quinta-feira, agosto 31, 2006

As pesquisas

Há quem não entenda como Lula pode estar tão bem nas pesquisas para a eleição presidencial num momento em que o PT está sendo tão criticado. Sem descartar outras hipóteses, é preciso lembrar que:

1) A maior parte das críticas está vindo de quem nunca gostou do PT. Esses não alteram o fiel da balança.

2) O voto de um petista calado vale tanto quanto o de um antipetista gritando.

3) As pesquisas não estão sendo feitas com decibelímetro.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Eureka

Acho que entendi o porquê daquela ilustração na matéria da revista Press. Vocês nunca receberam por e-mail um anúncio de venda de diploma "incluindo histórico escolar"? Talvez fosse o caso de as empresas que exigem curso superior começarem a pedir também as fotos da formatura!

terça-feira, agosto 29, 2006

Novidade

Já faz algum tempo que vejo o logotipo do Google junto ao do Blogger sempre que entro para postar aqui. No início, fiquei pensando no que iria mudar com essa associação. Pois hoje descobri: de vez em quando, quando você tenta acessar o blog, aparece aquela tela branca "Google error" que a gente já conhece do Orkut. Nós, usuários deste provedor de blog, agradecemos profundamente por este "benefício" agregado.

A foto na Press


Tive a surpresa de encontrar esta foto na última revista Press, edição 106, ilustrando a "Minha vida de repórter" de Farid Germano Filho. Mas gostaria de fazer duas retificações. Farid afirma: "Formei-me pela Faculdade dos Meios de Comunicação Social da PUC, a Famecos, em 1991." Errado, foi em janeiro de 1993. Por fim, questiono também a legenda da foto. Quem aparece "bem no canto à esquerda" é o professor Roberto Ramos, que a Press deve ter confundido com Farid por causa dos óculos. Não tenho certeza, mas Farid parece estar atrás daqueles outros óculos que aparecem brilhando lá no fundo, logo à direita do centro. O colega mais alto à esquerda dele é Alexandre Praetzel. Um pouco mais à esquerda, em baixo daquele braço erguido em diagonal, tem um sujeito tentando se esconder atrás de outro, mesmo assim aparecem as sobrancelhas, a orelha e o cabelo. Dizem que hoje escreve num blog. Tenho um palpite de que o último homem que aparece à direita, junto à parede, seja Nando Gross. Não consegui localizar Carlos Simon, mas deve estar aí em algum lugar. (Clique na foto para ampliá-la ou nada do que eu escrevi fará sentido.)

segunda-feira, agosto 28, 2006

A revelação da profecia

Chegou o momento de revelar quem previu há 20 anos que o Inter seria Campeão Mundial em 2006. Na verdade foi apenas uma brincadeira. Mas nós, colorados, torcemos para que se torne realidade.

Em 1986 estreou na RBS TV o programa "RBS Revista", que ia ao ar todos os sábados às 13:30. Uma das atrações da primeira edição foi o humorista André Damasceno, que também fazia sua estréia na mídia (por isso está comemorando 20 anos de carreira em temporada de shows). André fez uma participação rápida mostrando seus dotes de imitador, encarnando personagens diversos como Lauro Quadros, Ruy Carlos Ostermann e Jânio Quadros. Já no programa seguinte ele voltou para mostrar "Paulo Sant'ana em três tempos" – no caso, passado, presente e futuro. A legenda dizia "Gravado em 1979", mas a data era apenas imaginária. A seguir, os dizeres "Gravado em 1986" correspondiam à realidade. Por fim, num exercício de futurologia, vemos uma imagem supostamente gravada em 2006, que seriam 20 anos depois. André imagina o gremista doente Paulo Sant'ana trocando de time para prestigiar o jogador "Renato Portaluppi Júnior", que teria sido contratado pelo Inter dois anos antes. Sant'ana era defensor incondicional de Renato Portaluppi, que o resto do Brasil conhece como Renato Gaúcho, mesmo quando o jogador sofria críticas severas da imprensa por sua indisciplina. Essa foi a inspiração para o texto de André. Mas dando asas à imaginação ele acabou, de certa forma, fazendo uma previsão que pode ou não se concretizar. Vejamos os "três tempos":



"O goleiro Remi levou nove gols em quatro partidas. Tive que telefonar pro matemático Oswald de Souza pra saber quantos gols esse goleiro leva por partida. Ele entrou no computador em linguagem Fortran e me disse: Sant'ana, teu goleiro tá levando 2,25 gols por partida. Tu tá me escutando Remi? Tá me escutando, Remi? Significa que cada partida tu leva 2,25 gols! Não dá mais pra te agüentar, Remi, tu tem que sair do futebol gaúcho, pelo amor de Deus..."


"Os colorado ainda tão me gozando que o Inter é três vezes campeão nacional e que o Grêmio é só uma vez campeão mundial. Estão querendo comparar. Pra esse tipo de pessoa só faço uma pergunta: que que vale mais a pena? Ser três vezes sargento ou ser uma vez coronel? Pelo amor de Deus..."



(Hino do Inter de fundo musical e cenas do filme "Tron" atrás do humorista.) "A dois anos atrás eu pedia desesperadamente pra direção do Grêmio contratar o Portaluppi Júnior. Não quiseram me escutar e eu resolvi tirar férias conjugais do Grêmio. E hoje o Internacional é Campeão do Mundo de 2006 com dois gols de Renato Portaluppi Júnior. Recebeu a nave espacial Toyota. E eu sou o único gaúcho com dois títulos mundiais: um pelo Inter e outro pelo Grêmio. Agora vou embora, pelo amor de Deus..."

Vinte anos se passaram. O futuro chegou. André Damasceno é hoje famoso em todo o Brasil como o Magro/Gaúcho do Bonfa. Renato não teve um filho com nome de Júnior. Paulo Sant'ana continua mais gremista do que nunca. Ainda não existe uma nave Toyota. Mas o Inter vai disputar pela primeira vez o título de Campeão Mundial. Essa previsão pelo menos tem chance de se concretizar. Vamos torcer.

domingo, agosto 27, 2006

Manchetes inusitadas

Nunca esqueci quando, há alguns anos, a notícia de capa da Zero Hora era sobre uma tartaruga que havia sido morta por uma bala perdida. Fico até hoje pensando no quanto esse episódio foi inusitado. Foi o encontro dos opostos, o cúmulo da disparidade, o mais desproporcional e injusto dos confrontos. Para a notícia ficar perfeita, só faltou a observação: "Ela ainda tentou desviar..."

Pois na semana passada eu estava atravessando a rua para comprar o jornal quando olhei de relance para a capa. Meu primeiro pensamento foi: a Zero Hora está sem assunto, de novo. Desta vez a manchete é pra dizer que um papagaio fugiu. Qual será a próxima? O atropelamento de um cachorro, talvez?

Só depois fui entender que era o apelido de um assaltante.

sábado, agosto 26, 2006

Livros e carros

Recentemente um amigo meu me ofereceu um livro para vender. Ele sabia que eu estava interessado e fez um bom preço. Mesmo assim, perguntei:

- A lombada está quebrada?

