quarta-feira, novembro 30, 2005

Do baú

(Clique para ampliar.)

Aí está o argentino Charly Garcia em Porto Alegre, no Teatro Presidente, em 1987. A RBS-TV gravou o show completo, mas mostrou só uma música depois ("No Soy Un Extraño"). Hoje o Presidente virou uma igreja evangélica e Charly Garcia, detonado pelas drogas, tornou-se um souvenir de carne e osso do artista que foi um dia.

Recomendação

E eu me achando grande coisa com 20 mil acessos em um ano e poucos meses. O jornalista Gilvandro Filho, de Recife, começou o blog dele em setembro e já está com 45 mil acessos! Também pudera, cliquem aqui e vejam por quê. Quem é bom é bom, não adianta.

Traído pela ostentação

Lendo esta notícia do jovem de 18 anos que fraudou o INSS, cuja prisão envolveu a apreensão de três Audi, um Astra e um Ford Fiesta, lembrei de outros golpes que foram descobertos, entre outras coisas, pelos automóveis comprados. É por isto que brasileiro não consegue dar um calote perfeito: ele é sempre traído por sua paixão pelos carros. Não tem jeito.

Quero deixar bem claro que sou uma pessoa honesta e jamais tentaria me locupletar ilegalmente. Costumo dizer que, se existisse alguém esperto o bastante para bolar um golpe perfeito, seria esperto também para não colocá-lo em prática. Mas se porventura eu pusesse a mão numa boa grana de forma ilícita, acho que, pelas compras, ninguém me descobriria. Eu providenciaria um carro novo, sim, mas nada extravagante. O máximo de comentários que eu escutaria seria “tava na hora, mesmo!” Meus sonhos de consumo são outros e ficariam bem escondidos dentro de casa: um bom home theater, um player multicompatível (DVD, DVD-A, SACD e o que mais inventarem), móveis para guardar minhas coleções e mais alguns eletrodomésticos que estão fazendo falta, tipo lavadora de roupas, Suggar e mais um ar-condicionado. Poderia me mudar para um apartamento de três quartos e encher um deles com jogos e ocupações para o meu filho. Só o que talvez desse na vista seria as roupas melhores que eu iria usar. Mas até isso as pessoas diriam que “tava na hora”.

Mas eu sou um caso raro de brasileiro que não é apaixonado por carro. Em geral, quem arma um cambalacho desses já está sonhando com automóveis desde o começo. Aí, que graça tem se encher de dinheiro e não poder gastá-lo? Sem falar nas mulheres, é claro. Nada como um cheiro de carro novinho para atraí-las. É nessa que o golpe acaba aparecendo. O brasileiro não se agüenta. Se o dinheiro não for para comprar bons carros, vai ser para quê? Que graça tem estar milionário e não poder se exibir? No caso, o rapaz da notícia foi além: fez plástica no nariz e lipoaspiração.

Existe ainda um outro aspecto. Talvez por ter estudado em colégio público, não sinto e muitas vezes sequer entendo essa necessidade de ostentação de algumas pessoas. Não basta ter dinheiro, é preciso mostrá-lo. Então, quem não tem, mais do que passar necessidade, se sente humilhado pelos luxos alheios. Assim, quem muda repentinamente de uma situação de privações para outra de disponibilidade financeira, trata de exibir sua nova condição pela compra de bens caros e vistosos. É uma forma de descarregar as frustrações. Só que, no caso de quem enriquece indevidamente, a falcatrua acaba aparecendo.

terça-feira, novembro 29, 2005

Ler primeiro, agir depois

Acho que todos vocês já fizeram pelo menos uma vez um teste que começa assim: “Leia todas as questões até o fim antes de começar a responder.” A partir daí existem muitas variações. Diga em voz alta “segui”. Coloque a mão na cabeça e conte até cinco. Eu lembro que era pré-adolescente quando realizei esse teste e de vez em quando ouvia uma voz no meio da sala de aula falando: “um, dois, três, quatro, cinco”. Já na faculdade, recordo de uma colega dizendo com firmeza: “Segui!” Até chegar na última questão, que diz: “Agora que já leu todas as instruções, siga somente a primeira e a segunda.”

Eu não caí na armadilha, mas hoje eu me pergunto se o resultado teria sido o mesmo se eu tivesse feito o teste pela primeira vez agora. Acho que o meu bom desempenho teve mais a ver com disciplina e obediência do que propriamente com inteligência. Hoje estou mais rebelde, mais ocupado (ver o texto abaixo, “Get a Life”) e não tenho mais paciência para responder a questionários. Se uma prova dessas caísse na minha mão hoje e eu ainda não a conhecesse, é provável que eu pensasse: “Ah, não vou ler até o fim coisa nenhuma, eu me garanto. E depois, que saco ter que ficar respondendo a estas bobagens!” E pagaria mico.

Ler primeiro, agir depois. Quase ninguém faz isso. A começar pelos manuais que acompanham os aparelhos. A turma que não os lê se divide entre os que pensam que não precisam e tentam instalar assim mesmo e os que acham mais simples pedir ajuda ao “Fulano que sabe”. Eu só imagino as pérolas que a turma da assistência técnica não tem que escutar por conta dessa preguiça crônica de ler manuais.

E assim chegamos à Internet. Mais precisamente ao Orkut. Já falei aqui sobre a dificuldade que alguns têm de ler as instruções da comunidade. Mas não é só isso: raramente alguém olha as outras mensagens para ver se o que ele pretende postar já não foi dito. Acho que o sujeito entra correndo, ansioso para comentar a “novidade”, e não percebe que chegou atrasado. E é essa mesma falta de verificação prévia que resulta em comunidades redundantes. O mais irônico é que existem umas quatro ou cinco comunidades com nome mais ou menos parecido: “Odeio comunidades repetidas”. Até pensei em me inscrever em todas elas, para chamar a atenção, mas achei que seria um contra-senso.

Não custa lembrar: ao entrar numa comunidade do Orkut, leia as regras primeiro. Antes de postar sobre um assunto, dê uma verificada nas mensagens mais recentes para ver se o tema já não está sendo discutido. Antes de criar uma comunidade, veja se já não existe outra com o mesmo enfoque. Lembre-se de pesquisar por sinônimos e variações: antes de procurar por “comunidades repetidas”, eu tinha tentado por “comunidades redundantes” e não apareceu nada.

Ler primeiro, agir depois.

segunda-feira, novembro 28, 2005

É fria!

Se receber um e-mail anunciando "o novo mensseger do Orkut", não caia nessa! É vírus. Inclusive, a arapuca foi montada de forma sofisticada: você coloca o cursor por cima do link e o endereço que aparece não é o que efetivamente será executado.

Por outro lado, confirma-se o que já escrevi aqui uma vez, que e-mails nocivos quase sempre têm erros de ortografia. Incrível como a maldade e a ignorância andam juntas. No caso, o sujeito que preparou essa armadilha não sabe nem escrever "messenger" corretamente.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Get a life!

Existe uma expressão supercomum em inglês, mas que costuma atrapalhar os tradutores: “get a life”. Para realmente entender o que significa, é preciso aprender primeiro o sentido de “a life” nesse contexto. Todos sabem que “a life” quer dizer “uma vida”. Mas se diz que um indivíduo tem uma “life” quando ele possui os afazeres e ocupações de uma pessoa normal. Para quem tem uma “life”, dificilmente sobra tempo para jogar conversa fora ao telefone ou para se envolver em alguma discussão acadêmica. É por isso que, se alguém começa a pentelhar com assuntos insignificantes, se dedicar a atividades inúteis ou levantar questões irrelevantes ou sem finalidade prática, a tendência é dizer para essa pessoa: “Get a life!” Arranje ocupações!

Pensando bem, o equivalente mais próximo em português seria a pergunta: “Não tem o que fazer?” Mas “get a life” é mais abrangente, pois se refere à desocupação de uma pessoa como um todo e não num momento específico. E aí eu lembro que já tive uma fase “get a life”. Tinha o seu lado bom, não há dúvida. Eu dispunha de todo o tempo do mundo para ler um livro, por exemplo. Chegava a ler alguns mais de uma vez. Em compensação, ficava espiando nervosamente pela janela para cuidar a chegada do carteiro. Quando ele vinha, eu ia correndo conferir para ver se tinham chegado algumas de minhas revistas encomendadas do exterior. Batia ponto praticamente todos os dias em minhas lojas de discos preferidas para saber as novidades. Conseguia cópias de fitas VHS de shows e olhava por inteiro tão logo recebesse.

Mas o mundo deu suas voltas. Eu tive um filho, me separei, as despesas aumentaram, o trabalho também, eu comecei a exercer uma atividade paralela e a Internet surgiu para saciar meus ímpetos de consumo. Hoje eu sei que consigo por aqui o que eu quiser, é só uma questão de ter dinheiro. Já não tenho mais pressa de minhas encomendas, sei que elas virão a seu tempo. Às vezes levo mais de um mês para assistir a um DVD novo e, no caso de shows, são poucos os que eu chego a olhar na íntegra (embora ainda pretenda achar tempo para passar todos em revista). Quando vou finalmente conseguir ver as três temporadas de “Perdidos no Espaço”? Minha quota de livros comprados mas não lidos está acima da normal, preciso dar um jeito nisso.

Em suma, antes eu não tinha uma “life” e agora tenho. Então agora é a minha vez de observar, aqui do alto de meus compromissos, a incrível folga de algumas pessoas para discutir inutilidades ou se preocupar com trivialidades. Não vou dizer que eu próprio não reserve boa parte do meu tempo para a Internet, o blog, os DVDs e outras distrações. Mas, para mim, tudo isso tem importância. E só eu sei o quanto eu gostaria de ter muito mais tempo para vídeo e leitura. Procuro aproveitar bem o que me sobra. Então, sob essa nova perspectiva, vejo gente para quem às vezes dá vontade de dizer: “Get a life!” Ou pelo menos pensar que, se fosse eu, acharia coisas mais úteis para fazer com meu tempo livre do que alugar a disponibilidade alheia.

