segunda-feira, novembro 30, 2009

Crônica do Kledir

Na Zero Hora de hoje, Kledir Ramil comenta a criação do "Dia de Kleiton e Kledir". Em função disso, gostaria de reivindicar os créditos "a quem de direito", como se diz. Quem teve a ideia do dia foi a fã Aline Mariano, de Brasília, que esteve recentemente em Porto Alegre e aparece nas fotos que publiquei aqui. Mas quem sugeriu a data de 22 de novembro fui eu. Eu já estava com planos de homenagear a dupla pelos 30 anos de "Maria Fumaça" no Festival da Tupi. Não lembrava o dia certo, mas sabia que tinha sido no final do ano. Assim que chegou o e-mail da Aline com a proposta, eu pensei: é pra já! Puxei da estante o livro "A Era dos Festivais", de Zuza Homem de Mello, e verifiquei o calendário do Festival da Tupi. Foi uma feliz coincidência que o dia estivesse próximo. Encaminhei a sugestão, a qual foi imediatamente aceita. E rendeu até uma festa virtual na data propriamente dita, que era um domingo. Com a participação especialíssima dos dois homenageados no chat.

É claro que outros, talvez os próprios Kleiton e Kledir, poderiam lembrar do aniversário de "Maria Fumaça" e do surgimento da dupla. Mas, casualmente, fui eu. E já percebi por outras experiências que muitas vezes os ídolos não lembram tão bem de detalhes de suas carreiras quanto os fãs.

Histórias do rock carioca

O pesquisador Nelio Rodrigues, que já escreveu dois livros sobre os Rolling Stones ("Rolling Stones no Brasil" e "Sexo, Drogas e Rolling Stones", esse último em parceria com José Emílio Rondeau), agora reúne textos originalmente publicados no ótimo site Senhor F, editado por Fernando Rosa, em "Histórias Perdidas do Rock Brasileiro". O foco é em bandas cariocas dos anos 60 e 70, a saber: Selvagens, The Cougars, Analfabitles, The Red Snakes, All Stars, Sound Factory, Faia, Karma (do ex-Terço Jorge Amiden) e Lodo, além de um segundo capítulo de entrevistas com Luiz Paulo Simas (Módulo 1000 e Vímana), Daniel Cardona Romani (Módulo 1000), Diana Dasha, Jaime Shields (Soma) e Luciano Alves (Mutantes e Flor de Lótus). São 125 páginas de informações preciosas, incluindo reproduções de capas de compactos, folhetos e ingressos de shows. O lançamento é da editora Nitpress, de Niterói.

sábado, novembro 28, 2009

Lembranças à beira do caminho

O esperado livro de Erasmo Carlos, com texto final de Leonardo Lichote, é escrito em tom coloquial, sem fugir a palavrões quando o contexto exige. As cerca de 340 páginas não contam sua história no estilo tradicional de autobiografia. Em vez disso, o Tremendão optou por uma sequência de crônicas em ordem mais ou menos cronológica. Cada uma delas poderia ser publicada separadamente, sem prejudicar o entendimento. Destacam-se a humildade e o espírito esportivo do músico para dividir com o leitor seus êxitos e fracassos, acertos e micos. Ele narra, por exemplo, a vaia que tomou no primeiro Rock in Rio, em 1985, quando foi escalado para se apresentar no mesmo dia dos metaleiros. Fala também de seu começo com os Snakes, o trabalho com Carlos Imperial, seu amor por Narinha, a parceira com Roberto Carlos, as peripécias de Tim Maia, a amizade com o saudoso radialista Big Boy, a lealdade do secretário Alcides e muitas outras histórias. É um livro divertido e obrigatório para fãs de Erasmo e da Jovem Guarda. Mas não se pode deixar de observar uma omissão grave: a fase em que ele foi crooner e guitarrista de Renato e Seus Blue Caps é simplesmente ignorada. Erasmo participou de dois álbuns do grupo, um como integrante oficial com foto na capa e tudo, outro como anônimo. Nada disso é mencionado. Mesmo não pretendendo ser um relato exaustivo (no sentido de completo), o texto não poderia ter deixado de fora essa passagem. Já o chiclete Tremendão é um esquecimento perdoável, mesmo assim seria bom rever as figurinhas com trechos de letras como "A Pescaria" e "É Duro Ser Estátua". Será que alguém guardou isso?

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Trecho (sobre o Rock in Rio):

Para desanuviar o ambiente, havia a inocência do filho pequeno da maquiadora, que, ao sentir um cheirinho de maconha que de vez em quando era trazido pela brisa, perguntou:

- Mamãe, que cheiro é esse?
- Não sei, deve ser alguém que soltou um pum – respondeu ela, com naturalidade.

