quarta-feira, maio 31, 2006
Já vi muitas fitas de vídeo e DVDs sobre as Copas, mas nada tão completo e detalhado quanto uma fita VHS que aluguei em 1985. Ela vinha de brinde para quem comprasse um videocassete Philco, mas o "videoclube" (naquele tempo existia isso) em que eu era inscrito colocou-a no seu acervo. Na velocidade EP, o documentário tinha três horas de duração e mostrava as melhores imagens disponíveis das participações do Brasil em todas as Copas até 82. Na parte da Copa de 50, por exemplo, foram exibidos trechos de um "Globo Repórter", de forma que o arquivo da Globo foi fartamente utilizado. A apresentação era de Luciano do Valle. É bem verdade que houve várias outras Copas deste então, mas foi naquela vez que pude ver pela primeira vez as cenas do Brasil na Copa de 66. Hoje saem DVDs aos montes, mas a maioria nem mesmo mostra todos os gols ou jogos do Brasil. Antes da era do vídeo, cada Copa rendia um filme. Lembro do ótimo "Brasil Bom de Bola", de Carlos Niemeyer (do Canal 100), sobre a Copa 70. Quando tudo isso vai sair em DVD? E por que não lançar jogos na íntegra, pelo seu valor histórico? Chega de caça-níquel, tá na hora sair algo realmente completo e definitivo.
terça-feira, maio 30, 2006
E eu não estava lá!
Incrível! O ex-Pink Floyd David Gilmour se apresentou ontem no Royal Albert Hall, em Londres. Quem apareceu de surpresa no bis? O xará David Bowie! Cantou "Arnold Layne" e "Confortably Numb". O show teve também a participação da dupla Crosby & Nash. E eu não estava lá! Estou-me sentindo como em 1981, quando saiu a música "Under Pressure" com Queen e David Bowie. Eu era fã dos dois, mas a crítica reverenciava Bowie e desprezava o Queen (enquanto o público brasileiro adorava o Queen mas desconhecia Bowie). David Gilmour está longe de ser menosprezado, mas seu público não é necessariamente o mesmo de Bowie. E no entanto eu descobri David Bowie e Pink Floyd praticamente ao mesmo tempo. Como é que os dois Davids combinam de se apresentar juntos sem me avisar? Tomara que isso saia pelo menos em DVD.
A propósito, já ouvi trechos do novo CD de David Gilmour, "On an Island", e gostei bastante. É um disco bem light, lembrando as músicas mais suaves do Pink Floyd.
A propósito, já ouvi trechos do novo CD de David Gilmour, "On an Island", e gostei bastante. É um disco bem light, lembrando as músicas mais suaves do Pink Floyd.
segunda-feira, maio 29, 2006
Duas carnes
Quando comecei a aprender inglês, um dos aspectos do idioma que me fascinaram foi a coerência. Em português dizemos, por exemplo, "não fiz nada". Ora, a rigor, se eu não fiz nada, devo ter feito alguma coisa. Em inglês se diz "eu fiz nada" (I did nothing) ou "eu não fiz coisa alguma" (I didn't do anything). A lógica chega a ser matemática de tão perfeita. Lembro de um professor que ensinava afirmações e negações em inglês com sinais de mais e menos.
Outro recurso do inglês que é bastante útil é a distinção entre substantivos contáveis e incontáveis. É algo que até poderia existir em português, não fosse a nossa mania de singularizar tudo. Em inglês, "water" é incontável. Em português, "água" também poderia ser, mas na prática a gente vai no supermercado e compra "uma água". Ou pede "uma água" no restaurante, para acompanhar a refeição. Fica subentendido que é uma garrafa de água. Assim também, "bread" em inglês é incontável. Em português, compra-se "um pão", "dois pães" e assim por diante. Já os substantivos incontáveis em inglês precisam de uma unidade de medida para serem contados: "one glass of water" (um copo d'água) e "one loaf of bread" (uma "forma" de pão, algo assim). Claro que existem em inglês substantivos abstratos que são incontáveis sem qualquer lógica: "advice" (conselho), "information" (informação ou informações) e "news" (notícia), entre outros. Esses confundem bastante os alunos brasileiros.
Apesar das características de cada idioma, às vezes faz falta em português uma distinção semelhante. Já tem gente, por exemplo, pedindo "uma frita" ou "duas fritas" no barzinho. Ou pior: "uma fritas". Também já está sacramentado o uso da palavra "software" como contável, embora não o seja em inglês. Compra-se "um software" ou "dois softwares". Mas já me aconteceu de entender mal uma expressão em português por querer interpretá-la ao pé da letra ou como deveria ser o certo.
Há muito tempo, eu e meus colegas tínhamos o hábito de almoçar uma vez por semana em uma churrascaria próxima do local de trabalho. Eles serviam espeto corrido (rodízio de carne), mas tinham também a opção de buffet. E eu observava que, no buffet, geralmente havia dois tipos de carne que também estavam sendo servidos nas mesas. O garçom oferecia o rodízio aos clientes, mas também despejava uma parte no buffet. Achei que seria uma boa opção para os dias em que eu almoçasse sozinho. No cartaz da entrada estava escrito com giz: "Espeto corrido ou buffet livre com duas carnes". Planejei voltar lá para experimentar a segunda opção.
Um dia, apareci lá e avisei ao garçom que só iria querer o buffet. Eram só dois itens do churrasco que eram oferecidos além das massas e saladas, mas eu achei mais do que suficiente. Servi-me à vontade de ambos os tipos de carne. Voltei lá no dia seguinte. E no outro. E no outro. Mas eu notava que um dos garçons me olhava meio atravessado, com cara de quem não estava gostando. No quarto ou quinto dia consecutivo, era ele quem estava no caixa. Quando foi me cobrar, me avisou:
- Da próxima vez o senhor já sabe: o buffet é livre com duas carnes. Se o senhor comer mais, teremos que cobrar espeto corrido.
- Como assim?
- O buffet é livre com duas carnes. Mais do que duas carnes, temos que cobrar espeto corrido.
Aí caiu a ficha:
- Ah, buffet livre com dois pedaços de carne?
Era isso. E ele ainda deve ter ficado indignado por eu não ter entendido algo tão fácil. Não bastasse eu ter que decifrar o real significado de "duas carnes", ainda tinha o agravante da expressão enganosa "buffet livre". Morri de vergonha, mas aprendi: na linguagem dos restaurantes populares, "buffet livre com duas carnes" quer dizer "buffet limitado a dois pedaços de carne e o restante livre".
Outro recurso do inglês que é bastante útil é a distinção entre substantivos contáveis e incontáveis. É algo que até poderia existir em português, não fosse a nossa mania de singularizar tudo. Em inglês, "water" é incontável. Em português, "água" também poderia ser, mas na prática a gente vai no supermercado e compra "uma água". Ou pede "uma água" no restaurante, para acompanhar a refeição. Fica subentendido que é uma garrafa de água. Assim também, "bread" em inglês é incontável. Em português, compra-se "um pão", "dois pães" e assim por diante. Já os substantivos incontáveis em inglês precisam de uma unidade de medida para serem contados: "one glass of water" (um copo d'água) e "one loaf of bread" (uma "forma" de pão, algo assim). Claro que existem em inglês substantivos abstratos que são incontáveis sem qualquer lógica: "advice" (conselho), "information" (informação ou informações) e "news" (notícia), entre outros. Esses confundem bastante os alunos brasileiros.