Resposta:

- O que é lombada?

Expliquei-lhe e ele respondeu que havia, sim, uma dobra, mas que o livro era grosso, não tinha como ler sem dobrar, blá, blá, blá... Eu só falei:

- Tudo bem, mas eu consigo ler um livro grosso sem estragar.

Ele se ofereceu para levar o livro para que eu desse uma olhada. Acabei comprando, mas cá entre nós: não estava muito bem conservado, não. Além da lombada quebrada, a capa plastificada tinha sinais visíveis de desgaste, além de a borda estar amarelada. A vantagem de receber um livro já envelhecido é que eu o lerei sem me preocupar e pegá-lo com cuidado e manuseá-lo com jeito. Mas prefiro comprar livro novo. E fico possesso quando o vendedor o pega para preencher a nota em cima!

Por outro lado, meu carro está em péssimo estado. Eu já sei que, por mais que eu cuide dele, vai virar sucata um dia, então pra que me preocupar? Um dia, estacionei-o em um shopping. Ao abrir a porta, sem querer encostei-a no carro do lado, que estava novinho (não me perguntem a marca). Pronto, foi o suficiente para que o casal que estava lá dentro saísse bem atônito e apavorado, como se tivesse acontecido uma tragédia! O rapaz veio falar comigo:

- Puxa, o senhor amassou o meu carro!

Tentando manter a calma, perguntei:

- Amassou onde?

O estrago foi tão grande que ele teve que pedir que eu abrisse a porta de novo, para ver onde tinha encostado. Aos meus olhos, o máximo que consegui ver foi o deslocamento de uma fina camada de poeira. Nada mais. Ele acabou se resignando:

- Deixa assim.

Só o imagino depois, indignado, tentando mostrar para os amigos onde o carro "amassou". E eles tentando achar, procurando meticulosamente, como quem examina uma lâmina de microscópio. Depois de muito procurar, cuidando para não passar o dedo com muita força, um deles diria:

- É, parece que aqui tem um arranhãozinho mesmo. Bem aqui. Aqui, ó! Não, não aí! Aqui! Aqui, nesse ponto, não tá vendo? Olha desse ângulo! Olha bem! Aqui! Viu agora? Passa o dedo bem devagarinho. Não, não aí. Aqui! Aqui, bem aqui! Sentiu? Mas que sujeito mais fdp fazer esse baita estrago no teu carro!

Por isso é que eu tenho um pacto com meus amigos: não peço o carro de ninguém emprestado, mas também não empresto meus livros. Eles podem voltar com um arranhãozinho na lombada.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Gravações de Quintana para baixar




(Clique nas imagens para ampliar.)

Os antigos freqüentadores do blog vão lembrar que esse disco já apareceu por aqui em novembro do ano passado. Agora ele volta por um motivo mais do que justificado: vocês já podem baixar as faixas em MP3! Não sei se a qualidade ficou das melhores, mas clicando aqui vocês têm acesso ao Rapidshare para fazer o download. Acho que todos sabem como funciona o site, não? O arquivo "Quintana.zip" contém as dez faixas desse raríssimo compacto lançado em 1965. Bom proveito!

quarta-feira, agosto 23, 2006

É sempre assim

Primeiro leiam o meu texto "Espetáculos toscos", que escrevi em abril do ano passado.

Leram? Pois bem: hoje a Zero Hora noticia que aconteceu um acidente na freeway por causa de um babaca que desacelerou para admirar um carro parado no canteiro central. O fato "causou um engavetamento de pelo menos nove veículos na manhã de ontem", diz a matéria. Será que um boçal desses não tem nada mais interessante para olhar em casa?

terça-feira, agosto 22, 2006

A volta do moderador fantasma

Lembram do moderador fantasma? Aquele que se apoderou de mais de 70 comunidades do Orkut, depois sumiu? Pois bem: ele voltou. Não se sabe se é a mesma pessoa ou outra que conseguiu tomar o seu perfil. Faz tempo que venho acompanhando o mural dele, como já comentei aqui. De repente, começaram a aparecer respostas de gente que foi convidada para ser seu amigo. A maioria perguntava "quem é você?', outros apenas diziam que não podiam adicionar quem não conheciam. Epa! – pensei. Ele está de volta! Será que vai tomar alguma providência?

Bem, tomar ele até tomou. Mas não a esperada. Entre suas mais de 70 comunidades, havia uma do Inter e outra do Grêmio. A do Grêmio era pequena e não causava maiores problemas, mas a do Inter estava um caos. Todos os dias apareciam colorados no mural do moderador implorando para que expulsasse os baderneiros. Também havia muitas reclamações vindas das comunidades de Renato Russo e Death Metal. De repente, sabe-se lá como, o moderador fantasma assumiu uma nova comunidade do Grêmio, essa realmente ativa, com mais de 152 mil membros (vejam
aqui). E nessa ele entrou rachando: implementou novas regras que, na prática, significam que ele vai banir qualquer um que não lhe agradar. Ditadura total. E como muitos já foram expulsos, em um dia os gremistas dessa comunidade já articularam uma movimentação muito maior contra o moderador do que os "gatos pingados" vinham tentando fazer nos meses anteriores. Antes a omissão dele causava reações variadas e incertas. Agora ele mexeu num vespeiro.

Alguns podem achar que é uma medida necessária, pois talvez a comunidade estivesse precisando de linha dura. Há quem ainda tente, diplomaticamente, pedir para ser readmitido. Mas é perda de tempo. Se ele estivesse bem intencionado, estaria atuando também nas outras comunidades que estão bagunçadas. Mas não, ele só quer incomodar, mesmo. Logo ele que andava quieto, agora se manifesta a torto e a direito com mensagens ameaçadoras. Ele escreve bem em português, mas não é brasileiro, pois já deixou escapar um "cabeza" e usa expressões estranhas como "ficar banido". Inclusive, em uma das postagens ele já disse que não é a pessoa cujo nome aparece no perfil. Considerando a mudança radical de comportamento, deve ser verdade.

O lado bom disso tudo é que agora existe um grupo de Orkuteiros realmente atuante na tentativa de afastá-lo. Antes estava difícil convencer um número suficiente de pessoas de que aquele moderador era apenas um catador de comunidades abandonadas. Nem todos teriam a paciência que eu tive de examinar as comunidades e as mensagens dele para chegar a essa conclusão. Mas agora ele pecou por obra e não por omissão. O momento de tirá-lo é agora ou nunca. Basta clicar
aqui para denunciá-lo.

Por fim, eu já devia desconfiar de certos estrangeiros moderando comunidades como Porto Alegre, Inter, Grêmio e outras que nada têm a ver com suas nacionalidades. No início, até faziam um bom serviço. Mas agora está tudo muito suspeito. Alguns dizem que eles fazem parte da administração do Orkut. Será? Atitudes infantis como essa teriam a bênção do site? Difícil acreditar. Esses moderadores são bem conhecidos pela quantidade enorme de comunidades que possuem sob sua guarda, mas agora estão pisando na bola. Se a invasão brasileira ao Orkut não serviu para nada, serve agora para que nos unamos e afastemos esses sujeitos que estão usando a moderação para fazer brincadeiras de mau gosto.