A todo momento que ventava, o menino dizia:

- Tá sentindo, mãe? Soltaram outro pum!

quarta-feira, novembro 25, 2009

A origem do "Deu Pra Ti"

Na semana passada voltei a fazer algo que, se pudesse, faria todos os dias, pois adoro: pesquisa no arquivo de jornais do Museu de Comunicação Hipólito da Costa. E acabei encontrando essa nota histórica na página do Juarez Fonseca da Zero Hora de sábado, 17 de novembro de 1979. Como se sabe, "Deu Pra Ti Anos 70" veio a ser um show de Nei Lisboa, um dos primeiros do músico. Acabou servindo de inspiração para o Super-8 homônimo de longa metragem (que inclui imagens do show e tem a participação de Nei e seu parceiro Augustinho Licks) e por fim para o sucesso de Kleiton e Kledir, "Deu Pra Ti". Eu lembro da frase pichada nos muros.

P.S.: Considerando o grande interesse pelo filme manifestado por quem postou nos comentários, decidi incluir aqui um trecho que eu subi para o YouTube há algum tempo. É a parte em que aparece o edifício onde eu morava, o Marechal Trompowsky, com entrada pela Siqueira Campos e pela Mauá. Eu era vizinho da atriz Deborah Lacerda. Uma das cenas foi filmada no apartamento dela. Mas já aviso que têm outras cenas do filme lá no YouTube publicadas por outros, incluindo o show de Nei Lisboa. Vale a pena dar uma procurada.

terça-feira, novembro 24, 2009

Documentários sobre música

Eu teria curiosidade de saber se todas as pessoas que gostam de ler não-ficção, especialmente biografias, também se interessam por documentários. Lamentei ter perdido "Loki - Arnaldo Baptista" e "Simonal - Ninguém Sabe o Duro Que Dei" no cinema, mas sabia que, assim que saíssem em DVD, viriam para a minha coleção. Pois os dois já estão aqui, do meu lado, ainda lacrados. Antes mesmo de assistir, já aplaudo o trabalho pela iniciativa em si de contar a história desses dois ídolos da música. Ambos polêmicos, cada um por razões diferentes, mas com certeza talentosos. Aliás, estou nas primeiras páginas de "Nem Vem Que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal", de Ricardo Alexandre. Arnaldo já tinha sido biografado pelo colecionador Mario Pacheco (não é meu parente) em "Balada do Louco", publicado em 1991. Não sei se antes me passavam despercebidos, mas tenho a impressão de que está havendo um boom de livros e documentários relacionados a música no Brasil. Já não era sem tempo.

segunda-feira, novembro 23, 2009

A volta da Confraria

Lembram da Confraria Bee Gees? Pois ela está de volta. Na noite de sexta-feira, dia 20, Sylvio Tavares e Renan Pilla organizaram uma "apresentação musical entre amigos" para interpretar o repertório do grupo, no pub do Museu do Esporte, no Shopping Total. Sylvio já cantou com o Coral da Ospa e convidou ex-colegas para participar. Renan é moderador da comunidade Bee Gees do Orkut e também tecladista. E assim eles cantaram músicas como "Alone", "Man in The Middle", "Love So Right", "Mr. Natural", "Spirits (Having Flown)", "One", "Paradise" e outras. Todos os que compareceram ganharam, "de graça e sem sorteio", uma coletânea de músicas em mp3 e outra de clips para assistir no computador. Não fiquei até o final, mas sei que houve sorteio de camisetas personalizadas do "Especial Bee Gees". É bom ver esses dois "pais frescos" voltando à ativa. E nas mesas estava a turma de sempre: Lisete, Janete (irmã da Lisete), Lucas e Maria Inês. Aliás, a Janete ficou surpresa quando eu lhe apresentei sua xará. Até parece que não existem muitas Janetes por aí.

sábado, novembro 21, 2009

30 anos de Kleiton e Kledir

Neste domingo, 22 de novembro de 2009, comemoram-se 30 anos do surgimento de Kleiton e Kledir. Em 1979, nessa mesma data, eles interpretaram pela primeira vez "Maria Fumaça", no Festival da Tupi, no Anhembi, em São Paulo. Foi a primeira apresentação dos irmãos Ramil depois do fim dos Almôndegas. Mas não necessariamente a primeira vez que cantaram em dupla. Nesta foto de infância eles estão no colégio, em Pelotas, cantando "Maringá":