Os extras do DVD

Já assisti a todo o DVD de Kleiton e Kledir, inclusive os extras. Como existe a opção de ver as músicas legendadas em inglês ou espanhol, fui correndo conferir como traduziram para o inglês o "Capaz". Puseram "maybe", que quer dizer talvez. Foi uma pena, teria sido a chance perfeita de mostrar ao mundo que o nosso "capaz" é o mesmo que "fat chance" em inglês (como já comentei aqui).

Como eu já imaginava, o show está editado de forma enxuta, sem muita conversa entre as músicas. Em compensação, quase tudo o que foi falado no palco eles contam de novo na opção de assistir à apresentação com comentários. E outras coisas também, claro. Por exemplo, Kledir explica que a famosa frase de "Fonte da Saudade", "fecha a luz, apaga a porta", foi composta assim para encaixar na métrica, pois a intenção original dele era dizer o certo, "apaga a luz, fecha a porta". Mais adiante ele relata que o acompanhamento de violão em "Paixão" foi inspirado por Jim Capaldi, baterista do Traffic que mantinha uma residência no Rio de Janeiro. Outra revelação (para mim, pelo menos) é que "Tô Que Tô" havia sido composta para Ney Matogrosso gravar (aí eu pergunto: o verso "tortura essa brasileira" ficaria assim mesmo?), mas acabou sendo lançada por Simone e virou tema de novela. Ao explicar a letra de "Deu Pra Ti", a dupla enfatiza que o certo é "as guria", mesmo, sem "s" no final, e que em Porto Alegre se diz "tu foi" e "tu é".

O documentário "BR-116 – O caminho de Pelotas a Porto Alegre" começa com a dupla em Pelotas, num dia meio chuvoso, andando de carro com Kleiton na direção. Mostram a casa da mãe, os irmãos, a praia do Laranjal e depois, em Porto Alegre, visitam o apartamento em que moraram entre 70 e 77, na rua Francisco Ferrer. Ali os dois demonstram como compuseram "Maria Fumaça" em 1979. Kleiton, que voltara a morar em Porto Alegre após o fim dos Almôndegas, criou a base melódica e a enviou para Kledir no Rio de Janeiro por fita cassete. A letra saiu inteira e logo Kledir estava ao telefone para cantá-la. Com essa música os irmãos participaram do Festival da Tupi, em dezembro de 1979, e ali nasceu a dupla Kleiton e Kledir. Kleiton fala também em sua clássica "Vira Virou". O documentário exibe ainda belas imagens de Porto Alegre, inclusive da Redenção.

Já o "Making of" é mais espontâneo e despretensioso. Mostra ensaios, cenas de bastidores, o público chegando e saindo do Salão de Atos da PUC/RS (mas eu não apareço, infelizmente) e alguns trechos rápidos de partes do show que não entraram na edição principal, como Kleiton tocando violino no meio da platéia em "Tô Que Tô". Sei que sou suspeito, por ser um antigo apreciador do trabalho dos caras desde o tempo dos Almôndegas, mas feita essa ressalva, digo a vocês que adorei o DVD. Obrigatório para qualquer fã de Kleiton e Kledir.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Última forma

"Kleiton & Kledir ao Vivo" já está nas lojas em DVD e CD. É só pedir.

Lembrança de adolescência

Este desenho de Don Martin era um poster da revista Mad Super Special da segunda metade dos anos 70, acho que 77 ou 78. Eu o tinha na parede do meu quarto. Não ficava tão legal quanto nessa reprodução porque vinha dobrado na revista, então apareciam os vincos. Mesmo assim eu coloquei. Partindo do meu princípio de que "a Internet tem tudo", resolvi procurar a imagem e encontrei. Aí está ela para lembrar os bons tempos (clique nela para aumentar).

Mas os outros dois posters que eu tinha no meu quarto, infelizmente, não se preservaram. Seriam hoje duas preciosidades. Um deles mostrava Ana Mazzotti cercada por seus teclados, com indicação da marca de cada um. O outro anunciava o histórico show dos Almôndegas com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre em 1976.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Tá chegando

Pelo visto, o DVD de Kleiton e Kledir pode demorar um pouco mais para sair. A Saraiva já o tem para pré-venda, mas anuncia a remessa somente para 30/11. Mesmo assim eu vou ficar de olho para ver se não aparece antes nas lojas. Em todo o caso já temos a capa e a lista de músicas:

1. Canção da Meia Noite (Zé Flávio) - Gravada originalmente pelos Almôndegas em 1976 no LP "Aqui", foi sucesso nacional ao entrar na novela "Saramandaia". O autor Zé Flávio integrou a última formação dos Almôndegas, mas ainda não estava no grupo quando a música foi lançada.

2. Nem Pensar (Kleiton e Kledir) - Sucesso do terceiro LP da dupla, lançado em 1983.

3. Fonte da Saudade (Kledir) - Sucesso do primeiro LP (1980).

4. Capaz (Kleiton e Kledir) - Música nova.

5. Vira, Virou (Kleiton) - Essa fez sucesso com o MPB4 ainda antes de ser lançada pela dupla no primeiro LP, em 1980.

6. Paixão (Kledir) - Do segundo LP (1981), considerado o melhor da dupla.

7. Noite de São João (Kledir e Pery Souza) - Também do segundo LP.

8. Estrela, Estrela (Vitor Ramil) - Faixa-título do primeiro LP do caçula Vitor Ramil, de 1981. Foi regravada por Kleiton e Kledir no segundo LP. No show, Vitor canta com os manos, em participação especial.

9. Vento Negro (Fogaça) - Sucesso do primeiro LP dos Almôndegas, de 1975. Essa nova versão, num arranjo mais vibrante, também tem a participação de Vitor Ramil.

10. Bry (Kleiton e Kledir) - Original do CD "Dois" (1996), uma das mais bonitas composições de Kleiton. P.S.: Corrigi a autoria pelos créditos do CD, mas ainda assim tinha certeza que a música era só do Kleiton. Estranho. Vou conferir melhor.

11. Corpo e Alma (Paul Simon - versão de Kledir) - Versão de "Bridge Over Troubled Water" feita por Kledir para Kleiton cantar. Saiu no terceiro LP (1983).

12. Então Tá (Kleiton e Kledir) - Música nova.

13. Mamma Mia (Kleiton e Kledir) - Outra do CD "Dois" (1996).

14. Tô que Tô (Kleiton e Kledir) - Sucesso primeiro com Simone, viria a ser gravada pela dupla no terceiro LP (1983).

15. Maria Fumaça (Kleiton e Kledir) - Embora nem todos saibam, foi esta música que fez surgir a dupla Kleiton e Kledir, no Festival da Tupi, em dezembro de 1979. O disco (primeiro LP) só sairia em 1980.

16. Deu Pra Ti (Kleiton e Kledir) - Como o show foi em Porto Alegre, no Salão de Atos da PUC, essa declaração de amor à cidade cai como uma luva para encerrar o DVD. A gravação original saiu no segundo LP, em 1981.

terça-feira, novembro 22, 2005

Constatação

Rosana Hermann já postou duas vezes desde o seu anunciado recesso. Tudo bem, é apenas uma observação. Se eu não desconfiasse que isso poderia acontecer, não teria voltado lá antes dos dez dias programados. E vou continuar conferindo.

Mensagens repassadas

Será que existe alguma forma de avisar a meu amigos virtuais, sem magoar, que eu não quero receber mensagens copiadas ou reenviadas? Que eu valorizo mil vezes mais uma só linha escrita de "próprio punho" do que um longo texto de otimismo ou auto-ajuda repassado para mim e duzentos outros que o remetente provavelmente nem sabe ao certo quem são? Sou só eu que não entendo como alguém pode achar que esse tipo de comunicação acrescenta alguma coisa?

Sobre esse assunto, a Carol, do blog Sofística, escreveu um comentário definitivo intitulado "O maldito botão de forward". Mesmo assim, resolvi dar mais este pitaco, pois em um site rival do Orkut, agora virou moda o envio indiscriminado de textos de amizade. O resultado é que, quando recebo aviso de que alguém me enviou mensagem por lá, já nem me entusiasmo, porque sei que é recadinho padrão. E como se não bastasse, ainda recebi uma sugestão de fornecimento de e-mail para criação de uma espécie de "mala direta" para envio de mensagens em Power Point. Ou seja, além do uso questionável do grupo de amigos cadastrados, o internauta em questão ainda quer formar uma lista de endereços para continuar espalhando votos de paz e amor de forma impessoal. Pensando bem, não é má idéia: quem fornecesse o e-mail estaria concordando em receber esse tipo de correspondência. Já quem não informasse estaria enviando um "Do not disturb" virtual para bom entendedor.

Alguns podem achar que estou sendo injusto e que, se ninguém me escrevesse, eu me sentiria excluído e desamado. O problema é que essas mensagens, além de não serem de autoria do remetente, não foram selecionadas "para mim". Se uma pessoa especial vê uma mensagem bonita e lembra de mim, eu até posso valorizar. Mas não, é uma metralhadora giratória de declarações de amizade, carinho e otimismo atingindo a todos de forma ampla, geral e irrestrita. Se eu fosse me sentir acarinhado com esse tipo de postagem, então teria que agradecer cada vez que ouço na TV que a Loja Tal me deseja um Feliz Natal. Muito obrigado!