Apesar das características de cada idioma, às vezes faz falta em português uma distinção semelhante. Já tem gente, por exemplo, pedindo "uma frita" ou "duas fritas" no barzinho. Ou pior: "uma fritas". Também já está sacramentado o uso da palavra "software" como contável, embora não o seja em inglês. Compra-se "um software" ou "dois softwares". Mas já me aconteceu de entender mal uma expressão em português por querer interpretá-la ao pé da letra ou como deveria ser o certo.
Há muito tempo, eu e meus colegas tínhamos o hábito de almoçar uma vez por semana em uma churrascaria próxima do local de trabalho. Eles serviam espeto corrido (rodízio de carne), mas tinham também a opção de buffet. E eu observava que, no buffet, geralmente havia dois tipos de carne que também estavam sendo servidos nas mesas. O garçom oferecia o rodízio aos clientes, mas também despejava uma parte no buffet. Achei que seria uma boa opção para os dias em que eu almoçasse sozinho. No cartaz da entrada estava escrito com giz: "Espeto corrido ou buffet livre com duas carnes". Planejei voltar lá para experimentar a segunda opção.
Um dia, apareci lá e avisei ao garçom que só iria querer o buffet. Eram só dois itens do churrasco que eram oferecidos além das massas e saladas, mas eu achei mais do que suficiente. Servi-me à vontade de ambos os tipos de carne. Voltei lá no dia seguinte. E no outro. E no outro. Mas eu notava que um dos garçons me olhava meio atravessado, com cara de quem não estava gostando. No quarto ou quinto dia consecutivo, era ele quem estava no caixa. Quando foi me cobrar, me avisou:
- Da próxima vez o senhor já sabe: o buffet é livre com duas carnes. Se o senhor comer mais, teremos que cobrar espeto corrido.
- Como assim?
- O buffet é livre com duas carnes. Mais do que duas carnes, temos que cobrar espeto corrido.
Aí caiu a ficha:
- Ah, buffet livre com dois pedaços de carne?
Era isso. E ele ainda deve ter ficado indignado por eu não ter entendido algo tão fácil. Não bastasse eu ter que decifrar o real significado de "duas carnes", ainda tinha o agravante da expressão enganosa "buffet livre". Morri de vergonha, mas aprendi: na linguagem dos restaurantes populares, "buffet livre com duas carnes" quer dizer "buffet limitado a dois pedaços de carne e o restante livre".
sexta-feira, maio 26, 2006
De novo
Será que as pessoas nunca vão aprender que e-mail não é fonte confiável para divulgação de notícias? Que uma notícia de verdade chega rapidinho ao conhecimento da imprensa antes de conseguir se espalhar pela Internet? Acabo de receber uma mensagem dessas. "O que muito me admira é que quase não houve divulgação", diz o texto. " Na TV, só passou uma vez no Jornal da Record, e na BAND." Isso me lembra quando "deu na Globo" que o Orkut ia ser pago. Ninguém nunca sabe dizer exatamente quando e por quem. Ao final, invariavelmente, as recomendações: "Espalhem..." E o pessoal espalha. "Colaborem com a divulgação." E o pessoal divulga. "Passe para todos da sua lista de contato." E o pessoal passa. Mas os jornalistas, coitadinhos, não ficaram sabendo de nada. Um legítimo "furo de reportagem" via e-mail!
Como tem trouxa por aí...
Como tem trouxa por aí...
quinta-feira, maio 25, 2006
Viva o Código do Consumidor!
Hoje foi, para mim, um dia daqueles de agradecer pela existência do Código do Consumidor. Pra quem não lembra, ele entrou em vigor em 1990 e deixou os comerciantes em polvorosa. Imagine que agora eles iriam ter que aceitar devolução ou substituição de produtos defeituosos! Quem o cliente pensa que é para ter esses direitos? Imagine a bagunça que vai ser se todos resolverem vir aqui pedir pra trocar alguma compra só porque não ficaram satisfeitos! Onde esse pessoal pensa que está, na Suíça?
Eu confesso que fiquei um tanto cético no começo. Tive minhas dúvidas se uma cultura tão arraigada conseguiria ser modificada assim, de cima para baixo. Não me ocorreu uma obviedade: as leis que não pegam são aquelas em que a maioria se sente prejudicada. Nesse caso o consumidor era em maior número e faria valer seus direitos. A mentalidade do comércio em relação ao consumidor mudou substancialmente. Felizmente foi-se o tempo em que comprar um produto defeituoso era adquirir um ingresso para o calvário das múltiplas entradas em "assistências técnicas". Hoje ninguém acha um absurdo aceitar substituição ou mesmo devolução de uma mercadoria comprada. É um direito reconhecido e observado.
Pois no horário de almoço, vi em um dos muitos ótimos sebos que existem no centro de Porto Alegre um livro com textos e fotos de Mario Quintana editado em 1998 pela CEEE (que quer dizer Companhia Estadual de Energia Elétrica – sempre é bom lembrar que não são só gaúchos que lêem este blog, o que muito me orgulha). Como era um item que nunca havia sido colocado à venda e foi impresso há oito anos, imaginei ser uma raridade. Mesmo assim, estava um pouco caro: 80 reais. Pensei muito, mas depois imaginei que me arrependeria se não comprasse. Quantos livros e discos já estiveram em minhas mãos e eu os refuguei para depois lamentar. Neste mês estou mais folgado, achei melhor não deixar escapar a chance. Comprei.
Depois, dobrei a esquina para dar uma olhada em uma loja de discos raros. Do outro lado da rua, avistei outro sebo que nunca tinha me chamado a atenção. Resolvi conferi-lo também. Aí, o que vejo na vitrine? A mesma "raridade" que eu havia acabado de comprar no concorrente. Mas com uma pequena diferença: o preço era 30 reais! Tentei me consolar observando que a capa estava um pouco machucada, mas dentro da livraria encontrei outro exemplar novinho pelo mesmo preço!
E agora? Respirei fundo e contei até dez. É preciso manter a calma nessas situações. Resolvi arriscar: voltei na loja anterior e perguntei se aceitavam devolução. Havia o dificultador de eu ter pago com cartão de débito. Mas eu adoro livros e não teria problemas em aceitar troca. Chegamos a um acordo: eles me deram um vale de 80 reais que eu não terei a menor dificuldade em gastar quando tiver mais tempo para olhar com calma o acervo da livraria. E eles têm mais três filiais para eu vasculhar à vontade (também, com essa margem de lucro...). Voltei na segunda livraria e comprei o mesmo volume por 30 reais.
Essa solução jamais teria sido possível antes de 1990. Viva o Código do Consumidor! Viva a concorrência livre e leal!
