A primeira dose da vacina

Como tenho 60 anos, eu já poderia ter me vacinado na sexta-feira, dia 23. Na véspera, li a notícia de que estavam prestes a chegar ao Brasil as vacinas da Pfizer. Além de serem consideradas mais eficazes, elas têm uma janela de apenas 21 dias entre a primeira e a segunda dose. Então, resolvi esperar. Mas tive dificuldade de encontrar informações específicas como: os idosos (de 60 anos ou mais) que deixarem para se vacinar na fase dos chamados "prioritários" perdem a vez? Vão para o final da fila? Cedem a preferência? Ainda: considerando a necessidade de ultrafreezers para armazenar a vacina da Pfizer por mais de 14 dias, de onde virá o segundo lote dessa dose? Hoje já se sabe: a remessa inicial será integralmente usada na primeira dose, esperando-se que venha um segundo envio em tempo hábil. Por fim: a quem, especificamente, será direcionada a vacina da Pfizer? Idosos que tenham esperado por ela, como eu pensava em fazer, poderão tomá-la? Se outras vacinas estiverem sendo oferecidas simultaneamente, será possível escolher?

Comecei a mudar de ideia quando soube que não havia estoque para quem estava no prazo da segunda dose de Coronavac. E a situação ficou ainda mais patética quando o Ministério da Saúde informou ter "encontrado" 100 mil doses de Coronavac. Como assim? Só se "encontra" o que está perdido! Eu, aqui na bagunça do meu apartamento, é que costumo "encontrar" CDs, livros e DVDs que por longo tempo não achava mais. Enquanto isso, noticiava-se que, ontem e hoje em Porto Alegre, os postos de vacinação estavam praticamente vazios, sem fila. Nenhuma surpresa: a turma da segunda dose está desatendida e os sessentões já se vacinaram quase todos nos primeiros dias. 

Diante de tantas confusões e indefinições, resolvi: fui até o "drive thru" do estacionamento da PUC. O meu carro era o único lá. Tomei a primeira dose da vacina AstraZeneca. A próxima será só no dia 27 de julho. De resto, vou continuar seguindo as precauções de sempre. Só saberemos que o panorama está se normalizando quando começarem a diminuir os índices de óbitos e internações por Covid. Agora torço para que meu filho também possa se vacinar.