segunda-feira, março 25, 2019

"Tommy" no Bourbon Country

A encenação da ópera-rock "Tommy" que se viu na noite do dia 21, quinta-feira, no Bourbon Country, esteve mais para um pretexto para executar a obra completa do que um musical propriamente dito. Não havia um cenário, somente atores vestidos a caráter e uma réplica de máquina de fliperama no palco durante "Pinball Wizard". Também não se providenciaram legendas para que os novatos pudessem entender o enredo. Era uma apresentação para fãs de rock e não de teatro, com uma banda tocando ao vivo o clássico do The Who.
Existem muitas adaptações de "Tommy", mas esta se baseou especificamente na versão do filme, que inclusive rodava no telão de fundo de forma mais ou menos sincronizada. Então se ouviram músicas como "Champagne", "TV Studio" e letras e trechos adicionais criados especialmente para a película. Só a partir de "I'm Free", em que o cantor/ator Gary Brown teve chance de mostrar sua voz, é que se percebeu que o grupo que estava no palco era, em última análise, uma banda de cover do The Who. E este papel eles desempenharam muito bem. Tanto que, no bis, tocaram "Won't Get Fooled Again", "Baba O'Riley", "Behind Blue Eyes", "Who Are You" e "Join Together", sob aplausos efusivos da plateia. Dentro de sua proposta, foi um show perfeito.

sábado, março 23, 2019

Jacksons em Porto Alegre

Terça-feira, dia 19, foi o momento de ver os Jacksons, no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre. A notícia de última hora de que Jermaine não viria por motivo de doença foi uma decepção geral. Ele sempre foi o segundo membro de mais destaque no grupo, inclusive com uma carreira solo simultânea à de Michael Jackson. Mas depois fiquei sabendo que, mesmo nos shows de que ele participa, nenhuma música de seus discos é cantada e o tempo de apresentação é igual ao que tivemos, ou seja, uma hora e dez minutos, sem bis. Acho um desperdício que Jermaine não aproveite sua bagagem para continuar em evidência, mas isso é assunto para outra ocasião.
Os três que vieram - Tito, Jackie e Marlon, nessa ordem posicionados no palco - não são apenas "irmãos de Michael Jackson". Muito antes de Michael estourar com "Thriller" nos anos 80, eles já tinham uma história lendária nos Estados Unidos com o Jackson Five. Tito é o mais discreto, com seu chapéu coco, tocando sua guitarra e não se afastando muito do seu quadrado. Lembrei da cena da minissérie sobre os Jacksons em que o pai dos meninos pega o instrumento e diz: "Isto é para o Tito!" Jackie é o que tem presença de ídolo, tomando conta do centro do palco como um líder. E Marlon é o mais descontraído e divertido, rindo, brincando e circulando bastante. Coreografia é algo que os Jacksons fazem desde a infância, mas Marlon, em alguns instantes, parece tentar imitar Michael, chegando a arriscar um moonwalk.
A estrutura do show não é muito diferente da que o grupo já usava, no mínimo, desde 1981, quando lançou o álbum ao vivo Live. Abrem com "Can You Feel It", em certo momento tocam um medley de clássicos do Jackson Five enquanto roda um filme com cenas do auge do grupo ao fundo e encerram com uma longa execução de "Shake Your Body (Down to the Ground)". Até a inclusão de músicas da carreira solo de Michael foi mantida - aqui, no caso, "Rock With You", "Can't Let Her Get Away" e "Wanna Be Startin' Something". Tito cantou "We Made It", de seu disco solo Tito Time, de 2017, mais uma razão para eu supor que Jermaine também faria uma amostra de seu trabalho individual, se tivesse vindo. "Never Can Say Goodbye" foi a única da fase Jackson Five a ser apresentada fora do citado medley. De resto, ouviram-se várias seleções do período pós-Motown, como "Blame it on the Boogie", "Enjoy Yourself", "Show You The Way to Go", "Lovely One" e "This Place Hotel".
A banda de apoio incluía um vocalista adicional que inclusive fez um trecho solo em "I'll Be There". Ao final, Marlon e Jackie desceram para apertar as mãos dos fãs da primeira fila, entre eles, dois meninos de aproximadamente cinco e dez anos que vieram vestidos como Michael Jackson. Pelo visto, a recente exibição do documentário "Deixando Neverland" não abalou a popularidade do Jackson mais famoso entre os fãs gaúchos. O auditório tinha várias cadeiras vazias na parte de trás, mas os blocos da frente estavam maciçamente preenchidos. E a plateia esteve animadíssima, dançando e batendo palmas no ritmo frenético das canções. Foi um show curto, mas de alta qualidade. Só ficaram nos devendo Jermaine.

