quinta-feira, maio 25, 2023

Loja Disco de Ouro em Porto Alegre

 
No dia 6 de março, deixei de publicar um comentário nesta postagem aqui de um leitor chamado Jeferson porque dizia apenas "Boa noite". Achei estranho. Só hoje me dei conta que eu teria que ter clicado nos "três pontinhos" à direita para ler o resto do texto. Ele perguntava: "Gostaria de saber onde ficava exatamente a Disco de Ouro em Porto Alegre, eu só sei que era na Vigário José Inácio, bem na esquina, porém queria saber esquina com qual rua?" Resposta: esquina com Otávio Rocha. Antes tarde do que nunca, aí está a informação, com foto e tudo. Espero que ele a leia.

segunda-feira, maio 22, 2023

O livro final de Rita Lee

Outra Autobiografia entrou em pré-venda ainda antes do falecimento de Rita Lee, no dia 8, mas saiu apenas hoje. Um título mais adequado deveria explicitar que se trata, na verdade, de um relato do tratamento da cantora a partir do momento em que soube que estava com câncer. É um volume pequeno, com 179 páginas em sua edição impressa, incluindo 39 capítulos curtinhos, mais o Epílogo.

Ao tomar conhecimento de sua enfermidade, Rita lembrou do calvário enfrentado por sua mãe, que sofria do mesmo mal, e manifestou seu desejo de tomar logo o "chazinho da meia-noite" e receber morfina para "fazer uma passagem digna, sem dor, rápida e consciente". Mas o médico lhe falou sobre os avanços da medicina e, atendendo à vontade do marido e dos filhos, ela decidiu lutar. A narrativa não tem nada de melodramática, pelo contrário: é marcada o tempo todo pelo humor característico da roqueira. Ao falar do momento em que teve que usar fralda descartável para conter uma diarreia, ela diz: "Nesse estágio, a gente esquece a finesse, o noblesse oblige, e mija, caga e peida até na frente da rainha da Inglaterra".

Sabendo do final que a história teria, é impossível não atentar para as observações de Rita sobre a morte. Ela toca no assunto com tranquilidade e afirma que queria "ser cremada e ter as cinzas jogadas em minha horta caseira sem agrotóxicos para me transformar numa alface suculenta". Mas uma passagem deixa claro que ela não pretendia partir tão cedo: "Rob [Roberto de Carvalho] e eu temos músicas inéditas na manga para lançar a qualquer momento. Enfim, basta essa praga de vírus baixar a bola para que os Lee/Carvalho entrem em cena tipo Exterminadores do Baixo Astral. We'll be back!"

Todo o processo se desenrolou durante a pandemia, então o coronavírus é uma espécie de personagem secundário do livro. Rita não perde a chance de alfinetar o então presidente, "aquele maldito Bozo desdenhando e ignorando os que trabalham na linha de frente da saúde". Como amplamente divulgado pela imprensa na época, ela relembra que batizou o maior de todos os quistos cancerígenos encontrados em seu corpo de "Jair".

Duas colegas de Rita faleceram durante o período, então ela dedica um capítulo para cada uma, rememorando os contatos que teve com Elza Soares e Gal Costa. Outro trecho marcante é a visita feita por ela à exposição em sua homenagem no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. Ela compareceu numa segunda-feira, em que o local não estava aberto ao público, para evitar riscos de contaminação. Diz-se "lisonjeada" de ter sabido ser a artista brasileira com mais músicas censuradas no tempo da ditadura. "Eu crente que fosse Chico Buarque".

O livro conta com relativa minúcia as partes mais complicadas do tratamento. As crises de pânico, a imunoterapia, radioterapia e por fim a químio. E todos os seus efeitos colaterais, dos quais a perda do cabelo é apenas o mais conhecido. Mas também fala do amor de Rita pelos animais, pelos filhos e pelo marido, o reconhecimento e gratidão pela dedicação de enfermeiras e terapeutas. Infelizmente, ela não viveu para ver este título lançado, nem para realizar os outros sonhos que deixou registrados. Fica este testemunho como último legado aos fãs.

quinta-feira, maio 18, 2023

Pensamento da hora

 Um dia é da caça, outro do cassado.

domingo, maio 14, 2023

Feliz Dia das Mães!

terça-feira, maio 09, 2023

Rita Lee

 
Comprei a revista acima, uma edição especial de "Violão e Guitarra", no dia 3 de janeiro de 1979.  O LP mais recente de Rita Lee era o Babilônia, portanto antes de ela estourar com "Mania de Você" e conquistar um público mais amplo e diversificado. Era a Rita roqueira que essa publicação celebrava. 

