CUMPRIU-SE A PROFECIA!
"As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera", dizia a frase de Che Guevara. Pois troquemos "matem" por "colham" ou "levem". O primeiro mundo pode levar nossos melhores jogadores. Mas nenhum dinheiro no universo compra a vocação do brasileiro para o futebol. Que nasce nas várzeas, nos bairros pobres, com bolas de meia, pedras, laranjas, qualquer coisa. Para cada Ronaldinho que um time europeu rico levar, surgirá um Alexandre Pato. E se ele também for, outro entrará no lugar dele. E assim por diante. E se os melhores jogadores precisarem sair, como aconteceu hoje, os reservas entrarão com garra e orgulho.
Eu estava apreensivo com essa final. Sabia que era um momento único, que não podia ser desperdiçado. Mas tinha consciência também de que o Barcelona era favorito. Fiquei ainda mais preocupado com a vitória espetacular do adversário do Inter na partida anterior. Estava me preparando psicologicamente para um resultado negativo. Mas hoje, ao ver a torcida maciça que se reuniu no Parcão, em Porto Alegre, para assistir ao jogo no telão, e imaginando que haveria vários outros grupos em bairros diversos, comecei a ficar otimista. Eu acredito em força do pensamento positivo. Só um evento como esse para fazer o gaúcho estar acordado com todo o vigor num domingo às 8 da manhã. Quando vi aquela massa alvi-rubra mandando boas vibrações daqui, e depois quando ouvi a nossa torcida que atravessou o mundo gritando no estádio japonês, senti que era possível. O Inter podia ser Campeão do Mundo.
De um lado, a seleção de estrelas mundiais do todo-poderoso Barcelona. Do outro, a garra de um time sul-americano que já viveu dias melhores, mas chegou lá com determinação. O Barcelona soube dominar melhor a bola. O Inter tinha dificuldade de avançar. Mas a defesa heróica, liderada por Clemer, não deixava a bola entrar. Quando aconteciam os contra-ataques, eu sentia que era por ali. Tinha que acertar um chute.
Agora é fácil falar, mas eu garanto a vocês que tive um pressentimento de que o Inter iria fazer um gol na segunda metade do segundo tempo. Na verdade, eu acho que queria isso. O jogo estava difícil. Se houvesse chance de vitória, seria por 1 a 0. E o gol não poderia sair cedo demais. Foi feito na hora certa. Saiu Alexandre Pato, Fernandão teve que sair também, mas o Inter teve energia, teve vontade.
Eu costumo dizer que o futebol brasileiro está esvaziado, que nossos jogadores logo vão embora e que o sonho de todos é assinar um contrato milionário no exterior. Talvez até os jogadores do Inter venham a pensar nisso. Mas durante a partida, o que eu vi foi uma equipe com amor à camiseta, com brios, como achei que não existisse mais. Pois ao menos hoje, nos 90 minutos de jogo, existiu. Nunca senti tanto orgulho de ser colorado, gaúcho e brasileiro. Fora a torcida do Inter, todos davam como certa a vitória do Barcelona. Pois os jogadores colorados, brasileiramente, acreditaram. E venceram.
Podem montar supertimes à vontade com dinheiro europeu. Não compram a paixão do brasileiro por futebol. E foi a paixão que venceu este jogo. E eu, pela primeira vez na minha vida, chorei por uma vitória do Inter.
Dedico aos visitantes do blog o "vídeo da profecia", que eu tenho em DVD e coloquei para tocar agora mesmo com repetição do trecho "...e hoje o Internacional é Campeão do Mundo de 2006...", "...e hoje o Internacional é Campeão do Mundo de 2006..." a todo volume, para comemorar. Quem fez a imitação foi André Damasceno, mas quem descobriu essa gravação no baú e divulgou fui eu. Depois outros copiaram o arquivo que eu disponibilizei no Rapidshare e postaram também no YouTube, um deles inclusive colocando barras pretas para esconder o "carimbo" com o endereço deste blog. Mas não tem pra ninguém, a descoberta foi minha. Cumpriu-se a profecia!
VIVA O INTERNACIONAL! DÁ-LHE COLORADO! EXPLODE CORAÇÃO!
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