Não resisti

Tá bom, eu confesso: acabo de ligar o ar condicionado na calefação. Nunca faço isso, sou contra calefação. Acho que deixa o ambiente insuportável, mesmo nos dias mais gelados. Mas hoje o frio ganhou de mim. E a tentação de saber que o aparelho tem opção de aquecimento foi grande demais. Outro problema é que calefação, em casa, pode viciar. A gente acostuma e depois tem vontade de ligar para o trabalho e dizer: "Só vou sair no verão." Não vai muito longe: será que eu vou ter coragem de tomar banho amanhã de manhã? O ar condicionado está conectado na mesma rede do chuveiro, não dá pra ligar os dois juntos. Na verdade, acho que liguei a calefação para conseguir trocar de roupa. Senão eu iria dormir direto de jeans, blusão e até casaco. Acho que nem os tênis eu ia querer tirar.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Aff!

Eu não gosto de internetês. Sei que as linguagens são dinâmicas. Nestas horas o exemplo de que todos lembram é o "você", que se originou de "vossa mercê" e passou pelo "vosmecê". Hoje informalmente já se diz apenas "cê" ou "cês". Antigamente, quando alguém falava "sessão" a gente fica em dúvida se não estaria querendo dizer "seção" ou "cessão". Hoje existe uma quarta possibilidade : "cês são", como em "cês são tudo uns chato".

Em princípio, o internetês seria apenas um conjunto de corruptelas de palavras existentes em português. "Aki" em vez de "aqui", "axu" em vez de "acho", "pq" substituindo todas as formas de "por que" e assim por diante. Mas existem também os "emoticons", popularmente conhecidos como "as carinhas". Já comentei aqui sobre as "emoticonsilábicas". Mas o internetês se encaminha perigosamente para se tornar um idioma à parte, com palavras novas e tudo. Pelo menos uma já surgiu: o tal do "aff"!

Desculpem-me, mas não consigo simpatizar com jovens que escrevem "aff". Talvez seja trauma, pois a primeira vez que li um "aff", foi de alguém que desconsiderou totalmente meus argumentos e continuou batendo pé em suas convicções. Então talvez "aff" seja uma espécie de coringa, uma saída pela tangente. Quando ficar sem resposta, quando não tiver um elemento sólido para contestar uma afirmação, diga "aff".

Longe de mim pretender ofender alguém, mas acho que já ouvi muito cachorro aí pela rua fazendo "aff aff"! Por isso mesmo, acho que, quando um internauta começa a escrever "aff", é porque o empobrecimento de sua capacidade comunicativa provocado pelo internetês começa a beirar a irracionalidade. Não quero nem imaginar um futuro longínquo, ou mesmo próximo, em que os jovens fiquem falando "aff" em voz alta um para o outro. "Aff!" "Aff aff!" "Aaaaaaff!" "Afffffff!"

Acho estranho que a turma do internetês prefere usar "k" em vez de "qu", escrever "pq" em vez de "por que", tudo em nome da simplificação. Mas o "aff" é sempre com dois "ff" no mínimo. Disso eles não descuidam.

Acabo de pesquisar e descobrir que o "aff" vem de "Ave Maria". Preferia ter continuado na ignorância. Pior é que já está até na Wikipedia em inglês, para o mundo inteiro ficar sabendo:

A slang term used mainly by Brazilians in mmorpgs, such as RO or XaosRO. It is a shortened version of "Ave Maria!" ("Hail Mary!"), used as "Jesus Christ!" in English.

PQP! Depois dizem que "os estrangeiros têm uma imagem errada do Brasil". Então tá. T+. Abs.

sexta-feira, agosto 18, 2006

40 mil

E chegamos aos 40 mil acessos. Gosto de registrar até para poder fazer uma média e avaliar se continua ou não a progressão. Depois vou calcular. Enquanto isso, voltem sempre.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Profecia

Há 20 anos, um sujeito que viria a se tornar bem conhecido previu que o Internacional seria campeão mundial em 2006. Tenho isso registrado em vídeo. Breve, com a ajuda de um amigo, digitalizarei algumas imagens para postar aqui no blog. Se a profecia vai se concretizar, não sei, mas ele disse. A prova está numa fita VHS. Aguardem.

Isto é incrível!

Três pescadores mexicanos foram resgatados com vida após ficarem nove meses à deriva no Oceano Pacífico em um barco de apenas oito metros de comprimento. Sobreviveram comendo pássaros e peixes crus e bebendo água da chuva. A notícia (em inglês) está aqui.

quarta-feira, agosto 16, 2006

SAUDAÇÕES COLORADAS!!!

Tenho vizinhos que às vezes não me deixam dormir. Ficam tocando o rádio a pleno volume depois do horário de silêncio. Fazem algazarra. E muitas vezes a poluição não é apenas sonora: eles também fumam. E o cheiro invade o meu apartamento. Pobre da minha asma.

Uma noite dessas, resolvi que ia dormir cedo, para compensar as madrugadas com tradução atrasada. Até consegui, mas não foi fácil. Entrava aquele som de música pop para pré-adolescente (embora eles sejam adultos com filhos e tudo) me azucrinando os ouvidos. "Ama teu vizinho como a ti mesmo", diziam os mestres Sá, Rodrix & Guarabyra. Definitivamente, eu estou velho.

Mas hoje foi demais. Eu estava olhando a final da Libertadores. O Inter começou vencendo. Tudo bem. Mas quando o São Paulo empatou, foi aquele berreiro estridente de "gooooool"! "Como se não bastasse, eles ainda são gremistas", pensei. E secadores ostensivos.

Foi sofrido, mas chegamos lá. O Inter é Campeão da Libertadores da América. Normalmente eu sou discreto, não faço barulho, ouço música nos fones, mas hoje não resisti. Quando o jogo terminou, coloquei o televisor no volume máximo, bem na hora do Hino do Internacional. Depois, vim para a sala e liguei o rádio no mini-system numa altura considerável para o horário. Doce vingança! Doce vitória! Secador tem mais é que sufocar as mágoas naquela fumacinha fedorenta!

Agora o Grêmio só tem dois títulos que o Inter nunca teve. Um deles o Inter vai tentar conquistar em Tóquio. O outro acho difícil que a gente consiga. Mas tudo bem, não se pode ter tudo.

É o de Campeão da Série B.

Pai gremista, filho colorado

Meu pai era gremista. Não desses fanáticos, de ficar de mau humor quando o time perdia. Mas chegou a ser conselheiro do Grêmio. Eu vim a ser colorado por influência de meu ex-cunhado, mas de qualquer forma meu irmão mais velho também é. Em minha época de colorado fanático, meu pai gostava de tocar flauta em mim. Era uma forma que ele achava de interagir comigo, tudo num clima sadio entre pai e filho. Quando comecei a me desinteressar de futebol, notei que ele se decepcionou um pouco, pois perdeu um ponto de contato com o filho mais moço. As derrotas do Inter não tiveram mais o mesmo gostinho para ele.

