Pai gremista, filho colorado
Mesmo assim, continuei acompanhando os jogos mais importantes. Quando o Grêmio foi Campeão Brasileiro em 1981, lembro que Paulo Sant'ana comentou em sua coluna que os colorados não secaram o Grêmio. Alguns até fizeram, que eu sei, mas a maioria achou que, depois de três títulos colorados, era a vez dos gremistas. E a final foi justamente contra o São Paulo. O Grêmio fez bonito. Venceu o adversário aqui e lá. Eu olhei os jogos pela TV com meu pai e, acreditem, torci para o Grêmio. E ainda chamei meu pai para ver quando o ônibus do Grêmio passou em frente ao prédio, na Avenida Mauá, após o retorno de São Paulo.
Da primeira Libertadores que o Grêmio venceu, realmente lembro pouco. Mas a final do campeonato mundial contra o Hamburgo foi na noite de 10 para 11 de dezembro de 1983, justamente na minha festa de aniversário de 23 anos (que eu na verdade completaria no dia 12). A maior parte dos convidados já tinha ido embora, mas os amigos de fé ficaram. Meu pai chegou no final da noite. Aproveitei para tirar uma foto com ele e minha mãe, já que tinha decidido fotografar aquela festa e ainda tinha filme na máquina. Foi nossa última foto juntos. Depois, eu, ele e meus amigos assistimos ao jogo. Lembro que falei para o meu pai: "Até vou torcer pro teu time!" Como se eu nunca tivesse feito isso antes. E o Grêmio ganhou.
Não sei se o meu pai, onde estiver, vai torcer para o Inter hoje à noite. Talvez. Afinal, ele sempre me ensinou a torcer por times gaúchos contra os demais adversários. A final do Brasileirão em 1981 foi contra o São Paulo e eu ajudei a torcer para o Grêmio. O Grêmio já tem dois títulos da Libertadores. Os gremistas em geral eu sei que vão secar desesperadamente, pois temem perder a exclusividade do título mundial, como já perderam a do hepta. Mas se meu pai estivesse aqui, eu cobraria dele que torcesse para o Inter. E acho até que ele conseguiria. Acho. Ou fingiria muito bem para agradar o filho.
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