O problema é como dizer tudo isso sem magoar. É difícil. O jeito é esperar que o próprio remetente perceba que estou lhe tentando dizer alguma coisa quando não forneço meu e-mail para listas, correntes, abaixo-assinados nem reenvio mensagens que, absurdo dos absurdos, orientam que sejam repassadas inclusive para a pessoa que enviou. O que a pessoa vai fazer, ler de novo?

Adoro meus amigos, não tenho pudor de declarar meus sentimentos por eles, mas prefiro fazê-lo de forma direta e exclusiva. Assim se cultiva uma amizade verdadeira.

segunda-feira, novembro 21, 2005

O recesso da Rosana

A jornalista Rosana Hermann, talvez a blogueira mais assídua da Internet, anunciou um recesso de dez dias do mundo virtual. “Sem blog, sem shout, sem comentários, sem emails, sem MSN.” Não só isso, como retirou todas as mensagens e links para os arquivos de seu blog. Ela afirma que foi uma decisão visceral e não racional e garante que vai tudo bem com a saúde, família e trabalho. “É alguma coisa, algum revés específico do mundo online que eu preciso olhar de longe, pra buscar um horizonte.”

Sei que a Rosana é bem conhecida e tem programa na TV, mas eu nunca tinha ouvido falar nela antes do blog. E a forma como o descobri foi bem curiosa: através de um texto dela, “Vaidade”, falsamente atribuído a Herbert Vianna. Algo me dizia que não poderia ser do Herbert e, quando soube a verdadeira fonte, decidi conferir. Gostei do estilo da Rosana e também fiquei impressionado com a dinâmica do blog, carinhosamente intitulado “Querido Leitor”. As postagens se sucediam praticamente de hora em hora, nem que fosse para dizer “fui correr e já volto” ou para enviar uma foto de um engarrafamento em São Paulo via celular. Certa vez coloquei uma mensagem no blog dizendo que ela devia ser a mulher biônica, com uma câmera nos olhos e antenas de transmissão “wireless” nas orelhas. A Internet parecia ser uma parte essencial da vida dela. De repente, este recesso inesperado.

Sempre que alguém me acusa de ser “viciado em Internet”, rebato com o argumento de que a maioria dos brasileiros passa as noites em frente à TV e isso ninguém critica. A televisão já é um vício institucionalizado. É normal gastar horas a fio assistindo passivamente à programação da Globo. Já ficar na Internet é uma atitude condenada. Mesmo assim, às vezes eu me pergunto se não estou exagerando. Não nego que adoro a Internet. Aqui consigo entrar em contato com pessoas do mundo inteiro que pensam como eu penso e gostam do que eu gosto. A única barreira, que seria a do idioma, eu já cheguei preparado para superar, com meu conhecimento de inglês. E sempre gostei de escrever. Então como resistir à tentação dos grupos de discussão, das comunidades do Orkut, das lojas virtuais, dos sites de referência, das enciclopédias on-line? A Internet é uma overdose de informações e opções. Fiz amizades por aqui e até namoradas conheci em sites de relacionamento (inclusive a atual).

Mas talvez seja o caso de pensar se não estou, sim, passando dos limites. Se fico muito tempo sem acessar, já começo a imaginar se alguém postou alguma mensagem nova nas minhas comunidades do Orkut. E e-mail, será que tem algum novo? Como andarão as discussões nos fóruns de música? Às vezes fico surpreso ao ver notórios fãs de determinados artistas – Beatles, David Bowie e outros – se desfazendo de suas coleções inteiras. Pessoas que antes caçavam avidamente CDs raros, piratas, importados e fora de catálogo de uma hora para outra se desvencilham do acervo de uma vida. Talvez seja por necessidade, mas não descartaria a hipótese de uma “renovação”. Percebem que a coleção se tornou uma obsessão, um peso morto e um fator de alienação, e decidem se libertar dela para tentar aproveitar outras coisas que a vida oferece.

Posso estar delirando, mas eu me pergunto se não foi isso que aconteceu com a Rosana. E percebo que talvez eu pudesse tentar uma experiência assim, de abstinência internética. Mas só faria se tivesse dinheiro para viajar. Aí, sim, ficaria dez viajando, me “desintoxicando” da rotina virtual e redescobrindo as maravilhas do mundo de verdade. Que saudade de caminhar na beira da praia! Ou até de outras coisas que eu fazia em casa mesmo, como ler, por exemplo. Lembro de uma vez em que meu equipamento de som estragou e eu passei a valorizar qualquer programa melhorzinho que passasse na TV. Pois talvez um tempo longe da Internet fizesse bem até para colocar a leitura em dia.

Mas depois viria correndo comentar os livros aqui no blog!

Atucanado

Não importa qual significado o dicionário atribua ao verbo “atucanar”. Na prática, sempre digo que estou “atucanado” quando fico nervoso por causa do horário. Ou porque tenho muito trabalho e pouco prazo e receio não conseguir terminar a tempo, ou porque vejo se aproximar assustadoramente a hora do ônibus partir, do avião decolar, da reunião começar e percebo que vou me atrasar.

Aliás, é bom dizer: raramente me atraso para embarcar em ônibus ou avião. Foi meu pai quem me transmitiu o hábito de chegar na rodoviária ou no aeroporto com bastante antecedência. É preferível esperar uma hora coçando na sala de embarque a ficar atucanado em um trânsito engarrafado, por exemplo. Mas quando se depende de outras pessoas, a situação muda. Nunca esqueço, em minha adolescência, quando passei uns dias na casa de meu tio no interior do Rio Grande do Sul. O ônibus para Porto Alegre iria sair à uma hora. Mas, ao contrário de meus pais, meus tios não se apressavam nem um pouco. Prepararam o almoço com toda a tranqüilidade do mundo e comeram normalmente. Comecei a ficar atucanado, dizendo que teríamos que sair logo ou eu perderia o ônibus, mas eles se mantinham impassíveis, com uma calma de dar nos nervos, afirmando que daria tempo. Resultado: no momento em que meu tio estacionou em frente à rodoviária, o ônibus deu a partida. Minha tia saiu correndo aos gritos de “espera!” e eu ainda tive que ouvir do motorista um “tá atrasado, hein?”, como se eu não tivesse alertado desde o início de que isso iria acontecer.

Cada vez que eu fico atucanado eu juro que foi a última vez. Que da próxima vez começarei mais cedo o trabalho ou sairei mais cedo de casa. Mas, quando eu menos espero, acontece de novo. No sábado à noite, eu teria que passar no Shopping para buscar minhas roupas na lavanderia. Mas não queria ir muito cedo, pois eu e meu filho aproveitaríamos para jantar e já tínhamos lanchado à tarde. Saímos pouco antes das nove. Fomos comer em um desses restaurantes da praça de alimentação que levam uma eternidade para preparar três pedaços de frango e uma porção pequena de polenta e batata frita. As dez horas se aproximavam de forma ameaçadora. Eu olhava nervosamente o relógio, mas meu filho, que não entende a situação, não tinha pressa. Quando ele finalmente chegou no último pedacinho de polenta, eu o puxei pela mão e fomos correndo até a lavanderia. Chegamos a tempo, mas a moça já estava se preparando para trancar a porta. E no domingo eles não estariam abertos.

O segredo é nunca deixar nada para a última hora. É o que eu sempre digo que vou fazer da próxima vez. Ficar atucanado, para mim, é uma das sensações mais angustiantes. Bom mesmo é ter tempo. Nem todos têm o hábito de fazer tudo com antecedência. Em feriadões, se vou viajar, nunca saio na sexta à noite nem no sábado pela manhã. Sábado à tarde está de bom tamanho. E costumo voltar na manhã do último dia do feriado. Mas os outros acham graça. “?” Já. Prefiro almoçar cedo, jantar cedo, sair cedo, voltar cedo, fazer tudo cedo. Qualquer coisa para não ficar atucanado. Mas às vezes me atrapalho. E aí, quando vejo, lá estou eu atucanado de novo. Paciência.

domingo, novembro 20, 2005

DVD de Kleiton e Kledir

O DVD de Kleiton e Kledir deve estar chegando às lojas nesta semana. Fiquemos de olho.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Sinos de Natal

O que mais me arrependo de não ter trazido de minhas viagens aos Estados Unidos - no caso, a que fiz em 1990 - é um arranjo de Natal com sinos que tocam de verdade. Cada sino emite uma nota diferente e são todos controlados eletronicamente para tocar várias músicas de Natal. O resultado é belíssimo, nada a ver com aquele horroroso som sintetizado dos enfeites vendidos por camelô. O mais curioso é que já se passaram 15 anos desde que vi essa maravilha em uma loja da Disney World especializada em produtos de Natal, mas nunca encontrei à venda no Brasil. O preço era alto - 100 dólares - mas ainda assim me arrependi de não ter comprado. Faz tempo que venho procurando esses sinos na Internet, não necessariamente para encomendar, mas para saber quem fabrica, mostrar para quem não conhece e saber onde encontrar numa próxima oportunidade. Por tentativa e erro, acabei descobrindo que o nome do produto é "Caroling Christmas Bells" (ou "sinos que tocam músicas de Natal", algo assim) e existe também em formato de guirlanda. Mesmo assim, fico inseguro se esses que encontrei são tão bons quanto os que vi na Disney, pois o preço está mais baixo. Mas talvez sejam. Quem tiver oportunidade, não deixe de comprar. São instrumentos musicais de verdade tocando em sua parede.