Mesmo assim, continuei acompanhando os jogos mais importantes. Quando o Grêmio foi Campeão Brasileiro em 1981, lembro que Paulo Sant'ana comentou em sua coluna que os colorados não secaram o Grêmio. Alguns até fizeram, que eu sei, mas a maioria achou que, depois de três títulos colorados, era a vez dos gremistas. E a final foi justamente contra o São Paulo. O Grêmio fez bonito. Venceu o adversário aqui e lá. Eu olhei os jogos pela TV com meu pai e, acreditem, torci para o Grêmio. E ainda chamei meu pai para ver quando o ônibus do Grêmio passou em frente ao prédio, na Avenida Mauá, após o retorno de São Paulo.

Da primeira Libertadores que o Grêmio venceu, realmente lembro pouco. Mas a final do campeonato mundial contra o Hamburgo foi na noite de 10 para 11 de dezembro de 1983, justamente na minha festa de aniversário de 23 anos (que eu na verdade completaria no dia 12). A maior parte dos convidados já tinha ido embora, mas os amigos de fé ficaram. Meu pai chegou no final da noite. Aproveitei para tirar uma foto com ele e minha mãe, já que tinha decidido fotografar aquela festa e ainda tinha filme na máquina. Foi nossa última foto juntos. Depois, eu, ele e meus amigos assistimos ao jogo. Lembro que falei para o meu pai: "Até vou torcer pro teu time!" Como se eu nunca tivesse feito isso antes. E o Grêmio ganhou.

Não sei se o meu pai, onde estiver, vai torcer para o Inter hoje à noite. Talvez. Afinal, ele sempre me ensinou a torcer por times gaúchos contra os demais adversários. A final do Brasileirão em 1981 foi contra o São Paulo e eu ajudei a torcer para o Grêmio. O Grêmio já tem dois títulos da Libertadores. Os gremistas em geral eu sei que vão secar desesperadamente, pois temem perder a exclusividade do título mundial, como já perderam a do hepta. Mas se meu pai estivesse aqui, eu cobraria dele que torcesse para o Inter. E acho até que ele conseguiria. Acho. Ou fingiria muito bem para agradar o filho.

segunda-feira, agosto 14, 2006

O fã incondicional

(Publicado originalmente no International Magazine no segundo semestre de 2001. Muito antes da existência do Orkut, portanto.)

Não existe sujeito mais chato do que o Fã Incondicional. O fato de alguém comprar todos os discos de determinado ídolo, mesmo coletâneas e relançamentos, não caracteriza necessariamente um Fã Incondicional, mas um colecionador. Melhor dizendo: um “completista”. Não: o Fã Incondicional é muito pior. É o que enxerga o Ídolo como um artista perfeito, infalível e incontestável. E quem não enxergar isso, ou é burro ou é incompetente.

Atualmente, é fácil encontrar o Fã Incondicional. Basta cadastrar-se em algum grupo de discussão da Internet. Pobre de você se esperar uma conversa ponderada, isenta, temperada por uma visão crítica. O mais provável é que você se veja soterrado por e-mails de Fãs Incondicionais dedicam suas vidas única e exclusivamente a elogiar o Ídolo. Ah, ele é lindo, gente, vocês não acham? Ele não está um gato na capa do disco Tal? E se alguém sugerir uma lista de discos preferidos, não se surpreenda: os mais recentes vão liderar a votação. Os Fãs Incondicionais não eram nem nascidos quando saíram os melhores trabalhos do Ídolo.

O Fã Incondicional se interessa por notícias altamente relevantes como, por exemplo: morreu a sogra do baterista. Gente, não esqueçam de mandar suas mensagens de condolências para o e-mail sogradobaterista@morreu.com.br. Sim, é o mesmo nome de domínio que vocês já conhecem do ano passado, quando enviaram mensagens para tiodobaixista@morreu.com.br. Passa uma semana e começa a cobrança: Fulano, Beltrano e Cicrano, vocês não vão enviar suas mensagens? Ninguém pode ficar de fora, temos que mostrar nossa solidariedade! Se não sabem inglês, escrevam apenas “my sympathies”. Não, isso não significa que a sogra do baterista era simpática!

Como já foi dito, o Ídolo é perfeito. Logo, se sair uma crítica ruim ao disco mais recente, o jornalista é incompetente. O jornal não é sério. Existe um complô para desmoralizar o Ídolo. Nenhum jornal mais presta. Ídolo forever! Abaixo o babaca que falou mal dele! E não adianta tentar argumentar que a matéria apenas apontou prós e contras. Não existem contras. Ou melhor: existem sim. Estão todos contra ele, contra nós, são um bando de preconceituosos e invejosos.

Outra notícia importantíssima: lembram do guitarrista que tocou com o Ídolo por dois meses em 1996? Ele está excursionando com uma banda própria que breve deverá lançar um CD independente. Logo vocês lerão uma entrevista exclusiva com ele. Por enquanto, recebam mais fotos do Ídolo. Sim, são todas da mesma época, todas recentes. E daí? Ele não está lindo? Se alguém tiver mais fotos para trocar é só enviar.

E atenção: nosso sócio Fulano de Tal esteve no exterior e assistiu a um show do Ídolo! Aqui vai o relato exclusivo: “Foi d+, incrível, afudê! O Ídolo simplesmente arrasou! Estava lindo como sempre e cantando como nunca! A banda também estava ótima e o público adorou! Foi um momento inesquecível não só para mim como para a platéia toda, que ficou num êxtase só! O show acabou mas nós queríamos sempre mais, mesmo depois do bis. Ele é realmente d+, foi uma experiência mágica que nunca mais sairá da minha memória. Obrigado, Ídolo!” Bem, aí está o relato de Fulano de Tal dando todos os detalhes sobre o show do Ídolo com exclusividade para o nosso grupo.

E o que vocês acharam do novo disco? Gostaria de ouvir a opinião de vocês. Eu achei maravilhoso, o máximo! O Ídolo está cada vez melhor! Gostei mais das faixas 1, 2, 3, 4 e 5. Ah, tem também a faixa 6, que é ótima! E as faixas 7 e 8 também merecem atenção. Acho que esse foi um dos melhores trabalhos do Ídolo, vocês não concordam? Junto com o último e o penúltimo, é claro. E os outros, também, todos excelentes.