Eu confesso que fiquei um tanto cético no começo. Tive minhas dúvidas se uma cultura tão arraigada conseguiria ser modificada assim, de cima para baixo. Não me ocorreu uma obviedade: as leis que não pegam são aquelas em que a maioria se sente prejudicada. Nesse caso o consumidor era em maior número e faria valer seus direitos. A mentalidade do comércio em relação ao consumidor mudou substancialmente. Felizmente foi-se o tempo em que comprar um produto defeituoso era adquirir um ingresso para o calvário das múltiplas entradas em "assistências técnicas". Hoje ninguém acha um absurdo aceitar substituição ou mesmo devolução de uma mercadoria comprada. É um direito reconhecido e observado.
Pois no horário de almoço, vi em um dos muitos ótimos sebos que existem no centro de Porto Alegre um livro com textos e fotos de Mario Quintana editado em 1998 pela CEEE (que quer dizer Companhia Estadual de Energia Elétrica – sempre é bom lembrar que não são só gaúchos que lêem este blog, o que muito me orgulha). Como era um item que nunca havia sido colocado à venda e foi impresso há oito anos, imaginei ser uma raridade. Mesmo assim, estava um pouco caro: 80 reais. Pensei muito, mas depois imaginei que me arrependeria se não comprasse. Quantos livros e discos já estiveram em minhas mãos e eu os refuguei para depois lamentar. Neste mês estou mais folgado, achei melhor não deixar escapar a chance. Comprei.
Depois, dobrei a esquina para dar uma olhada em uma loja de discos raros. Do outro lado da rua, avistei outro sebo que nunca tinha me chamado a atenção. Resolvi conferi-lo também. Aí, o que vejo na vitrine? A mesma "raridade" que eu havia acabado de comprar no concorrente. Mas com uma pequena diferença: o preço era 30 reais! Tentei me consolar observando que a capa estava um pouco machucada, mas dentro da livraria encontrei outro exemplar novinho pelo mesmo preço!
E agora? Respirei fundo e contei até dez. É preciso manter a calma nessas situações. Resolvi arriscar: voltei na loja anterior e perguntei se aceitavam devolução. Havia o dificultador de eu ter pago com cartão de débito. Mas eu adoro livros e não teria problemas em aceitar troca. Chegamos a um acordo: eles me deram um vale de 80 reais que eu não terei a menor dificuldade em gastar quando tiver mais tempo para olhar com calma o acervo da livraria. E eles têm mais três filiais para eu vasculhar à vontade (também, com essa margem de lucro...). Voltei na segunda livraria e comprei o mesmo volume por 30 reais.
Essa solução jamais teria sido possível antes de 1990. Viva o Código do Consumidor! Viva a concorrência livre e leal!
quarta-feira, maio 24, 2006
Infame
Esta é fácil: como se chama alguém que tem compulsão por furtar CDs de Eric Clapton?
P.S.: A Luana matou a charada. Dá até pra imaginar uma historinha. Numa festa, alguém avisa ao dono da casa:
- Cuidado, não deixe o Fulano ver o seus CDs raros do Eric Clapton. Ele pode querer roubá-los.
- Por quê?
- Porque ele é Claptonmaníaco!
P.S.: A Luana matou a charada. Dá até pra imaginar uma historinha. Numa festa, alguém avisa ao dono da casa:
- Cuidado, não deixe o Fulano ver o seus CDs raros do Eric Clapton. Ele pode querer roubá-los.
- Por quê?
- Porque ele é Claptonmaníaco!
segunda-feira, maio 22, 2006
Sem noção
Todos conhecem a expressão "fazer-se de bobo para passar bem". É o que se diz quando alguém se finge de inocente com o objetivo de obter algum favor especial ou privilégio. Mas, depois de observar diversas situações, cheguei à conclusão de que os bobos "legítimos" ainda são maioria. Os espertos existem, mas o predomínio é de pessoas realmente sem noção, que não conhecem seus limites e acreditam ter mais direitos do que realmente possuem. Como noto a diferença? Pela reação quando não conseguem o que querem. O "bobo pra passar bem" até pode insistir, mas sabe dar-se por vencido. Sua atitude é: paciência, pelo menos tentei. Já o bobo verdadeiro fica inconformado, revolta-se feito criança mimada. Tem muita gente assim.
Há muitos anos, levei o Iuri ainda pequeno em um Pediatra que atendia em Canasvieiras. Enquanto a enfermeira cadastrava meus dados, vi um casal chegar com um nenê de colo pedindo que o médico fosse chamado na sala de espera. Eles queriam que o doutor desse uma olhada na criança "pra ver se precisava consultar". Ou seja, faltava-lhes vivência para entender que uma das finalidades da consulta é constatar ou não alguma doença e não apenas medicar. Se não houvesse nada, o dinheiro gasto valeria pela tranqüilidade – que foi exatamente o caso do meu filho. Mas não, eles queriam uma pré-consulta gratuita. O médico educadamente explicou: "ou ele consulta, ou ele não consulta". Acabou não consultando. O casal deve estar até hoje indignado com a "má vontade" do doutor.
Certa vez, fiz um curso de extensão em Análise de Sistemas em que a bibliografia era quase toda em inglês. Isso incomodava meus colegas, que não tinham bom domínio do idioma. Mas eles se safavam. Prestavam atenção nas aulas e iam bem nas provas. Mesmo assim, um dia uma professora disse que iria distribuir um material em inglês e um colega, com quem não quer nada, perguntou: "Não dava pra você traduzir pra nós antes de entregar?" Hoje a comunidade de tradutores do Orkut é regularmente invadida por gente pedindo traduções gratuitas. E ficam ofendidíssimos se não são atendidos!
Recentemente uma colega da comunidade "A Noviça Rebelde" me escreveu dizendo que estava preparando uma apresentação baseada no filme e queria que eu lhe enviasse "todas" as músicas para que escolhesse as melhores. Ora, como alguém se propõe a um projeto desses sem ter no mínimo a trilha sonora já ouvida e disponível? Por sorte achei um link onde alguém já havia postado as músicas em MP3 e o indiquei, do contrário eu teria que dizer: quem sabe você não prefere que eu lhe mande o meu CD de presente?
Um dia um colega de faculdade me contou que pediu a um vendedor de loja de discos raros que trouxesse de casa um determinado LP que ele queria olhar. E ficou revoltado porque a resposta – óbvia, diga-se de passagem – foi: "E eu vou trazer só pra você olhar?" Eu incluiria nessa turma aqueles para quem você não pode dizer que tem nada, que já querem emprestado. Enfim, é uma questão cultural. Em geral o comentário que esse pessoal suscita é o de que estão bancando os espertos. Mas eu acho que não. A maioria é "sem noção", mesmo. Fazer o quê?
P.S.: Aos que estão chegando aqui via Tecla SAP (valeu o link, Ulisses!), indico também os seguintes textos, que têm a ver com inglês ou linguagem:
A palavra que falta
Duas carnes
Eufemismos
Get a life
Inversão de valores
Objetividade verbal
Professores de inglês na berlinda
Regras para confundir
Transmitindo informações
Há muitos anos, levei o Iuri ainda pequeno em um Pediatra que atendia em Canasvieiras. Enquanto a enfermeira cadastrava meus dados, vi um casal chegar com um nenê de colo pedindo que o médico fosse chamado na sala de espera. Eles queriam que o doutor desse uma olhada na criança "pra ver se precisava consultar". Ou seja, faltava-lhes vivência para entender que uma das finalidades da consulta é constatar ou não alguma doença e não apenas medicar. Se não houvesse nada, o dinheiro gasto valeria pela tranqüilidade – que foi exatamente o caso do meu filho. Mas não, eles queriam uma pré-consulta gratuita. O médico educadamente explicou: "ou ele consulta, ou ele não consulta". Acabou não consultando. O casal deve estar até hoje indignado com a "má vontade" do doutor.
