domingo, dezembro 31, 2006

Virada de ano

O ano de 2006 foi bom. Poderia ter sido melhor, mesmo assim foi excelente. E este blog teve seu momento de glória. O "vídeo da profecia" de André Damasceno incorporou-se com destaque a toda a torcida e expectativa pela vitória do Internacional no Japão. Sabe lá se não ajudou a todos a acreditarem um pouquinho mais na vitória do Inter contra o poderoso Barcelona. E foi este blog que descobriu e divulgou. Houve quem comentasse: "Ah, isso foi só uma brincadeira que ele fez!" Ora, é claro que foi uma brincadeira! Chego a ficar perplexo que alguém possa achar que eu realmente interpretei a sátira do humorista como uma "profecia". Mas foi uma feliz coincidência, não foi? Que sirva de exemplo para as emissoras de TV valorizarem mais o seu material de arquivo. Eu duvido que a RBS, por si só, tivesse descoberto essa relíquia.

Certa vez, num festival de Gramado, o ator mirim italiano Salvatore Cascio, o Totó do filme "Cinema Paradiso", inaugurou um projetor. Ele moveu uma alavanca, começou a bater palmas e todos ao seu redor aplaudiram também. Isso foi mostrado na TV e, de relance, enxerguei o mestre Aníbal Damasceno Ferreira, meu ex-professor de cinema na Faculdade e grande amigo. Um dia o encontrei na rua e, como sempre acontece nessas ocasiões, esquecemos da hora conversando. Comentei que o tinha visto na televisão e ele me contou que a idéia de pedir para o garoto inaugurar o projetor foi dele, Aníbal. E me perguntou se eu tinha visto o filme "A Festa de Babette". Não, não tinha. Ele explicou: "Naquele filme, Babette prepara todo o banquete e a festa é um sucesso, mas ela própria nunca recebe crédito ou elogios. Apenas fica feliz de ver seu trabalho recompensado." Talvez as palavras do mestre não tenham sido exatamente essas, mas o que ele quis dizer é que se sentiu como Babette nesse festival de Gramado. Não só a idéia da inauguração foi dele, como ele preparou tudo, indo bater na porta do quarto do ator para fazer o convite, depois orientando os procedimentos na hora H. O resultado foi mostrado na TV, mas Aníbal em momento algum foi mencionado. Apenas apareceu rapidamente no final. Mas ele se sentiu gratificado por saber que aquilo tudo aconteceu por iniciativa dele, mesmo sem reconhecimento.

Pois o vídeo de André Damasceno (por sinal, sobrinho de Aníbal) foi a "Festa de Babette" deste blog. E tenho que dividir o mérito com meu colega Edson Iran e Silva Campos. Minha idéia original era apenas mostrar imagens capturadas e transcrever o texto, como aliás cheguei a fazer. Foi o Edson quem sugeriu: "Por que não coloca o vídeo todo digitalizado?" Contratei o serviço dele mesmo para fazer isso. Pedi que colocasse um "carimbo" com o endereço do blog. Um dia desses, durante as minhas férias, ele me ligou para dizer que o vídeo que ele próprio tinha digitalizado em casa lhe tinha sido enviado por e-mail. Fechou-se o ciclo. O "vídeo da profecia" tocou no rádio, apareceu em sites da imprensa, foi citado por jornalistas e até o próprio André acabou dando uma entrevista sobre o assunto. Mas nada disso teria acontecido se este blog não o tivesse divulgado. O vídeo ficou famoso. O blog, nem tanto, mesmo com o "carimbo" por cima. Mas não importa. Eu me sinto gratificado da mesma forma. Participei ativamente da torcida para que o Inter fosse Campeão do Mundo. E deu certo.

Ano novo, assuntos novos. Ou quase: o relato do veraneio vai prosseguir. Mas não voltarei a falar no "vídeo da profecia" a menos que surja alguma novidade. Aí, claro, não vou resistir. De resto, até o texto de apresentação do blog voltará a ser o anterior. Postei bem menos este ano, mas o blog continuou participativo e razoavelmente visitado. A média de visitas aumentou de 70 para 90 por dia. Torçamos para que 2007 só nos traga boas novas.

Feliz Ano Novo!

A chegada



O pórtico acima já deve ter confundido muita gente. Não, desta vez não vou propor nenhum "teste de visão". Com certeza está escrito "BEM-VINDO A XANGRI-LÁ". Só que, tradicionalmente, essa é a entrada de Capão da Canoa e Atlântida. A entrada para Xangri-Lá fica um pouco antes, na Estrada do Mar. Antigamente a mensagem era "Bem-vindo a Capão da Canoa". E fazia mais sentido. Ocorre que, quando Xangri-Lá se emancipou, Atlântida passou a fazer parte do novo município. E como a primeira área depois da divisa pertence a Atlântida, o pórtico foi alterado. Então hoje você entra à direita onde a seta indica "Capão da Canoa" (vide fotos anteriores) e recebe um "Bem-vindo a Xangri-Lá". Mas devem ser pouquíssimos os motoristas que cruzam esse pórtico com destino à praia que lhes dá as boas vindas. Ao menos, a praia original, já que, a rigor, Atlântida é agora parte de Xangri-Lá. Mas continua sendo chamada de Atlântida.
Agora, sim, chegamos a Capão da Canoa.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Dois testes

Vamos começar com um teste de visão. O que você lê na foto abaixo?

Então? Olhou bem? Pode examinar com calma, não tem pressa. Clicando em cima a foto fica um pouco maior, caso não esteja conseguindo enxergar com clareza.

Pois bem: por acaso você enxergou a palavra "ABERTO"? Foi? Ótimo! Então ainda não estou vendo coisas, pois foi exatamente o que eu li.