Já em dezembro 1975, ambos foram a Uruguaiana defender "Piquete do Caveira", de Kledir e Fogaça, na Califórnia da Canção Nativa. Venceram na categoria "Projeção Folclórica". Eles já integravam os Almôndegas e o grupo estava no auge em todo o Rio Grande do Sul, com o sucesso do primeiro LP. Como a gravadora que lançava os discos da Califórnia era a mesma do conjunto - a Continental – o crédito na contracapa do LP ficou assim:
Mais tarde essa gravação foi incluída no LP "Gaudêncio Sete Luas", que a Continental lançou em 1977 para continuar faturando com os Almôndegas depois que eles foram para a Phonogram. Era apenas uma coletânea, mas com aspecto de disco normal. Por fim, "Piquete do Caveira" ao vivo apareceu ainda no CD lançado em 1995 com a mesma capa do LP "Aqui" (embora fosse também uma coletânea e não o disco original relançado).

Hoje parece inevitável que Kleiton e Kledir viessem a formar uma dupla, mas talvez isso não tivesse acontecido sem o empurrãozinho do Festival da Tupi. A despedida dos Almôndegas foi nos dias 30 de junho e 1º de julho de 1979 no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre. Na época, Kledir afirmou ter recebido propostas de três gravadoras diferentes para lançar um disco solo, mas preferia dar um tempo para "carregar um pouco as baterias". Kleiton voltou à capital gaúcha para terminar a Faculdade e chegou a fazer algumas apresentações sozinho. Com o surgimento da competição, Kleiton compôs uma melodia tipicamente gauchesca e a enviou para o irmão no Rio de Janeiro em cassete (lembrem-se: não havia mp3 ou Internet). Kledir fez a letra. Assim nasceu "Maria Fumaça", que acabou entrando no Festival.

O mestre de cerimônias no Anhembi era o escritor e desenhista Ziraldo, que anunciou a dupla como "Kledir Ramil e Kleiton Ramil" e destacou o aspecto humorístico da composição. Aliás, o nome artístico "Kleiton e Kledir" ainda não tinha sido adotado. Na Zero Hora, o jornalista Juarez Fonseca noticiava que "Kledir e Kleiton" iram participar do Festival. Divulgada a classificação da canção para a fase final, os músicos retornaram para reapresentá-la. Ziraldo aproveitou para fazer uma menção em tom de homenagem ao flautista Plauto Cruz, que integrava o grupo de acompanhamento e recebeu aplausos da plateia. "Maria Fumaça" não venceu, mas ganhou menção honrosa na final. E foi muito bem recebida pelo público. O primeiro prêmio foi para "Quem Me Levará Sou Eu", de Dominguinhos, na voz do cearense Fagner.

Infelizmente, a repercussão do "Festival 79", como era o nome oficial, ficou restrita aos aficcionados por música. A audiência maior era da Globo e a TV Tupi dava seus últimos suspiros. O LP que deveria ter sido lançado com as músicas finalistas (conforme anunciado por Luiz Armando Queiroz no próprio festival) acabou não saindo. Algumas das concorrentes nunca chegaram a ser lançadas em disco, pelo menos não com o mesmo intérprete. Por exemplo, Caetano Veloso cantou "Dona Culpa Ficou Solteira", de Jorge Ben, mas quem veio a gravá-la foi Cauby Peixoto, no LP "Cauby, Cauby" (com participação do autor e o nome encurtado para "Dona Culpa"). Elba Ramalho defendeu "América", de Cláudio Lucci, com acompanhamento do grupo Moto Perpétuo (já sem Guilherme Arantes na formação), mas também ficou inédita em disco. O único sucesso imediato do festival foi "Bandolins", com Oswaldo Montenegro e José Alexandre, lançada em compacto.

Até que, em outubro de 1980, quase um ano depois, chegou às lojas o primeiro LP de Kleiton e Kledir, pela Ariola. As rádios começaram a tocar "Maria Fumaça" e os ouvintes gaúchos se apaixonaram pela história do noivo que não quer chegar atrasado para o casamento em Pedro Osório. A partir daí, todo o mundo era fã de Kleiton e Kledir desde pequenininho! Antes mesmo do lançamento do primeiro álbum da dupla, o MPB-4 havia gravado "Vira, Virou", de Kleiton, e usado como faixa-título de seu novo LP. Eles já tinham interpretado "Circo de Marionetes", dos Almôndegas, no disco anterior, "Bons Tempos, Hein?" Os irmãos Ramil participaram como convidados nos shows do quarteto em 1980 e, embora cantando apenas três ou quatro músicas, deixaram sua marca. Além das canções citadas, também "Fonte da Saudade" virou sucesso. E hoje pouca gente lembra que "Roda da Fortuna" foi o tema principal da novela "Cavalo Amarelo", da Bandeirantes.