Tomei conhecimento da existência de Rita na infância, quando ela estava nos Mutantes. O grupo era sucesso absoluto no final dos anos 1960 e ainda ganhava uma exposição extra nos comerciais que fazia para a Shell, companhia para a qual compôs especialmente o jingle "Algo mais", mas também "Não vá se perder por aí" era usado nas peças publicitárias. Considero os Mutantes a melhor banda brasileira de todos os tempos e o segundo LP do grupo a obra-prima do rock nacional. 

Rita veio a se tornar a roqueira-mor da América Latina em sua carreira-solo. O sucesso, mesmo, chegou em 1975 com o LP Fruto Proibido e o hit "Ovelha Negra". Mas o disco era todo maravilhoso. Rita se manteve 100% roqueira de Atrás do Porto tem uma Cidade (1973) até Babilônia (1978). Mais ou menos na época do último álbum citado, ela respondeu a perguntas de leitores da revista Pop e uma delas era se Rita iria entrar para a onda discotheque. A resposta dela foi: "Já entrei!"

Isso ficou claro no LP de 1979, nas faixas "Chega mais" e "Corre corre". Mas foi a balada "Mania de você" que de fato inaugurou uma nova fase fortemente influenciada pela parceria de seu marido, o guitarrista Roberto de Carvalho. Foi nessa época que eu comecei a ir a shows com mais frequência e talvez isto explique eu não ter visto Rita ao vivo nos anos 1980 (eu a vi em Curitiba em 1997, abrindo para David Bowie): eu decretei oficialmente que a Rita "pop" não me agradava. Foi como se ela estivesse traindo a causa roqueira. E não me entusiasmava a ideia de me misturar com um público que provavelmente nunca tinha ouvido falar em Atrás do Porto Tem uma Cidade. Hoje revejo minha opinião e reconheço que Rita criou um divertido estilo "disco carnaval", aproveitando para si mesma algumas ideias que ajudara a moldar para as Frenéticas. Adoro o álbum Saúde, por exemplo, de 1981. Em 1985, com o primeiro Rock in Rio, o rock brasileiro assumiu o comando e Rita voltou às origens com Rita e Roberto, mas numa proposta mais contemporânea. De qualquer forma, meus discos preferidos dela continuam sendo os dos Mutantes e os dos anos 1970.

Num país machista e misógino como o Brasil, o maior nome do rock nacional foi uma mulher. Rita, você foi única! Siga em paz, com a missão cumprida. Suas músicas não morrerão nunca. 

segunda-feira, maio 08, 2023

Tirada do Tom

Diante desta foto da banda sueca Europe, meu amigo de Facebook Tom Moscardini fez a seguinte observação: "Eu não entendo por que alguns roqueiros sempre tiram fotos assim, parecendo jagunços de fazenda improdutiva vigiando a entrada de invasores".

segunda-feira, maio 01, 2023

Relendo uma antiga postagem

Hoje lembrei de uma postagem que fiz em outubro de 2006, mas que parece que não faz tanto tempo assim. Ali eu falava na possibilidade de um dia, quem sabe, escrever um livro. E concluía: "Se um dia publicasse um livro, seria uma obra de não-ficção, como uma biografia ou pesquisa jornalística. Mesmo que depois o fruto de meu trabalho fosse parar nas caixas de saldos da Feira do Livro, pelo menos eu me sentiria gratificado por ter contribuído com um documento histórico ou fonte de referência". Pois foi exatamente isso que consegui fazer 16 anos depois. Para ler o texto todo, clique aqui