Agora vamos a um teste de lógica. Se você está dirigindo na Estrada do Mar em direção a Capão da Canoa, resolve parar para comer alguma coisa e enxerga essa placa na porta, isso significa que o local está:

a) aberto;

b) fechado.

Aqui também, pode pensar com calma. Se quiser pedir ajuda aos universitários ou a algum amigo mais inteligente, não tem problema.

Se depois de muito confabular, você e seus consultores concluíram que a resposta certa é a letra "a", respiro aliviado, pois foi o que pensei, também. Ainda não estou louco.


Eu queria matar as saudades do Yogurte Caseiro Gaúcho. Lembram do jingle? "Yogurte Caseiro Gaúcho / você vai gostar demais / dessas delícias naturais / iogurte / é pra quem curte / sa-ú-de / na Perimetral do Parcão / na Marquês do Pombal / e durante todo o verão / em Capão da Canoa..." Infelizmente, o Yogurte se mudou de vez para a Estrada do Mar. Já faz tempo. Não tem mais em Porto Alegre nem no centro de Capão (depois posto a foto do antigo prédio, que ainda está lá). Mas a Estrada do Mar pode ser uma boa pedida, por que não? Estacionei o carro e fiquei feliz de ver o "ABERTO" na plaqueta. Bem, acho que é isso, né? Só que encontrei a porta trancada. Apertei a campainha e o dono me atendeu. Disse que estavam fechados, acrescentando que "é véspera de Natal". Claro! Se é véspera de Natal, é óbvio que eles estão fechados. A lógica é cristalina! Mesmo assim, mostrei a placa, para justificar por que estava sendo inconveniente em importuná-los em plena véspera de Natal. E ele respondeu: "É só virar..." Mas nem assim virou! Essa foto que aparece aí em cima foi tirada depois. Acho que o aviso não devia ser para o público: era para ele saber que estava fechado e lembrar de dizer isso cada vez que algum chato fosse importuná-los bem na véspera de Natal!

Brincadeiras à parte, vale a pena conhecer o Yogurte Caseiro Gaúcho. Além do iogurte tradicional eles têm iogurte pra beber (nada a ver com o industrializado que se vende em supermercado) e um delicioso sorvete de iogurte com consistência firme, não aqueles "frozen yogurts" de torneirinha. E uma diversificada linha de alimentos naturais. Recomendo. Só não esqueçam, quando aparecerem por lá, de perguntar se a plaquinha de "ABERTO" é para enfeitar a porta ou se estão realmente atendendo.

A viagem




Peço licença àqueles que acessam o blog para ler crônicas, comentários sobre música, cinema e futilidades gerais, mas as próximas postagens serão para mostar as nossas fotos de viagem. Ali pertinho, em Capão da Canoa. Irei postando aos poucos, entre uma atenção e outra ao meu filho (que está dormindo agora). Aproveitarei também para lembrar alguns lugares da minha infância e adolescência.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Novo boletim de Capão

Continuamos aqui, em Capão da Canoa. Achei outro serviço de Internet mais barato do que o anterior. Mas continuo não podendo postar fotos.

Caminhando por entre as ruas do balneário, vinha pensando sobre uma peculiaridade de minha predileção por Capão e Atlântida, que sempre enxerguei como um local só. Para mim, o mar sempre foi apenas um entre muitos atrativos que a praia me oferece. "Ir à praia", no sentido estrito da expressão, nunca me foi essencial. Isso levou um amigo meu a concluir que eu "não gosto de praia". Mas não é bem isso. Não sinto é essa necessidade que outros têm de ir correndo para a beira-mar. Isso, realmente, não me faz falta.

Na infância, vir para a praia representava, para mim, caminhadas até Capão ou o centro de Atlântida para comprar meus adorados gibis. Na volta, eu me instalava em meu quarto ou em minha "barraca de índio" e lia todos. Normalmente deixava as revistas na casa da praia, mesmo, então relia tudo no veraneio seguinte. Além de comprar mais, é claro. As vindas à praia também eram para tomar sorvete, jogar cartas (o que hoje detesto) e ir ao Parque de Diversões. Depois surgiram os fliperamas.

Com um pouco mais de idade, descobri uma nova paixão: andar de bicicleta. Comecei a vasculhar as ruas de Atlântida, indo além do limite inicial da quadra onde ficava a casa. O verão de 1973 ficou marcado para mim como o veraneio da bicicleta. Lembro que torcia ansiosamente pela chegada do próximo, para revisitar os trajetos que eu fizera no ano anterior. E assim, por muitos anos, os passeios de bicicleta eram a marca registrada dos meus veraneios. E eu adorava. Continuava comprando gibis, mas em menor quantidade. Agora eu lia menos e ouvia mais música.

Por fim, houve a fase de atleta, aos 20 e poucos anos. E nisso as praias gaúchas são imbatíveis, com seu litoral reto, areia firme e aparente infinitude para os dois lados. Mesmo hoje, que não corro mais, continuo achando que nossas praias são perfeitas para uma boa caminhada. Talvez por isso, e por tudo o mais que descrevi, é que inicialmente me decepcionei com os balneários de Santa Catarina. Todos diziam que "aquilo sim que é praia", mas eu achei tudo muito pequeno e recortadinho. Pouco importava que a água fosse limpa. Isso não era o principal para mim.

