Ficar doente
Ah, as responsabilidades. Na vida adulta, não se pode ficar doente. Não tem ninguém para assumir os compromissos por nós. Sem contar a burocracia do atestado. Muitas vezes, com febre baixa, tomei comprimidos e fui trabalhar. O esforço de ir até o médico e ir até o local de trabalho era o mesmo. Só fico em casa mesmo quando a prostração é implacável. Em países de primeiro mundo, não se exige atestado. O sujeito liga para seus colegas e avisa que não vai trabalhar porque está doente. Aqui não só o atestado é indispensável como os médicos já desenvolveram um senso de prevenção com pacientes que marcam consulta sem apresentar nenhum sintoma. No final, pedem um atestado. Mas nem sempre levam. No Orkut existe uma comunidade só para médicos chamada “Não dou atestado”. E com isso os justos pagam pelos pecadores.
Já fiquei doente na volta de uma viagem a trabalho. Vinha de ônibus. Nunca o assento foi tão desconfortável. Quando cheguei em casa, tinha uma pizza me esperando, mas não me apeteceu. Fui direto pra cama e mergulhei num envolvente torpor. Tinha outra viagem marcada para o dia seguinte e precisei cancelar. No tempo em que eu corria, tinha faringite uma vez por mês. Dizia que era a minha menstruação.
Estou gripado. Devia ter tomado aquela vacina. Já tomei uma vez. Aparentemente, deu certo. Fiquei um ano sem ficar doente, mas não escapei de alguns espirros. Mas desta vez não estou imunizado. Depois de um dia espirrando sem parar, meu septo nasal está inflamado e só sinto vontade de deitar e dormir. Ah, que saudade da minha infância, dos cafés na cama, das sopinhas, das consultas a domicílio do Dr. Toledo, vizinho que atendia praticamente todas as crianças do prédio. Na minha idade, ficar doente é um saco. Tem um monte de coisas que quero fazer. Antigamente o comercial dizia: Vitamina C e cama. Hoje é: antigripal e rua. Pelo menos enquanto der pra segurar.
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