Pesquisando

Fiquei dois fins de semana não consecutivos na casa de meus amigos Cristina e Márcio, na Praia do Laranjal, em Pelotas. Eu tinha um vasto material de pesquisa para examinar e um fim de semana não foi suficiente. Eles me forneceram toda a infraestrutura necessária, incluindo transporte de e para a Rodoviária, hospedagem, refeições, mesa de trabalho, iluminação, uso do computador para digitalização de fotos em alta definição e coleta e devolução do acervo em si, que não era deles. Jamais poderei retribuir tudo o que eles fizeram por mim. 

Inseguranças tecnológicas

Já devo ter escrito mil vezes que cresci acostumado com aparelhos que me obedeciam instantaneamente, sem problemas. Bastava teclar "Play" e "Stop". Não se ficava olhando ansiosamente para ver se funcionariam ou não. Sabia-se que iriam funcionar. E funcionavam.

Hoje, já há bastante tempo, vivemos numa era de insegurança tecnológica. O significado de "defeito" foi perigosamente relativizado. Se alguma coisa emperra no computador, pode haver mil causas, todas consideradas justificáveis. "Você tem que atualizar o software." "O sistema operacional deve estar obsoleto." Ou o pior de tudo: "É bug." Digamos que "é bug" tornou-se uma explicação aceitável e tolerada para o que seria, na verdade, uma falha gravíssima que deveria ter sido detectada na fase de testes. Mas tudo bem, logo virá uma nova versão do software que "corrige os bugs da anterior". Na prática, muitas vezes, essa correção introduz novos incômodos.

Ou seja: não adianta praguejar. Como escrevi em um de meus primeiros textos do Blog, é assim mesmo (leiam aqui). Era assim mesmo em 2004, quando redigi o comentário indicado, e continua sendo em 2019.

Sempre tive receio de atualizar o sistema operacional. Deveria ser um processo simples e indolor, mas raramente é. O caso mais grave foi quando caí no chamado "loop do reparo automático" e o computador simplesmente não abriu. Por sorte eu tinha um velho notebook pelo qual pude buscar ajuda no YouTube. Imprimi a "receita de bolo" e a deixo constantemente à mão para qualquer eventualidade.

Pois nesta semana fui coagido (a palavra é essa mesma) a atualizar novamente o sistema. Quando isso acontece, no mínimo, várias configurações que eu tinha feito se perdem e tenho que começar tudo de novo. Quando minha tela usual apareceu, dei um suspiro de alívio. Dos males, o menor. Mas ainda viriam algumas surpresas.

Hoje pela manhã, eu estava quebrando a cabeça para, pela milésima vez, autorizar meu computador a carregar os audiobooks que compro da Audible. Foi uma das consequências da citada atualização. Em meio ao procedimento, tocou a campainha. Ah, lógico, eu quase tinha esquecido. Estava agendada uma visita técnica da NET para verificar minha TV a cabo. Meu receptor não estava acessando os canais acima do 500, ou seja, os de alta definição.

Em geral, não tenho queixas da NET. O atendimento deles sempre foi ótimo e eficaz. Dessa vez não foi exceção, só que o rapaz teve que instalar três aparelhos novos para achar um que funcionasse. Aí ele atualizou as configurações e deu tudo certo.

Vai chegar um dia em que nossos carros pararão no meio da estrada e o painel exibirá uma mensagem: "Atualize o firmware."

Informações do diário

Relendo meu diário, achei as datas exatas em que tentei, sem sucesso, ver o filme "Embalos de Sábado à Noite" no Cine São João, em 1978. As filas eram sempre enormes e eu desistia. Acabei colocando em prática um antigo plano de dar uma caminhada até o Cine Center e, aí, deu certo. Essas informações absolutamente essenciais já foram acrescentadas aqui.

Caminhada até a Rodoviária

Apesar do despreparo físico e do clima nem sempre propício, não abandonei minhas caminhadas. Na penúltima segunda-feira, dia 5, fui a pé do Menino Deus até o Centro, busquei uma encomenda no Correio, depois segui pela Júlio de Castilhos em direção à Rodoviária. Quando aparece algo bonito para fotografar, uso meu celular Nokia velho de guerra, mesmo, que ele funciona bem. Hoje lembrei de baixar as fotos para o computador. Acima, prédio colorido na Rua Coronel Vicente.

E a famosa passarela da Rodoviária, num ângulo interessante.

Aniversário do Blog, etc.

Amanhã o Blog completa 15 anos. Eu queria postar aqui a "Valsa dos 15 Anos" que algumas vezes ouvi em aniversários, em minha adolescência, mas não encontrei. Então vai esse tema instrumental de Mary Teresinha. Afinal, de qualquer maneira, a letra que eu conhecia não se adaptaria à comemoração específica. Seria mais como brincadeira, mesmo.