A difícil colocação em prática

Anteontem, na capa do Segundo Caderno da Zero Hora, foi anunciado o lançamento de um site na Internet para, digamos, “apaixonados por leitura”. A idéia seria congregar leitores, editores, livreiros e escritores em um só portal. Achei a concepção interessante, mas lembrei da decepção que tive há muitos anos com o lançamento de um “sebo virtual”. Na época, fiz minha inscrição, só para dali a menos de duas semanas receber uma mensagem de que o site estaria sendo reformulado e, por isso, eu teria que refazer meu cadastro. Até pode ser que a segunda tentativa tenha vingado, mas eu não me reinscrevi. Achei o cúmulo do amadorismo pedir que os inscritos redigitassem seus dados. Uma reestruturação bem feita reaproveita as informações já registradas, ainda mais considerando que o lançamento havia sido feito recentemente.

Mas, diante da matéria enaltecedora publicada na Zero Hora, decidi dar uma chance ao portal dos “apaixonados por leitura”. A página inicial era bonita, mas a maioria dos links, quando se colocava o cursor por cima, abria uma mensagem que dizia apenas: “Breve”. Já dei uma torcidinha básica de nariz. Sei que existem muitos “breves” e “em construção” espalhados pela Internet, mas em geral não são anunciados antes do tempo. Se são encontrados por acaso por quem utiliza ferramenta de busca, paciência. Mas fazer o lançamento de algo que ainda não está pronto me cheira a “colocar a carreta na frente dos bois”. Às vezes é conseqüência de muito entusiasmo e pouco planejamento. A parte mais bonita de qualquer projeto é sempre a divulgação, mas não se pode descuidar da logística.

Em parte eu entendo motivações assim. Na minha infância, em minha curta mas intensa fase de fanático por futebol, decidi que iria fundar um time. E comecei pelo essencial: compus o hino do clube. Depois, pensei na cor da camiseta. Estava em dúvida entre dois nomes para o time. Cheguei a elaborar um formulário para “convocação” de amigos meus que jogavam bem. Um deles acompanhou mais de perto o meu delírio e foi contagiado, imaginando a emoção de jogar preliminares no Olímpico e no Beira-Rio. Um detalhe que não citei até agora, e que deve estar sendo motivo de boas gargalhadas para quem me conhece, é que eu nunca joguei nada de futebol. Mas queria fundar um time e fazer parte dele.

Assim também, às vezes acompanho os sonhos de grandeza de alguns jovens na Internet, querendo organizar megaeventos sem se preocupar com a viabilidade ou infraestrutura ou fazendo o lançamento bombástico de sites que nunca deslancham ou que pouco acrescentam aos demais. Nos anos 80 houve uma febre de fã-clubes, quase todos divulgados no espaço que a revista Somtrês abria para esse fim. Muitos não passavam do primeiro fanzine, isso quando chegavam a editar alguma coisa. Mas pessoas maduras também incorrem nesse erro. Há cerca de dez anos, Alberto Dines fez um comentário na revista Imprensa sobre a mania do brasileiro de começar mas não continuar. No início é um tal de soar trombetas e rufar tambores, mas depois os projetos raramente têm continuidade.

No fim, acabei não contando que me inscrevi no tal portal dos “apaixonados por leitura”. No dia seguinte, voltei lá para ver se algum dos “breves” tinha desabrochado. Encontrei a seguinte mensagem:

“Prezados leitores, devido ao grande número de acessos, foi necessário retirarmos
o site temporariamente do ar para reparos técnicos. Tente novamente dentro de algumas horas. Agradecemos a compreensão.”

Isso foi ontem. A mensagem está lá até hoje. Começaram bem. Mas eu prometo que, se o site se consolidar e conseguir colocar em prática tudo o que está prometendo, citarei o nome e fornecerei um link. Até lá, aguardemos.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Mais um presente grego

Olhem que bonitinho o e-mail que acabei de receber. O interessante é que o título é "eu amo você", o destinatário não sou eu (com certeza estou em "cópia oculta" junto com vários outros) e os dois links (que removi para sua segurança) levam ao mesmo destino, no caso, um arquivo de extensão "scr" hospedado num domínio que nada tem a ver com as Lojas Americanas:

*** Esse é um e-mail automático. Não é necessário respondê-lo ***

Olá, obrigado por escolher a Americanas.com!

O seu pedido foi registrado em nosso sistema sob o número 19978244 e aguardamos o aviso da instituição financeira sobre o pagamento da compra, o que pode levar até 4 dias úteis.

Clique aqui para ver os itens do pedido.

Cancelamento do pedido: caso você não tenha feito este pedido ou deseja cancelar o mesmo, preencha o formulário [aqui estava o outro link], anexe e envie por e-mail para cancelamento@americanas.com.

Não deixe de ler o tópico "PRAZO PARA RECEBER SEU PEDIDO".

A forma de pagamento escolhida foi: Débito em conta corrente - Valor R$ 2.150,00
[observem o valor alto, para assustar o destinatário e induzi-lo a clicar "correndo" nos links nocivos].

quarta-feira, novembro 16, 2005

A máfia do apito

Certa vez, aos 20 e poucos anos, levei meu sobrinho e seus amigos para ver uma apresentação dos “Astros do Ringue” em Capão da Canoa. Quando comentei esse fato para um colega meu, ele perguntou: “Teu sobrinho sabe que é tudo armação?” Eu respondi: “Sabe, mas acho que ele tem uma esperança...” Meu amigo riu muito com minha observação. Só o que eu não contei pra ele é que eu pensava isso porque , na minha infância, eu tinha esperança. Minha mãe já havia me dito que era tudo encenação, mas eu ainda alimentava uma certa dúvida, para preservar a fantasia. Mesmo em casos evidentes, como alguém conseguir tirar a máscara do Fantomas e ele ter outra por baixo.

Pois se em situações óbvias, como a luta livre, os fãs ainda relutam em aceitar a teatralidade e tentam acreditar numa competição verdadeira, imagino como se sentem os torcedores diante da máfia do apito no futebol. A revista Placar fez uma reportagem magistral sobre o caso. Se eu ainda fosse colorado fanático, acho que leria e teria vontade de chorar. Porque não foi apenas a paixão das torcidas que foi trapaceada no mercado negro. Também o trabalho honesto de técnicos e o esforço profissional dos jogadores foi boicotado pelo esquema.

Quando João Havelange ainda era presidente da FIFA, foi questionado numa entrevista sobre a possibilidade de uso de vídeo-tape e outros recursos na arbitragem de partidas de futebol. Sua resposta foi de que o erro fazia parte do folclore do esporte, pois as pessoas ficavam anos comentando as falhas de determinado jogo. Embora eu tenha entendido o raciocínio dele, achei questionável. Agora não tenho dúvidas: é preciso com urgência não só implementar vídeo-tape como, se for o caso, modificar o sistema de arbitragem. Por mais interessantes que os equívocos possam parecer para quem está de fora, é a lisura do esporte que está em jogo.

Não quero nem pensar em quantos outros casos de manipulação de jogos podem ter acontecido por motivos que não o de ganhar dinheiro em apostas. No fundo, somos todos crianças querendo acreditar que não há armação entre as quatro linhas do gramado. Seria bom demais imaginar que essa denúncia acabará com a corrupção no futebol. Agora que a máfia do apito foi desmascarada, só o tempo dirá se o que apareceu foi a verdadeira cara dos fatos ou, como no caso do Fantomas, uma outra máscara que já estava por baixo.

terça-feira, novembro 15, 2005

Nei Lisboa em 1980

Tomei conhecimento da existência de Nei Lisboa no dia 21 de novembro de 1980, uma sexta-feira. Foi no Musipuc daquele ano. Eu estava lá para prestigiar minha amiga Denise Tonon, que se inscreveu com "Se Eu Fosse Falar", mas não se classificou. Mesmo assim, resolvi voltar dois dias depois para assistir à final. Por coincidência, nesse mesmo dia (23 de novembro, domingo), à tarde, foi também a final do Fejuc (Festival do Julinho) no Auditório da Assembléia Legislativa. À noite, os vencedores se apresentaram novamente no intervalo do Musipuc. Nei Lisboa classificou para a final "Pra Viajar no Cosmos Não Precisa Gasolina" e "Doody II". Ao final, recebeu o prêmio de melhor intérprete das mãos de Hamílton Chaves, que falou de forma bem-humorada ao fazer a entrega. Nei emendou: "Para os que acreditaram nas palavras do Hamílton Chaves, gostaria de convidá-los para assistir ao meu show Verde, no Círculo Social Israelita". Eu havia ficado bem impressionado com Nei e decidi conferir. (Clique para ampliar.)
No dia 29 de novembro, sábado, lá estávamos eu e meu amigo Paulo Brody, no auditório do Círculo Social Israelita, para ver o show. Na verdade era um espetáculo a três: Nei Lisboa, Augustinho Licks e Boina. A direção era de Antônio Carlos Brunet, o Dunga. Foi uma apresentação simples e acústica, mas que, para mim, confirmou o talento de Nei. Casualmente tenho guardado até hoje o programa. Observem como, apesar do nome do show, a música "Verdes Anos" se chamava na época "Rock and Roll Bye Bye" e dizia "treze anos" em vez de "verdes anos". Também estava no repertório "Paisagem Campestre", que Nei gravaria em seu segundo LP, mas que naquela noite lembro de ter sido cantada pelo Augustinho. No bis, Nei cantou "Pra Viajar No Cosmos Não Precisa Gasolina", do Musipuc.

domingo, novembro 13, 2005

Breve aqui: 20 mil

Tudo indica que nesta segunda o blog já terá atingido a marca dos 20 mil acessos. Nada mau, considerando que os primeiros dez mil foram computados entre setembro de 2004 e julho de 2005. Dez meses, mais ou menos. Pois de julho para novembro foram só quatro meses. Menos tempo do que os primeiros cinco mil, que levaram cinco meses. Estou gostando desta progressão, espero que continue. Mas a escassez de comentários às vezes me leva a desconfiar que tem alguém que, sem nada pra fazer, fica o dia inteiro entrando e saindo do blog, fazendo o contador subir de graça. Tem louco pra tudo.