Atenção, pessoal: vamos organizar um encontro. Não, não um encontrozinho qualquer. Um mega-evento. No mínimo umas 100 pessoas devem comparecer. Afinal, é para conversar sobre o Ídolo, quem vai querer ficar de fora? Se já providenciei tudo? Claro! Já mandei e-mail para todos os sites, jornais, rádio e TV avisando do encontro. Local? Transporte? Hospedagem? Isso se resolve. Importante é divulgar para que o Ídolo fique sabendo. Quem sabe ele não aparece de surpresa? (Às vezes, empresários de renome se frustram ao tentar trazer artistas que estão passando perto do Brasil. Mas um encontro de fãs vai fazer com que um astro que mora lá no outro lado do mundo vire a noite dentro de um avião, para depois pegar outro avião, um táxi, um ônibus, outro táxi, só para aparecer de surpresa na convenção. E depois percorrer o mesmo calvário no sentido inverso para voltar para casa.)

Voltando à realidade... É por essas razões todas que os grupos de discussão da Internet são para os realmente fanáticos. Esses se sentem à vontade. Os fãs casuais ou não sabem que são casuais (tem gente que pensa que é fã do John Lennon só porque gosta de “Imagine” e “Happy Xmas”), ou acabam caindo fora. Pra encerrar, mais um exemplo. O sujeito diz que gosta de tal música “apesar de ser da Carole King”. Ora, “apesar” por quê? O que você tem contra a Carole King? “Nada, é só porque não é uma música do Ídolo.” Ah, quer dizer que o que não for do Ídolo, em princípio, não presta? Queiram me excluir da lista, por favor!

domingo, agosto 13, 2006

Eu li!

"§ 3º - O disposto no artigo não se aplica ao imóvel cujo possuidor preencham as condições para aquisição da propriedade por meio de uso campeão" (grifos meus).

Está lá, na lei orgânica de certo município. Pelo visto o redator era "auto de data".

E antes que eu me esqueça: FELIZ DIA DOS PAIS!

sexta-feira, agosto 11, 2006

Fernando Ribeiro


Morreu Fernando Ribeiro, um dos mais importantes nomes do movimento musical gaúcho dos anos 70, contemporâneo de Almôndegas e Hermes Aquino. Ouvi Fernando pela primeira vez em 1976, tanto no programa de Mr. Lee (Júlio Fürst) quanto na programação normal da Rádio Continental. Suas músicas geralmente eram apresentadas com a observação "poeta do Porto", mas quem fazia as letras mesmo era o seu parceiro Arnaldo Sisson. Fernando foi contratado pela EMI e, em suas viagens ao Rio de Janeiro para gravar o primeiro LP, ligava para a rádio e entrava no ar, no Mr. Lee em Concerto, contando como haviam sido as sessões. Lembro bem da voz dele dizendo "gravamo Ultimamente, gravamo Não Demora...". Entre uma viagem e outra, ele comparecia ao estúdio da rádio para dar mais detalhes. Pouquíssimos músicos gaúchos promovidos por Mr. Lee conseguiram lançar LP e Fernando foi o único que teve a gravação divulgada passo a passo para os ouvintes. Por isso mesmo, é uma injustiça que o programa não mais existisse quando o disco chegou às lojas, em 1977.
"Em Mar Aberto" é uma obra-prima de MPB, um disco praticamente perfeito. A produção que a gravadora lhe proporcionou foi digna de um astro. Ali estão jóias como "Ultimamente", "Não Demora", "Hora Imprópria" e "Estado de Espírito". Coincidência ou não, a EMI viria a publicar um anúncio institucional de página inteira com a frase: "Eu quero um estado de espírito!" Tudo indicava que Fernando teria uma bela carreira pela frente, ainda mais com o apoio de uma major. Mas o mundo deu voltas. A gravadora gaúcha ISAEC, que até então apenas terceirizava seus estúdios, resolveu lançar-se como um selo. Contagiado por um idealismo bairrista, Fernando deixou a EMI para prestigiar a gravadora local. O problema é que a ISAEC tinha algumas deficiências típicas de uma gravadora pequena. O resultado é que o segundo LP de Fernando Ribeiro, "O Coro dos Perdidos", não teve a mesma qualidade de produção do anterior.

Em 1979, Fernando Ribeiro mudou-se para São Paulo e passou a trabalhar no Estúdio Vice-Versa, praticamente abandonando sua carreira de artista. A parceria com Arnaldo Sisson nunca mais foi retomada. Em 1988, o produtor cultural Luciano Alabarse trouxe Fernando a Porto Alegre para um show nostálgico, apenas para matar a saudade. Foi talvez a sua última apresentação. Já há algum tempo, Fernando enfrentava problemas cardíacos e respiratórios. Faleceu ontem, em São Paulo, no Instituto do Coração, aos 56 anos. Embora estivesse afastado da música, nós, os fãs, sempre tínhamos uma esperança de que ele voltasse. Ao menos, ainda temos os discos. Poderiam ser relançados em CD.


P.S.: "Em Mar Aberto" foi relançado em CD em 2011 pelo selo Discobertas, juntamente com os dois álbuns de Hermes Aquino da mesma época. Mais detalhes aqui.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Fim de noite

Quando eu tinha 20 e poucos anos, imaginava que conseguiria escrever uma coluna diária sobre música, se tivesse chance. Assuntos nunca me faltariam. Eu sabia que os jornais não publicavam colunas diárias sobre outros assuntos que não esportes, política e economia. Mas, numa situação hipotética, julgava-me capaz de discorrer sobre meu assunto preferido todos os dias.

Pois bem: neste blog eu posso escrever sobre o que eu quiser, inclusive música. E às vezes fico sem inspiração. Mas existe um caso pior: na terça-feira, dia 8, foi o fechamento do International Magazine, que é um jornal mensal. Como sou free-lancer, humildemente desculpei-me com o editor, mas disse que não colaboraria na próxima edição. Claro que deixei para a última hora! Aí, alguns contratempos me tiraram a inspiração para sequer pensar numa crônica ou algo mais inventivo. E eu achava que poderia encarar uma coluna diária!

Nestas horas, admiro cronistas que escrevem todos os dias. Faça chuva ou faça sol, nos bons e nos maus momentos, eles têm que marcar presença com textos bem escritos, que valham a pena ler. E conseguem. Luis Fernando Verissimo já escreveu diariamente, hoje colabora três vezes por semana. Mas outros, como Paulo Sant'ana, comparecem sol a sol. Ou lua a lua, se considerarmos que um jornal fecha à noite. Claro que ser "só" jornalista ajuda bastante, por se estar envolvido com as notícias 24 horas por dia. Ainda assim, é um mérito.

Depois de dois dias de "veranico fora de época" (aquele que acontece todos os anos em Porto Alegre mas só eu e os meteorologistas lembramos), a temperatura desceu um pouco. Voltei a pé para casa e os termômetros de rua marcavam 16 graus. Agora deve estar menos. Hoje a Zero Hora publicou um encarte sobre o centro de Porto Alegre e mostrou duas famílias que moram lá. Embora não tenham citado o endereço exato, a referência foi suficiente para saber que era o meu antigo prédio, entre Siqueira Campos e Mauá, com sacada para o Guaíba. É incrível como aquele edifício está virando "cult", atraindo intelectuais e profissionais de comunicação. A reportagem falava o tempo todo em "morar no centro", mas pegou justamente um local de exceção. Ter residência na Rua da Praia, por exemplo, não deve ser a mesma coisa. Lembro de um amigo que morava na General Vitorino, bem no fervo, mas o edifício foi demolido. Não sei o que estão construindo no lugar.

