terça-feira, outubro 29, 2019

Música para fazer rir

Passei longos anos de minha juventude lendo as críticas de discos que Ayrton Mugnaini Jr. escrevia para Somtrês e outras revistas de música. Inclusive, várias delas apareceram no pente fino que passei em diversas publicações de meu empoeirado acervo. Mas Ayrton também é músico. Já participou de grupos como Língua de Trapo e Magazine. Em seu trabalho solo, ele exercita o humor, mas sem baixarias ou palavrões. Seus versos bem construídos vão de temas como falsos discos ao vivo, feira de vinil no Trianon, amor no metrô até um romance impossível, porque a amada não tira da cabeça um "Zé Mané" (eu confesso que me identifiquei muito com esta!). Sua diversidade de estilos passa pelo samba, onde demonstra uma confessa influência de Adoniran Barbosa. Neste momento complicado pelo qual passa o nosso país, o CD "Sujeito Determinado" consegue fazer a gente rir mesmo nos piores dias. É um humor direto, simpático e sem sutilezas. Nesta página aqui vocês encontram as letras e comentários do próprio Ayrton sobre o trabalho. Mas faço questão de transcrever apenas uma estrofe:

Mas veja bem, nem todo bule
Tem bom café
E quem não sabe andar pra frente
Dá marcha-a-ré
Mas você, quem sabe, até merece
O Zé Mané

Obrigado, Ayrton!

domingo, outubro 20, 2019

É nesta segunda-feira!

É nesta segunda-feira, dia 21! Os 13 episódios de "MPB 73, o Ano da Reinvenção", documentário em série produzido por Célio Albuquerque, Roberto Faissal Jr. e João W. Faissal, terão uma reprise especial em forma de maratona: todos os capítulos serão mostrados em sequência, a partir das 7 e 30 da manhã, no Canal Brasil. O programa foi inspirado no livro "1973, o Ano que Reinventou a MPB", organizado por Célio e lançado em 2014. É a segunda chance para quem perdeu.

sexta-feira, outubro 18, 2019

Remexendo nas fitas de áudio

Depois das revistas (que continuarão sendo examinadas num momento posterior), chegou o momento de vasculhar minhas fitas de áudio. A foto acima eu tirei para mostrar no Facebook, pela curiosidade. Eu nem lembrava que existiam fitas Scotch personalizadas com o logotipo de saudosas lojas de discos de Porto Alegre. Meu apartamento, que nunca foi um primor de organização, agora está com cassetes espalhados na mesa e no sofá. Mas eu estou feliz, porque achei todas as gravações que eu queria. E já comecei a digitalizá-las.

O primeiro registro que fiz questão de resgatar não tinha nada a ver com o foco da minha pesquisa, mas era algo que estava sendo aguardado por ninguém menos do que o músico Augustinho Licks. Ele e seu irmão Rogério fizeram um recital no dia 9 de maio, na Sala da Música do Multipalco Eva Sopher, no prédio do Teatro São Pedro. Depois da apresentação, conversei rapidamente com ele e comentei que eu tinha uma fita com a final do Musipuc de 1980, que é citado com destaque no livro "Contrapontos: uma Biografia de Augusto Licks", de Fabrício Mazocco e Sílvia Remaso. Ele deve ter ficado bem entusiasmado com a informação, pois fez questão de comentá-la na entrevista que concedeu logo depois para o radialista Mauro Borba em seu "The Borba Cast". Vocês podem ouvi-la aqui ou em outros sites que a disponibilizem. Se quiserem, podem ir direto à marca de 49 minutos para escutar a referência ao festival, à apresentação de "Vertente" com Antônio Carlos Brunet (Dunga) e, finalmente, quando ele diz que conversou com "o Emílio" (como se todos fossem saber que é) e eu lhe falei sobre a fita que está comigo. Pois aqui estão as duas gravações que subi para o Soundcloud:
"Vertente" era uma composição de Carlos Patrício, aqui interpretada pelo já citado Dunga, com o próprio Carlos mais Nei Lisboa e Boina nos efeitos sonoros. Augustinho cita essa apresentação na entrevista indicada acima.
Aqui, Nei Lisboa e Augustinho interpretam a clássica "Pra Viajar no Cosmos Não Precisa Gasolina". As duas gravações foram feitas no dia 23 de novembro de 1980. Eu sinceramente não lembro de aipins pendurados no violão, como Augustinho menciona na entrevista. Isso pode ter acontecido na fase eliminatória, que se estendeu por dois dias e eu só estava lá em um deles, para prestigiar minha amiga Denise Tonon, que concorreu com "Se Eu Fosse Falar". Também não me recordo de Nei jogando pão para a plateia ao cantar "o povo passa fome". O que ele fez foi bater dois toquinhos junto ao microfone que, vistos de longe, poderiam ser pedaços de aipim. Aí, sim, logo após dizer "som... de raízes", ele os atirou para o público. Augustinho fez o mesmo mais tarde ao voltar para o palco e receber prêmio de melhor instrumentista. A composição era uma parceria entre Nei e Augustinho, mas foi creditada somente ao segundo porque havia um limite de inscrições por compositor e Nei já havia estourado a quota dele. 

Ao postar as duas gravações no Soundcloud, avisei a Sílvia Remaso e Mauro Borba no Facebook. Um deles há de fazer com que Augustinho tome conhecimento da postagem. Mauro comentou sobre a boa qualidade do áudio. Eu próprio me surpreendi. Se bem lembro, levei para o Salão de Atos da PUC um minicassete National de porte razoável (ao menos, comparado com os portáteis que surgiram depois), com microfone embutido e alça presa ao corpo do aparelho com fita adesiva para não causar ruídos que prejudicassem a gravação. Como sempre, utilizei meu gravador de DVD para fazer a digitalização. O lado esquerdo estava com som bem melhor, então usei a opção de duplicar canal do Ulead Video Studio para usar somente o canal "bom" dos dois lados. Gostei do resultado. 