O autógrafo


Este foi o autógrafo que B.J. Thomas colocou em meu exemplar do livro "Home Where I Belong", de 1977. Eu sabia que tinha sido lançado um LP com o mesmo nome, mas não sabia que tinha saído no Brasil. Por coincidência, uma fã que também estava na fila para os autógrafos estava com a capa da edição brasileira do disco. A foto é a mesma.

Custei a entender o que significava "II COR 10:13". É um versículo da Bíblia: Segunda Epístola do Apóstolo Paulo aos Corínthios, capítulo 10, versículo 13:

"Porém, não nos gloriaremos fora da medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós;"

O show de B.J. Thomas

O show do B.J. Thomas em Porto Alegre, num quesito, foi melhor do que eu esperava: o repertório. Nada contra a fase religiosa do cantor, eu próprio tenho fé e apóio qualquer esforço autêntico e não coercivo na divulgação do Cristianismo. Mas as músicas que eu queria ouvir eram as minhas preferidas e não as canções gospel que B.J. gravou em sua fase pós-conversão. E ele cantou o que o público esperava escutar.

B.J. entrou no palco com um aspecto abatido, esgotado, de quem viajou de um show para outro sem tempo de descansar. Mas cantou muito bem e mostrou-se simpático com a platéia, chegando a arriscar algumas palavras em português. A banda de apoio era competente, mas ficou faltando um reforço no vocal. Bastaria acrescentar duas cantoras e os arranjos ficariam perfeitos. As músicas que ele cantou foram:

"Light My Fire" – Cover dos Doors. Nunca tinha ouvido cantada por ele.


"No Love At All" – Uma de minhas preferidas. Era o lado B do compacto "Oh Me, Oh My", no Brasil.

"The Eyes of a New York Woman"

"Close to You"

"Rock and Roll Lullaby" – Considerando que esse é o maior sucesso dele no Brasil, achei estranho que não o tenha guardado para o final.

"I Just Can't Help Believing"

"Hooked on a Feeling"

"Mighty Clouds of Joy" – Esta ele anunciou como "gospel", mas de qualquer forma era um sucesso antigo, gravado muito antes de sua conversão.

"Long Ago Tomorrow" – Outro sucesso brasileiro, "tema do Rafa" (Marcos Paulo) na novela "O Primeiro Amor" em 1972.

"This Guy's In Love With You"

"Don't Worry Baby" - Cover dos Beach Boys.

"Just My Imagination" – Esta foi uma surpresa. B.J. cantou esse clássico da Motown quase todo em falsete. Sua voz tem uma amplitude fantástica e está em forma aos 63 anos.

"That's Alright Mama". O momento "Elvis Presley" do show. Lembrei que Elvis canta "I Just Can't Help Believing" no filme "Elvis é Assim" ("That's The Way it Is") e cita B.J. Thomas.

"(Hey, Won't You Play) Another Somebody Done Somebody Wrong Song" – Quando ele disse que iria cantar uma música country que tinha sido número 1 das paradas americanas (em 1975), eu já sabia que seria essa. Mas ele ficou decepcionado ao ver que o público não a conhecia. Ele pediu que cantassem e, talvez por não escutar minha voz se esgoelando na quarta fila, comentou: "Nunca ouviram antes?"

"Raindrops Keep Fallin' on My Head" – Seu maior sucesso fora do Brasil. Uma fã estava gritando "drops, drops" e eu custei a entender que estava pedindo esta música.

"Oh Me, Oh My" – Outra preferida dos brasileiros. Foi a música que me tornou fã dele.

"Back Against The Wall" – A única desconhecida, faixa-título de um CD lançado nos anos 90. Bem vibrante, para encerrar o show de forma orgásmica.

Não sei se é algum problema com o Teatro do Sesi, mas no outro show a que assisti lá, com Morris Albert, o público não teve o menor pudor de pagar mico falando com o artista como se o estivesse recebendo na intimidade de sua casa. Pois com B.J. Thomas não foi diferente. Quando o cantor apresentou sua banda e apertou a mão do guitarrista, um fã gritou lá de trás, em inglês, perguntando se B.J. apertaria a mão dele também. No fim, foi um tal de tietes se aglomerando para apertar a mão do ídolo a ponto de ele esquecer o que estava fazendo.

Não houve bis, mas ele recebeu a todos que fizeram fila para um autógrafo. Eu estava entre os primeiros dez que entraram. Levei os dois livros que ele publicou, "Home Where I Belong" (1977) e "In Tune" (1985) e ele autografou os dois. Aproveitei para perguntar:

- Quando seus álbuns da Scepter vão ser relançados em CD?

Ele fez uma cara de desânimo e disse:

- Provavelmente nunca, pois a Scepter foi desativada e as fitas matrizes estão perdidas.

- Mas outros artistas foram relançados, como Dionne Warwick...

- Isso porque Burt Bacharach comprou as fitas matrizes de Dionne, do contrário elas estariam perdidas também.

- Mas seus sucessos têm saído por vários selos, Rhino, Varese...

- Um cara em Nashville tem as fitas matrizes...

Depois disso eu me afastei, pois não tinha marcado entrevista e havia uma fila de senhoras querendo pegar autógrafo, bater foto com ele e dizer o quanto o amam e como ele é lindo e tal. Mas consegui os autógrafos que eu queria. Agora cabe aos pesquisadores ir atrás dessas fitas e tratar de relançar em CD os discos clássicos de B.J. Thomas.

sábado, novembro 12, 2005

O vídeo do Ronaldinho

Sobre o vídeo do Ronaldinho que circula pela Internet, que muitos pensam ser montagem, recomendo a releitura do meu texto "O Ceticismo", que escrevi em dezembro. O mais curioso é que, ao final, comentei: "Quem dera que todos nós tivéssemos um filme para confirmar nossas histórias fantásticas." Na era da computação gráfica, nem assim adianta.

Um Verissimo legítimo

Quebrando a regra de que textos encontrados em blogs com assinatura de Luis Fernando Verissimo não são realmente dele, gostaria de dividir com vocês esta pérola que tenho em meus guardados. Este texto foi publicado no número zero da revista Red 32 de abril de 2000, sem título. Não sei se saiu em algum livro depois.

Quando me perguntam, fora daqui, se é verdade que há uma Gisele Bündchen em cada horta na zona de colonização alemã do Rio Grande do Sul, respondo que não, que há várias. Digo que a família põe todas a trabalhar desde cedo, e as que não dão para a roça é que vão ser modelos. E não adianta discutir.

a) Mas pai, eu quero trabalhar na roça.

b) Não pode, guria, Tu não dá pra coisa. Vamo ter que te mandar pra agência Ford.

E lá vai ela ser modelo e desfilar pelo mundo, pensando o tempo todo nas suas irmãs plantando e colhendo e depenando galinha e namorando o Altemiro e se divertindo na roça, e suspirando.

Também digo que na zona de colonização italiana é a mesma coisa, e que quando dizem para um pai da região que uma filha dele é a cara da Sophia Loren moça e vão levá-la para a televisão, ele pensa: "Ainda bem que não viram as bonita". E também digo que se as nossas alemoas e gringas impressionam tanto, é porque não viram o que deu a cruza de português com castelhano, negro e índio, e que forma uma espécie de reserva de mulher, a ser melhor explorada quando descobrirem o seu valor, um pouco como o nosso carvão.

E quando chegam aqui e me perguntam o que a gente faz com as gaúchas feias, eu confirmo a suspeita. Sim, é verdade, elas ficam trancadas para não aparecer para forasteiros e estragar a nossa reputação nacional. Mas não é uma coisa tão desumana quanto parece. O lugar onde elas ficam é confortável, elas são bem tratadas, e o beliche dá para as duas.


Luis Fernando Verissimo

sexta-feira, novembro 11, 2005

Burrices do Orkut

Resolvi fazer uma lista das 10 formas mais burras de se usar o Orkut. Sem ordem de importância:

1 – Criar comunidades redundantes. Já existe uma comunidade sobre o tema, mas o sujeito cria outra. E ainda entra nas mais antigas para anunciar e dizer “entrem lá também”. Qual o sentido? Dispersar a turma? Competir? Querer ser melhor moderador do que os outros? Poder dizer pra namorada que é dono de comunidade?

2 – Criar comunidades sem conhecer minimamente o assunto. Pior é quando já aparecem erros no texto de apresentação.

3 – Tópico tipo “defina com uma palavra”. Lindo. Profundo. Eterno. Arrasador. Maravilhoso. Fantástico. Inútil. Desperdício. A troca de informações que se opera numa discussão assim é tão enriquecedora quanto a leitura de um dicionário ortográfico.

4 – Tópico tipo “o que você daria para a pessoa acima?" Um espelho para ela se enxergar. Um pára-quedas para ela cair na real. Luvas para ela se tocar. Um baralho para ela ficar jogando paciência e ter mais o que fazer.

5 – Tópico tipo “jogo do ou” ou assemelhados. Tira um. Põe outro. Batalha das músicas. Que coisa mais primária!

6 – Não seguir as regras da comunidade e ainda se enfurecer com a reação que provoca. Isso não acontece só na comunidade do Luis Fernando Verissimo, em que os textos falsos estão proibidos e listados e volta e meia aparece alguém para postar o “Quase”. Também em “Tradutores/Intérpretes –BR” está explícito na apresentação que a comunidade não é para solicitar traduções gratuitas, por menores que sejam. Mas a turma insiste. Um sujeitinho se magoou feito criança mimada e foi fazer queixa numa comunidade rival sobre a “comunidade que não ajuda quem precisa”. Resultado: suas duas mensagens – uma reclamando, outra repetindo a consulta – estão lá sem resposta, pagando mico.