sábado, março 16, 2019

Registros do Festival de Saquarema em documentário

No dia 16 de maio de 1976, o Jornal do Brasil publicou um texto do crítico de música Tárik de Souza anunciando o festival "Sol, Som, Surf", que se realizaria em Saquarema - RJ. A inspiração, obviamente, era Woodstock, mas com o plus do campeonato de surfe para dar um toque de litoral brasileiro. Depois deveriam sair um disco, um filme e até um livro. O festival aconteceu, mas os registros de som e imagem, embora devidamente feitos, foram engavetados. Somente 40 anos depois é que as películas em 16mm foram processadas e, tanto quanto possível, restauradas. Alguns trechos estão em péssimo estado de conservação, mas mantêm seu valor histórico. Esse material finalmente aparece no documentário "Som, Sol e Surf Saquarema", que o Canal Curta exibiu no dia 11 de fevereiro. E um dos entrevistados é justamente Tárik de Souza.

Confrontando-se a sequência de imagens com a cobertura feita por Nélson Motta (que produziu o festival) para o Globo, publicada em 27 de maio de 1976, percebe-se que a edição tomou algumas liberdades com a ordem dos fatos. A primeira a aparecer é Ângela Ro Ro, na época uma estreante em plena fase blueseira e roqueira, cantando "My Girl" (do repertório de Otis Redding), "Wild Thing" (Troggs), "Like a Rolling Stone" (Bob Dylan) e "Minha Mãezinha", de sua autoria. Ângela foi na verdade a segunda a se apresentar, mas acabou entrando primeiro no documentário. As cores variam e desbotam, além de aparecerem pequenas sujeiras na película. Mas não importa, que bom que essas imagens foram resgatadas.

O cantor que abriu o festival acabou ficando em segundo lugar no filme: Ronaldo Resedá, outro novato que viria a estourar mais adiante fora do rock and roll. Se Ângela Ro Ro seguiu o caminho da MPB, Ronaldo surfaria a onda da discoteca com sucessos em novela, como "Kitsch Zona Sul" (em "Dancin' Days", 1978) e o tema de "Marrom Glacê" (1979).  Aqui ele aparece com pique de roqueiro, cantando "Fé Cega, Faca Amolada", de Milton Nascimento, com base no arranjo dos Doces Bárbaros, e "Be Bop a Lula", de Gene Vincent. Ronaldo, infelizmente, faleceu em 1984, mas Ângela está muito viva e contribui com um depoimento.

Apenas na metade de "Som, Sol e Surf Saquarema" é que entra o relato de Nélson Motta relembrando o temporal que obrigou ao cancelamento dos shows daquela noite (outra semelhança com Woodstock...). O que não ficou claro, pelo menos para mim, é que isso aconteceu no primeiro dia, 21 de maio, antes que qualquer apresentação tivesse sido feita. É o que diz Nélson em sua cobertura para o Globo em 1976. Esse dado é importante, pois deve ter causado receio de que o evento todo fosse literalmente por água abaixo. Mas os shows programados para a sexta-feira foram juntados com os de sábado e, no fim, deu tudo certo.

Para os fãs de rock gaúcho, o registro do Bixo da Seda é simplesmente precioso. Foi naquele ano que saiu o único LP do grupo, mas o repertório de Fughetti, Mimi e Marcos Lessa, Edinho Espíndola e Renato Ladeira já estava plenamente renovado. Não se ouve uma só composição do disco, somente inéditas como "Rockinho" (que seria gravada pelo Taranatiriça em 1984 e se tornaria o hino do rock gaúcho dos anos 80), "Chegou o Inverno Voltou" (uma linda balada), "Dona Ieda" (clássico de Cláudio Vera Cruz e Paulinho Buffara que só não entrou no disco porque foi censurada) e, rodando durante os créditos finais, "I am Stoned, My Friend". O que faz pensar: se recuperaram os filmes, onde estão as fitas gravadas por Don Lewis, Mike e Peninha Schmidt?  Por que não lançar um CD?