Não se enganem: eu gosto do mar. Várias vezes pensei em gravar o barulho das ondas para ouvir depois na cidade. Mas prefiro curtir a praia ao cair da tarde, mais ou menos na hora do pôr-do-sol. A luminosidade deixa tudo mais bonito nesse horário. Sempre gostei de caminhar na praia, de tomar banhos de mar. O que nunca me fez falta é a "social" pela manhã com sol a pino em meio a uma superpopulação de guarda-sóis. Também não gosto de me "instalar" na areia, cheio de apetrechos, e ficar ali sentado horas a fio. Conheço gente que chega em Capão, não importa o horário, e a primeira coisa que faz é colocar roupas de banho e sair feito criança anunciando: "vamo pra praia!" Eu adoro Capão e Atlântida, mas por um conjunto de coisas das quais o mar é apenas uma delas. Foi assim que eu me acostumei.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Direto de Capão da Canoa

Achei! Achei um cybercafé no centro de Capão da Canoa! Agora são 11 da noite do dia 25 de dezembro. Acho que esta é a primeira vez que venho para a praia no Natal. E, pelo visto, pouca gente vem nesta data, mesmo com feriadão. Natal é pra se passar em casa, com a família. E o dia 24 é para fazer as compras de última hora. Vai daí que a praia, se não está exatamente vazia, não chega a lembrar alta temporada. Já o Ano Novo é diferente. Não é só a entrada do ano, mas também a inauguração oficial do veraneio.

Eu pretendia postar fotos, mas este computador não reconheceu minha Sony como unidade. Fica para a volta. Fazia cinco anos que eu não vinha para cá. Algumas coisas mudaram. Não tem mais o Hotel Riograndense no centro de Capão. Em seu lugar está um shopping. Também não tem mais o Pastelão, substituído por uma loja de presentes e brinquedos. Felizmente, ainda existe o restaurante Juremas, que continua servindo o melhor filé à milanesa com fritas do mundo. Sim, eu sei que estou de dieta. Mas depois de cinco anos, a saudade foi maior. E eu ainda uso aquele molho verde da entrada para misturar com o bife. Fica uma delícia. Mas também foi só. A próxima vez, só no ano que vem. Ou daqui a cinco anos.

Eu e minha namorada estamos numa pousada na chamada "zona nova" de Capão. Tão nova que já deve ter uns 30 anos, talvez 40. São as quadras que ficam depois do Centro, em direção a Araçá. Acho que antigamente era chamada de "Capão Novo", até que criaram uma praia com esse nome lá no início dos anos 80, então apenas o nome "zona nova" permanece. Ontem dei uma passada de carro por Atlântida, para rever os locais da infância. As casas estão todas isoladas por cerca. Acabou aquela tranqüilidade de atalhar pelo terreno do vizinho. Também não existe mais o "chopinho", no centro de Atlântida.

Outra saudade que eu pretendia matar era do Yogurte Caseiro Gaúcho, que já há alguns anos se mudou definitivamente para a Estrada do Mar. Mas estava fechado. Mais detalhes quando eu puder postar fotos, pois aí vocês vão entender por que fiquei indignado.

Até mais.

sábado, dezembro 23, 2006

Feliz Natal!

Feliz Natal aos visitantes do blog! Amanhã (domingo) vou para a praia (Capão da Canoa) e volto só na sexta. Mesmo assim, está nos meus planos acessar a Internet em algum cyberalgumacoisa. Se me deixarem, é claro. Se puder postar fotos, melhor ainda.

Porto Alegre, até a volta!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Túnel do tempo

Às vezes, quando estou passando em revista minhas velhas fitas VHS de 20 anos atrás, fico imaginando o que os vizinhos devem pensar quando escutam. Prefiro até baixar o volume para não deixar ninguém confuso. "Assista a seguir Cassino do Chacrinha!" "Assista a seguir Grande Sertão Veredas!" "O programa a seguir foi liberado pela Censura Federal..." "O Vídeo Show deseja a todos um ótimo 1986..." "Teixeirinha morreu ontem..." "Faz dois anos que perdemos Janete Clair..." "Leia amanhã em Zero Hora: primeiros laudos sobre a morte de Tancredo!" "A tragédia do Challenger, ocorrida ontem..." Se alguém ouve, deve pensar: "Nossa, o vizinho está no túnel do tempo!"

terça-feira, dezembro 19, 2006

Geração MP3

(Publicado originalmente no International Magazine.)

Depois de muito argumentar pela Internet e, pelo menos uma vez, aqui no IM, cheguei a uma conclusão: é impossível combater a pirataria em MP3 ou CDR. O dano é irreversível. Não há como convencer toda uma geração que já cresceu "baixando música" de que é mais vantagem investir no produto oficial. Pelo contrário: essa garotada é que não entende como pode haver gente que ainda compra CD em loja. Já paguei muito mico tentando orientar quem me perguntava onde encontrar tal gravação. Ficava todo feliz de informar não só que ela estava disponível em CD, mas também onde encomendar. Mas o que o sujeito queria saber era onde achava para baixar. Em alguns casos a minha resposta não era de todo desperdiçada. A pessoa respondia: "Obrigado pela dica, já baixei!"

Diante dessa constatação, só o que eu desejo é que o CD oficial continue existindo enquanto eu viver, para que eu possa seguir abastecendo a minha coleção. Não adianta, eu me acostumei com música adquirida em meio físico, com capa, encarte e rótulo. É uma mentalidade herdada do valor que minha mãe dava aos livros. Em minha infância, eu não entendia por que ela era tão rigorosa em dizer que livro não se risca e não se recorta. Ora, no que isso prejudica a leitura? Mas ela, em sua sabedoria, ensinava: "livro é jóia". Por isso até hoje eu não me contento com xerox ou textos digitalizados. E estendo essa lógica para a música: quero o original, não cópia. É um princípio de colecionador que os filatelistas entendem muito bem. Que eu saiba, eles continuam interessados em selos e não em imagens jpg.

Mas existe ainda uma questão técnica. A rigor, o mp3 não tem a mesma qualidade de áudio de uma faixa original de CD. O formato utiliza compressão de dados com descarte de informações. Em outras palavras, nem todo o som é armazenado. Ficam de fora basicamente ruídos que o ouvido humano não percebe ou sons "mascarados" pela presença de outros mais intensos. Essa é a teoria. Na prática, dependendo do grau de compressão utilizado, pode haver uma perda significativa na fidelidade. Por isso mesmo, os chamados "audiófilos" não querem nem ouvir falar em mp3.

