Fim de pandemia?
Um dos primeiros trabalhos de John Travolta como ator foi "O Menino da Bolha de Plástico", de 1976, inspirado num caso real. Um rapaz com deficiência imunológica de nascença (não a adquirida) precisa viver confinado para evitar qualquer tipo de contágio, o que lhe poderia ser fatal. Mas, no final (sim, vou contar o final, azar de quem não viu o filme), ele se cansa da situação e, por sua conta e risco, decide sair do isolamento. Abraça uma árvore, beija sua namorada e pede que ela lhe leve num passeio a cavalo. A história termina ali, sem sabermos se ele morreu em seguida ou não.
A rigor, a pandemia ainda não acabou. Nós é que mudamos a forma de lidar com ela. Estamos todos vacinados e mais bem informados sobre os procedimentos a tomar. Vamos aos poucos retomando nossas atividades, com maior ou menor consciência dos riscos, cientes de que talvez tenhamos que conviver em definitivo com uma nova realidade. Mas cansamos de ser "meninos da bolha". Sob a premissa de que "quem está na chuva é pra se molhar", a população encara sua rotina com a mesma determinação de quem não deixa de entrar num avião porque pode cair. Ou de quem faz uma viagem de carro sabedor dos riscos de acidente.
No dia 1º de abril (sem trote), a convite de uma amiga, fui assistir ao show do Skank em Porto Alegre. Pois o Auditório Araújo Vianna estava superlotado como eu nunca tinha visto. Foram vendidos ingressos até para ficar de pé nos corredores laterais, junto às paredes. E um detalhe: pouca gente de máscara. Eu não removi em nenhum instante a minha PFF2. Era o meu resguardo. A partir de agora, pelo que notei, é cada um por si.
Depois desse "batismo de fogo", concluí que ir ao show do Kiss na Arena do Grêmio era bem menos arriscado. Afinal, é ao ar livre. Eu tinha desistido de comparecer, mas voltei atrás. Estarei lá, na terça-feira. Talvez de capa de chuva, com certeza de máscara, mas estarei. E depois tem o Dire Straits Legacy no dia 18 de maio, outro espetáculo adiado para o qual eu havia comprado ingresso em 2020.
Mas, para mim, a pandemia só vai acabar de verdade quando eu me sentir seguro para frequentar restaurantes, sozinho ou com meu filho. E poder passear livremente com ele em ambientes fechados ou aglomerados, já que ele é um menino autista que não consegue ficar de máscara. Quem sabe até o final do ano. Sei que muitos já estão fazendo isso, alguns há bastante tempo, mas eu, ainda não.
2 Comments:
Belo texto! Concordo contigo.
Lasek
Para não falar de novo em "novo normal", esse é o normal pós-covid-19 .
Postar um comentário
<< Home