O show de B.J. Thomas
B.J. entrou no palco com um aspecto abatido, esgotado, de quem viajou de um show para outro sem tempo de descansar. Mas cantou muito bem e mostrou-se simpático com a platéia, chegando a arriscar algumas palavras em português. A banda de apoio era competente, mas ficou faltando um reforço no vocal. Bastaria acrescentar duas cantoras e os arranjos ficariam perfeitos. As músicas que ele cantou foram:
"Light My Fire" – Cover dos Doors. Nunca tinha ouvido cantada por ele.
"No Love At All" – Uma de minhas preferidas. Era o lado B do compacto "Oh Me, Oh My", no Brasil.
"The Eyes of a New York Woman"
"Close to You"
"Rock and Roll Lullaby" – Considerando que esse é o maior sucesso dele no Brasil, achei estranho que não o tenha guardado para o final.
"I Just Can't Help Believing"
"Hooked on a Feeling"
"Mighty Clouds of Joy" – Esta ele anunciou como "gospel", mas de qualquer forma era um sucesso antigo, gravado muito antes de sua conversão.
"Long Ago Tomorrow" – Outro sucesso brasileiro, "tema do Rafa" (Marcos Paulo) na novela "O Primeiro Amor" em 1972.
"This Guy's In Love With You"
"Don't Worry Baby" - Cover dos Beach Boys.
"Just My Imagination" – Esta foi uma surpresa. B.J. cantou esse clássico da Motown quase todo em falsete. Sua voz tem uma amplitude fantástica e está em forma aos 63 anos.
"That's Alright Mama". O momento "Elvis Presley" do show. Lembrei que Elvis canta "I Just Can't Help Believing" no filme "Elvis é Assim" ("That's The Way it Is") e cita B.J. Thomas.
"(Hey, Won't You Play) Another Somebody Done Somebody Wrong Song" – Quando ele disse que iria cantar uma música country que tinha sido número 1 das paradas americanas (em 1975), eu já sabia que seria essa. Mas ele ficou decepcionado ao ver que o público não a conhecia. Ele pediu que cantassem e, talvez por não escutar minha voz se esgoelando na quarta fila, comentou: "Nunca ouviram antes?"
"Raindrops Keep Fallin' on My Head" – Seu maior sucesso fora do Brasil. Uma fã estava gritando "drops, drops" e eu custei a entender que estava pedindo esta música.
"Oh Me, Oh My" – Outra preferida dos brasileiros. Foi a música que me tornou fã dele.
"Back Against The Wall" – A única desconhecida, faixa-título de um CD lançado nos anos 90. Bem vibrante, para encerrar o show de forma orgásmica.
Não sei se é algum problema com o Teatro do Sesi, mas no outro show a que assisti lá, com Morris Albert, o público não teve o menor pudor de pagar mico falando com o artista como se o estivesse recebendo na intimidade de sua casa. Pois com B.J. Thomas não foi diferente. Quando o cantor apresentou sua banda e apertou a mão do guitarrista, um fã gritou lá de trás, em inglês, perguntando se B.J. apertaria a mão dele também. No fim, foi um tal de tietes se aglomerando para apertar a mão do ídolo a ponto de ele esquecer o que estava fazendo.
Não houve bis, mas ele recebeu a todos que fizeram fila para um autógrafo. Eu estava entre os primeiros dez que entraram. Levei os dois livros que ele publicou, "Home Where I Belong" (1977) e "In Tune" (1985) e ele autografou os dois. Aproveitei para perguntar:
- Quando seus álbuns da Scepter vão ser relançados em CD?
Ele fez uma cara de desânimo e disse:
- Provavelmente nunca, pois a Scepter foi desativada e as fitas matrizes estão perdidas.
- Mas outros artistas foram relançados, como Dionne Warwick...
- Isso porque Burt Bacharach comprou as fitas matrizes de Dionne, do contrário elas estariam perdidas também.
- Mas seus sucessos têm saído por vários selos, Rhino, Varese...
- Um cara em Nashville tem as fitas matrizes...
Depois disso eu me afastei, pois não tinha marcado entrevista e havia uma fila de senhoras querendo pegar autógrafo, bater foto com ele e dizer o quanto o amam e como ele é lindo e tal. Mas consegui os autógrafos que eu queria. Agora cabe aos pesquisadores ir atrás dessas fitas e tratar de relançar em CD os discos clássicos de B.J. Thomas.
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