Meu filho vai estar comigo no Dia dos Pais. Nada mais justo. Eu estou aqui, no meu apartamento, sentindo o frio da noite entrando pela janela e chegando a uma conclusão: não é a solidão que dói, é a saudade. Solidão bem resolvida transmite uma paz incrível. O perigo é a gente se acostumar.

Dois anos

Com tantas preocupações na cabeça, quase ia esquecendo que hoje é o aniversário do blog. Obrigado a vocês que vêm aqui me visitar e que voltam pacientemente mesmo quando não não encontraram nada novo na visita anterior.

quarta-feira, agosto 09, 2006

O jogo

Claro que foi um bom resultado para o Internacional vencer o São Paulo por 2 a 1 no Morumbi. Mas, em se tratando de um "jogo de 180 minutos", é um escore frágil e perigoso. O São Paulo virá a Porto Alegre com sede de virada. O Inter devia ter aproveitado melhor seu bom momento para fazer até mais. Em vez disso, teve a diferença diminuída.

Mas foi bom. Agora é tudo no Beira-Rio.

Great minds think alike

Lembram do meu texto "Maus Perdedores", do mês passado? Hoje Martha Medeiros escreve na Zero Hora:

"A nossa histeria com a Copa do Mundo foi tanta que o pobre do Ronaldinho Gaúcho perdeu a noção e veio a público pedir desculpas por a Seleção não ter conquistado o Hexa. Raciocine. Um esportista, um ídolo, pedir desculpas por não ter vencido? Jogaram mal, mas perder não é crime, não mataram ninguém."

Certíssimo.

Assim também, na seção de esportes do mesmo jornal há uma matéria sobre a final do Inter na Libertadores em 1980. O ex-jogador Mário Sérgio opina sobre a derrota:

"O anúncio da venda de Falcão abalou demais a equipe. Ele não teve culpa, foi inabilidade dos dirigentes, que cometeram essa bobagem antes da decisão."

Isso remete a meu texto de ontem "Lembranças e sonhos".

terça-feira, agosto 08, 2006

Lembranças e sonhos

Às vezes lembro de quando o Internacional vendeu Falcão para o Roma. Foi em 1980. Houve uma verdadeira comoção na comunidade esportiva. A revista Placar imprimou na capa: "Incrível: venderam nosso maior jogador!" Dentro, um editorial fulminava: "Veste a 5, Asmuz!" O então presidente do Inter foi execrado por deixar ir embora um símbolo da era pós-Pelé. Foi bem na época da primeira vinda do Papa ao Brasil. Enquanto a multidão na Praça da Matriz gritava "ucho, ucho, ucho, o Papa é gaúcho", o chargista Marco Aurélio, da Zero Hora, desenhava os italianos respondendo "ano, ano, ano, Falcão é italiano". No Correio do Povo, Milton Jung escreveu um texto emocionado, dizendo que por algum tempo não teria graça acompanhar futebol. "Mas depois a gente acostuma", resignou-se.

Na verdade, eu diria que nos acostumamos depressa demais. Sem que ninguém soubesse, a ida de Falcão para a Itália foi o começo do esvaziamento do futebol brasileiro. As gerações mais novas nunca conhecerão a emoção de rever os jogadores da Seleção Brasileira nos times que disputam o Campeonato Brasileiro. Nossos craques estão todos na Europa. A última Copa em que os jogadores da Seleção eram todos de times brasileiros foi a de 1978 na Argentina. Hoje, a venda de um bom jogador para um time estrangeiro já não causa o furor de outros tempos. Pelo contrário: basta algum integrante de equipe local começar a se destacar e a gente já se pergunta: até quando ele estará aqui? Por quanto tempo o time conseguirá mantê-lo?

Mas em 1980 o futebol brasileiro ainda era nosso, só nosso. Por isso a saída de Falcão foi tão traumática. E, em nossa ingenuidade, ainda tentamos acreditar que seria um fato isolado. Que não seria o começo de um irreversível êxodo. Naquele momento, a sensação da perda deixou os colorados inconsoláveis. Esse desânimo generalizado, de alguma forma, influiu no desempenho do time em suas duas últimas partidas com seu maior craque. E foi justamente na final da Libertadores. O Inter empatou em zero a zero com o Nacional de Montevidéu no Beira-Rio, depois perdeu de 1 a 0 no Estádio Centenário. Falcão despediu-se com derrota.

Mas 26 anos se passaram. Os tempos são outros. Hoje já sabemos que nem adianta sonhar com novos "Falcões", que eles logo alçam vôo. Mas nosso futebol esvaziado ainda tem garra. Os craques estão na Europa, mas a camisa vermelha e a torcida motivada estão aqui. Perdemos Falcão em 1980, mas quem sabe não podemos ganhar a Libertadores em 2006? O São Paulo não é um adversário fácil, mas a chance existe.


Nunca mais teremos um Falcão. Mas ainda podemos sonhar com a taça.

sábado, agosto 05, 2006

Como é mesmo?

Encontrei na Internet várias referências a uma música da dupla Maycon e Renato chamada "Tem Nada Haver" (sic). O nome é esse mesmo? É assim que o título aparece impresso no CD? Então, sinto muito, está na hora de o povo aprender que o certo é "nada a ver" ou "tudo a ver"! Esse é outro erro que começou com casos esparsos e hoje está se alastrando assustadoramente. Chega! Até pode haver casos de frases em que se possa dizer, por exemplo, "apesar de nada haver acontecido..." ou "mesmo depois de tudo haver sido explicado...", mas esse "nada a ver" que se diz na linguagem coloquial não tem "nada a ver" com o verbo haver!

sexta-feira, agosto 04, 2006

Finalmente!

Acabo de saber que o programa de hoje de Ana Maria Braga incluiu uma extensa matéria sobre textos divulgados com falsas autorias na Internet, inclusive com a participação de Cora Rónai (autora do livro "Caiu na Rede"), Martha Medeiros (a autora que mais tem seus textos divulgados com nome alheio) e outros. Adoraria ter visto. Gostaria de saber se Ana realmente entendeu a dimensão do problema e se percebeu o quanto ela já pecou nessa questão. Muita gente é alertada sobre os textos apócrifos e, por achar que são apenas alguns casos isolados, segue confiando em e-mails e blogs. Ana Maria Braga poderia aproveitar para fazer uma "faxina" em seu site, apagando todos os apócrifos. Não adianta tomar pé da situação e continuar agindo da mesma forma.

Alguém gravou?

Adendo

Acabo de fazer um adendo a este texto postado originalmente em março. Achei melhor deixar as informações todas num só lugar.

De novo!

Quase pensei em colocar o título de "Desisto!", mas agora que já peguei fama de chato, vou persistir mais um pouco. Afinal, como diz o chavão, é um trabalho sujo, mas alguém tem que fazer.