Mas o primeiro show completo de Kleiton e Kledir como dupla possivelmente aconteceu na praia gaúcha de Tramandaí, em 7 de fevereiro de 1981, um sábado. Foram acompanhados pela Banda Areia, que havia tocado com o MPB-4 (e a dupla) no ano anterior. O concerto gratuito à beira-mar começou às 11 da manhã com Telmo de Lima Freitas, depois a banda Eureka (com Hermes Aquino na formação, voltando às origens roqueiras cinco anos depois de "Nuvem Passageira") e o antológico Saracura. Os irmãos subiram ao palco às duas da tarde e poderiam ter aproveitado que era uma apresentação coletiva para não se estender muito, mas fizeram exatamente o contrário. Depois que todos os sucessos do primeiro LP já tinham sido executados, Kleiton disse: "Viva o tempo dos Almôndegas! Viva o Quico, o Zé Flávio, o Pery, o João Batista e o Gilnei" (não lembro exatamente a ordem, mas todos foram citados). E tocaram diversos clássicos do antigo grupo. Como surpresa, ouviu-se a ainda inédita em disco "Couvert Artístico" (tema instrumental que os Almôndegas já tinham tocado numa versão bem mais longa no show de despedida) e "Xote de Jaguarão", de Kledir, que seria gravada por outra banda que se apresentou naquele dia, o Saracura.

Em 1981, enquanto preparavam o segundo LP, Kleiton e Kledir montaram sua própria banda para acompanhá-los em turnê. E quem chamaram para guitarra e baixo respectivamente? Zé Flávio e João Batista, assim unindo novamente os quatro Almôndegas da última formação. E se, no ano anterior, foram convidados de MPB-4, desta vez eles, Kleiton e Kledir, é que teriam uma participação especial em seus shows: o caçula Vitor Ramil em começo de carreira. O novo disco os consagrou definitivamente com "Deu Pra Ti", "Paixão" e "Trova", transformando-os em ídolos nacionais. E sem abrir mão do sotaque gaúcho.

A história de Kleiton e Kledir não termina aqui, mas a título de homenagem, decidi contar apenas os primeiros capítulos. E tudo começou com o Festival da Tupi. Abaixo está o áudio daquela apresentação histórica, há 30 anos, gravado da televisão e gentilmente cedido por meu amigo Luiz Juarez Pinheiro, de Curitiba. Usei trechos do clipe e fotos diversas para enriquecer a parte visual, mas o objetivo é mesmo o de relembrar a gravação. Os vídeo-tapes do Festival ainda devem existir, de forma que um lançamento em DVD seria mais do que bem-vindo.

Ah, sim: 22 de novembro é também o Dia do Músico. E, por escolha dos fãs, com a devida aprovação dos ídolos, passa a ser também o Dia de Kleiton e Kledir. Porque eles surgiram oficialmente como dupla nesta data em 1979.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Kindle para o PC

Já comentei aqui sobre o Kindle, o e-reader da Amazon que já está disponível também para o Brasil. Pois agora o site está lançando uma versão gratuita do Kindle para o PC. Já instalei e baixei algumas amostras de livros, para testar. Nem todas abriram.

Eu até pagaria para baixar certos livros em versão digital, mas não dessa forma. O problema do Kindle para o computador é que ele "amarra" o livro que você baixou ao computador registrado. Não tem como salvar o arquivo para ler em outra máquina. Também não é possível selecionar o texto para copiá-lo e colá-lo no Word, por exemplo. Tudo foi muito bem implementado para que você só possa ler o livro no computador em que o baixou. Ou no aparelho Kindle, se o tiver. O objetivo, obviamente, é evitar cópias.

