sábado, setembro 30, 2023

Mês de enchente em Porto Alegre

Foto: Ma1celo Nunes (Facebook)

Para quem mora em Porto Alegre, o fato mais marcante de setembro foi a enchente. A foto acima não deixa dúvida: o muro da Mauá cumpriu a função para a qual foi construído, contendo as águas. Evitou um mal bem maior.  

As pessoas que defendem a derrubada do muro estão se deixando levar por um idealismo impensado. Elegeram-no o bode expiatório de todas as mudanças para pior no centro de Porto Alegre. Não percebem que ele nem faz tanta diferença assim, como argumentam. Dizem que ele esconde o Guaíba. Errado: ele bloqueia a visão de parte dos armazéns do cais do porto. De vez em quando alguém posta uma foto da saudosa doca das frutas e lá vem a choradeira de que naquele tempo não tinha muro, que o muro estragou tudo, blá blá blá. Pois é. Só que, especificamente naquele ponto da Mauá, temos hoje o Trensurb. Não se tem quase vista nenhuma do rio (ou estuário, ou lago, ou o que seja) por trás da parte "pura" que sobrou do muro, após a construção do trem. E quem quiser ver o Guaíba tem toda a orla, do Gasômetro ao Pontal do Estaleiro.

Outro argumento absurdo que aparece de vez em quando é o de que "nunca mais teve enchente em Porto Alegre desde 1941". Teve, sim. Eu lembro da de 1967. Eu tinha 6 anos. Mas houve outras depois. A anterior, ainda que nem todos se recordem, foi em 2015. A água chegou a invadir a área do porto, apenas ficou em nível mais baixo do que agora, batendo na calçada do lado de dentro do muro. 

Eu morei na Mauá dos 2 aos 26 anos e confirmo que ela era mais bonita antes. Mas nem tanto por não ter muro e muito mais por ser de mão dupla, com árvores no meio. Aquilo não volta mais. Fala-se em construir um novo sistema de contenção atrás dos armazéns, bem na beira do Guaíba. Se for eficaz, até podemos pensar em tirar o muro. Mas não sei se é vantagem. Por mim, o muro fica. 

sábado, setembro 16, 2023

Pensamento da hora

Tu te tornas eternamente responsável pelo teu maquiavelismo. 

sábado, setembro 09, 2023

"Disco rosa" do João nas plataformas

Desde ontem, está nas plataformas digitais o primeiro álbum-solo de João Ricardo, de 1975, conhecido popularmente como o "disco rosa". Dos músicos que acompanhavam os Secos & Molhados, o grupo do qual João era fundador e líder, participam o baixista Willi Verdaguer e o tecladista Emílio Carrera. O guitarrista era o então desconhecido Roberto de Carvalho. O álbum foi mixado em Los Angeles por Humberto Gatica, o mesmo que trabalharia com Michael Jackson em "Thriller" e "Bad" e com Kleiton & Kledir no terceiro LP (te mete!). Por várias razões, o LP foi ignorado, na época. Os fãs dos Secos & Molhados só queriam saber da carreira solo de Ney Matogrosso. Mas o tempo transformou esse álbum num clássico "cult" devidamente reavaliado. Talvez tenha sido um erro escolher "Vira safado" como faixa de trabalho. A música parece "pedir" o vocal do Ney, reforçando a ideia de que as composições de João não funcionariam na voz do próprio autor. Mas ouçam "Sorte cigana", "Balada para um coiote" (que parece ter inspirado o arranjo de "Rapte-me camaleoa", do Caetano) e "Salve-se quem puder". Como curiosidade, "Viva e deixe viver" reaproveita a melodia de "Tem gente com fome", o poema de Solano Trindade musicado por João que estava censurado, na época (mas depois seria liberado). Torço agora para que venha o disco seguinte, "Da Boca Pra Fora", que também é ótimo. Pena que não esteja sendo relançado em CD. Aliás, os dois primeiros LPs solo do João caberiam num CD só. Seria um "2 em 1" fantástico.