Poucas vendas na Feira do Livro
Falta de variedade e mesmice – A reportagem de ZH houve por bem apresentar esses dois itens separadamente, mas vejo-os como um só. Com efeito, do ano passado para o atual, não vi muita mudança. Mesmo na ala internacional, já comprei todos os dicionários, gramáticas e livros de referência que me interessariam. Quanto à afirmação de que todas as barracas oferecem basicamente os mesmos títulos, não vasculhei a Feira com a calma necessária para confirmar.
Concorrência com os grandes – Segundo o escritor Rodrigo Rosp, as pessoas se perguntam por que ir à Feira se podem "ir na Cultura, sem multidão, fazendo em três vezes no cartão e com ar condicionado?" No meu caso, isso se aplica em parte. Adoro a Livraria Cultura e também a Saraiva. Mas, até agora, a existência dessas duas opções não me afastava da Feira do Livro nem diminuía meu entusiasmo por ela.
Concorrência com a web – Aqui, sou obrigado a concordar totalmente. Um usuário do Twitter argumenta que "é mais fácil comprar livros bons e baratos na Estante Virtual e outros sites do gênero". No exterior, esses "sites do gênero" já existem há cerca de 10 anos. Sou antigo cliente da Amazon e da Abebooks. Finalmente, a ideia foi adotada no Brasil e deu certo. A Estante Virtual congrega sebos de todo o país. De minha parte, não reclamo nem um pouco de não precisar mais vasculhar de loja em loja para achar o que me interessa. A Internet agilizou o encontro do produto com o cliente interessado, onde quer que esteja um ou outro.
O último item apontado pela matéria é atendimento despersonalizado, com o qual não concordo. O comprador se interessa em primeiro lugar pela mercadoria. Quanto às demais causas apontadas, nenhuma delas é exclusividade desta edição do evento. Podem ser recentes, mas já se observavam antes. O que está acontecendo é que a evolução do comércio de livros em todos os aspectos indicados (Internet, megalivrarias, etc) só agora começa a se refletir na Feira do Livro. Nos velhos tempos, o grande diferencial da Feira era a diversidade de opções. Nesse quesito, ela não tinha concorrência. Em que outro local se encontraria uma multiplicidade de livreiros oferecendo milhares de títulos? Hoje, finalmente, o conceito de megalivraria está consolidado em Porto Alegre. E os leitores descobriram a facilidade viciante que é comprar pela web, sem depender de atravessadores desinformados (a turma do "podemos encomendar", como eu sempre digo).
Mesmo assim, eu não me desinteressei da Feira do Livro. Neste ano, casualmente, fiz a maior parte de minhas compras pela Internet. A minha quota usual de investimento em literatura já estava comprometida. Talvez por isso eu não tenha feito tanta questão de me reorganizar e achar tempo de ir à Feira com mais calma. Só assim eu poderia examinar melhor as barracas e dar uma opinião mais fundamentada. Na visita rápída que fiz na segunda-feira à noite, de fato, me pareceu que havia pouca variedade. No fim-de-semana não poderei ir novamente, de forma que minha contribuição deste ano está encerrada. Lamento saber que fui um dos responsáveis pela queda de vendas da edição de 2009.
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