7 – "Comunidades relacionadas" que não têm nada a ver. Tem gente que não entende que aquele campo serve para indicar comunidades relacionadas ao tema, não às preferências pessoais do moderador. É mais ou menos como criar uma comunidade sobre poemas de amor e colocar um link para a do Grêmio ou do Internacional.

8 – Escrever de forma infantil. “Esse kra tá com inveja pq a Banda Tal é a maior do mundo, naum tem comparação, para de tc bobagens, a Banda Tal é d+, naum tem pra ninguém, BANDA TAL RULES”. Ou então partir pra baixaria, mesmo. O QI de gente assim é algo impressionante.

9 – Postar fotos de todo o mundo mais os cães, gatos, peixes e periquitos no álbum pessoal, mas nenhuma da própria pessoa.

10 – Criar uma comunidade mas não cumprir corretamente o papel de moderador. Ou não fazendo nada, deixando a baixaria rolar solta e tolerando textos falsos nas comunidades de escritores, ou deletando mensagens por critérios autoritários, apenas por não concordar com a opinião de quem postou.

B.J. Thomas

Ouvir música é algo que eu faço praticamente desde a infância. Em meu aniversário de cinco anos, lembro que disse para minha mãe que só queria ganhar discos. Era o auge dos Beatles e da Jovem Guarda. Mas no ano seguinte comecei a ouvir os compactos da série Disquinho, com histórias infantis, e deixei a música um pouco de lado. Lembro da minha avó comentando: “Agora ele está ouvindo os discos certos para a idade dele!”

Mas na virada dos dez para os onze anos, fui à minha primeira “reunião dançante” e a experiência reacendeu meu gosto por música. Minha mãe fez para mim uma festa inesquecível nos meus onze anos. Com reunião dançante, é claro. Lembro que saí para procurar dois discos. Um era “Menina da Ladeira”, com João Só. O outro era de uma música em inglês cujo nome eu nem sabia pronunciar direito, mas me fiz entender. Era uma que tocava bastante nas reuniões e havia me marcado. Pedi ao vendedor: “Biobai”. Não, era “Miobai”, ele me corrigiu. Ou pelo menos foi o que eu entendi. Mas ele não tinha o disco. Procurei em outra loja. Lá eles tinham. Só que a música se chamava “Oh Me, Oh My” e o cantor era um tal de B.J. Thomas.

Casualmente eu gostei do lado B, também, “No Love At All”. No tempo do compacto simples, o fato de eu gostar do lado B era para mim um indicativo de que a obra toda do artista devia ser de qualidade. E, realmente, os lados B do B. J. Thomas eram muito legais. Em 1972 a música “Long Ago Tomorrow” entrou na trilha da novela “O Primeiro Amor” e estourou no Brasil. Meus colegas compraram o compacto e no lado B estava a bonita “Table for Two For One”. Nesse ínterim, B.J. Thomas veio ao Brasil e o show foi mostrado na TV. “Rock and Roll Lullaby” já tinha sido lançada, mas ainda estava adormecida nas paradas. Foram mesmo os acordes de “Long Ago Tomorrow” que entusiasmaram o público. Quando finalmente “Rock and Roll Lullaby” virou sucesso também, com ajuda da novela “Selva de Pedra”, o compacto começou a aparecer nas reuniões dançantes. E o lado B era a linda “Are We Losing Touch”.


Um belo dia, com 50 cruzeiros da minha mesada, comprei dois LPs de B.J. Thomas em uma das saudosas lojas de discos da Galeria do Rosário. Um era o lançamento recente, “Billy Joe Thomas”, incluindo “Rock and Roll Lullaby”. O outro se chamava “B.J. Thomas Greatest Hits Vol. 2” e tinha “Long Ago Tomorrow”. Depois disso, tive a impressão de que B.J. Thomas começou a mudar de estilo ou pelo menos não gravar mais músicas do meu agrado. Até gostei do compacto “Songs”, mas o LP, que ouvi na casa de outra pessoa, me decepcionou.

Com o tempo, comecei a descobrir novos ídolos, David Bowie, Pink Floyd, Kiss, mas nunca esqueci que foi com B.J. Thomas que teve início a minha fase de fanático por música. Bem mais tarde, descobri alguns vinis raros dele para vender em sebos e também comprei algumas ótimas coletâneas em CD. Encomendei pela Internet os dois livros que ele escreveu, “Home Where I Belong” e “In Tune: Finding How Good Life Can Be” (este em parceria com a esposa). Infelizmente, os melhores discos dele, que são os que ele gravou para a Scepter até 1972, ainda estão inéditos em CD. Chega de coletâneas, está na hora de alguma gravadora relançar o catálogo completo do cantor.

Amanhã B.J. Thomas vai se apresentar aqui em Porto Alegre. Esta, pelas minhas contas, é a quarta vez que ele vem ao Brasil, mas é a primeira na capital gaúcha. Nem é preciso dizer que vou estar lá, macaco de auditório, na quarta fila do Teatro do Sesi. Minha curiosidade é saber que músicas ele vai cantar além das óbvias. B.J. se converteu ao cristianismo e tem incluído canções gospel no repertório, mas não descuida do que os fãs querem ouvir. A música “Rock and Roll Lullaby” fez mais sucesso no Brasil do que em outros países, onde o cartão de visitas dele continua sendo “Raindrops Keep Fallin’ on My Head”, do filme “Butch Cassidy”. Vamos ver. Dá-lhe B.J. Thomas!

quinta-feira, novembro 10, 2005

O preço dos livros

Hoje na Zero Hora, no caderno da Feira do Livro, perguntaram a um estudante o que era o pior da Feira. Resposta: o preço dos livros.

Eu sei que posso estar errado. Talvez cometa uma tremenda injustiça. Mas uma das (muitas, como vocês já notaram) coisas que me irritam é ver gente reclamando de preço de livro. Se fosse do preço do CD ou DVD, eu até acharia razoável. Mas quando alguém diz que o livro é caro, sempre me passa a impressão de que é um sujeito que não valoriza a cultura. Não sabe o valor que um livro tem. Para comprar carro último tipo, o dinheiro aparece. Para o estoque de cervejas, idem. O ingresso para um baile de Carnaval é salgado, mas o folião paga. Mas livro ele acha caro.

Não gosta de ler, assume: "não gosto de ler". Mas não vem querer colocar a culpa no preço dos livros.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Especial Bee Gees

Que Robin Gibb, que nada! O melhor show de Bee Gees quem faz é a Sunset Riders, aqui mesmo, de Porto Alegre! Se Robin tivesse contratado a Sunset em vez desse monte de cantores e músicos que o acompanham na turnê, ninguém reclamaria que as músicas ficaram muito diferentes quando ele cantasse os sucessos dos Bee Gees. Quem for ao John Bull leve um dinheirinho a mais para comprar o CD de covers diversos que eles estão lançando.

Quintana Completo

A editora Nova Aguilar está lançando o livro "Poesia Completa", de Mario Quintana. É uma pena que, com o preço (entre 136 e 170 reais, dependendo da livraria e da promoção), só quem é realmente fã do poeta vai querer comprar. Os outros vão achar que vale mais a pena continuar buscando os poemas na Internet. E aí seguirão acreditando que Quintana escreve igual à Martha Medeiros. Por outro lado, imagino também o que aconteceria se esse luxuoso volume (1028 páginas) caísse nas mãos de um desavisado. "Puxa, revirei o livro todo e não achei o poema das borboletas!" "Não está completo, não, está faltando Um dia!"

Não seria má idéia lançar a obra completa em CD-ROM. E colocar umas apresentações em Power Point para serem repassadas. Seria uma forma de combater os textos falsos com suas próprias armas.

A inflexibilidade do tempo

Aos 20 anos, quando estava para começar a trabalhar, precisei de um original de minha certidão de nascimento. Como não localizei a tempo, achei melhor solicitar a emissão de uma nova via. Compareci ao cartório, mas fui informado de que ela ficaria pronta num prazo longo demais para mim. Eu precisava dela para aquele dia mesmo. Paguei uma taxa extra, mas consegui retirá-la com a urgência necessária. Quando fui buscá-la, o funcionário comentou: "A tua sorte é que eu não fui almoçar hoje." Pensei: como assim? Se ele tivesse saído para o almoço não teria dado tempo de datilografar uma certidão de uma página? Quanto tempo ele precisaria para isso? O que teria custado para ele achar uma brecha em suas atividades para emitir a minha certidão?

Na verdade eu ainda não tinha experiência e vivência para entender algo simples e lógico: o tempo é inflexível. Podemos aproveitá-lo ao máximo organizando nossas tarefas, mas um dia terá sempre 24 horas, uma hora terá 60 minutos e cada minuto, 60 segundos. Não se foge disso. E o clichê "recuperar o tempo perdido" é, na prática, impossível. O tempo anda sempre para frente, não tem volta. Quinze minutos que se "roubem" de uma atividade só podem ser recobrados com sacrifício de outra. Ou do descanso, o que é injusto e contra-indicado.

Mas não só isso: tem também a questão da interrupção. O ser humano não é como um computador, que vai executando diferentes "jobs" de forma ininterrupta. Precisamos de um intervalo de preparação para passar de uma tarefa para outra. E também de um período de transição para alterarmos nosso foco de atenção e condicionamento mental. Quando alguém, de última hora, nos pede "só cinco minutos" que sejam de nosso tempo, está na verdade solicitando uma solução de continuidade em nossa rotina. Isso pode ser bem mais custoso do que parece. Tive um professor na faculdade que dizia: "Quem interrompe só um pouquinho pode falar meia-hora, pois já quebrou toda uma seqüência lógica de idéias."

