quinta-feira, abril 28, 2022

Show do Kiss em Porto Alegre

Paul Stanley, guitarrista, vocalista e mestre de cerimônias do Kiss, havia feito o seu dever de casa. Com certeza ele precisou conferir antes, mas sabia dizer na ponta da língua que o show do Kiss de terça-feira, dia 26, na Arena do Grêmio, era o terceiro do grupo em Porto Alegre. E citou que o primeiro tinha sido em 1999 e o segundo, em 2012. De resto, não há grandes surpresas nas apresentações da banda. Os truques são basicamente os mesmos desde os anos 1970: muita pirotecnia, explosões, fumaça e papel picado no final e, claro, hard rock dos bons. Gene Simmons soprou fogo ao final de "I Love it Loud", mas mantendo o som de carro de bombeiro ao fundo (que era original de "Firehouse", que eles não cantaram). Em vez de ser içado por cabos pelo próprio corpo para cantar "God of Thunder" em uma estrutura superior, agora ele fica em uma plataforma móvel que o eleva às alturas. Paul sobrevoa a plateia por um cabo para cantar "Love Gun" em um minipalco sobre o P.A. 

Mas fã é fã e, de minha parte, saí mais do que satisfeito. O repertório é perfeito: ouvem-se vários clássicos dos anos 1970, mas também músicas posteriores que se eternizaram, como "War Machine" e algumas pérolas da fase "cara limpa", como "Heaven's on Fire", a ótima "Tears Are Falling" e "Lick it Up". E até "Psycho Circus" e "Say Yeah!", do período "a volta da maquiagem" (1996 até nossos dias). 
Há quem diga que eles estão usando playback (isto é, fazendo mímica sobre trechos pré-gravados). Na hora, não notei nada. Só fiquei desconfiado quando Eric Singer voltou sozinho no bis para cantar "Beth" aparentemente tocando um pianinho. Essa canção sempre foi apresentada com acompanhamento gravado (exceto no show "Kiss Symphony", na Austrália, em 2003, com orquestra) e vocal do baterista (originalmente Peter Criss, co-autor da composição), mas aqui tentou-se vender a ideia de que Singer reforça a base com teclado de verdade. Uma explicação que li e fez sentido é de que ele realmente executa o instrumento, mas somente as notas básicas. Os "floreios" já estão na fita. Pode ser.
Esta é anunciada com uma turnê de despedida. Já houve outra antes, iniciada no ano 2000, precedida de um vídeo promocional em que Gene e Paul garantiam que o adeus era para valer. Gene ainda ironizava as bandas que "praticamente constroem uma carreira em cima de turnês de despedida". Só que ali ainda era a formação original, que havia retornado em 1996 juntamente com a maquiagem. No fim todos os planos mudaram. O guitarrista Ace Frehley e o baterista Peter Criss acabaram sendo substituídos respectivamente por Tommy Thayer e Eric Singer usando as mesmas máscaras de seus antecessores. E a promessa de sair de cena foi esquecida, sem que ninguém reclamasse disso. Mas desta vez Gene está com 72 anos e Paul, com 70, então pode ser que esta "End of The World Tour" seja mesmo o beijo final. Ou não. 
Por falar em máscaras, uma última observação: só eu e mais uma meia dúzia de gatos pingados dispersos na Pista Premium estávamos com os rostos protegidos. Pelo visto, a pandemia acabou mesmo. Só não sei se o coronavírus foi avisado disso. 



P.S.: Tirei a máscara só para a foto. Cheguei cedo e a pista ainda estava bem vazia, como vocês podem ver ao fundo. 

Leiam também:
Kiss no Gigantinho (o show de 2012)

sábado, abril 23, 2022

Fim de pandemia?

Um dos primeiros trabalhos de John Travolta como ator foi "O Menino da Bolha de Plástico", de 1976, inspirado num caso real. Um rapaz com deficiência imunológica de nascença (não a adquirida) precisa viver confinado para evitar qualquer tipo de contágio, o que lhe poderia ser fatal. Mas, no final (sim, vou contar o final, azar de quem não viu o filme), ele se cansa da situação e, por sua conta e risco, decide sair do isolamento. Abraça uma árvore, beija sua namorada e pede que ela lhe leve num passeio a cavalo. A história termina ali, sem sabermos se ele morreu em seguida ou não. 

A rigor, a pandemia ainda não acabou. Nós é que mudamos a forma de lidar com ela. Estamos todos vacinados e mais bem informados sobre os procedimentos a tomar. Vamos aos poucos retomando nossas atividades, com maior ou menor consciência dos riscos, cientes de que talvez tenhamos que conviver em definitivo com uma nova realidade. Mas cansamos de ser "meninos da bolha". Sob a premissa de que "quem está na chuva é pra se molhar", a população encara sua rotina com a mesma determinação de quem não deixa de entrar num avião porque pode cair. Ou de quem faz uma viagem de carro sabedor dos riscos de acidente. 

No dia 1º de abril (sem trote), a convite de uma amiga, fui assistir ao show do Skank em Porto Alegre. Pois o Auditório Araújo Vianna estava superlotado como eu nunca tinha visto. Foram vendidos ingressos até para ficar de pé nos corredores laterais, junto às paredes. E um detalhe: pouca gente de máscara. Eu não removi em nenhum instante a minha PFF2. Era o meu resguardo. A partir de agora, pelo que notei, é cada um por si.

Depois desse "batismo de fogo", concluí que ir ao show do Kiss na Arena do Grêmio era bem menos arriscado. Afinal, é ao ar livre. Eu tinha desistido de comparecer, mas voltei atrás. Estarei lá, na terça-feira. Talvez de capa de chuva, com certeza de máscara, mas estarei. E depois tem o Dire Straits Legacy no dia 18 de maio, outro espetáculo adiado para o qual eu havia comprado ingresso em 2020.

Mas, para mim, a pandemia só vai acabar de verdade quando eu me sentir seguro para frequentar restaurantes, sozinho ou com meu filho. E poder passear livremente com ele em ambientes fechados ou aglomerados, já que ele é um menino autista que não consegue ficar de máscara. Quem sabe até o final do ano. Sei que muitos já estão fazendo isso, alguns há bastante tempo, mas eu, ainda não.