Os extras do DVD
Como eu já imaginava, o show está editado de forma enxuta, sem muita conversa entre as músicas. Em compensação, quase tudo o que foi falado no palco eles contam de novo na opção de assistir à apresentação com comentários. E outras coisas também, claro. Por exemplo, Kledir explica que a famosa frase de "Fonte da Saudade", "fecha a luz, apaga a porta", foi composta assim para encaixar na métrica, pois a intenção original dele era dizer o certo, "apaga a luz, fecha a porta". Mais adiante ele relata que o acompanhamento de violão em "Paixão" foi inspirado por Jim Capaldi, baterista do Traffic que mantinha uma residência no Rio de Janeiro. Outra revelação (para mim, pelo menos) é que "Tô Que Tô" havia sido composta para Ney Matogrosso gravar (aí eu pergunto: o verso "tortura essa brasileira" ficaria assim mesmo?), mas acabou sendo lançada por Simone e virou tema de novela. Ao explicar a letra de "Deu Pra Ti", a dupla enfatiza que o certo é "as guria", mesmo, sem "s" no final, e que em Porto Alegre se diz "tu foi" e "tu é".
O documentário "BR-116 – O caminho de Pelotas a Porto Alegre" começa com a dupla em Pelotas, num dia meio chuvoso, andando de carro com Kleiton na direção. Mostram a casa da mãe, os irmãos, a praia do Laranjal e depois, em Porto Alegre, visitam o apartamento em que moraram entre 70 e 77, na rua Francisco Ferrer. Ali os dois demonstram como compuseram "Maria Fumaça" em 1979. Kleiton, que voltara a morar em Porto Alegre após o fim dos Almôndegas, criou a base melódica e a enviou para Kledir no Rio de Janeiro por fita cassete. A letra saiu inteira e logo Kledir estava ao telefone para cantá-la. Com essa música os irmãos participaram do Festival da Tupi, em dezembro de 1979, e ali nasceu a dupla Kleiton e Kledir. Kleiton fala também em sua clássica "Vira Virou". O documentário exibe ainda belas imagens de Porto Alegre, inclusive da Redenção.
Já o "Making of" é mais espontâneo e despretensioso. Mostra ensaios, cenas de bastidores, o público chegando e saindo do Salão de Atos da PUC/RS (mas eu não apareço, infelizmente) e alguns trechos rápidos de partes do show que não entraram na edição principal, como Kleiton tocando violino no meio da platéia em "Tô Que Tô". Sei que sou suspeito, por ser um antigo apreciador do trabalho dos caras desde o tempo dos Almôndegas, mas feita essa ressalva, digo a vocês que adorei o DVD. Obrigatório para qualquer fã de Kleiton e Kledir.
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