quinta-feira, agosto 11, 2005

Abigeatário

Acho curioso que, fora do Rio Grande do Sul, não são conhecidos os termos “abigeato” e “abigeatário”. Certa vez li na revista Imprensa que um editor de São Paulo pegou no pé de um jornalista gaúcho por querer usar essas palavras em uma matéria. Aí, claro, já comecei a dar asas à imaginação. Pensei no que aconteceria se um gaúcho aparecesse numa agência bancária ou empresa de crédito de outro estado para fazer um empréstimo. A moça preenchendo o cadastro perguntaria:

- Profissão?

E o gaúcho, bem sério:

- Abigeatário.
- O que é isso?
- Sou negociante no ramo do abigeato.
- Sim, mas o que é abigeato?
- Tem a ver com pecuária. Negócios com gado.

E a moça, já envergonhada por ter demonstrado sua ignorância, decide encerrar o assunto. Mas, por precaução, resolve investigar. Pede um número de referência no Rio Grande do Sul e liga.

- Desculpe, o senhor conhece Fulano de Tal?
- Sim, conhecemos.
- Ele é abigeatário?
- Sim, exatamente.

Tudo certo, crédito autorizado. O cliente põe a mão no dinheiro e desaparece. Nunca mais é encontrado. O gerente fica indignado. Quem diria, um empresário do ramo do abigeato dando um golpe dessas. Não se pode mais confiar nem nas profissões dignas.

Pois é. Só que “abigeato” é roubo de gado. “Abigeatário” é ladrão de gado. Essas palavras são conhecidas no Rio Grande do Sul. É bom que os outros estados também as aprendam, por precaução.