Olhem a mensagem que acabo de receber:

ORKUT DELETADO Mensagem: Pelo fato de haverem muitos profiles não ativos e pelo grande número de fakes existentes, o orkut está limpando seu cadastro. Todas as pessoas que não repassarem essa mensagem em 48 horas terão seu profile deletado e não poderão se recadastrar após um mês ou em tempo indeterminado. JÁ FOI CONFIRMADO E O GOOGLE JÁ ESTÁ AGINDO!!!Para não ter seu orkut deletado, passe essa mensagem para todas as pessoas da sua lista de amigos aqui mesmo do orkut (inclusive a mim). Uma hora depois, aperte F5 ou o botão atualizar. O orkut imediatamente recadastrará seu profile e você já estará na nova lista de cadastros do orkut! O.B.S>>> Isso é verdade viu...por coincidência quando eu recebi esse e-mail de um amigo eu tinha a revista veja do dia 10/06 e fui vê-lo com mais atenção e realmente constava essa matéria...Faça sua parte...repasse esse aviso a todos os seus amigos da sua lista aqui do orkut (inclusive a mim). Depois de passar a todos da sua lista lembre-se de apertar F5 ou ATUALIZAR após uma hora o envio da mensagem ok. Pode ser ou não ser verdade, mas não quero perder contato com meus amigos...

Essa foi a primeira que recebi. Imagino quantas mais virão. Ainda vou bolar uma forma de ficar rico com essa credulidade infinita dos internautas.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Sessão coruja


Bons tempos em que eu e o Iuri cabíamos nesse carrinho. Hoje ele está quase da minha altura e eu, infelizmente, cresci pros lados.

Ingresso

Publico aqui a criação enviada por meu amigo Luiz Bonow. Bowie no Largo Glênio Peres seria algo bem divertido. Atentem para a "recomendação"!

Pausa para reflexão

Vocês devem ter notado que eu estou sem assunto ultimamente. Procuro manter o blog sempre ativo, mas já não escrevo um longo texto por dia, como no começo. Breve o blog irá completar dois anos e com certeza o segundo ano não foi tão inspirado quanto o primeiro. Um pouco, também, foi por falta de tempo. Nunca a frase "tempo é dinheiro" fez tanto sentido para mim. Quando falta um, falta o outro.

Mesmo assim, estive dando uma circulada por outros blogs e percebi uma diferença. Quando lancei este blog, no dia 10 de agosto de 2004, um colega viu e sugeriu que eu escrevesse uma crônica por dia. Como eu tinha uma série de idéias represadas, no início, não foi difícil seguir a sugestão. Além disso, acho que o fato de eu ser formado em jornalismo me subiu à cabeça e eu me impus a responsabilidade de fazer desta página uma espécie de "coluna". Pois estive olhando e percebi que outros blogueiros escrevem com fluência sobre qualquer assunto, sem grandes pretensões. No fundo, era isso que eu tinha em mente antes de colocar o projeto em prática. Mas na hora H acabei querendo sofisticar.

Meu plano original era comentar de tudo um pouco, sem stress. Contar, por exemplo, que anteontem liguei o meu IBM Aptiva velho de guerra para resgatar algumas traduções antigas e alimentar a memória do Wordfast. Foi uma sensação estranha, como entrar em uma velha casa. Aproveitei também para copiar alguns textos antigos que tinha enviado para o International Magazine e foi assim que esse "Artista cansado" acabou aparecendo, logo abaixo. Breve publicarei também "O fã incondicional".

Essa capacidade de escrever sobre qualquer trivialidade e ainda assim produzir um texto agradável é um dom que muitos blogueiros têm. Já leram a Vanessa Lampert, por exemplo? Antes eu só conhecia dela o blog "Autor Desconhecido", mas ela tem outro que é o "titular", onde ela escreve com mais freqüência. Ela discorre despreocupadamente sobre a vida e consegue manter seu blog sempre atualizado.

De qualquer forma, tenho alguns planos. Só preciso deixar de ser preguiçoso e arranjar tempo para colocá-los em prática. Assim como já postei imagens de programas de shows e discos do Saracura, Nei Lisboa, Engenheiros do Hawaii, Hallai-Hallai e Mauro Kwitko, breve devo começar a mexer também em minhas revistas para desenterrar algumas curiosidades. Vou precisar de espaço, paciência e cuidado, pois uma tarefa dessas vai levantar muita poeira e vocês sabem que eu tenho asma. Quero ainda postar algumas imagens raras que tenho em vídeo. O ideal seria capturá-las diretamente no computador. Talvez um dia eu tenha recurso pra isso.

O blog segue em frente. Só tenho que relaxar e não ser tão exigente comigo mesmo nos assuntos escolhidos. Levar mais na brincadeira, jogar conversa fora, bater papo com vocês. Assim o texto rende e vocês não precisam ficar lendo só minhas críticas e opiniões revolucionárias sobre o comportamento da humanidade.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Grande novidade

Está circulando na Internet uma notícia divulgada no site da BBC Brasil: cientistas americanos e espanhóis descobriram que água demais faz mal. Ora, bela novidade! Muita gente já morreu por overdose de água (também conhecida como afogamento).

Até a pé nós iremos

Está lá, no site oficial do Grêmio:

"Tendo em vista o ocorrido no último Gre-Nal, convidamos os torcedores que se identificarem na foto abaixo para comparecerem ao Estádio Olímpico e disponibilizar seu nome e endereço a fim de compor base de dados para que o Grêmio possa contribuir com a investigação promovida pelos poderes públicos distinguindo nossos verdadeiros torcedores."

Louvável medida. Como se a hipótese de alguém se apresentar espontaneamente não fosse inusitada o bastante, resta a pergunta: quem estava lá precisa examinar a foto para saber disso?

terça-feira, agosto 01, 2006

O artista cansado

(Publicado originalmente no International Magazine.)

Imagine o seu ídolo atingindo um momento crítico da carreira. Ou mais do que isso: de sua vida. Desde a infância ele sonhou em ser famoso. Ouvia o rádio, via TV e desejava estar lá, no ar, visível e audível para o mundo. Pensava no dia em que caminharia na rua e seria reconhecido. Daria autógrafos. Faria shows. Veria seus discos nas lojas. Teria todas as garotas que quisesse.

Um dia, o sonho acontece. É bom demais para ser verdade. Ele agora é um ídolo mesmo. Um Artista. As fãs querem um pedaço dele. Os discos vendem aos borbotões. No rádio, não se ouve outra coisa. No palco, ele canta e a platéia acompanha cada sílaba da letra que ele compôs. Nos bastidores, a maratona de tietes parece coisa de filme. O paraíso existe. O Artista é um ídolo. O ídolo é um Artista.