Mas o povo não está preocupado com esses detalhes. Alguns, reconheça-se, fazem um uso inteligente do mp3, convertendo raridades de vinil, gravações inéditas do rádio ou de shows ou pesquisando artistas obscuros de outros países. O mp3 também agiliza o envio de músicas para divulgação às rádios. Mas esses casos são minoria. A massa quer mesmo é usar Emule e similares (acreditem, não entendo nada disso) como substituição à antiquada loja de discos. Em minha adolescência, quando se gostava muito de uma música, perguntava-se: "Não tem em compacto?" Era a forma de adquirir somente a faixa preferida sem gastar o dinheiro da mesada num caro LP. Hoje o mp3 tomou o lugar dos compactos sem custar um centavo.

E as gravadoras, como ficam? Quanto mais rápido aceitarem a nova realidade, melhor para elas. Não adianta chorar o passado. O tempo em que a única forma de "roubar música" era gravando uma fita cassete de péssima qualidade há muito já passou. Justo ou injusto, o mp3 veio para ficar. E não adianta lançar disquinhos tipo "Copy Controlled". O efeito é meramente punitivo, pois impede que a turma da pirataria tenha acesso às faixas protegidas. Mas ninguém entre eles vai comprar o que não pode baixar. Ouvem outra coisa, mas não compram. Com isso, quem acaba sendo penalizado é o fiel colecionador de originais, que não pode tirar cópias para si mesmo para levar no carro ou para o trabalho. Ou pior: nem mesmo consegue tocar os discos de cópia inibida em todos os aparelhos. A rigor, o "Copy Controlled" não é um CD, pois não segue à risca as especificações do padrão criado pela Phillips. Alguns títulos da segunda série dos Fevers foram reconhecidos como "VCD1.1" pelo meu DVD Player Gradiente D461, que não reproduziu som nenhum. Como diz o chavão, os justos pagam pelos pecadores.

Então o primeiro passo seria as gravadoras aceitarem que, no novo milênio, estão atendendo a uma parcela de público mais restrita e exigente. Esses têm que ser bem tratados, pois são clientes especiais. Merecem lançamentos caprichados, com encartes informativos. Nada de obrigá-los a sofrer com os "Copy Controlled" da vida. Fazendo uma comparação, é como se um artista encontrasse uma platéia pequena ao abrir do pano e descarregasse justamente nos que vieram. O público presente, ainda que reduzido, faz jus a um bom show. Em segundo lugar, é preciso imaginar novas formas de ganhar dinheiro com música. O mercado como um todo tem que se readaptar. Aliás, já está acontecendo. Chego a imaginar que um dia os artistas lançarão suas gravações de forma totalmente gratuita pela Internet em MP3, mas com alto grau de compressão. Quem quiser o áudio perfeito comprará o CD, que poderá vir autografado ou com algum item exclusivo para torná-lo atraente. Pronto, assim ficam todos satisfeitos.

Por fim, para que fique bem claro de que lado estou, convido os leitores do IM a conhecer duas heróicas comunidades do Orkut: "Eu odeio MP3" e "Eu odeio CD Pirata". Não foram criadas por mim, mas têm o meu total apoio.

domingo, dezembro 17, 2006

CUMPRIU-SE A PROFECIA!

DÁ-LHE COLORADO! MOSTRA PRA ELES, MOSTRA!

"As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera", dizia a frase de Che Guevara. Pois troquemos "matem" por "colham" ou "levem". O primeiro mundo pode levar nossos melhores jogadores. Mas nenhum dinheiro no universo compra a vocação do brasileiro para o futebol. Que nasce nas várzeas, nos bairros pobres, com bolas de meia, pedras, laranjas, qualquer coisa. Para cada Ronaldinho que um time europeu rico levar, surgirá um Alexandre Pato. E se ele também for, outro entrará no lugar dele. E assim por diante. E se os melhores jogadores precisarem sair, como aconteceu hoje, os reservas entrarão com garra e orgulho.

Eu estava apreensivo com essa final. Sabia que era um momento único, que não podia ser desperdiçado. Mas tinha consciência também de que o Barcelona era favorito. Fiquei ainda mais preocupado com a vitória espetacular do adversário do Inter na partida anterior. Estava me preparando psicologicamente para um resultado negativo. Mas hoje, ao ver a torcida maciça que se reuniu no Parcão, em Porto Alegre, para assistir ao jogo no telão, e imaginando que haveria vários outros grupos em bairros diversos, comecei a ficar otimista. Eu acredito em força do pensamento positivo. Só um evento como esse para fazer o gaúcho estar acordado com todo o vigor num domingo às 8 da manhã. Quando vi aquela massa alvi-rubra mandando boas vibrações daqui, e depois quando ouvi a nossa torcida que atravessou o mundo gritando no estádio japonês, senti que era possível. O Inter podia ser Campeão do Mundo.

De um lado, a seleção de estrelas mundiais do todo-poderoso Barcelona. Do outro, a garra de um time sul-americano que já viveu dias melhores, mas chegou lá com determinação. O Barcelona soube dominar melhor a bola. O Inter tinha dificuldade de avançar. Mas a defesa heróica, liderada por Clemer, não deixava a bola entrar. Quando aconteciam os contra-ataques, eu sentia que era por ali. Tinha que acertar um chute.

Agora é fácil falar, mas eu garanto a vocês que tive um pressentimento de que o Inter iria fazer um gol na segunda metade do segundo tempo. Na verdade, eu acho que queria isso. O jogo estava difícil. Se houvesse chance de vitória, seria por 1 a 0. E o gol não poderia sair cedo demais. Foi feito na hora certa. Saiu Alexandre Pato, Fernandão teve que sair também, mas o Inter teve energia, teve vontade.

