A máfia do apito
Pois se em situações óbvias, como a luta livre, os fãs ainda relutam em aceitar a teatralidade e tentam acreditar numa competição verdadeira, imagino como se sentem os torcedores diante da máfia do apito no futebol. A revista Placar fez uma reportagem magistral sobre o caso. Se eu ainda fosse colorado fanático, acho que leria e teria vontade de chorar. Porque não foi apenas a paixão das torcidas que foi trapaceada no mercado negro. Também o trabalho honesto de técnicos e o esforço profissional dos jogadores foi boicotado pelo esquema.
Quando João Havelange ainda era presidente da FIFA, foi questionado numa entrevista sobre a possibilidade de uso de vídeo-tape e outros recursos na arbitragem de partidas de futebol. Sua resposta foi de que o erro fazia parte do folclore do esporte, pois as pessoas ficavam anos comentando as falhas de determinado jogo. Embora eu tenha entendido o raciocínio dele, achei questionável. Agora não tenho dúvidas: é preciso com urgência não só implementar vídeo-tape como, se for o caso, modificar o sistema de arbitragem. Por mais interessantes que os equívocos possam parecer para quem está de fora, é a lisura do esporte que está em jogo.
Não quero nem pensar em quantos outros casos de manipulação de jogos podem ter acontecido por motivos que não o de ganhar dinheiro em apostas. No fundo, somos todos crianças querendo acreditar que não há armação entre as quatro linhas do gramado. Seria bom demais imaginar que essa denúncia acabará com a corrupção no futebol. Agora que a máfia do apito foi desmascarada, só o tempo dirá se o que apareceu foi a verdadeira cara dos fatos ou, como no caso do Fantomas, uma outra máscara que já estava por baixo.
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