Quando eu colecionava LPs (discos de vinil), conseguia empurrá-los um pouco mais para cá ou para lá para acomodar mais um disco na ordem alfabética. Se a divisão da estante ficasse muito apertada, era só trocar alguns de lugar. Havia uma certa flexibilidade. Já com CDs, não é possível fazer isso. Eles ocupam um espaço exato. Um CD a mais que eu precise colocar num local já ocupado acarretará um reposicionamento geral de toda a coleção.

Pois o tempo e as tarefas são como caixinhas de CDs: inflexíveis. Às vezes, para não ser indelicado, você aceita fazer um favor que lhe foi solicitado porque a pessoa que está pedindo imagina: o que custa? É rápido! Este "rápido" pode variar entre cinco minutos ou mais de uma hora, mas não importa. Para quem precisa, sempre fica a impressão de que você pode dispor de uma parte do seu tempo. Às vezes até pode, mesmo. Mas, na maioria dos casos, a inserção de uma atividade adicional desorganiza completamente o seu planejamento. É o CD a mais que derruba a coleção toda, num efeito dominó. Com boa vontade, a gente dá um jeitinho brasileiro. Mas não sem sacrifício de outros compromissos.

P.S. - Enquanto redigia este texto, lembrava de outro que coloquei aqui em fevereiro chamado "Encomendas de viagem". Pois o comentário postado pela Neca confirmou que tem a ver, mesmo.

terça-feira, novembro 08, 2005

Diário

Certa vez, no começo da adolescência, eu estava na praia e pensei comigo mesmo: o que será que eu fiz nesta mesma data no ano passado? Imaginei que seria interessante anotar para poder comparar no ano seguinte. Ali foi a primeira vez em que me ocorreu fazer algo parecido com um diário. Tempos depois, fiquei sabendo que o namorado de uma amiga minha tinha um diário. Aquilo foi um estímulo adicional. Minha intenção era registrar tudo o que acontecesse comigo para eu próprio ler mais tarde, como uma cápsula do tempo.

Depois de anos amadurecendo a idéia, comecei em meados de 1977, aos 16 anos. Acabei parando aos 21, quando os compromissos (trabalho e faculdade) começaram a me tomar mais tempo. Acho que enjoei, também. Mas guardei os cadernos todos. E agora eles estão comigo de novo, após a mudança da penúltima sexta-feira. Fico em dúvida sobre que destino dar a eles. Com certeza vou querer reler tudo, pois foi para isso que os escrevi. Mas... e depois? Ali estão alguns desabafos um tanto íntimos que eu não gostaria de ver divulgados. Nenhuma revelação bombástica, apenas opiniões e divagações que eu acabava extravasando como uma espécie de terapia. E algumas paixonites platônicas, talvez.

Por outro lado, seria um desperdício simplesmente descartar aquelas anotações todas. Elas contêm registros de fatos e datas que, se não tiverem valor para outros, com certeza terão para mim. Falei logo abaixo no Saracura. Eu já não fazia diário quando assisti ao show citado. Em compensação, vi um show deles no Teatro Renascença em 1981 que foi algo fantástico, inesquecível. Escrevi todas as minhas impressões quando voltei para casa. Eu não gostaria de perder esses dados todos. Minha fase de diário pega o fim do segundo grau, os primeiros vestibulares, o começo na faculdade e também os meus primeiros meses de trabalho.

Eu sei que muitos diários já viraram livros. Mas eu não sou famoso, não haveria por que alguém se interessar por minha vida pessoal fora do círculo de amigos e parentes. E mesmo que alguém quisesse publicar, o texto teria que ser editado. Anotei muitos detalhes triviais que poderiam tornar a leitura cansativa. O que pensei em fazer, talvez, é uma transcrição seletiva dos fatos mais marcantes, deixando de fora os assuntos pessoais. Depois, destruiria os originais. Ou talvez não. Vamos ver. Aos 44 anos, acho que ainda tenho algum tempo para decidir. Mas se aparecer algo interessante que possa constar no blog, colocarei aqui.

Como é mesmo?

A coluna do Paulo Sant'ana na Zero Hora de hoje começa assim:

"Não existe maneira menos inidônea para ficar bilionário ou milionário que contrair empréstimo de dinheiro do povo em um banco estatal, aplicar o dinheiro no seu negócio particular, quitar o empréstimo em largo prazo e condições suaves e ficar nadando no lucro." (Grifo meu.) No parágrafo seguinte ele continua: "Não existe maneira mais desonesta de ficar milionário ou bilionário..."

Ele conseguiu dar um nó na minha cabeça. Está correto no contexto o "menos inidônea"? Não seria talvez "menos idônea" ou "mais inidônea"? Falhas acontecem, mas precisei pensar um bocado até concluir que ele se atrapalhou ao escrever. E mesmo assim ainda tento imaginar o que significaria dizer que "não existe maneira menos inidônea". O que vocês acham? Ele errou ou eu não entendi?

Isso me lembra a frase de um parente há muitos anos: "O problema é a falta de impunidade".

P.S - Leiam a explicação do Vitor nos comentários. Parece que fui eu que não entendi, mesmo.

segunda-feira, novembro 07, 2005

A ciranda do Saracura


Em maio ou junho de 1984 – agradeço a quem me informar as datas certas* – o Saracura apresentou o show "Mais Além" na Reitoria da UFRGS. Sem que ninguém soubesse, talvez nem eles mesmos, seriam os últimos shows do grupo. Mas o fim não foi anunciado. Só depois de muito tempo que Nico Nicolaiéswky já vinha apresentando o seu lendário "Tangos e Tragédias" em dupla com Hique Gomez é que saiu na imprensa a notícia de que o Saracura tinha acabado. Uma das mais geniais bandas de Porto Alegre, infelizmente, legou-nos apenas um tímido LP de oito faixas lançado em 1982. O disco não chegava nem perto do que o quarteto era capaz de fazer em seus shows.

Uma curiosidade é que a música "Ciranda", apresentada no show como uma composição de Sílvio Marques e Orlando Nascimento, ganharia uma estrofe adicional de Nico Nicolaiéwsky e entraria no show "O Poeta Analfabeto", que Nico apresentaria nos dias 29, 30 e 31 de agosto de 1986 no Teatro São Pedro.

(Clique nas imagens para ampliar.)

Não lembro de todo o trecho acrescentado por Nico, mas era algo mais ou menos assim: "Lá vai o menino / cheio de aventura /(...) sonho de criança / no mundo dos homens / cheio de alegria / nada mais importa / tudo faz sentido." Infelizmente, Nico nunca lançaria em disco as músicas desse ótimo show. O CD que saiu em 1996 se baseava numa apresentação menor de Nico com o baterista Fernando Pezão no Teatro Renascença. "Ciranda" tocou bastante nas rádios, graças a uma fita fornecida pelo próprio Nico, mas continua inédita em disco.

É por essas e por outras que eu às vezes torço o nariz para o "Tangos e Tragédias". Humor é bom, mas eu gostava mais do Saracura e dos projetos mais ousados de Nico como solista. De vez em quando ouço falar na possibilidade de lançar algum show do Saracura em CD. Ou talvez uma coletânea. Podiam fazer o mesmo com "O Poeta Analfabeto", do Nico.

Só para constar, o Saracura era: Nico Nicolaiéwsky no piano e acordeom, Sílvio Marques nas violas, Flávio Chaminé no baixo e Fernando Pezão (substituindo a integrante original Gata) na bateria. Chaminé faleceu recentemente.


*P.S.: Os shows aconteceram de 14 a 17 de junho de 1984. Eu lembrava que tinha sido depois de 13 de maio (quando comecei a namorar minha futura esposa, que foi ao show comigo) e antes de 20 de junho (quando faleceu meu pai). O Saracura realmente não pensava em acabar, pelo contrário: a idéia do show era mostrar as músicas do segundo LP, que seria gravado no Rio, mixado no exterior e lançado em todo o Brasil pela gravadora Continental (que já havia relançado o primeiro). Infelizmente, nada disso se concretizou.

Mais radicalismo

Lembram quando escrevi sobre o radicalismo de quem libertou os macacos do minizôo da Redenção? O texto está aqui. Pois tenho a mesma opinião de quem protestou contra o encontro de Lula e Bush. Detesto xiitas.

sexta-feira, novembro 04, 2005

A Avenida Beira-Rio é dos automóveis

Faz pouco mais de uma semana que um ciclista morreu atropelado na Avenida Beira-Rio. Não vou condenar o motorista. A justiça que o faça, se for o caso. A gente sabe que há pessoas imprudentes dentro e fora de automóveis, em motos, bicicletas ou mesmo a pé. Mas o que me chamou a atenção foi que, com o acidente fatal, voltou à baila a questão de se construir uma ciclovia na Avenida. Ninguém lembra que, na época da inauguração, em 1988, aquela faixa paralela por onde os pedestres hoje transitam foi anunciada com o nome de... ciclovia. Nada contra sua utilização por quem corre ou faz caminhada. Apenas lembro esse detalhe hoje esquecido.

Tenho uma vaga lembrança da votação do projeto que resultaria na Avenida Beira-Rio, durante a administração de Alceu Collares. Recordo que houve protestos de ambientalistas, mas não cheguei a ler as notícias com calma. Por isso, não percebi que, ao menos naquela época, eu seria prejudicado. Em 1988 eu já tinha perdido muito do meu preparo físico, mas ainda corria (sobre meu passado de atleta, quem ainda não leu clique aqui). E um de meus trajetos preferidos era por sobre o dique do Parque Maurício Sirótski. Era uma longa faixa de areão que começava na chaminé do Gasômetro e terminava na Avenida Ipiranga. Ao cair da tarde, a luz do pôr-do-sol deixava o chão com uma cor dourada e bonita. Havia malocas à margem do trajeto, mas em geral não atrapalhavam. O local já havia se tornado costumeiro para corridas e caminhadas e a poluição dos carros ficava lá longe, na Perimetral.