Eu costumo dizer que o futebol brasileiro está esvaziado, que nossos jogadores logo vão embora e que o sonho de todos é assinar um contrato milionário no exterior. Talvez até os jogadores do Inter venham a pensar nisso. Mas durante a partida, o que eu vi foi uma equipe com amor à camiseta, com brios, como achei que não existisse mais. Pois ao menos hoje, nos 90 minutos de jogo, existiu. Nunca senti tanto orgulho de ser colorado, gaúcho e brasileiro. Fora a torcida do Inter, todos davam como certa a vitória do Barcelona. Pois os jogadores colorados, brasileiramente, acreditaram. E venceram.

Podem montar supertimes à vontade com dinheiro europeu. Não compram a paixão do brasileiro por futebol. E foi a paixão que venceu este jogo. E eu, pela primeira vez na minha vida, chorei por uma vitória do Inter.

Dedico aos visitantes do blog o "vídeo da profecia", que eu tenho em DVD e coloquei para tocar agora mesmo com repetição do trecho "...e hoje o Internacional é Campeão do Mundo de 2006...", "...e hoje o Internacional é Campeão do Mundo de 2006..." a todo volume, para comemorar. Quem fez a imitação foi André Damasceno, mas quem descobriu essa gravação no baú e divulgou fui eu. Depois outros copiaram o arquivo que eu disponibilizei no Rapidshare e postaram também no YouTube, um deles inclusive colocando barras pretas para esconder o "carimbo" com o endereço deste blog. Mas não tem pra ninguém, a descoberta foi minha. Cumpriu-se a profecia!




VIVA O INTERNACIONAL! DÁ-LHE COLORADO! EXPLODE CORAÇÃO!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Trilhas da Globo em CD

Atenção blogueiros que disponibilizam em MP3 "raridades inéditas em CD": dêem baixa em 35 trilhas sonoras da Globo, entre novelas, programas e especiais. Na verdade são 26 CDs que a Som Livre está lançando em sua série "Masters Trilhas", mas três deles reúnem trilhas de novelas das 6 que saíam em compacto duplo, como "Escrava Isaura" "Senhora", "A Moreninha" e "A Sucessora". Caso estejam curiosos para saber se foram lançados todos que faltavam no lote anterior, a resposta é não. Dei falta de pelo menos um que eu esperava ansiosamente: "Bravo", com suas músicas fantásticas de Denise Emmer, Rita Lee, Duardo Dusek (era assim que ele se anunciava em 1975), Sueli Costa e outros. Em compensação, finalmente está aí "O Primeiro Amor", de 1972, com belíssimas composições de Antônio Carlos e Jocáfi cantadas por Maria Creuza, Golden Boys, Vips, João Luiz, Betinho, Jacks Wu, entre outros. Naquele tempo o disco nacional das novelas tinha músicas inéditas compostas especialmente para a trilha. Então "O Rebu" teve canções de Raul Seixas e Paulo Coelho e as músicas de "O Bofe" são assinadas por Roberto e Erasmo Carlos. Tudo isso acabou de ser lançado. Só faltou mesmo "Bravo". Uma curiosidade é o disco da "Norminha", personagem de Jô Soares no programa humorístico "Satiricom". Assim sendo, blogueiros do eterno vinil, antenem-se. Não paguem o mico de meticulosamente digitalizar e filtrar ruídos de LPs que já estão disponíveis em glorioso som digital diretamente das matrizes da gravadora.

Descobertas do baú

Acho que foi em 1989 ou 1990 que vi no Jô Soares Onze e Meia uma entrevista com um menino que até os sete anos não falava nada. De repente, começou a tocar piano e desenvolveu não só a fala mas um dom extraordinário para a música. O garoto tinha cerca de 16 anos na época do programa. Eu o tenho gravado em algum lugar no palheiro de minhas cerca de 100 fitas VHS, muitas com seis horas de gravação cada. Qualquer hora, aparece. Mas o que me chamou a atenção é que o menino, que estava acompanhado de seu pai, deixou de responder a uma pergunta. O pai interveio: "Ele não é de muito falar." Tempos depois, em minhas consultas sobre autismo, recordei daquele programa e concluí que o garoto tinha todas as características de um autista de alta funcionalidade.

Hoje estava passando para DVD uma fita de 1985 com o último capítulo da novela Roque Santeiro e também o "Fantástico" seguinte, que apresentava uma matéria sobre a novela e exibia o final alternativo, em que Porcina embarcava no avião com Roque e deixava o Sinhozinho Malta na saudade. Decidi gravar a fita toda e depois editá-la, já que o gravador com HD permite isso. Lá pelas tantas entrou uma reportagem com um garoto então com 12 anos que havia nascido prematuro, com problemas de desenvolvimento, mas que havia demonstrado uma súbita habilidade com o piano e se desenvolvido de forma surpreendente. A repórter tocou uma gravação de peça clássica para o menino escutar e ele a tocou no piano imediatamente. Meu primeiro impulso foi procurar o nome do rapaz na Internet para ver se havia dado continuidade a seu talento. E apareceu o nome dele, com foto e tudo. Ele é hoje concertista. Só então caiu a ficha: era o mesmo que eu tinha visto alguns anos depois no programa do Jô.