Por algum tempo, tudo é uma curtição. Os lugares que antes ele freqüentava incógnito agora se abarrotam de gente quando ele entra. Por onde o Artista passa, são autógrafos, abraços e correrias. Às vezes ele lamenta que não possa mais ter os seus momentos de sossego no barzinho da esquina. Ou olhar com calma os CDs em suas lojas preferidas. É o famoso “preço da fama”. Corre de um hotel para outro, mas no palco ele se realiza. No início, ao menos. Depois de um certo tempo, até isso vira rotina. Um script que ele já sabe de cor.

Um dia, o Artista se apaixona. Resolve casar. Os fãs, é claro, acham uma grande bobagem. E logo aquela feiosa, com tantas mulheres lindas a seus pés... Mas o Artista já cansou de rostos bonitinhos e corpinhos perfeitos que, além de estarem fartamente disponíveis, ainda vêm acompanhados de cabeças vazias. Agora ele quer uma mulher com quem possa se relacionar em outros níveis, inclusive intelectualmente. Alguém que o enxergue como ser humano. Quem sabe, uma mãezona para dar um colinho, de vez em quando. Ou até uma groupie devota e assumida que levante a sua auto-estima. Não importa. Ele achou essa mulher. Danem-se os conselhos do empresário, que pede que o namoro permaneça em segredo. Danem-se os fãs. Ou melhor: as fãs.

O Artista quer desfrutar algum tempo com sua mulher, mas não consegue: vem turnê pela frente. Ele pensa em colocá-la no grupo para tocar teclados com dois dedos e fazer backing vocals em microfone desligado, mas acha que a tramóia é óbvia demais para passar despercebida. Paciência. Quando podem, eles se encontram. Às vezes ela o acompanha nas viagens. E a união gera filhos. Eles agora são uma família. A família do Artista.

Depois da turnê, ele pensa em passar um fim-de-semana na praia ou na serra com a família. Mas não pode: a gravadora lembra que ele está devendo um disco. Ah, é mesmo... Um disco... Mas ele não compôs músicas suficientes. No tempo de solteirinho, cada noitada era tema para uma canção. No começo do grande amor, ele criou verdadeiras obras-primas. Mas passou. A paz e a placidez da vida familiar lhe tiraram a angústia inspiradora. Mesmo assim, ele vai para o estúdio, pensando nos sorrisos do filho que a babá está curtindo por ele. Pensa em cantar sobre isso, mas não consegue. Ao mesmo tempo, já estão lhe cobrando a próxima turnê.

Sai o disco. A crítica não perdoa. O Artista está perdendo a inspiração. Ora, isso ele já sabia antes de começar a gravar. Não precisava que a imprensa lhe dissesse. Era o que ele próprio quereria ter dito para a gravadora, se ousasse. Mas não há tempo para pensar nisso: vêm mais shows pela frente. Desta vez, sua esposa não o acompanha. Fica com os filhos. A solidão começa a cobrar a conta. As tietes voltam a ter aparência de maçã nas mãos de Eva. Mas o que ele não esperava é que a tentação também fosse bater à porta de sua própria casa, enquanto ele excursionava. A essas alturas ele já nem sabe dizer quem tomou a iniciativa, mas o fato é que o seu casamento acabou.

Pode haver um lado bom nisso, não? Livre novamente? Mas não da fama. Continua o assédio. Antes ele gostava. Agora, serve apenas para afogar as mágoas. Encontra outra mulher. Mais um disco. Mais uma turnê. Há quanto tempo ele não vê os filhos. Estúdio. Palco. Hotel. Namorada. Bastidores. Tietes. Hotel. Palco. Hotel. Palco. Hotel. Palco. Empresário cobrando. Gravadora cobrando. Namorada cobrando.

Um dia, ele dá um basta. Chega! Anuncia a seu empresário que não vai mais fazer shows. O empresário não aceita. De jeito nenhum. No auge da fama? Com a perspectiva de mais uma excursão mundial pela frente? Mas o Artista não quer saber. Ninguém mandou fechar datas sem consultá-lo antes. Avisa também à gravadora que não vai renovar o contrato. Sem mais discos! A notícia chega aos fãs, que mal podem acreditar. Que sujeito mais burro! Com todo esse talento, vai pendurar as chuteiras? Deixar de gravar discos, fazer shows e todas as outras coisas geniais a que só os artistas têm direito? E nós, que tanto gostamos do seu trabalho, como ficamos? Isso não é justo! Mas nada o demove da decisão.

E assim, para perplexidade geral, o Artista decide parar. Talvez reconstrua uma família e vá viver numa fazenda, onde possa plantar seus amigos, seus discos e livros e nada mais. Ou quem sabe um dia sinta a falta das luzes e do assédio e ressurja das cinzas como o messias para a turma de sua geração. Ou ainda, poderá sumir da mídia para virar lenda e nunca mais recuperar totalmente a paz desejada. Fãs hão de peregrinar até sua porta, paparazzi o fotografarão de surpresa buscando o jornal e, horror dos horrores, empresários ousarão profanar seu retiro com ofertas milionárias para uma volta triunfal. Mas o Artista não quer nada disso. Os fãs e gravadoras que tanto pedem seu retorno não sabem o que estarão lhe roubando se conseguirem forçá-lo a essa opção. Por isso ele resiste, se fecha, se resguarda, movido por uma ânsia de paz e anonimato que os simples mortais talvez nunca venham a compreender.

(Esse texto de ficção é em homenagem a Cat Stevens, Syd Barrett, John Lennon, Arnaldo Baptista e tantos outros que um dia resolveram dar um tempo - alguns em definitivo, outros pensando em voltar.)

Até quando?

Será que algum dia os internautas vão se convencer de que essas "notícias exclusivas" divulgadas por e-mail que "a imprensa está abafando", com a recomendação de repassar para o maior número de pessoas, são todas falsas? Mesmo as que dizem que "deu na Globo", "deu na Band" ou sei lá onde?

Se tivesse realmente "dado na Globo", os outros órgãos de imprensa já estariam divulgando!

Lembram quando "deu na Globo" que o Orkut passaria a ser pago?

Lembram quando o guaraná Kuat estava matando? Depois mudou para Fanta Uva, mas o hospital e o número de mortos continuava o mesmo.

Lembram quando denunciaram que as caixinhas de leite eram reutilizadas e o número de vezes aparecia na base?

Lembram quando mandaram apagar o "vírus" do ursinho? Um monte de gente deletou para depois descobrir que era um arquivo normal do sistema.

Alguém alguma vez recebeu uma só "notícia exclusiva por e-mail que a imprensa está abafando" que tenha se confirmado depois?

Se você descobrisse um fato que merecesse divulgação, o que faria? Procuraria a imprensa ou enviaria um e-mail para o maior número de pessoas?

ESSA "FRAUDE NA MEGA-SENA" É MENTIRA! NÃO "DEU NA BAND" COISA NENHUMA! NEM NA RECORD! NEM EM LUGAR NENHUM! PAREM DE REPASSAR ESSA IDIOTICE!

A Mega-Sena acumula porque é realmente difícil ganhar. E é exatamente essa dificuldade que torna o prêmio tão atraente para os apostadores.

Até quando as pessoas vão continuar acreditando em tudo o que recebem por e-mail?