Certa vez, fiz um curso de extensão em Análise de Sistemas em que a bibliografia era quase toda em inglês. Isso incomodava meus colegas, que não tinham bom domínio do idioma. Mas eles se safavam. Prestavam atenção nas aulas e iam bem nas provas. Mesmo assim, um dia uma professora disse que iria distribuir um material em inglês e um colega, com quem não quer nada, perguntou: "Não dava pra você traduzir pra nós antes de entregar?" Hoje a comunidade de tradutores do Orkut é regularmente invadida por gente pedindo traduções gratuitas. E ficam ofendidíssimos se não são atendidos!
Recentemente uma colega da comunidade "A Noviça Rebelde" me escreveu dizendo que estava preparando uma apresentação baseada no filme e queria que eu lhe enviasse "todas" as músicas para que escolhesse as melhores. Ora, como alguém se propõe a um projeto desses sem ter no mínimo a trilha sonora já ouvida e disponível? Por sorte achei um link onde alguém já havia postado as músicas em MP3 e o indiquei, do contrário eu teria que dizer: quem sabe você não prefere que eu lhe mande o meu CD de presente?
Um dia um colega de faculdade me contou que pediu a um vendedor de loja de discos raros que trouxesse de casa um determinado LP que ele queria olhar. E ficou revoltado porque a resposta – óbvia, diga-se de passagem – foi: "E eu vou trazer só pra você olhar?" Eu incluiria nessa turma aqueles para quem você não pode dizer que tem nada, que já querem emprestado. Enfim, é uma questão cultural. Em geral o comentário que esse pessoal suscita é o de que estão bancando os espertos. Mas eu acho que não. A maioria é "sem noção", mesmo. Fazer o quê?
P.S.: Aos que estão chegando aqui via Tecla SAP (valeu o link, Ulisses!), indico também os seguintes textos, que têm a ver com inglês ou linguagem:
A palavra que falta
Duas carnes
Eufemismos
Get a life
Inversão de valores
Objetividade verbal
Professores de inglês na berlinda
Regras para confundir
Transmitindo informações
Recomendação
Pra quem sabe inglês, recomendo o blog "Booksteve's Library". "Livros, filmes, gibis, música, anúncios e itens de coleção de minha vasta biblioteca de cultura pop". Disparado o melhor blog que já achei na Internet até hoje!
domingo, maio 21, 2006
Alerta real
Atenção, gente, desta vez não é alarme falso. Está circulando furiosamente no Orkut uma mensagem com o seguinte texto:
"Dá uma olhada nas fotos da nossa festa, ficaram ótimas."
A seguir vem um link. Não clique! Mesmo que a mensagem venha de alguém de confiança ou que tenha mesmo havido uma festa. Pelo que entendi, é um Cavalo de Tróia que "entrega" seu perfil para outra pessoa. Esta, por sua vez, usa o seu perfil para enviar a mesma armadilha para seus amigos. E assim por diante. Podem conferir: normalmente quem envia uma mensagem assim, já tem uma igual na sua própria página de recados.
"Dá uma olhada nas fotos da nossa festa, ficaram ótimas."
A seguir vem um link. Não clique! Mesmo que a mensagem venha de alguém de confiança ou que tenha mesmo havido uma festa. Pelo que entendi, é um Cavalo de Tróia que "entrega" seu perfil para outra pessoa. Esta, por sua vez, usa o seu perfil para enviar a mesma armadilha para seus amigos. E assim por diante. Podem conferir: normalmente quem envia uma mensagem assim, já tem uma igual na sua própria página de recados.
sexta-feira, maio 19, 2006
Pioneiros da maquiagem
Mais um capítulo da novela "quem veio primeiro, quem copiou quem". O grupo de rock progressivo italiano Osanna surgiu em 1971 e usava maquiagem nos discos e nos shows. Eles abriram para o Genesis quando o grupo de Peter Gabriel se apresentou na Itália e há quem acredite que o vocalista possa ter-se inspirado neles para suas máscaras. Esta, sim, é uma hipótese bem mais plausível do que os argumentos mirabolantes que alguns fãs apresentam para dizer que o Kiss copiou os Secos & Molhados. Há várias páginas sobre o Osanna na Internet, mas especificamente aqui o texto em espanhol chama a atenção para o fato de que o grupo se apresentava maquiado "antes de Kiss e Secos & Molhados".
Apenas para registro, não creio que o Kiss tenha roubado a idéia do Osanna, tampouco. Assim como os roqueiros americanos não tomavam conhecimento do que acontecia no Brasil, também não se interessavam pela Itália. O glitter rock estava "no ar" nos anos 70 e muita gente usava maquiagem em capas de discos, shows, filmes e peças de teatros. As influências mais prováveis do Kiss foram Alice Cooper, David Bowie e Roy Wood.
Amor de infância
Nesta semana comprei uma edição em CD da trilha sonora do filme "Melody", de 1971, lançado no Brasil com o título de "Quando Brota o Amor". Vi-o no saudoso cinema Imperial em 1972. O vinil é antigo e está fora de catálogo, mas o CD só saiu no Japão e na Argentina. A trilha inclui várias músicas dos Bee Gees, embora nenhuma inédita. Foi a edição argentina que achei em uma loja de discos raros de Porto Alegre, lançada com apoio do fã clube dos Bee Gees naquele país. Mais uma façanha dos fãs argentinos, que conseguiram também a vinda do próprio grupo em 1997 na turnê "One Night Only".
Enquanto ouvia as músicas, entre elas belíssimas execuções da orquestra de Richard Hewson, lembrava do filme. Na época em que o vi pela primeira vez, eu era muito imaturo para captar uma nuance bastante original do enredo, que era a perspectiva infantil. Os personagens principais são vividos por Mark Lester e Tracy Hyde, um casal de crianças de dez anos que, mais do que namorar, decidem casar. Não no futuro: imediatamente!
Embora o site All Movie não o inclua em sua lista de "similar movies", vejo semelhanças entre "Melody" e "Um Pequeno Romance", de 1979. Ali, os namoradinhos (Thelonious Bernard e Diane Lane) têm cerca de 13 anos, grandinhos o bastante para saber dos mistérios do amor adulto, mas ainda jovens demais para desvendá-los (ao menos nos anos 70). Isso fica evidente em uma cena em que, levados por um amigo comum, assistem a um filme pornô que deixa a menina chocada. O garoto depois comenta: "Aquilo não é amor." Mas um aspecto diferencia claramente os dois filmes. "Um Pequeno Romance", com todas as suas aventuras e peripécias, termina num toque de realismo quando a garota se muda da cidade. Um desfecho pouco original, se lembrarmos de "Susan e Jeremy, o Primeiro Amor", esse já focalizando dois adolescentes no despertar de sua sexualidade. Já o final de "Melody" é puro conto de fadas. Totalmente implausível, mas bonito: as crianças fogem para casar. E assim o filme termina, sem que ninguém questione para onde foram aqueles infantes de apenas dez anos, o que fizeram e como sobreviveram. Ou se decidiram voltar na metade do caminho, como os amigos rebeldes de "Marcelo Zona Sul".