Não vou citar o nome dele, mas o que me surpreende é que o instrumentista, hoje com 33 anos, parece nunca ter tido um diagnóstico de autismo. Ao menos, nenhuma das reportagens sobre ele fala nisso. A cura surpreendente e o dom para música foram atribuídos ao Espiritismo. Não estou dizendo que seja uma avaliação incorreta. As duas hipóteses podem estar certas. Existem estudos e teorias sobre a relação que pode haver entre autismo e Espiritismo. E depois, que diferença faria a essas alturas dos acontecimentos achar um nome novo para um sintoma que foi satisfatoriamente superado? O que importa é que o jovem prodígio é hoje um pianista bem sucedido. Mas todas as informações sobre ele fecham com as características de um autista de alta funcionalidade. Especialmente a facilidade em tocar uma peça de piano que acabou de ouvir e o fato de não ter respondido a uma pergunta no programa do Jô.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Espeto corrido

Comemorei meu aniversário ontem, com atraso mesmo. Nada muito bombástico. Fui a uma churrascaria com minha namorada. Repus meu nível de proteína. Explicando melhor: lembram daquela dieta que estou anunciando desde o ano passado? Pois já faz algum tempo que comecei. Por enquanto só perdi o excesso do excesso, ou seja, ou peso a mais que havia acumulado nos últimos dois anos. Mas está dando certo. Não sinto falta de massas ou doces, porque as primeiras até posso consumir em doses moderadas, o que me é suficiente. E consigo passar sem doces com tranqüilidade. Mas chego a sonhar com carne gorda. De churrasco, entenda-se. Já sonhei até que estava comprando carne crua em supermercado. Como era para comemorar, decidi matar a saudade de uma boa churrascada. Mas maneirei (um pouco) na gordura e tratei de "ouvir" meu estômago, agora com a capacidade reduzida pelo controle alimentar. Ao primeiro sinal de saciedade, encerrei os trabalhos.

Até prova em contrário, não existe churrasco como o do Rio Grande do Sul. Passei cinco meses em Brasília em 1990 e tive síndrome de abstinência de um bom espeto corrido. Agora sei por que nos outros estados diz-se "rodízio de carne": porque espeto corrido é só o nosso, com carne selecionada, assada com sal grosso, não importando se está dura demais ou de menos. O sabor é que conta. Depois daquela temporada em Brasília comendo carne amaciada e sem gosto, percebi que só o legítimo espeto corrido é que me sacia a fome de churrasco. Mas que isso não seja interpretado como uma ofensa à Capital Federal e seus moradores. São as velhas diferenças locais: talvez para vocês a nossa carne é que seja ruim, dura e salgada demais.

Existe um mistério que eu ainda vou desvendar: a carne em São Paulo. Dizem que é melhor do que a do Rio Grande do Sul. Um dia ainda vou tirar isso a limpo. E eu costumo ser honesto nessas avaliações. Não iria me deixar influenciar por bairrismo. Mas tenho um palpite de que as melhores churrascarias de São Paulo não são as freqüentadas por turistas. Essas eu imagino bem requintadas, com garçons de camisa de rendinha, mesas luxuosamente arrumadas, com talheres finos e aquela indefectível fichinha de plástico com um lado vermelho e outro verde que a gente vira de um lado para o outro para dizer "agora eu quero", "agora eu não quero", "agora eu quero"... Se a moda pega, vai ter mulher usando essa ficha na cabeceira da cama. O problema é que, no caso da churrascaria, os sinais verde e vermelho reduzem a comunicação a um sistema binário que não funciona na prática. Não é o espaço do meu estômago ou a vontade de conversar que determina o "agora eu quero" ou "agora eu não quero": é o tipo de carne que é oferecido.

Mas voltando ao boi assado, o meu pressentimento é de que as churrascarias para turistas em São Paulo não só pecam pela "frescura" do ambiente, como também devem servir carne amaciada. Acho que as churrascarias boas mesmo devem ser um segredo muito bem guardado entre os paulistanos. Provavelmente sejam aquelas escondidinhas, num ambiente caseiro e rústico, em que eles se encontram de tempos em tempos para falar mal dos outros, inclusive dos gaúchos. Essas eles não divulgam abertamente. Mas são essas que eu quero conhecer. Acho que, se existe carne boa em São Paulo, deve estar ali, nas churrascarias que não aparecem com quatro ou cinco estrelas nas publicações de turismo. Afinal, assim como num churrasco a melhor carne é a do assador, numa cidade grande as melhores churrascarias são a do público local. Eu tenho amigos em São Paulo. Algum deles ainda há de me revelar onde é o lugar da carne boa, que serve realmente espeto corrido e não rodízio de carne.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Obrigado

Obrigado, obrigado, obrigado, obrigado... Obrigado a todos que estão me deixando mensagens no Orkut e por e-mail. Estou ocupadíssimo até amanhã e, por isso, as comemoração de meu aniversário ficam adiadas. Infelizmente não é possível adiar o envelhecimento. Mas, cuidando bem da saúde, posso sonhar com uma velhice digna com muito Viagra. Mas calma. Estou completando "só" 46 anos.

Sílvio Santos, Emerson Fittipaldi e Frank Sinatra têm o mesmo aniversário que eu. E são pessoas que nunca se entregaram. Mesmo Fittipaldi e Sinatra, que tiveram seu momento de "sumiço", em que todos pensavam que as carreiras deles estavam encerradas, voltaram com toda a força. Então, sigamos em frente. Os sagitarianos de 12 de dezembro nunca desistem. O melhor ainda está por vir.

domingo, dezembro 10, 2006

Boa semana

Desculpem, estive ocupadíssimo nos últimos dias e o blog ficou de lado. Acontece. Domingo foi a estréia triunfal da nova faxineira aqui na bagunça do meu apartamento. Até que ela se saiu bem. E parece ser de confiança, também, então está tudo sob controle.

Estou entrando de férias, mas vou ficar a maior parte delas aqui mesmo, trabalhando (enquanto descansa, carrega pedra). Mas é por opção própria. Tudo o que se faz de livre e espontânea vontade é prazeroso. É aquela minha velha briga sobre o que significa realmente "aproveitar". "Aproveitar" não é sair, necessariamente, "aproveitar" é fazer o que se quer, quando se quer. E é o que eu pretendo fazer nas férias. Se conseguir.