Além do Bixo, que tinha reconhecimento nacional como uma das legítimas bandas de rock brasileiro dos anos 70, o festival teve a participação dos outros três nomes lendários da década: Raul Seixas, Made in Brazil e Rita Lee. O show do Made é o que parece estar com a imagem mais bem preservada, em especial nas cores. Mas é nesse momento que surge um erro gritante na tela: o vocalista Percy é creditado como Celso Vecchione, que era (e ainda é) o guitarrista do grupo. Aparece também o cantor Flávio Spirito Santo, tanto na época como atualmente, lembrando que foi ele quem convenceu Nélson Motta a realizar o festival.

São raros os momentos do documentário em que as imagens de época têm relação com os depoimentos atuais. Em geral os trechos de palco se alternam com as novas entrevistas, para dar um tom equilibrado à edição. Além dos já citados, contribuem com suas lembranças, entre outros, o então prefeito de Saquarema, Jurandir da Silva, Liminha, Lobão, Oswaldo Vecchione, surfistas, organizadores e pessoas que vieram para assistir ao evento. A parte do campeonato de surf também é mostrada, bem como a montagem do palco e incidentes gerais, como o incêndio de uma Kombi de lanches. Por fim, fica-se sabendo como os rolos de filme 16mm foram localizados e restaurados.

Além da sugestão já feita do CD, esse documentário merecia lançamento em DVD e Blu-ray, incluindo a íntegra dos filmes restaurados nos extras. Parabéns aos envolvidos pelo resgate histórico, antes tarde do que nunca. 

terça-feira, março 12, 2019

A verdade sobre o "suicídio assistido" de David Bowie

Nesta semana estourou uma "notícia" que está deixando os fãs em polvorosa: David Bowie teria cometido "suicídio assistido". A revelação seria da escritora Lesley-Ann Jones, autora do livro "Hero: David Bowie". Ora, eu li a biografia em questão e não lembrava de nada nesse sentido. Então resolvi dar uma nova examinada no texto (tenho a versão em Kindle e também ouvi o audiobook) e o que encontrei foi uma suposição de Andy Peebles, ex-DJ da BBC, a partir de conversas que teve por telefone. Em cima dessa hipótese ele já começou a viajar, afirmando que jamais saberemos quem o ajudou a fazer isso, blá blá blá... Foi esse discurso que a autora repetiu em entrevista recente. A possibilidade de que tenha acontecido não pode ser descartada. Mas não há qualquer informação concreta a respeito! Enquanto pessoas realmente próximas a David não afirmarem nada, sugiro encerrar a discussão e arquivar o assunto na letra B de boato.

Aqui está o trecho relevante do livro. Cliquem para ampliar.

quarta-feira, março 06, 2019

Imagem do feriadão

Quem foi a Gramado no feriadão quis fugir do Carnaval? Essa pergunta me foi feita. Na verdade eu quis fugir de eventuais engarrafamentos. Por isso, não fui para a praia. Mesmo assim, fiz questão de retornar na terça à tarde. A volta teria sido tranquila, não fosse por um detalhe: uma chuva absurda que chegou a prejudicar a visibilidade da estrada. Fiquei tão assustado que parei num posto de gasolina para esperar aliviar. Mas deu tudo certo. No fundo, à direita, aparece o Hard Rock Café.

sexta-feira, março 01, 2019

Aguardem

Sei que o Blog já anda meio devagar há meses, mas aviso que irei viajar no feriado de Carnaval, de forma que só farei postagens na volta, já que meu celular é bem básico. Mas tenho alguns assuntos na cabeça: 

- Comentário do filme sobre o Festival de Saquarema em 1976, que foi exibido pelo Canal Curta.

- Comentário sobre as três primeiras playlists que criei no Spotify.

- A primeira vez que fui ao cinema foi aos quatro anos, em Arroio do Sal. Saí antes da metade, com minha irmã. Eu tinha uma vaga lembrança que era um filme de guerra e que aparecia um jipe. Sempre quis saber que filme era e agora descobri. Quero contar em detalhes como fiz a pesquisa e acabei encontrando dois filmes de guerra que foram exibidos em Arroio do Sal no verão de 1965 e ambos mostrando um jipe nos primeiros minutos! Mas eu consegui saber com certeza qual deles eu vi. Aguardem.

Até a volta.