quarta-feira, março 28, 2007

Curso rapidíssimo de Google

Em virtude da constatação de que muitos internautas não sabem usar o Google, decidi elaborar este curso rapidíssimo. Sim, eu sei que há extensos e detalhados tutoriais não só no próprio site da ferramenta mas também em publicações de revistas especializadas. Mas não adianta querer ensinar comandos avançados para quem ainda nem entendeu o que é realmente o Google. Este texto é para aqueles que estão completamente perdidos no ciberespaço, achando que o Google é um programa de inteligência artificial capaz de entender tudo o que se digita e trazer exatamente o que se pede.

O Google não é um programa inteligente. Pelo contrário: é bem burro. Só o que ele faz é procurar na Internet as palavras e expressões que você digitou. Só isso. Nada mais. Se você escrever procurar apresentações em Power Point, ele vai buscar todos os endereços em que apareçam as palavras "procurar", "apresentações", "em", "Power" e "Point", em qualquer ponto da página, independente de ordem. Se você teclar quero fazer o simulado do Detran, ele trará todas as páginas em que constem "quero", "fazer", "o", "simulado", "do" e "Detran". Ou seja, a palavra "quero", além de não ter nenhum efeito de comando, pode até atrapalhar. Se ela não aparecer no site do Detran, você não vai achar o que procura.

Não adianta "explicar" nada ao Google. Palavras como "procurar", "quero achar", "todas as páginas", etc, são apenas seqüências de caracteres que ele tenta encotrar na Internet. "Fazer pedidos" ao Google é um mico tão grande quanto parar na frente de um caixa automático e dizer: "Quero sacar 50 reais em notas de 10!" Ou ligar para o 130 e perguntar que horas são em voz alta.

Ao contrário do que vocês possam imaginar, não sou expert em Google. Não conheço a metade dos parâmetros que ele aceita para restringir a pesquisa. Mas também não sinto falta deles. Mais importante do que conhecer as opções avançadas é saber definir o argumento de busca. Você tem que achar a combinação certa de palavras e expressões para chegar exatamente onde quer. Palavras muito comuns em geral não ajudam muito. Os termos têm que ser bem específicos. Fazer uma pesquisa muito genérica é o mesmo que mandar chamar o João no colégio onde ele está prestando vestibular.

Falando nisso, citei uma questão de meu primeiro vestibular quando escrevi "Objetividade Verbal", lá nos primórdios do blog. Não tive dificuldade de encontrá-la na Internet porque eu lembrava de uma expressão não muito comum, que dificilmente teria muitas ocorrências: "abafava o mesmo". Digitei "abafava o mesmo" entre aspas, mandei o Google varrer a Internet e ele me trouxe exatamente o que eu queria. Hoje a questão de Vestibular não está mais na fonte em que a achei, mas se vocês fizerem a pesquisa, chegarão meu blog. Agora imaginem se eu tivesse escrito como faz a maioria: questão de vestibular sobre clareza na redação. Encontraria 47 mil páginas (acabei de testar) e nenhuma delas seria a desejada.

A propósito: é importante saber usar aspas quando se quer achar uma expressão. Ou seja, quando se quer que o Google procure uma seqüência exata de palavras. Tenho observado que alguns dos que chegam por engano a este blog até formularam uma consulta mais ou menos enxuta, mas não delimitaram as expressões relevantes com aspas. Em geral as ferramentas de busca mostram em primeiro lugar as páginas em que as palavras estão na ordem digitada. Mas se não houver nenhum caso assim, vêm todas as outras em que os termos estão dispersos. Aí este blog acaba aparecendo para quem procura assuntos que nunca abordei, mas as palavras se encontram espalhadas no arquivo de algum mês. Portanto, use aspas para "amarrar" as palavras que você quer que apareçam sempre juntas.

Talvez alguns dos que costumam fazer "consultas informais" ao Google se defendam com a frase clássica dos que acreditam em horóscopo de jornal: "às vezes dá certo". Sim, é verdade. Se a página que você busca contiver as palavras que você usou na sua frase, você acabará chegando onde queria por linhas tortas. Isso pode acontecer, por exemplo, no caso de letras de música. As páginas com letras quase sempre contêm o título da música e a palavra "letra". Logo, se você escrever letra de Wish You Were Here, encontrará com facilidade a música do Pink Floyd, que é bastante conhecida por ser também título de álbum. Mas se você queria a dos Bee Gees, talvez tenha que incluir "Bee Gees" em sua pesquisa. Por outro lado, se não era nenhuma dessas, mas a do Fleetwood Mac ou Alice Cooper que você buscava, aí fica mais complicado. Comece usando aspas para delimitar as expressões "Wish You Were Here" e "Fleetwood Mac", por exemplo. Apareceram citações à música mas não a letra? Tente lembrar um trecho que não seja tão comum. Vamos encurtar a história e dizer que, se você digitar "rain on my window" e "I can count the drops" lado a lado, exatamente assim, com aspas, chegará direto na letra. Já para a letra da música homônima de Alice Cooper, basta digitar "spot and jerome", também com aspas, e mais nada. A letra vai aparecer na hora. Experimente. (Nota: fatalmente essas pesquisas indicarão também este texto do blog, exceto, talvez, no dia da publicação. Isso é lógico e inevitável.)

Entendeu? Não adianta "esclarecer" o que você quer para o Google. Ele não é um gênio da lâmpada. Para ele, a sua frase toda elaboradinha é apenas uma seqüência de caracteres que ele vai tentar achar na Internet. Fique esperto e entenda melhor a ferramenta de busca. Escolha as palavras certas. Use aspas quando quiser que um grupo de palavras seja procurado em conjunto, na ordem certa. Depois que entender tudo isso, aí sim, você pode aprender as opções avançadas. Mas acho que não vai precisar. Quem sabe formular um bom argumento de busca acha qualquer coisa na Internet procurando apenas por palavras e expressões.