Boa semana.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Filme polêmico

Está circulando um e-mail conclamando a todos a boicotar o filme "Turistas", que teve estréia recente nos Estados Unidos. O título original é esse mesmo e não "Tourists", como poderíamos imaginar. A palavra em português foi usada para dar um toque de exotismo. Segundo a mensagem, o enredo conta a história de seis jovens americanos que vêm ao Brasil passar as férias. Aqui chegando, tomam uma caipirinha com "boa noite Cinderela", são assaltados, seqüestrados, torturados e por fim têm os órgãos roubados por traficantes da indústria negra dos transplantes. Após um alerta sobre o prejuízo que a película poderá ter para o turismo, o e-mail termina com o pedido: "Não assistam, não dêem dinheiro a uma produção que só visa a denegrir nossa imagem."

Normalmente eu não simpatizo com manifestações exacerbadas de xenofobia. Não vai muito longe: lembram de uma época em que o Casseta e Planeta estava pegando no pé dos gaúchos? Pois eu recebi diversos e-mails tentando organizar um boicote ao programa. O discurso era o mesmo, "estão denegrindo a nossa imagem, blá blá blá". Imagino que devam ter enviado cartas de protesto à Globo. Ora, esse tipo de reação careta e sem espírito esportivo faz o mesmo efeito de demonstrar que não gostou de um apelido: aí mesmo é que pega! Eu achei esse "movimento de repúdio" uma grande bobagem. Mas uma das poucas gaúchas a expressar sua discordância da atitude rançosa e sisuda dos coestaduanos foi a cronista Martha Medeiros.

Falar do que ainda não se viu é sempre arriscado, mas pelos comentários que já li, "Turistas" é um "trash" brabo que ninguém está levando a sério. Os próprios americanos detestaram o filme. Nem ao menos se pode acusá-los de mostrar o lado negativo do Brasil, pois o que aparece não corresponde à realidade. E eles sabem disso. Estranho que não houve a mesma indignação em relação a "Como Eliminar Seu Chefe" (Nine to Five), de 1980. A comédia mostra três secretárias, vividas por Jane Fonda, Lily Tomlin e Dolly Parton, sofrendo nas mãos de um chefe abusado e inescrupuloso. Mas no final ele tem o seu castigo: é transferido para o Brasil. Ao saber da notícia, não esconde o seu temor por ter que se mudar para o meio de uma selva. Por fim, uma legenda informa que ele veio a ser devorado por índios canibais.

O fato de uma cidade ou país ser usado de pano de fundo para situações de horror pode ou não ser danoso para a imagem do local. Mas é preciso saber separar a ficção da realidade. Em "Forasteiros em Nova York" (The Out-of-towners), de 1970, Jack Lemmon e Sandy Dennis são um casal que viaja à "Big Apple" para acertar os detalhes de uma nova função que o marido vai assumir. Os dissabores já começam na chegada, quando o avião se atrasa e é obrigado a pousar em outro aeroporto. A partir dali, enfrentam toda a sorte de revezes, em que a cidade grande se mostra impiedosa e predadora. Ao final, decidem continuar na tranqüilidade do interior. Como será que os nova-iorquinos reagiram a esse filme?

Repito que sou avesso a movimentos xenófobos. Mas, no caso de "Turistas", acho que o boicote se justifica pela ruindade do filme. E de qualquer forma duvido que alguém, em qualquer parte do mundo, venha a acreditar que aquele é o verdadeiro Brasil.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Estante Virtual

Já existe há um ano, mas só hoje descobri: finalmente criaram na Internet um sebo virtual brasileiro de verdade, que realmente funciona. É a Estante Virtual, um portal congregando várias livrarias, nos moldes do americano Abebooks. Já houve outras tentativas de lançar sebos virtuais brasileiros na Internet, mas nenhuma tão séria e abrangente como essa. Agora, sim!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Boa viagem, Colorado!

Hoje o Internacional viaja para o Japão. Vai disputar o maior título de sua história. Está programada uma carreata de torcedores até o aeroporto. Imagino a angústia dos colorados mais apaixonados, que acompanham o time até em jogos de outros estados. Desta vez é longe demais. É do outro lado do planeta. Não dá pra ir junto.

Mas os corações estarão lá. O momento é tão importante que até mesmo torcedores afastados, como é o meu caso, sentem-se convocados para voltar à ativa. Aliás, mesmo quem já está em outro plano há de se fazer presente em espírito. Afinal, desde sua fundação, o Inter nunca chegou tão perto de um título como este.

Não vai ser fácil. O Barcelona é favorito. Mas tenhamos fé. E embora eu nem saiba o nome dos atuais jogadores (Pato, Fernandão e quem mais, mesmo?), prometo que vou torcer com o mesmo entusiasmo da pré-adolescência, do tempo em que tinha o quarto forrado de bandeiras, flâmulas e posters e gravava com microfone mesmo as narrações de partidas decisivas. Talvez eu me descontrole e comece a gritar "vai que é tua Manga!", "cruza Valdomiro!", "cabeceia Escurinho!" e outras sandices de ex-fanático que viu o melhor time da história do Internacional jogar nos anos 70. Mas o importante é que meu coração estará com eles, os legítimos herdeiros da camisa vermelha tão honrada pelos heróis que citei e outros como Falcão, Figueroa e Caçapava. E até alguns que não conheci, como Tesourinha e Carlitos. Quando partir o avião dos jogadores, toda a "senda de vitórias" do Internacional estará indo junto na bagagem. Esperamos que volte com um título a mais. O maior de todos.