Depois disso, já passei a resgatar outras fitas. Tem muita coisa pra ouvir e selecionar, mas eu adoro tudo isso. Quem sabe, com o tempo, eu possa também disponibilizar as narrações de futebol que gravei no meu tempo de colorado fanático, a partir de 1970. 

sábado, outubro 12, 2019

A volta de Sílvio Marques

O retorno de Sílvio Marques ao palco foi engendrado pelo percussionista Giovanni Berti e pelo violonista Bruno Mad. Os músicos fizeram um trabalho no estúdio de Sílvio e tiveram oportunidade de ouvir as demos que o ex-Saracura tinha gravado. Alguns desses registros já tinham sido mostrados em programas como "Paralelo 30" de Rogério Ratner (da saudosa Buzina do Gasômetro) e "Sonoridades" de Guto Villanova. Ali, notava-se que Sílvio estava cantando com mais suavidade do que nos velhos tempos. Isso se confirmou ontem à noite, no Espaço 373. A data foi agendada pelos próprios Giovanni e Bruno, que praticamente obrigaram Sílvio a se apresentar. E ainda providenciaram um violoncelista como ele sugeriu, no caso, Igara Paquola.

Eu costumo dizer que Sílvio e o saudoso Nico Nicolaiéwsky foram os Lennon e McCartney do Saracura. Nico se manteve atuante até seu falecimento em 2014, mas a última vez que Sílvio havia feito um show tinha sido em 1986. O que se viu ontem foi uma apresentação de uma hora com repertório entre ótimas baladas e canções pop mais aceleradas, com refrões ganchudos. Um momento especial foi quando Fernando Pezão, também ex-Saracura, subiu ao palco para cantar junto em "Flor", do velho grupo (ver vídeo abaixo).

Sílvio está de volta e já não era sem tempo. Continua em forma como cantor e compositor. Que venha agora um show maior em teatro e, se possível, um CD. E fica a sugestão de incluir mais músicas do Saracura no repertório, como "Toda Moça", que é dele, e "Xote da Amizade", que é de Mário Barbará, mas foi sucesso na voz de Sílvio, tocando bastante nas rádios de Porto Alegre.

quinta-feira, outubro 10, 2019

Pesquisas em casa

Minhas pesquisas continuam. Desta vez, estou examinando meu próprio acervo. Está tudo aqui comigo, mas meio escondido. Eu tinha chegado a tirar boa parte das revistas das caixas que vieram da mudança, mas coloquei-as nos armários mais altos do segundo quarto, equivalentes aos que minha mãe se referia como "o alto da colina". Por precaução, comprei uma escada nova. A que eu tinha foi adquirida em 1998, quando me mudei para o apartamento anterior, e já estava perigosamente desgastada.

De posse da escada nova, lá fui eu baixar pilhas e pilhas de revistas da coleção. Especificamente, meu objetivo era localizar exemplares das saudosas Pop e Somtrês. E já consegui achar boa parte do que estava procurando. Lamento minhas limitações de tempo e espaço, pois seria ótimo poder rever tudo lentamente, revivendo com calma o que aquelas páginas todas significaram para mim. Hoje os jovens perguntam como fazíamos para obter informações num mundo sem Internet. A resposta está ali, naquelas publicações. O fim dos Secos e Molhados, as mudanças de formação do Made in Brazil, a troca de gravadora do Guilherme Arantes, punk rock, Sex Pistols, as muitas fases de David Bowie, o surgimento do CD, tudo isso chegou até nós, nos anos 70 e 80, via páginas impressas. E eu estou tendo um verdadeiro flashback ao revisitar essas matérias.

Independente do foco de minha pesquisa, aproveitei para resgatar outras curiosidades, também. Já atualizei meu comentário "David Bowie e o Brasil", aqui no Blog, inserindo duas imagens nos pontos relevantes. Também postei dois anúncios de discos dos Bee Gees na comunidade de fãs do grupo no Facebook: um do LP Mr. Natural da revista Pop, de 1974, outro de uma caixa de LPs da Somtrês, de 1983. Em uma comunidade de Beatlemaníacos, divulguei uma de muitas notícias que li na década de 70 anunciando a volta dos Beatles. Era, ao mesmo tempo, um sonho e um boato recorrente. Só cessou porque perdemos John Lennon no final de 1980.

De hoje para amanhã, tenho outra missão: guardar as revistas pelo menos provisoriamente, para deixar o apartamento circulável para o meu filho. Mas dou um jeito.

sábado, outubro 05, 2019

Havelange era contra o VAR

Um pouquinho de lenha na fogueira para os que estão achando ruim o uso de VAR no futebol: trecho de entrevista concedida por João Havelange a Veja de 15 de dezembro de 1993, quando era Presidente da FIFA. Eu a li, na época, e nunca a esqueci, pois é uma opinião polêmica. "O erro humano faz parte do esporte." E como fica quem é prejudicado? Por outro lado, o VAR está tirando a graça dos jogos, tornando-os arrastados e burocráticos? Lembro de muitos erros que poderiam ter sido evitados com uso de VAR, inclusive um que beneficiou meu time: um chute na rede pelo lado de fora acabou sendo marcado como gol. O juiz ficou tão envergonhado quando descobriu a falha que largou o apito por algum tempo.