Se eles vendessem livros em formato PDF eu até compraria, de vez em quando. A possibilidade de começar a ler o texto imediatamente seria irresistível. Mas aí o arquivo seria meu para eu fazer o que quisesse com ele, inclusive copiar para os amigos. No final das contas, a conclusão a que se chega é: nada substitui o velho e bom livro impresso.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Chuva

Hoje tomei banho de chuva torrencial. Normalmente eu sou precavido e levo o guarda-chuva para o trabalho em dias instáveis, mas desta vez apostei no sol e me dei mal. Pensei em vir de táxi, mas quando um colega meu me disse que havia chamado um e a previsão de espera era "de 15 a 20 minutos", senti o drama. Como não podia perder tempo, encarei a água. Percorri mais ou menos seis quadras me encharcando. Mas já estou aqui, são e salvo. Quando cheguei em casa, tomei outro banho... de chuveiro. Água quentinha é outra coisa.

domingo, novembro 15, 2009

Googlada recente

Continuo anotando as "googladas incautas", embora não as publique mais mensalmente. Talvez no final do ano eu apresente uma nova lista. São os argumentos de busca mais incríveis usados pelos internautas para chegar até este Blog. Muita gente não entende como funciona o Google. Pensa que é um programa de inteligência artificial avançadíssimo, capaz não apenas de entender uma frase em linguagem corrente mas também de trazer de bandeja o que foi pedido. Só o que o Google faz é procurar sites onde apareçam as palavras digitadas. Nada mais. Mas as pessoas continuam "fazendo pedidos" ao Google.

Só que hoje apareceu uma "googlada incauta" tão impagável que não dá pra esperar. Vai ser publicada imediatamente:

montagem para fazer exatamente agora com montagem de amigas para pegar foto do meu orkut entendeu agora

Acho engraçadíssimo quando alguém escreve "agora" nas pesquisas do Google. Deve ser porque já fez várias pesquisas mal formuladas que obviamente não tiveram o resultado pretendido. Então o internauta imagina que, se escrever "agora", o Google vai parar de enrolar e mostrar logo o que ele procura. A "frase" acima está mal redigida, mas imagino que a intenção do incauto foi dizer mais ou menos o seguinte: "Montagem para fazer exatamente agora! (...) Entendeu? Agora!" Para de enrolar, Google! Já expliquei bem o que eu quero! Mostra duma vez! Agora, entendeu?

O que será que esses incautos imaginam que vai acontecer se não escreverem agora? Que vão receber o resultado da consulta por e-mail em 30 dias? Para evitar de pagar esses micos, leiam o meu "Curso rapidíssimo de Google".

sexta-feira, novembro 13, 2009

Poucas vendas na Feira do Livro

Leio na Zero Hora de hoje que a Feira do Livro de Porto Alegre tem sido fraca em vendas. Houve uma queda de 17% em relação a 2008. Casualmente eu fui uma vez só à praça e comprei bem menos do que em anos anteriores, mas por motivos pessoais. No entanto, ao ver as causas cogitadas pela matéria, fiquei surpreso de constatar que quase todas coincidem com as minhas. Senão, vejamos:

Falta de variedade e mesmice – A reportagem de ZH houve por bem apresentar esses dois itens separadamente, mas vejo-os como um só. Com efeito, do ano passado para o atual, não vi muita mudança. Mesmo na ala internacional, já comprei todos os dicionários, gramáticas e livros de referência que me interessariam. Quanto à afirmação de que todas as barracas oferecem basicamente os mesmos títulos, não vasculhei a Feira com a calma necessária para confirmar.

Concorrência com os grandes – Segundo o escritor Rodrigo Rosp, as pessoas se perguntam por que ir à Feira se podem "ir na Cultura, sem multidão, fazendo em três vezes no cartão e com ar condicionado?" No meu caso, isso se aplica em parte. Adoro a Livraria Cultura e também a Saraiva. Mas, até agora, a existência dessas duas opções não me afastava da Feira do Livro nem diminuía meu entusiasmo por ela.

Concorrência com a web – Aqui, sou obrigado a concordar totalmente. Um usuário do Twitter argumenta que "é mais fácil comprar livros bons e baratos na Estante Virtual e outros sites do gênero". No exterior, esses "sites do gênero" já existem há cerca de 10 anos. Sou antigo cliente da Amazon e da Abebooks. Finalmente, a ideia foi adotada no Brasil e deu certo. A Estante Virtual congrega sebos de todo o país. De minha parte, não reclamo nem um pouco de não precisar mais vasculhar de loja em loja para achar o que me interessa. A Internet agilizou o encontro do produto com o cliente interessado, onde quer que esteja um ou outro.

O último item apontado pela matéria é atendimento despersonalizado, com o qual não concordo. O comprador se interessa em primeiro lugar pela mercadoria. Quanto às demais causas apontadas, nenhuma delas é exclusividade desta edição do evento. Podem ser recentes, mas já se observavam antes. O que está acontecendo é que a evolução do comércio de livros em todos os aspectos indicados (Internet, megalivrarias, etc) só agora começa a se refletir na Feira do Livro. Nos velhos tempos, o grande diferencial da Feira era a diversidade de opções. Nesse quesito, ela não tinha concorrência. Em que outro local se encontraria uma multiplicidade de livreiros oferecendo milhares de títulos? Hoje, finalmente, o conceito de megalivraria está consolidado em Porto Alegre. E os leitores descobriram a facilidade viciante que é comprar pela web, sem depender de atravessadores desinformados (a turma do "podemos encomendar", como eu sempre digo).

