ceder a vez
.

- Qualquer vendedor que venha até mim sem ter sido chamado, seja pessoalmente ou por telefone. Sou um notório consumista, mas eu vou atrás do que eu quero!

- Pessoas que perguntam "sobe?" quando a porta do elevador se abre e a seta já indica para onde o elevador está indo.

- Pessoas que entram no elevador para subir ou descer um andar só.

- Pessoas que superlotam desnecessariamente um elevador ou que seguram até o último minuto para esperar que lote. Em geral, o tempo de espera seria o mesmo que o elevador levaria para fazer a sua "viagem" e voltar para pegar os atrasados.

- Gente que responde a uma proposta de discussão na Internet com uma contemporização: "Não importa quem é o melhor integrante/qual é a melhor música/quem é o melhor cantor/qual é o melhor instrumentista do grupo Tal, o importante é que juntos eles criaram músicas fantásticas e blá blá blá..."

- Jogos de "ou", "batalha de músicas", "jogo do alfabeto" ou qualquer proposta de discussão inócua no Orkut ou outros grupos de discussão.

- Pessoas que dizem: "Ia falar uma coisa, mas não vou falar." Então que não diga nada, pô! Ou então fale de uma vez, sem rodeios!

- Pessoas que repetem sempre a mesma piada na mesma situação. Não adianta insistir: se não teve graça na primeira vez, não terá na segunda ou terceira!

E resgatando opiniões já colocadas neste blog em posts anteriores:

- Gente que se aglomera logo após a catraca de um ônibus, enquanto o fundo está vazio. Os gordinhos, como eu, ficam com a passagem obstruída e têm que fazer de "com licença" um eufemismo para "danem-se, pois vou passar de qualquer jeito, espremido no meio de vocês".

- Pessoas que ligam a cobrar e, em vez de dizer o nome e a cidade de onde estão falando, dizem "Alô, Fulano?"


- Pessoas que ligam a cobrar, não ouvem a gravação da secretária eletrônica e deixam um recado assim: "Alô? Alô?" Pior ainda as que insistem e deixam três ou quatro recados.

- Pessoas que são atendidas pela secretária eletrônica e, em vez de deixar um recado, ficam gritando: "Fulano, atende! Atende!"

- Pessoas que ligam errado duas, três, quatro vezes seguidas sem perceber que elas é que estão com o número incorreto e não adianta insistir!

- Pessoas que querem "convertê-lo" a qualquer custo a uma religião, seita, prática, academia, alimentação natural, o que quer que seja. Comigo, faz efeito contrário.


sexta-feira, fevereiro 04, 2005

O Carnaval que não consigo esquecer (nem lembrar)

Eu nunca consegui gostar de Carnaval. Bem que tentei, mas não deu. A música, o clima, a tradição, nada disso me entusiasma. Bailes, desfiles de Escolas de Samba, dispenso. Hoje, graças, entre outras coisas, à Internet, descobri que não estou sozinho. Não sou nenhuma aberração da natureza. Muita gente não gosta de Carnaval. Foi um alívio saber.

Mas houve uma fase, mais ou menos entre 19 e 23 anos, em que eu era um ET no meio de uma turma de carnavalescos. Todos os meus amigos adoravam o Carnaval. Às vezes eu chegava a me perguntar: se curtem tanto a festa, por que só fazer quatro dias por ano? Existe alguma proibição de se dançar "Mamãe Eu Quero" e "Máscara Negra" e jogar confete e serpentina em outra época do ano? Eu sei que alguns clubes até fazem Carnaval de Inverno. O do Professor Gaúcho era famoso, não sei se ainda acontece. Mas eu realmente não conseguia entender o que havia de errado comigo. Se é algo que deixa os meus amigos tão entusiasmados, por que eu não consigo gostar?

Um dia um amigo meu perguntou se eu não conseguia gostar do Carnaval "nem regado a caipirinha". Aí, achei que tinha desvendado o mistério. Era isso! Eu não curtia a festa porque estava sempre sóbrio. Bastaria encher a cara e pronto, eu teria uma revelação. A magia do Carnaval se descortinaria diante de meus olhos. Toda aquela gritaria, aquela pulação toda no meio do salão, passaria a ter um significado. Eu conseguiria ver e sentir o mesmo que os outros que tão eufóricos ficavam no meio daquela folia toda.

Foi no verão de 1981, aos 20 anos, em Capão da Canoa, que decidi colocar em prática a estratégia etílica. Já saí de casa bem cedo com umas biritas na cabeça. Achei uma vaga para estacionar em frente à SACC. Depois, continuei meu aquecimento pelo centro de Capão, primeiro num trailer, depois numa casa de batidas. Eu poderia dizer que naquela noite tomei o porre mais memorável da minha vida, não fosse por um detalhe: a partir de certo ponto, não lembro de mais nada. Nunca imaginei que a amnésia alcoólica, tão citada em piadas, fosse uma realidade.

