Terça-feira, dia 19, foi o momento de ver os Jacksons, no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre. A notícia de última hora de que Jermaine não viria por motivo de doença foi uma decepção geral. Ele sempre foi o segundo membro de mais destaque no grupo, inclusive com uma carreira solo simultânea à de Michael Jackson. Mas depois fiquei sabendo que, mesmo nos shows de que ele participa, nenhuma música de seus discos é cantada e o tempo de apresentação é igual ao que tivemos, ou seja, uma hora e dez minutos, sem bis. Acho um desperdício que Jermaine não aproveite sua bagagem para continuar em evidência, mas isso é assunto para outra ocasião.
Os três que vieram - Tito, Jackie e Marlon, nessa ordem posicionados no palco - não são apenas "irmãos de Michael Jackson". Muito antes de Michael estourar com "Thriller" nos anos 80, eles já tinham uma história lendária nos Estados Unidos com o Jackson Five. Tito é o mais discreto, com seu chapéu coco, tocando sua guitarra e não se afastando muito do seu quadrado. Lembrei da cena da minissérie sobre os Jacksons em que o pai dos meninos pega o instrumento e diz: "Isto é para o Tito!" Jackie é o que tem presença de ídolo, tomando conta do centro do palco como um líder. E Marlon é o mais descontraído e divertido, rindo, brincando e circulando bastante. Coreografia é algo que os Jacksons fazem desde a infância, mas Marlon, em alguns instantes, parece tentar imitar Michael, chegando a arriscar um moonwalk.
A estrutura do show não é muito diferente da que o grupo já usava, no mínimo, desde 1981, quando lançou o álbum ao vivo Live. Abrem com "Can You Feel It", em certo momento tocam um medley de clássicos do Jackson Five enquanto roda um filme com cenas do auge do grupo ao fundo e encerram com uma longa execução de "Shake Your Body (Down to the Ground)". Até a inclusão de músicas da carreira solo de Michael foi mantida - aqui, no caso, "Rock With You", "Can't Let Her Get Away" e "Wanna Be Startin' Something". Tito cantou "We Made It", de seu disco solo Tito Time, de 2017, mais uma razão para eu supor que Jermaine também faria uma amostra de seu trabalho individual, se tivesse vindo. "Never Can Say Goodbye" foi a única da fase Jackson Five a ser apresentada fora do citado medley. De resto, ouviram-se várias seleções do período pós-Motown, como "Blame it on the Boogie", "Enjoy Yourself", "Show You The Way to Go", "Lovely One" e "This Place Hotel".
A banda de apoio incluía um vocalista adicional que inclusive fez um trecho solo em "I'll Be There". Ao final, Marlon e Jackie desceram para apertar as mãos dos fãs da primeira fila, entre eles, dois meninos de aproximadamente cinco e dez anos que vieram vestidos como Michael Jackson. Pelo visto, a recente exibição do documentário "Deixando Neverland" não abalou a popularidade do Jackson mais famoso entre os fãs gaúchos. O auditório tinha várias cadeiras vazias na parte de trás, mas os blocos da frente estavam maciçamente preenchidos. E a plateia esteve animadíssima, dançando e batendo palmas no ritmo frenético das canções. Foi um show curto, mas de alta qualidade. Só ficaram nos devendo Jermaine.
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