"Melody" resume a fantasia do amor infantil. Você teve uma paixão de infância? Que idade você tinha quando "gostou" ou "esteve a fim" de alguém pela primeira vez? Existe amor de verdade aos dez, onze ou 12 anos? O filme não pondera sobre isso, apenas conta uma história que poderia estar nos sonhos de qualquer criança enamorada. O que não deixa de ser um ponto em comum com "Um Pequeno Romance", que mostra uma visão tão mais amadurecida quanto os próprios personagens. Sim, existe amor na infância. Ou na pré-adolescência. "Um Pequeno Romance" está disponível em DVD, mas "Melody" ainda não foi lançado nesse formato nem mesmo no exterior. Um dia deve sair, para que as novas gerações conheçam uma bela obra cinematográfica sobre a inocência de um namoro aos dez anos. E com final feliz e tudo. Ou vocês duvidam que os personagens tenham vivido felizes para sempre?
Enquanto ouvia as músicas, entre elas belíssimas execuções da orquestra de Richard Hewson, lembrava do filme. Na época em que o vi pela primeira vez, eu era muito imaturo para captar uma nuance bastante original do enredo, que era a perspectiva infantil. Os personagens principais são vividos por Mark Lester e Tracy Hyde, um casal de crianças de dez anos que, mais do que namorar, decidem casar. Não no futuro: imediatamente!
Embora o site All Movie não o inclua em sua lista de "similar movies", vejo semelhanças entre "Melody" e "Um Pequeno Romance", de 1979. Ali, os namoradinhos (Thelonious Bernard e Diane Lane) têm cerca de 13 anos, grandinhos o bastante para saber dos mistérios do amor adulto, mas ainda jovens demais para desvendá-los (ao menos nos anos 70). Isso fica evidente em uma cena em que, levados por um amigo comum, assistem a um filme pornô que deixa a menina chocada. O garoto depois comenta: "Aquilo não é amor." Mas um aspecto diferencia claramente os dois filmes. "Um Pequeno Romance", com todas as suas aventuras e peripécias, termina num toque de realismo quando a garota se muda da cidade. Um desfecho pouco original, se lembrarmos de "Susan e Jeremy, o Primeiro Amor", esse já focalizando dois adolescentes no despertar de sua sexualidade. Já o final de "Melody" é puro conto de fadas. Totalmente implausível, mas bonito: as crianças fogem para casar. E assim o filme termina, sem que ninguém questione para onde foram aqueles infantes de apenas dez anos, o que fizeram e como sobreviveram. Ou se decidiram voltar na metade do caminho, como os amigos rebeldes de "Marcelo Zona Sul".
"Melody" resume a fantasia do amor infantil. Você teve uma paixão de infância? Que idade você tinha quando "gostou" ou "esteve a fim" de alguém pela primeira vez? Existe amor de verdade aos dez, onze ou 12 anos? O filme não pondera sobre isso, apenas conta uma história que poderia estar nos sonhos de qualquer criança enamorada. O que não deixa de ser um ponto em comum com "Um Pequeno Romance", que mostra uma visão tão mais amadurecida quanto os próprios personagens. Sim, existe amor na infância. Ou na pré-adolescência. "Um Pequeno Romance" está disponível em DVD, mas "Melody" ainda não foi lançado nesse formato nem mesmo no exterior. Um dia deve sair, para que as novas gerações conheçam uma bela obra cinematográfica sobre a inocência de um namoro aos dez anos. E com final feliz e tudo. Ou vocês duvidam que os personagens tenham vivido felizes para sempre?
Mensagens para ninguém
Querem se divertir um pouco? Cliquem aqui e leiam a página de recados do moderador fantasma no Orkut. Aquele que se apoderou de 77 comunidades criadas por outros e depois sumiu. As mensagens se dividem basicamente em três tipos:
- Gente recém-chegada que entra para cumprimentá-lo por ter "criado" essa ou aquela comunidade e pede que dê retorno para que possam conversar sobre o assunto. Alguns pedem também que ele inclua sua comunidade como relacionada.
- Gente pedindo que ele por favor faça alguma coisa por essa ou aquela comunidade que está um caos, em alguns casos sugerindo que passe-a para outro se não quer "mais" moderá-la. Engraçados são os colorados ou gremistas que não percebem que ele modera comunidades dos dois times e escrevem coisas como "você que é colorado, não deixe aqueles gremistas tomarem conta" e vice-versa.
- Gente que já percebeu que ele é uma farsa e coloca mensagens sobre isso para alertar aos outros. Esses são minoria. Uma mensagem em inglês me chamou a atenção: diz que existem perfis com "poder" para se apoderar de determinadas comunidades e que o dele é o caso. Então pede para que ele tome para si uma comunidade do Eminem e passe para ele, o que colocou a mensagem. Que coisa, hein?
Enquanto o Orkut não faz nada (se é que fará), a gente se diverte às custas dos incautos.
- Gente recém-chegada que entra para cumprimentá-lo por ter "criado" essa ou aquela comunidade e pede que dê retorno para que possam conversar sobre o assunto. Alguns pedem também que ele inclua sua comunidade como relacionada.
- Gente pedindo que ele por favor faça alguma coisa por essa ou aquela comunidade que está um caos, em alguns casos sugerindo que passe-a para outro se não quer "mais" moderá-la. Engraçados são os colorados ou gremistas que não percebem que ele modera comunidades dos dois times e escrevem coisas como "você que é colorado, não deixe aqueles gremistas tomarem conta" e vice-versa.
- Gente que já percebeu que ele é uma farsa e coloca mensagens sobre isso para alertar aos outros. Esses são minoria. Uma mensagem em inglês me chamou a atenção: diz que existem perfis com "poder" para se apoderar de determinadas comunidades e que o dele é o caso. Então pede para que ele tome para si uma comunidade do Eminem e passe para ele, o que colocou a mensagem. Que coisa, hein?
Enquanto o Orkut não faz nada (se é que fará), a gente se diverte às custas dos incautos.
quarta-feira, maio 17, 2006
Como vou saber?
Diálogo no Orkut (editado para melhor compreensão):
- Fulano, você poderia me dar mais detalhes sobre essa entrevista dos Bee Gees que você tem em vídeo?
- É da TV americana, com Barry e Robin. Os dois não aparecem juntos. Tem aproximadamente 20 minutos.
- Poderia descrevê-la melhor?
- Descrever como? O Barry está de camisa vermelha e o local é um estúdio.
- Sim, mas sobre o que eles falam?
- Não sei, não tem legendas!
Ora!
- Fulano, você poderia me dar mais detalhes sobre essa entrevista dos Bee Gees que você tem em vídeo?
- É da TV americana, com Barry e Robin. Os dois não aparecem juntos. Tem aproximadamente 20 minutos.
- Poderia descrevê-la melhor?