Mesmo assim, eu não me desinteressei da Feira do Livro. Neste ano, casualmente, fiz a maior parte de minhas compras pela Internet. A minha quota usual de investimento em literatura já estava comprometida. Talvez por isso eu não tenha feito tanta questão de me reorganizar e achar tempo de ir à Feira com mais calma. Só assim eu poderia examinar melhor as barracas e dar uma opinião mais fundamentada. Na visita rápída que fiz na segunda-feira à noite, de fato, me pareceu que havia pouca variedade. No fim-de-semana não poderei ir novamente, de forma que minha contribuição deste ano está encerrada. Lamento saber que fui um dos responsáveis pela queda de vendas da edição de 2009.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Livros gêmeos

Estes dois livros são muito elogiados pelos especialistas em Beatles, que os consideram relatos fiéis e reveladores sobre projeto da Apple (obviamente refiro-me à gravadora e empresa que os Beatles criaram no final dos anos 60 e não aos computadores). O que eu não imaginava é que tivessem capas praticamente idênticas. As duas fotos são da mesma sessão, mas uma delas está invertida. Acabam sendo metáforas para o conteúdo: duas visões diferentes sobre o mesmíssimo tema.

terça-feira, novembro 10, 2009

Muro de Berlim

Como ontem foram comemorados os 20 anos da queda do Muro de Berlim, achei interessante postar este vídeo que estava em meu acervo, trazido de Nova York por um amigo americano. É uma matéria do "Channel 2 News" de agosto de 1986 mostrando uma manifestação de protesto no 25º aniversário da construção do Muro. O Embaixador americano em Berlim Ocidental acredita que, um dia, o Muro "não será nada mais que uma das lembranças ruins da história". Em seguida aparece um jovem berlinense afirmando que isso é uma ilusão e que o Muro nunca será derrubado. Felizmente, nem sempre os pessimistas acertam.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Confirmado: livro da Continental na Feira

A informação de Lucio Haeser estava correta: seu livro "Continental, a Rádio Rebelde de Roberto Marinho", está mesmo à venda na Feira do Livro. Como a editora é de Santa Catarina, a obra pode ser encontrada no estande da Câmara Catarinense do livro, que aparece na foto abaixo:
Não é um local onde se esperaria encontrar um título tão fortemente identificado com a cultura de Porto Alegre, mas pelo menos está lá. O estande fica na parte central da Praça da Alfândega, próximo ao Monumento do General Osório. Não esqueçam que o livro vem com um CD sensacional com gravações exclusivas da rádio, incluindo vinhetas e comerciais, além de músicas de Almôndegas, Hermes Aquino, Inconsciente Coletivo, Hallai-Hallai e muitos outros (vejam a lista completa com comentários aqui) . Obrigatório!

O encontro

Para os amigos comuns (na verdade amigas) que estavam indóceis querendo saber como e quando seria o grande encontro, aí estão as fotos. Eu e Janete à esquerda, Aline e Roberto à direita. Dois casais unidos por um gosto comum: a música de Kleiton e Kledir. A Aline veio de Brasília para passar uns dias em Porto Alegre e conhecer pessoalmente o Roberto. Os dois são vegetarianos, mesmo assim foi ele quem indicou a galeteria.
Aqui outra foto tirada pelo Roberto. Nosso jantar foi no sábado, dia 7.

sábado, novembro 07, 2009

This Is It

Impressionante o filme "This Is It", de Michael Jackson. É anunciado como um documentário, mas está mais para uma coletânea de performances musicais. Só falta a plateia. Os ensaios para a turnê que não houve foram fartamente registrados com ótima qualidade de imagem (exceto por algumas poucas tomadas em menor definição) e som. Os shows não aconteceram, mas o roteiro foi preservado em todos os detalhes, incluindo os sofisticados cenários e filmes que seriam mostrados no telão. Quem já ouviu disco pirata (bootleg) de ensaio sabe que, nesses momentos, nem sempre o artista dá o máximo de sua voz, preservando-a para a apresentação propriamente dita. Portanto, nenhuma surpresa na forma como Michael interpreta seus sucessos no filme. É possível também que estivesse poupando seu corpo, apenas esboçando os movimentos que faria com mais esmero diante do público. Mesmo assim, há instantes em que ele se entusiasma e capricha no desempenho, para deleite da equipe que o assiste – e aplaude. A morte de Michael foi uma infelicidade, mas que bom que temos este filme como último legado.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Mais lembranças musicais