Um conhecido que casualmente sabia onde eu morava me encontrou no Centro e me levou para casa. Menos mal. Acordei no dia seguinte no chão da sala de minha casa, em Atlântida. A sensação de "não saber o que aconteceu" é horrível. Até hoje meus irmãos lembram do fato como se eu tivesse perdido o meu carro. É que, durante o pileque, eu não sabia dizer onde ele estava. Foi só levantar no dia seguinte e eu falei na ponta da língua: "Tá na frente da SACC." De qualquer forma meu irmão já o tinha encontrado. Em meus delírios, eu havia comentado coisas bem pessoais para quem quisesse ouvir. Foi como se o álcool tivesse rompido as comportas da minha intimidade. É claro que não cheguei a ir no baile da SACC. Fui no dia seguinte. Até que as coisas terminaram bem. O meu anjo da guarda não falhou. O vexame poderia ter sido muito pior.

Depois desse vergonhoso episódio, tentei ir ao Carnaval mais algumas vezes (sóbrio, é claro), até que desisti. Definitivamente, não é meu tipo de festa. Gosto do feriadão, mas deixo os bailes para quem curte.

Em todo o caso, bom Carnaval a todos!


quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Ainda o Aerolula

Em princípio, não vejo problemas na compra do avião presidencial, apelidado de "Aerolula". Mas acho que houve, sim, um erro tático de marketing. Em alguns casos, não basta ter razão, é preciso ter cuidado com a repercussão. Situações que exijam explicação são sempre perigosas. A menos que seja uma explicação rápida e certeira, tipo, "a mulher com quem você me viu ontem era minha irmã" ou "essa dívida já está paga, olhe aqui o recibo". Do contrário, a opinião pública é implacável. Não é como um Juiz que ouve exaustivamente as partes, as testemunhas e estuda a fundo o processo. O povo costuma fazer o seu prejulgamento numa média de 20 segundos, com desvio padrão 5. Se uma explicação convincente não couber em duas linhas de papel A4 fonte Arial tamanho 12, esqueça.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Feita pra mim

Hoje, depois do almoço, vi na Rua da Praia uma mulher que era bonita demais para ser verdade. Não, não era linda feito miss, que miss é muito magra. Era cheinha, provavelmente deveria se achar muito gorda (como toda a mulher se acha quando está no ponto, burramente seguindo o padrão ditado pelos homens que não gostam de mulher, os costureiros) e tinha um rosto lindo, perfeito. Quase pensei em ir atrás dela e dizer, resumidamente: "Eu sou o homem da tua vida!" Mas não daria certo. Ou eu seria chamado de louco, ou levaria um tapa, ou teria que dar mil explicações. Mas para vocês eu esclareço.

Esse negócio de "feitos um pro outro" é bobagem! Desde Adão e Eva, a mulher é que foi feita para o homem. Claro! Deus, em sua onisciência, criou Eva exatamente como Adão queria. Por ironia, o homem que não teve escolha foi um dos poucos a encontrar literalmente "a mulher que pediu a Deus". Só imagino o diálogo entre eles: "Você é a mulher da minha vida, não quero outra." "E você tem opção?" "Não, mas se tivesse, quereria você novamente. Nunca vi uma mulher igual. Você é única!" Foi a primeira declaração de amor de um homem a uma mulher.

Desde então, Deus vem usando sua sabedoria ilimitada para criar cada mulher conforme as especificações de cada homem. Enquanto as mulheres aceitaram pacificamente o seu destino, tudo transcorreu normalmente. O que atrapalhou tudo foi essa mania de emancipação, direitos iguais e outros desvirtuamentos. Aí, a mulher se achou no direito de rejeitar o seu homem. Foi então que começaram a surgir pessoas sozinhas. Mulheres casando com homens errados. Os homens certos, rejeitados, roubando as mulheres feitas para outros. Nessa dança das cadeiras, alguns sobraram. E tudo porque a mulher resolveu ter escolha.

Aquela mulher que passou por mim na Rua da Praia, por exemplo, nem sabe que foi feita para mim. Se eu não for lá e disser, ela vai continuar não sabendo. Mas mesmo que ela conseguisse entender o meu ponto-de-vista, ainda assim eu correria o risco de ela me olhar de cima a baixo e dizer: "Você não faz o meu tipo!" Ora, bolas! Desde quando homem veio ao mundo para "fazer tipo" de alguém? Se fosse no tempo do Velho Testamento aquela morena cheinha já estaria comigo feliz da vida comendo maçã e experimentando o mais novo modelo de folha de parreira. Ela que não reclame se ficar sozinha depois!