- Descrever como? O Barry está de camisa vermelha e o local é um estúdio.
- Sim, mas sobre o que eles falam?
- Não sei, não tem legendas!
Ora!
terça-feira, maio 16, 2006
Pulhas virtuais
Se um dia eu compilar uma lista dos melhores sites da Internet, sem dúvida estará entre eles o Quatro Cantos. Não há um único alerta que eu receba por e-mail que aquele site não desmascare, com origem e tudo. Por exemplo, acabo de receber o do "golpe do perfume", invariavelmente acompanhado da recomendação: "ALERTEM FILHOS, FILHAS, ESPOSA, MARIDOS, AMIGOS, TODOS." Por que esposa no singular e maridos no plural? Acho que o certo seria trocar por "marido" e acrescentar "amantes". Em todo o caso, cliquem nos links e divirtam-se.
São Paulo
Antigamente acreditava-se que o mundo acabava no Oceano Atlântico. Quem navegasse muito além do litoral corria o risco de despencar em uma misteriosa queda d'água até o infinito. Já nos tempos atuais é um pouco diferente. A Internet mudou a situação para melhor, mas já houve uma época em que eu encomendava livros estrangeiros em "importadoras" de Porto Alegre para depois ter a resposta: "não tinha em São Paulo." Logo, para o comércio de Porto Alegre, o mundo acaba em São Paulo. E provavelmente começa no Paraguai.
Mas não só isso. Certa vez telefonei para uma renomada assistência técnica da capital gaúcha. Expliquei que tinha um televisor Toshiba cuja imagem estava começando a falhar e perguntei se eles consertavam. Sim, consertavam. Ainda um tanto incrédulo, pedi que viessem buscar o aparelho. A partir da data prometida para entrega, fui enrolado por quase cinco dias na base do "só no final da tarde", "só amanhã pela manhã" e assim por diante, até que perguntei: "Afinal, o que está havendo?" Aí fui informado de que o meu modelo era importado e, pra consertar, "só em São Paulo". O mesmo aconteceu quando levei minha máquina fotográfica Minolta para reparos. A despeito da arrogância do gaúcho, quando percebemos que não temos competência para fazer alguma coisa, dizemos que "só em São Paulo" para resolver.
Nem é preciso dizer que fui criando um certo fascínio por essa terra abençoada em que tudo se acha e tudo se conserta. Quando finalmente conheci a cidade, entendi melhor. São Paulo é tudo isso e muito mais. É uma cidade enorme e complexa, difícil de ser imaginada por quem só viveu em Porto Alegre. Como disse um amigo que mora lá, "quando se quer ir a um show ou peça de teatro, às vezes a distância é tão longa que a gente acaba desistindo". Exatamente por isso, quando se está para ir a São Paulo, não se pode contar para ninguém. Sempre tem alguém que quer alguma coisa que "só tem em São Paulo". E pensa que é uma cidade como Porto Alegre, em que se vai a qualquer lugar em no máximo meia-hora com dez reais de táxi.
Há quem suponha que Nova York é parecida com São Paulo. Eu, que tive o privilégio de conhecer as duas metrópoles, acho-as bem diferentes. Nova York tem espaços, tem verde, tem clareiras. São Paulo, até onde a vista alcança, é só prédios e poluição. Que me perdoem os meus amigos de lá, mas é a imagem que ficou para mim. Alguns moradores concordam e sonham em um dia sair de lá. O paulistano que passa um tempo em Porto Alegre, por exemplo, se apaixona e não quer voltar mais. Já o mesmo não acontece com o carioca, que sente falta da praia e da vida noturna.
Considerando tudo isso, a barbárie que se instaurou em São Paulo desde sexta-feira ganha dimensões ainda mais incompreensíveis. Como os bandidos conseguiram dominar tão rápido uma cidade daquele porte? E como o Governador ainda pôde hesitar em aceitar ajuda do Governo Federal? O caos deixou o país inteiro em estado de alerta. Espero que meus amigos que lá residem, que não são poucos, estejam todos bem. Nesta hora é impossível o gaúcho não desejar que também pesadelos como esse ocorram "só em São Paulo".
Mas não só isso. Certa vez telefonei para uma renomada assistência técnica da capital gaúcha. Expliquei que tinha um televisor Toshiba cuja imagem estava começando a falhar e perguntei se eles consertavam. Sim, consertavam. Ainda um tanto incrédulo, pedi que viessem buscar o aparelho. A partir da data prometida para entrega, fui enrolado por quase cinco dias na base do "só no final da tarde", "só amanhã pela manhã" e assim por diante, até que perguntei: "Afinal, o que está havendo?" Aí fui informado de que o meu modelo era importado e, pra consertar, "só em São Paulo". O mesmo aconteceu quando levei minha máquina fotográfica Minolta para reparos. A despeito da arrogância do gaúcho, quando percebemos que não temos competência para fazer alguma coisa, dizemos que "só em São Paulo" para resolver.
Nem é preciso dizer que fui criando um certo fascínio por essa terra abençoada em que tudo se acha e tudo se conserta. Quando finalmente conheci a cidade, entendi melhor. São Paulo é tudo isso e muito mais. É uma cidade enorme e complexa, difícil de ser imaginada por quem só viveu em Porto Alegre. Como disse um amigo que mora lá, "quando se quer ir a um show ou peça de teatro, às vezes a distância é tão longa que a gente acaba desistindo". Exatamente por isso, quando se está para ir a São Paulo, não se pode contar para ninguém. Sempre tem alguém que quer alguma coisa que "só tem em São Paulo". E pensa que é uma cidade como Porto Alegre, em que se vai a qualquer lugar em no máximo meia-hora com dez reais de táxi.
Há quem suponha que Nova York é parecida com São Paulo. Eu, que tive o privilégio de conhecer as duas metrópoles, acho-as bem diferentes. Nova York tem espaços, tem verde, tem clareiras. São Paulo, até onde a vista alcança, é só prédios e poluição. Que me perdoem os meus amigos de lá, mas é a imagem que ficou para mim. Alguns moradores concordam e sonham em um dia sair de lá. O paulistano que passa um tempo em Porto Alegre, por exemplo, se apaixona e não quer voltar mais. Já o mesmo não acontece com o carioca, que sente falta da praia e da vida noturna.
Considerando tudo isso, a barbárie que se instaurou em São Paulo desde sexta-feira ganha dimensões ainda mais incompreensíveis. Como os bandidos conseguiram dominar tão rápido uma cidade daquele porte? E como o Governador ainda pôde hesitar em aceitar ajuda do Governo Federal? O caos deixou o país inteiro em estado de alerta. Espero que meus amigos que lá residem, que não são poucos, estejam todos bem. Nesta hora é impossível o gaúcho não desejar que também pesadelos como esse ocorram "só em São Paulo".
segunda-feira, maio 15, 2006
De onde, mesmo?