Certas passagens da vida da gente ficam na lembrança como momentos marcantes, por mais triviais que tenham sido. Pois uma dessas recordações foi uma tarde de 1974, em meus 13 anos, que passei na casa de meu irmão João Carlos (Cau) gravando músicas no equipamento de som dele. Ele tinha trazido uma enorme pilha de LPs emprestados da Rádio Continental, onde trabalhava. Por algum motivo ele teria que sair, mas me deixou mexer nos aparelhos à vontade. Embora eu fosse praticamente uma criança, ele, que era 14 anos mais velho, confiava em mim para esse tipo de manuseio. E olha que o som dele, para a época, era "estado da arte". Sabem aqueles toca-discos grandes, com braço cheio de peso e contrapeso e agulha Shure custando quase o preço do próprio equipamento? Tape deck com controles separados para gravação e reprodução e botões com relay? Ele me deixava mexer em tudo isso. Apenas disse: "É desnecessário recomendar cuidado". Nunca esqueci a frase dele.

Minha primeira etapa foi dar uma escutada rápida em cada disco, faixa por faixa, e anotar as músicas que iria gravar. Depois, passei para a gravação propriamente dita. Usei uma fita de 120 minutos. Elas não eram muito recomendadas, pela fragilidade. Exigiam muito do tape deck no momento de tocar e rebentavam com facilidade. Mas eram boas enquanto duravam. Para mim, naquela idade, ouvir dezenas de discos numa tarde era uma overdose e uma revelação. Até hoje lembro de vários LPs e músicas que escutei naquela ocasião. Não terminei de fazer a gravação. A ideia era voltar lá para completar a fita, mas não foi preciso: meu irmão achou minha lista, entendeu as anotações (tipo "Beggars Opera A – 3, 4, 5, 6", o que queria dizer "gravar faixas 3, 4, 5 e 6 do lado A do LP do Beggars Opera") e fez para mim. Vai daí que, até hoje, sempre que eu reencontro algum disco ou música que descobri naquela tarde, lembro imediatamente daquele momento.

Citei o Beggars Opera como exemplo porque foi um dos LPs de que mais gostei, na primeira escutada – no caso, "Pathfinder". Fazia parte da formação o guitarrista Ricky Gardener, que depois viria a tocar com David Bowie. Mas eu só iria ligar esses fatos décadas depois. Uma curiosidade é que, cerca de quatro ou cinco anos mais tarde, encontrei o LP para vender no saudoso "Troca Discos", uma das primeiras lojas de discos usados de Porto Alegre. Como estava em bom estado, comprei na hora. Quando finalmente escutei o disco em casa, fiquei surpreso de constatar que, desta vez, já na reta final da adolescência, minhas músicas preferidas haviam mudado. Eu gostei mais justamente das que eu NÃO tinha gravado em 1974, no caso, "Hobo" e "Macarthur's Park".

E assim, de vez em quando, reencontro algum disco que lembro de ter ouvido naquele dia longínquo. Agora, por exemplo, estou escutando o "Every Good Boy Deserves Favour", do Moody Blues. Mas aqui a opinião do adulto de 48 é a mesma do garoto de 13: continuo achando que as duas únicas faixas realmente boas são "The Story in Your Eyes" e "Emily's Song", que foram as que gravei, na época. Esse álbum não é um dos melhores momentos do grupo. Entre os demais LPs daquela tarde histórica estava uma coletânea de diversos artistas, de onde selecionei "I'd Like to Teach The World to Sing", "How do You Do" e um clássico de Cat Stevens, "Morning has Broken". Havia também um tal de Jonathan Edwards e seu álbum "Honky-Tonk Stardust Cowboy", do qual me agradou apenas "That's What Our Life Is". E o primeiro LP do Stealers Wheel, que futuramente também faria parte de minha coleção. Deste, escolhi "Late Again", "Gets So Lonely" e "You Put Something Better Inside of Me". Estranhamente, deixei de fora "Next to Me", que hoje é uma de minhas preferidas.