Boa viagem, Colorado! Torcedores de quase um século viajam contigo!

domingo, dezembro 03, 2006

Caminhada de sábado

Meu filho Iuri está com 12 anos, quase 13, mas é meu companheiro de caminhadas desde os 7, se não me engano. Não tem preguiça, vai comigo do Menino Deus ao Centro ou do Menino Deus à Redenção a pé. Geralmente a gente volta de ônibus ou de táxi. Mas ontem seguimos pela Avenida Beira-Rio e ele quis voltar a pé, também. Graças ao ex-Prefeito Olívio Dutra, que antes mesmo de assumir anunciou que fecharia a Avenida recém construída para que os pedestres pudessem ocupá-la nos fins-de-semana. O trajeto tem um destino: o McDonald's da Rua da Praia!










sábado, dezembro 02, 2006

Golpe do destino

Ontem, ao escrever sobre Ricardo Carle, usei a analogia da "passagem marcada" como referência à crença de que a hora de morrer está predestinada e nada acontece por acaso. Pois eu não sabia que uma jovem de 18 anos havia morrido no final da tarde, vítima de um desabamento na Avenida João Pessoa, ao lado do viaduto Imperatriz Leopoldina, em Porto Alegre. Uma sacada de um prédio em demolição simplesmente caiu sobre ela. O azar dela foi o de estar passando ali, naquele momento. Podia ser outro. Podia ser qualquer um de nós. Mas foi ela.

Assustador, isso. Remete àquela frase de que "para morrer, basta estar vivo". A Zero Hora hoje lembra, em matéria secundária, que a marquise da Arapuã da Dr. Flores desabou em 1988, matando oito pessoas. Mas não cita o fato de que a loja estava fazendo uma exibição promocional, com música, amplificador e caixas de som. Foram as vibrações que abalaram o prédio e fizeram a placa de concreto se soltar. Por outro lado, recordo de outra ocasião em que caiu uma marquise da Rua General Câmara, matando um transeunte. Essa, sim, foi uma ocorrência totalmente aleatória, como a de ontem.

Às vezes eu volto para a casa a pé. Não é tão longe. Mas, se vou pelo Viaduto dos Açorianos, quando chego no fim da calçada, próximo ao começo da Praia de Belas (ou fim, sei lá), fico de frente a um fluxo contrário de carros que bifurca bem diante de mim. Uns entram à minha direita para subir o Viaduto, outros passam à minha esquerda para pegar a Perimetral. Mas o "V" formado pelas ruas é bem estreito, assim como a ponta da calçada. Enquanto espero para atravessar a rua, olho aquele monte de automóveis vindo aparentemente na minha direção e me pergunto se nenhum deles jamais errou o trajeto. Se um só deles subir na calçada, adeus.

Andar na rua tem seus perigos. Mas nunca se imagina que possa vir de cima. A moça teve muito azar. Poderia não haver ninguém na calçada naquele momento. Ali não circula tanta gente. Aquele trecho da João Pessoa é uma espécie de divisa entre bairros. Mas ela, justamente ela, estava ali. Que golpe do destino.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Perda lamentável

Tomei conhecimento hoje pela Zero Hora de que morreu o jornalista Ricardo Carle. Eu nem sabia que ele tinha sofrido um atropelamento em 2000 e se mantido em estado grave por todos esses anos, sem muita consciência do que se passava ao seu redor. Eu o conheci na Faculdade. Não cheguei a travar uma amizade com ele, mas com certeza o admirava. De todos os colegas que conheci na Famecos, ele era o melhor aluno. Logo, não foi por causa de notas que demorou 20 anos para se formar. Entrou junto com David Coimbra, que hoje escreveu uma comovente homenagem a ele em sua coluna, e deve ter saído depois de mim. Lia muito e escrevia bem demais. Com as baterias carregadas pela leitura, sua redação fluía. Naquele tempo ainda usávamos máquina de escrever, sem esses recursos de edição que nos permitem mexer à vontade no texto. Faziam-se eventuais correções datilografando uma seqüência de "x" sobre o erro e escrevendo a palavra certa logo acima, entre as linhas. Pois as laudas do Ricardo, pelo menos as que eu vi, eram limpas. Já nasciam perfeitas. Os revisores não deviam ter trabalho nenhum com os textos dele.

Não sei se era a faixa etária um pouco acima da média (como eu) ou o fato de que seus amigos de começo de curso já estavam todos formados, mas Ricardo Carle se mostrava quieto e reservado. Falava menos do que escrevia. Quando fomos colegas, ele trabalhava na Zero Hora. Acumulava as editorias de literatura e vídeo. Um dia chegou atrasado e disse que teve que fazer uma matéria às pressas, porque havia falecido o Isaac Asimov. Eu brinquei com ele, disse que pensei que estivesse escrevendo o obituário do cantor Antônio Marcos, "Não, o Tiaraju [Brockstedt] escreveu". Chegamos a fazer um trabalho juntos. Certa vez, dei carona para ele e aproveitei para perguntar sobre alguns ex-colegas do Colégio Pio XII que haviam entrado para o jornalismo na mesma época que ele. Conhecia todos.

Qualquer morte prematura é lamentável. Mas, no caso de um sujeito brilhante como Ricardo Carle, perde-se também uma obra em potencial que ele haveria de construir. E quando a causa mortis é atropelamento, fica mais difícil aceitar a hipótese de predestinação, de passagem com data marcada. É como um filme que rebenta antes do final. Parece ainda mais injusto.

Nem sempre criamos laços de amizade com as pessoas que conhecemos. Mas mesmo os que não se tornam amigos podem conquistar nossa admiração. Foi o caso de Ricardo Carle. Uma perda irreparável para o jornalismo.

Dez mil

Hoje o novo contador do blog vai chegar a 10 mil acessos. Bem mais depressa do que o anterior, diga-se de passagem. Quando o outro contador atingiu essa marca, em 27 de julho de 2005, comemorei com este texto aqui.