Minha irmã, que entende muito mais de arte do que eu (se entendesse só um pouco mais não seria vantagem, pois eu não entendo nada), me repassou uma apresentação em Power Point supostamente contendo pinturas de Salvador Dali. "Dali de onde?", ela pergunta. "Algumas até são dele, mas têm outras até com a assinatura do verdadeiro autor..." Pelo visto, Salvador Dali é o Mario Quintana da pintura na Internet: qualquer obra diferente, chamativa e de apelo imediato é atribuída a ele. Esses cavalos aí, por exemplo, não são bem o estilo dele? Dali é demais! (Salvador de quem, mesmo?)
sábado, maio 13, 2006
Dia das Mães
Eu tenho dificuldade de transmitir com palavras o que sinto em relação à minha mãe. A expressão que melhor define o meu sentimento é: missão cumprida. Quando ela se foi, claro que eu sofri muito. Mas também senti muita gratidão por ter tido a mãe que eu tive. Ela teve tempo de me ensinar tudo o que devia e me preparar para a vida, inclusive para o momento em que eu não a teria mais. Quantas vezes ela me falou: "Eu não sou eterna. Tu és o que vais nos ter menos tempo." Depois ela se dava conta do que tinha dito e tentava remendar. Mas claro que eu entendia: de todos os filhos, eu a perderia mais jovem. Ela só falhou em me encher de mordomias, com medo de que eu saísse de casa. Com isso, tornei-me um adulto absurdamente desorganizado, já que na minha casa as coisas iam para o lugar "automaticamente". Mas não sinto um vazio pela ida dela. Foi como se em algum momento de sua vida ela tivesse me passado um bastão e dito: este é o amor que eu sinto por ti. Vai ficar contigo. Os ensinamentos eu já te transmiti. Então eu sinto a minha mãe viva dentro de mim.
Eu gostaria que todos tivessem uma mãe como eu tive. Mas principalmente que, quando a perdessem, tivessem a mesma sensação de "missão cumprida" que ela me deixou. Eu sei que nem sempre é fácil. Existem as partidas prematuras, inesperadas, fortuitas. Mas também há pessoas que têm mais dificuldade de lidar com essa situação. Nossa família sempre acreditou em vida após a vida. Lembro quando, ainda criança, soube de um parente que estava desenganado. Fiquei imaginando o horror que deve ter sido para os filhos. Pois nós sabíamos que a hora da nossa mãe estava chegando e, mesmo assim, a cada dia em que podíamos estar com ela, ficávamos felizes, ríamos, curtíamos a presença dela. Talvez, alimentando uma esperança de que ainda não fosse daquela vez. Mas estávamos preparados. Ela foi em paz.
Se você não tem mais sua mãe por perto, não fique deprimido neste Dia das Mães. Reze por ela. Agradeça pela mãe que teve. Sorria ao lembrar dos bons momentos. Cumprimente as outras mães que aqui estão, também desempenhando as suas tarefas. A vida é assim, um encadeamento de gerações e missões. Feliz Dia das Mães! De todas as mães, do céu e da terra!
Eu gostaria que todos tivessem uma mãe como eu tive. Mas principalmente que, quando a perdessem, tivessem a mesma sensação de "missão cumprida" que ela me deixou. Eu sei que nem sempre é fácil. Existem as partidas prematuras, inesperadas, fortuitas. Mas também há pessoas que têm mais dificuldade de lidar com essa situação. Nossa família sempre acreditou em vida após a vida. Lembro quando, ainda criança, soube de um parente que estava desenganado. Fiquei imaginando o horror que deve ter sido para os filhos. Pois nós sabíamos que a hora da nossa mãe estava chegando e, mesmo assim, a cada dia em que podíamos estar com ela, ficávamos felizes, ríamos, curtíamos a presença dela. Talvez, alimentando uma esperança de que ainda não fosse daquela vez. Mas estávamos preparados. Ela foi em paz.
Se você não tem mais sua mãe por perto, não fique deprimido neste Dia das Mães. Reze por ela. Agradeça pela mãe que teve. Sorria ao lembrar dos bons momentos. Cumprimente as outras mães que aqui estão, também desempenhando as suas tarefas. A vida é assim, um encadeamento de gerações e missões. Feliz Dia das Mães! De todas as mães, do céu e da terra!
Alerta de falso Verissimo
Atenção legião de defensores da verdadeira obra de Luis Fernando Verissimo: preparar armas! Está circulando um novo "falsíssimo", com apresentação em Power Point, musiquinha de fundo e tudo, chamado "A mulher e o computador". Se receberem com a assinatura dele, podem responder que não é dele porque eu avisei! E se isso não for prova suficiente para o incauto, acrescente: Verissimo nunca usa palavrões.
Da série "depois dizem que não tenho paciência"
Apesar dos meus avisos, o "moderador fantasma" do Orkut continua recebendo mensagens em seu mural. Uns elogiam a comunidade que "ele" criou (fiquei com preguiça de verificar se era a do chimarrão, a do Death metal, a do "cine en castellano", a do Papai Noel em vários idiomas mas não português, a do Grêmio, a do Inter, a de Barcelona com apresentação em inglês, etc.), outros pedem que inclua tal comunidade como relacionada em uma das mais de 70 que estão sob seu comando, outros imploram para que ele faça alguma coisa por uma das muitas comunidades dele que viraram um caos. Claro que ele nem vai ler, que dirá responder. Além de tudo o que já citei no post anterior (ver mais abaixo), o perfil dele não diz nada. Eu, pelo menos, quando criei o meu perfil, procurei dar um mínimo de informações que permitissem ao visitante saber quem eu sou.
Pois bem: ontem dei uma examinada no mural do moderador fantasma e aproveitei para escrever para algumas pessoas que entraram lá na inocência, alertando de que se tratava de um ladrão de comunidades e não um moderador de verdade. Um dos que recebeu o meu alerta hoje entrou no meu mural e perguntou, curto e grosso:
- Quem é você?
Será que ele não sabe entrar no perfil e ler? Engraçado que o moderador ele não se preocupou em saber quem era.
Pois bem: ontem dei uma examinada no mural do moderador fantasma e aproveitei para escrever para algumas pessoas que entraram lá na inocência, alertando de que se tratava de um ladrão de comunidades e não um moderador de verdade. Um dos que recebeu o meu alerta hoje entrou no meu mural e perguntou, curto e grosso:
- Quem é você?
Será que ele não sabe entrar no perfil e ler? Engraçado que o moderador ele não se preocupou em saber quem era.
quinta-feira, maio 11, 2006
Clique para ampliar
Meia-hora no arquivo da Companhia Jornalística Caldas Júnior: R$ 5,00
Fotocópia de duas páginas da Folha da Tarde de 30 de dezembro de 1978 extraída na própria copiadora do arquivo: R$ 18,00
Convencer de uma vez por todas os teimosos de que o texto "Os votos", que circula pela Internet com o título de "Desejos", é mesmo de Sérgio Jockymann e não de Victor Hugo, Frejat ou quem quer que seja: não tem preço!
P.S.: Para que os internautas que normalmente procuram esse texto pelo Google consigam chegar aqui, vou citar os dois trechos mais conhecidos:
"Desejo primeiro que você ame e que, amando, seja também amado. (...)
E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor para recomeçar.
E se só isso acontecer, não tenho mais nada para desejar."
Observem bem o texto da página e vejam que alguns trechos costumam circular pela Internet de forma modificada. Mas esse e somente esse é o texto original.
