Paixão resistente
Ontem ouvi uma petista afirmando, sem muitos rodeios: “eu vou continuar votando no PT”. E também no jornal o ator Paulo Betti falou como se essa crise fosse episódica e o partido fosse conseguir superá-la. Aí vêm aqueles questionamentos: o PT é o Lula? É os políticos que o compõem? Quantos políticos envolvidos em corrupção, e em que níveis, são suficientes para se dizer que é o partido que está maculado e não apenas os indivíduos?
Já deu pra perceber que, para alguns simpatizantes, o PT não é nem o Lula, nem os políticos: é o ideal em que sempre acreditaram desde que viram a sigla surgir. Ainda que isso possa continuar existindo sob uma nova bandeira, muitos insistem com o PT, com a persistência de um apaixonado que sofreu uma decepção com a amada, mas não deixou de gostar. Deve ter gente até querendo pegar o Lula no colo. Ou o PT. Ou a si mesmo.
Quando Ricupero foi flagrado na parabólica, na campanha de Fernando Henrique, um jovem petista ingenuamente perguntou à sua mãe antipetista se aquele fato não a fazia mudar de idéia quanto ao seu voto. Diante de vexames como esses, o impulso dos que se beneficiam é dizer: estão vendo? Eu não disse? Mas, na prática, não traz o resultado imediato que muitos esperariam.
Até agora, só quem eu ouvi falar mal do PT em razão de todas essas revelações foram pessoas que nunca gostaram do partido. Os outros lamentam, resmungam, criticam os indivíduos, mas Lula e sua sigla parecem estar sendo guardados para um julgamento posterior. Sem entrar no mérito, isso mostra que, quando o assunto é PT, a paixão de uns é tão forte quanto a rejeição de outros. A persistência é que está sendo testada.
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