Get a life!
Pensando bem, o equivalente mais próximo em português seria a pergunta: “Não tem o que fazer?” Mas “get a life” é mais abrangente, pois se refere à desocupação de uma pessoa como um todo e não num momento específico. E aí eu lembro que já tive uma fase “get a life”. Tinha o seu lado bom, não há dúvida. Eu dispunha de todo o tempo do mundo para ler um livro, por exemplo. Chegava a ler alguns mais de uma vez. Em compensação, ficava espiando nervosamente pela janela para cuidar a chegada do carteiro. Quando ele vinha, eu ia correndo conferir para ver se tinham chegado algumas de minhas revistas encomendadas do exterior. Batia ponto praticamente todos os dias em minhas lojas de discos preferidas para saber as novidades. Conseguia cópias de fitas VHS de shows e olhava por inteiro tão logo recebesse.
Mas o mundo deu suas voltas. Eu tive um filho, me separei, as despesas aumentaram, o trabalho também, eu comecei a exercer uma atividade paralela e a Internet surgiu para saciar meus ímpetos de consumo. Hoje eu sei que consigo por aqui o que eu quiser, é só uma questão de ter dinheiro. Já não tenho mais pressa de minhas encomendas, sei que elas virão a seu tempo. Às vezes levo mais de um mês para assistir a um DVD novo e, no caso de shows, são poucos os que eu chego a olhar na íntegra (embora ainda pretenda achar tempo para passar todos em revista). Quando vou finalmente conseguir ver as três temporadas de “Perdidos no Espaço”? Minha quota de livros comprados mas não lidos está acima da normal, preciso dar um jeito nisso.
Em suma, antes eu não tinha uma “life” e agora tenho. Então agora é a minha vez de observar, aqui do alto de meus compromissos, a incrível folga de algumas pessoas para discutir inutilidades ou se preocupar com trivialidades. Não vou dizer que eu próprio não reserve boa parte do meu tempo para a Internet, o blog, os DVDs e outras distrações. Mas, para mim, tudo isso tem importância. E só eu sei o quanto eu gostaria de ter muito mais tempo para vídeo e leitura. Procuro aproveitar bem o que me sobra. Então, sob essa nova perspectiva, vejo gente para quem às vezes dá vontade de dizer: “Get a life!” Ou pelo menos pensar que, se fosse eu, acharia coisas mais úteis para fazer com meu tempo livre do que alugar a disponibilidade alheia.
7 Comments:
Estou vivendo uma droga de fase "Get a life".
¬¬
Espero que acabe logo.
Nossa!
Eu cheguei aqui por acaso. E pelo visto 7 anos depois deste texto sobre GET A LIFE ter sido publicado.
Enfim, texto muito bom.
Sera que esse blog ainda esta ativo?
So o texto do cabeçalho que achei grosseiro e se o tivesse lido antes, nao teria interesse pelo blog.
Mas, parabens!
Um abraço.
Fernando, obrigado pela dica de que o texto do cabeçalho está grosseiro. Vou dar uma pensada se mudo ou não.
Na verdade eu ri quando li o texto do cabeçalho! No mínimo criativo, e já serve para ensinar algumas pessoas "sem noção"... Eu cheguei aqui pelo Tecla Sap, e quando li o cabeçalho, fiquei ainda mais curiosa para conhecer o conteúdo do blog.
Parabéns pelo blog!
Interessante seu comentário, Leilane, porque aí em cima mesmo você vai ver que alguém achou o texto de apresentação "grosseiro". Cada cabeça, uma sentença. Que bom que você gostou. Seja bem vinda!
Cheguei aqui via "Tecla SAP", li um dos posts e este é o quarto. E só fiquei porque ADOREI o tal cabeçalho... Quem ´guenta? Continue do seu jeito, Seu Emilio! Parabéns!
Cheguei aqui 9 anos depois de ter escrito o texto.
Gostei.
Um abraço,
Claudia Pinelli.
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