Um dia eu ia correndo e achei curioso que estavam sendo colocadas estacas ao longo da pista, a espaços regulares de aproximadamente 50 metros. À medida que a obra foi avançando, percebi que aquele projeto polêmico que eu acompanhara pelo jornal apenas passando os olhos iria me tirar o meu local preferido de corrida. Quando a obra já estava pronta mas ainda não tinha sido inaugurada, muitos corredores aproveitaram para se despedir da pista, mesmo sobre o asfalto. Fiquei revoltado quando vi a imagem de um desses atletas mostrada em um comercial do projeto, como se fosse possível continuar fazendo exercício sobre a avenida depois que ela fosse aberta para os carros.

No fim-de-semana anterior à inauguração da Avenida, houve uma manifestação que se chamou "Abraço ao Guaíba". Uma fila de pessoas se alinhou de mãos dadas por toda a extensão da pista em protesto à série de obras que se pretendiam começar ali. Em parte, deu certo. Mas a Avenida era irreversível, mesmo por ser um projeto antigo. Logo em seguida, houve a eleição para Prefeito e o vencedor Olívio Dutra anunciou que fecharia a Avenida Beira-Rio aos fins-de-semana. No princípio, a pista paralela (que, repito, era chamada de ciclovia) era fofa demais e forçava muito os tendões, mesmo para caminhar. Depois que o cascalho assentou bem, foi possível voltar a usar aquele espaço para correr, mesmo tendo que suportar a poluição dos automóveis. O fim-de-semana sem carros na Avenida Beira-Rio já virou tradição. Eu parei de correr, mas por outros motivos. Para a cidade, a Avenida Beira-Rio teve um final feliz dentro do possível.

Mas quando ocorre um acidente como o da semana passada, voltam os questionamentos de 1988. Quando a avenida ficou pronta, todos diziam: "que bonito". Ora, bonito é o que já estava lá muito antes! A obra foi apenas uma faixa de asfalto por cima, para dar acesso aos carros. Com isso, foram preteridos os ciclistas e pedestres. Infelizmente, tudo é como no poema "Ou Isso ou Aquilo" de Cecília Meirelles. Se a opção foi por uma avenida de alta velocidade, em tese, o local não é recomendável para trânsito de bicicletas, ao menos em dias de semana. E o sinistro com vítima deixou bem claro a quem pertence aquele local. A Avenida Beira-Rio é dos automóveis. Tentar subverter essa ordem pode ter resultados desastrosos.

Alô? Alô?

Alguém ligou a cobrar para minha casa, de orelhão, e não percebeu que foi atendido pela secretária eletrônica. Deixou um recado de 1 minuto e 20 segundos dizendo "alô" 21 vezes! Eu contei.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Já está no dicionário

Medo de avião

Ontem eu e minha namorada assistimos ao filme "Plano de Vôo", com Jodie Foster. Adoraria comentar a trama em detalhe, mas acabaria estragando surpresas. Só sei dizer que gostei. Tenho uma certa predileção por filmes de suspense em avião. O primeiro "Aeroporto" me decepcionou um pouco, pois a maior parte da ação acontece em terra. Mas "Aeroporto 75", "Aeroporto 77", "Força Aérea 1", "Turbulência" e outros no mesmo estilo – até mesmo um episódio da série "O Rei dos Ladrões" – me prenderam a atenção do começo ao fim. Alguns cheguei a ver mais de uma vez.

Só não sei explicar por que no começo eu não tinha medo de avião mas logo passei a ter. Não aquela fobia incontrolável que me impeça de embarcar. Adoro viajar e, se puder, com certeza viajarei mais vezes. Mas não consigo relaxar em avião. Dormir é praticamente impossível. Ler também não me apetece. Ao menor sacolejo, já fico inseguro, agarrando o braço da cadeira. E isso que nunca peguei turbulência forte, pelo menos não acordado. Já ouvi histórias de arrepiar.

Viajei pela primeira vez aos dez anos. Era um vôo Porto Alegre-Rio de Janeiro pela Sadia, que depois seria incorporada à Transbrasil. Fui bem tranqüilo por todo o percurso, sem medo. Três anos depois, aconteceu minha primeira viagem aos Estados Unidos. Também não houve problemas. Inclusive, na ida sentei numa poltrona não reclinável e dormi profundamente, sem a menor dificuldade. Na volta, me disseram que houve turbulência a ponto de alguns começarem a rezar, mas não vi nada. Estava adormecido como uma pedra.

Minha viagem seguinte seria em 1976, para Brasília. Ali, estranhamente, senti medo. E acho que a culpa pode ter sido exatamente desses filmes que eu tanto adoro. Eu tinha assistido a "Aeroporto 75" e "Sobreviventes dos Andes" e ficara bem impressionado. Desde então, nunca mais consegui viajar de avião com tranqüilidade. Fico o tempo todo sentado, com o cinto afivelado. E embora não desista de tentar, não consigo ler nem dormir. Não sei se a culpa foi dos filmes, mas passei a ter ao mesmo tempo medo e fascínio em relação a aviões. Adoro ver filmes como os que citei ou ler reportagens sobre seqüestros e acidentes aéreos (o site Air Disaster é bem impressionante, com vídeos, transcrições e gravações de caixas pretas), mas não quero nunca estar num deles.

Meu pai pilotou aviões pequenos no Exército, mas se borrava de medo dos grandes. Nas poucas vezes em que teve que embarcar em algum, criou coragem com a cervejinha. A ponto de um dia desembarcar em Brasília, reconhecer no aeroporto uma autoridade com quem detinha um certo grau de amizade e quase ser contido pelos seguranças ao se aproximar para um abraço efusivo. Eu nunca bebi em viagem de avião. Nem antes. Talvez ajudasse a dormir. Admiro dois amigos meus que voam por profissão. Um é piloto e o outro é comissário de bordo. Devem ter belas histórias para contar e um deles até já dividiu algumas comigo que mereciam ser publicadas. Como o dia em que resolveu fazer turismo na Tcheco-Eslováquia e se deu mal. Dos vôos, foram poucas as narrativas de incidentes maiores.


Em geral, quando embarco num avião, não imagino que vá acontecer qualquer tipo de acidente. Mas só a possibilidade de turbulência já me assusta. Já viajei aos Estados Unidos mais três vezes e não consegui dormir na ida ou na volta. Então eu rezo e ajudo a segurar o avião pelo braço da cadeira. Difícil saber se esse medo é causa ou conseqüência de meu gosto por filmes de suspense aéreo. É bem mais emocionante assistir a um drama de aviação na segurança de uma cadeira de cinema.

E o Leopoldina?

Há cerca de três anos a Zero Hora publicou a "boa notícia" de que o novo Teatro da OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre) seria construído junto à área do Shopping Total. Hoje o Segundo Caderno comenta um dos motivos pelos quais o projeto ainda não saiu do papel: há um movimento dos moradores do bairro Floresta contra a concessão da licença.

O que a imprensa aparentemente evita abordar, talvez dentro da política de sempre mostrar o lado bom das notícias ruins (lembram quando Cid Moreira dizia "saiu o índice da inflação" e completava informando que "as cadernetas de poupança vão render..." e todos ficavam felizes?), é o que vai acontecer com o teatro atual da Avenida Independência. Antes de ser assumido pela OSPA, ele era o tradicionalíssimo Teatro Leopoldina, famoso em todo o Brasil. Ali foi gravado o LP "Ninguém Segura Esse Nariz", de Juca Chaves. O teatro fechou, depois deve uma rápida reabertura ainda com o nome antigo (e nesse ínterim Bebeto Alves gravou lá o seu disco ao vivo "Notícia Urgente"), depois passou a ser o Teatro da OSPA. No local rebatizado, foi a vez de Kledir, em sua breve carreira-solo, registrar o seu "Kledir ao Vivo". E agora? Vai virar bingo ou shopping? Ainda há algo que se possa fazer para preservá-lo? A cidade não merecia perder aquele espaço.

terça-feira, novembro 01, 2005

Citação

"Eles não têm bundas na Austrália?"

(Comentário feito por Agnetha, do ABBA, diante da reação da imprensa australiana à parte do seu corpo que viria a se tornar lendária. Ouve-se no documentário em DVD "Super Troupers". Isso nos anos 70, claro.)

Raridade




(Clique nas imagens para ampliar.)

Eu adoraria poder dizer que esta relíquia está em minha coleção, mas este disco me foi cedido por empréstimo pela Classic Rock. Também não está à venda. Apenas enfeita a parede da loja ao lado de outras raridades, entre elas um volume da mesma série com Carlos Drummond de Andrade. Não consta data no disquinho, mas nos livros de Mario Quintana relançados pela Editora Globo aparece uma cronologia que indica 1965 como ano de lançamento. O poeta estava na época com 59 anos.

Mario diz seus poemas com uma entonação típica de declamador. Começa citando o título e a seguir recita os versos. "Soneto dois. Dorme, ruazinha... É tudo escuro..." E assim nos apresenta uma amostra de sua obra com aquela voz levemente aguda, porém ainda não trêmula, como a conheci quando ele já estava com mais de 70 anos. Quintana lançaria outro registro fonográfico, desta vez mais amplo, em 1983, num álbum-duplo da Polygram.

(Leiam também neste blog "O verdadeiro Mario Quintana".)

Pela gentil cessão desta raridade especialmente para o blog, aqui vai uma pequena retribuição:

Classic Rock
CDs, LPs e Vídeos
Rua dos Andradas 1444 - sala 31
Galeria Chaves (saindo do elevador no 3º andar, é a loja bem da esquerda)
Fone/Fax: (0xx51) 3227-5911
Porto Alegre - RS
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