Fim de noite
Pois bem: neste blog eu posso escrever sobre o que eu quiser, inclusive música. E às vezes fico sem inspiração. Mas existe um caso pior: na terça-feira, dia 8, foi o fechamento do International Magazine, que é um jornal mensal. Como sou free-lancer, humildemente desculpei-me com o editor, mas disse que não colaboraria na próxima edição. Claro que deixei para a última hora! Aí, alguns contratempos me tiraram a inspiração para sequer pensar numa crônica ou algo mais inventivo. E eu achava que poderia encarar uma coluna diária!
Nestas horas, admiro cronistas que escrevem todos os dias. Faça chuva ou faça sol, nos bons e nos maus momentos, eles têm que marcar presença com textos bem escritos, que valham a pena ler. E conseguem. Luis Fernando Verissimo já escreveu diariamente, hoje colabora três vezes por semana. Mas outros, como Paulo Sant'ana, comparecem sol a sol. Ou lua a lua, se considerarmos que um jornal fecha à noite. Claro que ser "só" jornalista ajuda bastante, por se estar envolvido com as notícias 24 horas por dia. Ainda assim, é um mérito.
Depois de dois dias de "veranico fora de época" (aquele que acontece todos os anos em Porto Alegre mas só eu e os meteorologistas lembramos), a temperatura desceu um pouco. Voltei a pé para casa e os termômetros de rua marcavam 16 graus. Agora deve estar menos. Hoje a Zero Hora publicou um encarte sobre o centro de Porto Alegre e mostrou duas famílias que moram lá. Embora não tenham citado o endereço exato, a referência foi suficiente para saber que era o meu antigo prédio, entre Siqueira Campos e Mauá, com sacada para o Guaíba. É incrível como aquele edifício está virando "cult", atraindo intelectuais e profissionais de comunicação. A reportagem falava o tempo todo em "morar no centro", mas pegou justamente um local de exceção. Ter residência na Rua da Praia, por exemplo, não deve ser a mesma coisa. Lembro de um amigo que morava na General Vitorino, bem no fervo, mas o edifício foi demolido. Não sei o que estão construindo no lugar.
Meu filho vai estar comigo no Dia dos Pais. Nada mais justo. Eu estou aqui, no meu apartamento, sentindo o frio da noite entrando pela janela e chegando a uma conclusão: não é a solidão que dói, é a saudade. Solidão bem resolvida transmite uma paz incrível. O perigo é a gente se acostumar.
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