O motivo de estar registrando o aniversário de véspera é que amanhã cedo irei a Pelotas para conferir se as ruas continuam bem retas, "que a gente enxerga o fim", como dizia minha professora de Português da 5ª Série, Dona Constança (pelotense, claro). Faz mais de duas semanas que agendei essa viagem e não me dei conta que cairia bem no Dia dos Pais. Mas meu filho não vai se importar. Comemoraremos na volta, sem problemas.

Bom fim de semana a todos.

Previsão certeira

No final do ano passado, comentei que a Coca Zero passava a se chamar "Sem Açúcar" (ver aqui). O que eu não sabia é que, ao mesmo tempo em que ocorria essa mudança de marca, a versão do refrigerante com stévia e menos açúcar era retirada do mercado brasileiro. Nem sempre eu acerto minhas previsões, mas essa foi na mosca. Cliquem aqui para ler o que eu tinha escrito lá em 2016.

Quadrinhos do Judoka em livro

O Judoka foi um herói brasileiro criado pela EBAL em 1969, inspirado no americano Judo Master, da Charlton Comics. Aliás, os seis primeiros números da revista (que se chamava "O Judoka" desde o início - as publicações da EBAL geralmente tinham um nome oficial e outro "de fantasia") continham histórias do judoca estadunidense. Como elas foram descontinuadas, a editora lançou um personagem nacional nos mesmos moldes. Apesar de algumas críticas de leitores mais exigentes (os quadrinhos do Judoka eram bem mais simples se comparados ao padrão Marvel ou DC), o Judoka marcou época e ganhou até um filme em 1972, com Pedrinho Aguinaga no papel principal. O gibi durou até 1973. Sempre achei que as aventuras do herói tupiniquim mereciam relançamento em formato de livro, como é comum acontecer com quadrinhos no exterior. Pois a editora Avec compilou as cinco histórias do Judoka desenhadas e, exceto por uma, também escritas por Fernando Hermeto de Almeida Filho, que assinava "FHAF".

A primeira história produzida por FHAF apareceu em "O Judoka" nº 14, de maio de 1970. O traço sofisticado do desenhista rendeu comparações com Guido Crepax e Jim Steranko. Mas também o enredo chamava a atenção por sua complexidade e referências históricas à Alemanha nazista. Em sua segunda criação para a revista, publicada no nº 17, havia citações a Maurício de Nassau e à Batalha dos Guararapes. Sem dúvida, FHAF apresentava um estilo bem mais arrojado do que o das histórias ingênuas dos demais artistas e escritores da EBAL.

A única história apenas desenhada por FHAF a ser incluída nesta coletânea foi escrita por Pedro Anísio, autor da primeira e de muitas outras aventuras do Judoka. Percebe-se que o escritor tentou pelo menos aproximar-se do padrão de enredo do artista ao incluir dados "absolutamente autênticos" (como diz a nota de rodapé) sobre a cidade baiana de Apuarema. Mas o livro contém uma entrevista com FHAF em que ele admite ter tido dificuldade de trabalhar com uma trama que não havia sido elaborada por ele.

Uma personagem marcante concebida por FHAF foi Irma, vilã pertencente à SETA - Sabotagem, Extorsão e Terrorismo Associados. A influência da saga do Capitão América (que tinha a IMA - Ideias Mecânicas Avançadas, também uma organização criminosa) é reconhecida pela utilização (não autorizada) do agente Nick Fury na história "Irma La Douce". A partir da terceira aventura do livro, surge "a" Judoka, heroína que a EBAL inventara para formar dupla com "o" Judoka. Eu me pergunto o que FHAF achou de ter que incluir essa aliada em suas tramas. A meu ver, a transformação da namorada do Judoka numa parceira na defesa da lei havia sido uma ideia um tanto forçada. E gerava a inusitada situação de haver um homem e uma mulher chamados pela mesma alcunha. Isso normalmente era contornado nos diálogos. Nas falas redigidas por FHAF, eles se referiam um ao outro pelos verdadeiros nomes, Carlos e Lúcia. E as identidades secretas, como ficavam?

Além da já citada entrevista, "Judoka por FHAF" tem textos de apresentação contando a história do herói e do desenhista focalizado. Inclui ainda páginas inéditas (mas com histórias nunca concluídas) do artista. É curioso que apareçam também desenhos do Judoka feitos por outros artistas "em homenagem a FHAF". O personagem não é dele! A organização e edição são de Francisco Ucha. Para quem se interessa por quadrinhos nacionais, vale a pena conferir. Ainda sonho com a republicação de todas as revistas do Judoka em formato de livro, ainda que algumas fossem um tanto simplistas em comparação com as que estão nesta coletânea.

(As imagens que ilustram o texto não foram tiradas do livro, com exceção da capa. Elas foram digitalizadas das próprias revistas pelo colecionador Lenimar Andrade.)