Os 70 anos de Luluzinha
Ontem fiquei sabendo pelo jornal que uma de minhas personagens preferidas, a Luluzinha, completou 70 anos. Não é segredo para ninguém que eu adoro histórias em quadrinhos. Sempre gostei, desde a mais tenra infância. Mas alguns personagens resistem ao tempo. Coloco as histórias da Luluzinha no mesmo nível das do Tio Patinhas e do Pato Donald escritas e desenhadas por Carl Barks: são criativas e inteligentes de forma a agradar adultos e crianças. Barks sempre dizia que não nivelava suas histórias por baixo ao criar o enredo, jamais subestimando a inteligência de seus leitores. O mesmo pode ser dito sobre Luluzinha e sua turma.
Bolinha dirigindo-se com entusiasmo a um de seus locais preferidos, o restaurante Pôr-do-sol
Meu personagem preferido era mesmo o Bolinha. Como eu me identificava com ele! Eu era um menino gordinho como ele, com todos os problemas que isso acarretava. Também tinha medo das "turminhas da Zona Norte". Também tinha as minhas paixonites de infância, como era a Glória para o Bolinha. Mas o Bolinha personificava também o que eu gostaria de ser: detetive, líder de turma, um garoto cheio de amigos sempre se metendo em divertidas aventuras.
A exemplo dos personagens de Disney, Bolinha e Luluzinha tiveram diferentes artistas e escritores ao longo dos anos. Do começo em 1935 até 1947, o traço era da criadora, Marge Henderson Buell. Luluzinha fez sua estréia nos quadrinhos do Saturday Evening Post . A partir de 1945, John Stanley entrou para a equipe, inicialmente escrevendo e desenhando. Foi também nesse ano que começou a sair o gibi. Depois de algum tempo, Irv Tripp assumiu a parte artística, deixando Stanley apenas com os enredos. No começo, tentou-se manter o mesmo estilo de Marge, tanto no traço quanto no temperamento explosivo e determinado da personagem. Com o tempo, consagrou-se um visual mais limpo, juntamente com o modo dócil e apaziguador de Lulu. É difícil precisar exatamente quantos e quais desenhistas Luluzinha já teve, pois há pelo menos quatros estilos bem definidos: o do começo (um tanto pobre em detalhes), o clássico (o dos quadrinhos acima), o das histórias em que aparece o Vovô Fracolino e, por fim, uma fase totalmente dispensável nos anos 70. Essa, pelo visto, caiu no esquecimento (ainda bem).
O nome da cidade onde Bolinha e Luluzinha moravam nunca era citado, mas dizem que o cenário era inspirado em Peekskill, no estado de Nova York. De vez em quando a cidadezinha é visitada por fãs dos personagens, que se divertem procurando os locais que serviram de modelo para o restaurante Pôr-do-Sol (o preferido do Bolinha – ver quadrinho acima), a área do Clube do Bolinha (onde "menina não entra"), ruas com casas no estilo da Luluzinha e do Bolinha, a praia (onde o Alvinho se perdeu uma vez) e mercadinhos com frutas expostas à frente. Um dia eu vou até lá conferir.
Este é um dos volumes da série que está republicando todas as histórias da Luluzinha
No Brasil, as primeiras revistas de Luluzinha e Bolinha foram publicadas pela editora de O Cruzeiro. Eram revistas grandes, em formato americano. Em 1975, os personagens passaram para a Abril, com os gibis no tamanho menor que era tradicional da editora. Atualmente, não estão mais saindo no Brasil. Por muito tempo o meu sonho de consumo eram os caríssimos volumes da série "Little Lulu Library", hoje fora de catálogo, mas que custavam, cada um, mais de 100 dólares. Felizmente, a editora Dark Horse deu início a uma série de relançamentos das histórias de Luluzinha em livros de 200 páginas em preto-e-branco (infelizmente), por apenas 9,95 dólares cada um. Já está no terceiro volume. Quem sabe alguma editora brasileira se entusiasma?
Os melhores sites sobre Luluzinha na Internet são "The Little Lulu Web Page" e "Michele's Little Lulu Page", de onde obtive as ilustrações acima (inclusive das revistas brasileiras) e o link sobre Peekskill.
2 Comments:
Alguém lembra da cartilha da Luluzinha ou algo parecido??? Tenho uma vaga lembrança dessa cartilha, mas não achei nem foto, nada na net... Vanessa
Oiiii. Pois eu tb tenho essa memória....de ter sido alfabetizada com a cartilha da Luluzinha, mas nunca encontrei nada em nenhum lugar. A gente ganhava uma lição por dia e ia montando a cartilha, né.
Postar um comentário
<< Home