Enquanto repassava essas lembranças musicais pelo teclado, percebi que talvez eu esteja misturando duas datas numa só. Não foi só uma vez que gravei discos na casa de meu irmão em 1974, embora tenha havido realmente uma tarde inteira dedicada a isso. O disco do Moody Blues, por exemplo, deve ter sido em outro dia, pois agora lembro que as músicas não foram parar na fita de 120 minutos. Em algum lugar ainda devo ter uma fita de 60 minutos com "The Story in Your Eyes" e "Emily's Song", além de duas faixas do ex-Creedence Tom Fogerty, no caso, "Here Stand The Clouds" e "Beauty is Under the Skin". Esse LP eu nunca mais ouvi, mas qualquer dia o reencontro. E aí voltarei mentalmente àquele apartamento da Rua da Praia em frente ao cinema Cacique, diante daquela pilha de vinis.

Ah, sim: não tenho certeza, mas é possível que eu tenha gravado também "After You Came" do LP do Moody Blues. Era imprescindível acrescentar essa informação. Como também indispensável será achar a fita e tirar essa dúvida.

Sexta-feira

Para aqueles que reclamam (com razão) quando fico muito tempo sem escrever no blog, aqui vai uma "rapidinha".

Nesta semana, pela primeira vez, tive chance de navegar no menu de um televisor de tela larga. Como já me haviam dito, é possível, sim, configurar a imagem para o padrão 4 x 3, que é o da programação normal da TV analógica. Mas, até agora, não vi ninguém fazer isso. Todos preferem ocupar a tela inteira, com distorção e tudo. Se bem que existe uma desvantagem: na proporção 4 x 3, como sobram espaços laterais ociosos, a tela logo fica com um sombreamento diferenciado. Pelo menos é o que todos reclamam. Em tempo: o televisor não é meu.

Ainda não tive tempo de ir à Feira do Livro. Em compensação, consegui terminar de ler a biografia do Pelé. Agora comecei a do Erasmo Carlos.

O núcleo atuante de fãs de Kleiton e Kledir no Orkut está na expectativa porque, neste fim-de-semana, eu e a Janete vamos conhecer a Aline, de Brasília, que está passando uns dias em Porto Alegre. É incrível: pelas mensagens que a gente recebe, é como se um grande encontro fosse acontecer. Essa turma é muito legal. Eu tinha bastante contato com o pessoal de outros estados, mas nunca tinha ouvido falar na Janete, que mora aqui mesmo. É que ela se comunicava por e-mail particular, sem participar muito das comunidades. Até que um dia as amigas puseram pilha, pô, mora na mesma cidade e não conhece o Emílio, adiciona ele! Acabamos nos conhecendo e deu no que deu. (Não estou reclamando!)

Bom fim-de-semana.

terça-feira, novembro 03, 2009

Sotaque

Em sua autobiografia, Pelé comenta que, em países de língua inglesa, seu nome é pronunciado incorretamente. Esse, aliás, é um trecho do livro que foi adaptado para cada idioma. Na edição lançada na Inglaterra, ele tenta explicar a pronúncia correta aos leitores. No texto em português, apenas informa que o final "é", em inglês, vira "ei".

Só não sei se Pelé entendeu o porquê dessa dificuldade de pronúncia. É que, em inglês, não existe palavra terminada em "é". Ou mesmo em "ê". A segunda nota musical, por exemplo, é chamada de "Re", mas pronuncia-se "rei", com aquele "r" enrolado. Aliás, o som de "ê", sozinho, não existe nem no meio de palavra. Também não há em inglês o som de "ô" puro. A viúva de John Lennon, a japonesa Yoko, é chamada de "Yôukou". Um de meus sobrinhos esteve comigo nos Estados Unidos em 1985 e achava graça da forma como eu dizia o meu nome quando pedia ligações a cobrar para o Brasil: "Emíliou". Mas a telefonista entendia perfeitamente.

Por outro lado, no livro "Once in a Lifetime", sobre a história do Cosmos, o autor Gavin Newsham observa que Pelé chamava o dirigente Clive Toye de "Clivie". Mas também não explica o porquê. Fica parecendo que era um apelido carinhoso. É que a pronúncia do "e" final de palavras em inglês é um erro comum para os brasileiros. Além disso, não existe em português nenhuma palavra que termine foneticamente em "v". Ou em qualquer outra consoante que não "l", "m", "n", "r", "s", "x" ou "z". Se surgir algum termo com a terminação impronunciável, acrescentamos um "e" ou "i". E um exemplo claro disso está bem diante de seus olhos: a Internet. Dizemos "Internete" ou "Internéti".

Pensando bem, os diálogos entre Pelé e Clive Toye deviam ser interessantes: "Pelei" pra cá e "Clivie" pra lá. E um achando graça do outro por não saber pronunciar seu nome corretamente.