Mês de enchente em Porto Alegre
Foto: Ma1celo Nunes (Facebook)
Para quem mora em Porto Alegre, o fato mais marcante de setembro foi a enchente. A foto acima não deixa dúvida: o muro da Mauá cumpriu a função para a qual foi construído, contendo as águas. Evitou um mal bem maior.
As pessoas que defendem a derrubada do muro estão se deixando levar por um idealismo impensado. Elegeram-no o bode expiatório de todas as mudanças para pior no centro de Porto Alegre. Não percebem que ele nem faz tanta diferença assim, como argumentam. Dizem que ele esconde o Guaíba. Errado: ele bloqueia a visão de parte dos armazéns do cais do porto. De vez em quando alguém posta uma foto da saudosa doca das frutas e lá vem a choradeira de que naquele tempo não tinha muro, que o muro estragou tudo, blá blá blá. Pois é. Só que, especificamente naquele ponto da Mauá, temos hoje o Trensurb. Não se tem quase vista nenhuma do rio (ou estuário, ou lago, ou o que seja) por trás da parte "pura" que sobrou do muro, após a construção do trem. E quem quiser ver o Guaíba tem toda a orla, do Gasômetro ao Pontal do Estaleiro.
Outro argumento absurdo que aparece de vez em quando é o de que "nunca mais teve enchente em Porto Alegre desde 1941". Teve, sim. Eu lembro da de 1967. Eu tinha 6 anos. Mas houve outras depois. A anterior, ainda que nem todos se recordem, foi em 2015. A água chegou a invadir a área do porto, apenas ficou em nível mais baixo do que agora, batendo na calçada do lado de dentro do muro.
Eu morei na Mauá dos 2 aos 26 anos e confirmo que ela era mais bonita antes. Mas nem tanto por não ter muro e muito mais por ser de mão dupla, com árvores no meio. Aquilo não volta mais. Fala-se em construir um novo sistema de contenção atrás dos armazéns, bem na beira do Guaíba. Se for eficaz, até podemos pensar em tirar o muro. Mas não sei se é vantagem. Por mim, o muro fica.
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