Fotocópia de duas páginas da Folha da Tarde de 30 de dezembro de 1978 extraída na própria copiadora do arquivo: R$ 18,00
Convencer de uma vez por todas os teimosos de que o texto "Os votos", que circula pela Internet com o título de "Desejos", é mesmo de Sérgio Jockymann e não de Victor Hugo, Frejat ou quem quer que seja: não tem preço!
P.S.: Para que os internautas que normalmente procuram esse texto pelo Google consigam chegar aqui, vou citar os dois trechos mais conhecidos:
"Desejo primeiro que você ame e que, amando, seja também amado. (...)
E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor para recomeçar.
E se só isso acontecer, não tenho mais nada para desejar."
Observem bem o texto da página e vejam que alguns trechos costumam circular pela Internet de forma modificada. Mas esse e somente esse é o texto original.
quarta-feira, maio 10, 2006
Atletas de nascença
Geny Mascarello é a maior maratonista gaúcha de todos os tempos. Venceu a Maratona de Porto Alegre sete vezes na categoria feminina, fora as provas menores que ganhou. Houve uma época em que ela chegava a se queixar de não ter concorrentes à altura. Ela abandonou as maratonas em 2002. Foram praticamente 20 anos de atletismo como competidora de ponta.
Mas na verdade o que me impressiona na Geny foi a maneira como ela começou. Um dia, já adulta, acho que com 20 anos, ela decidiu começar a correr. Em questão de um ano, talvez menos, era a melhor corredora do Rio Grande do Sul. Tudo bem, talvez ela se destacasse na Educação Física no tempo do colégio. Mas não foi uma atleta formada desde cedo, como seria de se imaginar. Simplesmente, de uma hora para outra, ela resolveu correr e descobriu que era uma campeã. Quantos jovens se preparam, se esforçam, lutam para chegar lá, alguns desistem, outros perseveram mas obtêm resultados apenas razoáveis, e Geny nasceu atleta e não sabia.
O mais incrível é que não é o único caso. O jornalista José Inácio Werneck, que nos anos 80 seria o editor da saudosa "Viva, a Revista da Corrida", tinha o hábito de correr regularmente. Um dia sua esposa, a americana Dawn Webb, resolveu tentar acompanhá-lo. Conseguiu sem a menor dificuldade. Logo estava vencendo provas não só de corrida mas também triatlons. Como Geny, teve o seu auge nos anos 80.
Não entendo isso. Quanta gente por aí se matando para baixar uns quilinhos ou simplesmente manter a forma, outros tantos sendo treinados desde cedo para se formarem atletas, e essas duas adultas saem correndo do nada para os pódios. Terá sido alguma configuração astral no começo dos anos 80 que propiciou esses milagres? Considerando que até eu tive a minha fase de corredor nessa mesma época, não duvidaria. Não fossem os riscos à saúde eu diria: pelo sim, pelo não, experimente dar uma corridinha. Quem sabe você não descobre que era atleta de competição desde pequenininho?
Mas na verdade o que me impressiona na Geny foi a maneira como ela começou. Um dia, já adulta, acho que com 20 anos, ela decidiu começar a correr. Em questão de um ano, talvez menos, era a melhor corredora do Rio Grande do Sul. Tudo bem, talvez ela se destacasse na Educação Física no tempo do colégio. Mas não foi uma atleta formada desde cedo, como seria de se imaginar. Simplesmente, de uma hora para outra, ela resolveu correr e descobriu que era uma campeã. Quantos jovens se preparam, se esforçam, lutam para chegar lá, alguns desistem, outros perseveram mas obtêm resultados apenas razoáveis, e Geny nasceu atleta e não sabia.
O mais incrível é que não é o único caso. O jornalista José Inácio Werneck, que nos anos 80 seria o editor da saudosa "Viva, a Revista da Corrida", tinha o hábito de correr regularmente. Um dia sua esposa, a americana Dawn Webb, resolveu tentar acompanhá-lo. Conseguiu sem a menor dificuldade. Logo estava vencendo provas não só de corrida mas também triatlons. Como Geny, teve o seu auge nos anos 80.
Não entendo isso. Quanta gente por aí se matando para baixar uns quilinhos ou simplesmente manter a forma, outros tantos sendo treinados desde cedo para se formarem atletas, e essas duas adultas saem correndo do nada para os pódios. Terá sido alguma configuração astral no começo dos anos 80 que propiciou esses milagres? Considerando que até eu tive a minha fase de corredor nessa mesma época, não duvidaria. Não fossem os riscos à saúde eu diria: pelo sim, pelo não, experimente dar uma corridinha. Quem sabe você não descobre que era atleta de competição desde pequenininho?
segunda-feira, maio 08, 2006
O moderador fantasma
A principal motivação para a criação da comunidade "O verdadeiro Mario Quintana" no Orkut foi a omissão dos moderadores nas que já existiam antes. Uma em especial chega a ter 78 mil membros, mas o moderador nunca toma qualquer atitude. Eu já havia lhe enviado uma mensagem, mas não tive resposta. Um dia, examinando com calma o seu mural, vi que integrantes de diversas outras comunidades lhe faziam apelos idênticos para que tomasse providências com urgência, pois um caos semelhante imperava em outros grupos sob seu comando. Alguns pediam para que lhes transmitisse a moderação, já que ele estava omisso. Havia até boatos de que ele havia morrido, o que não seria de se duvidar. Mas também li que ele seria um hacker se apoderando de comunidades alheias.
Hoje, com mais tempo, resolvi examinar melhor a situação. Decidi verificar a lista de comunidades do sujeito em questão. Para a minha surpresa, ele é registrado em 78 comunidades e é o moderador de quase todas! A quantidade até não seria de impressionar, já que vigora no Orkut uma competição boba de números: quem tem mais amigos, quem está inscrito em mais comunidades, que grupo ou cantor tem mais comunidades dedicada a ele, que comunidade tem mais membros e assim por diante. Sem contar a mania de alguns de criar comunidades redundantes só pela vaidade de serem moderadores. Mas, no caso em exame, as comunidades moderadas pelo internauta misterioso são tão diversas e incongruentes entre si que a hipótese de invasão se torna bem plausível. Por mais criativo que se seja, a gente sempre deixa uma marca pessoal em tudo o que escreve. Pois as comunidades do moderador fantasma com certeza não foram criadas pela mesma pessoa. Como elas foram parar todas sob a mesma direção é que é realmente intrigante. Talvez ele tenha feito uma pesquisa em comunidades abandonadas. Não sei se ainda funciona assim, mas antes, se alguém saía do Orkut, as comunidades do desertor ficavam com a moderação em aberto para quem quisesse assumir. E esse oportunista tomou conta de mais de 70. Vejam algumas:
Na Cama com Enéas
Rijksuniversiteit Groningen - Universidade de Groningen, na Holanda.
Grêmio
Internacional – Sim, ele é moderador de comunidades rivais. E recebe mensagens dos dois lados dizendo "você que é gremista, por favor, expulse aqueles colorados lá da comunidade" ou o mesmo pedido com os papéis invertidos.
Dashboard Confessional – Com apresentação em inglês.
Cine – "Comunidad del cine en castellano."
Nihongo De Kakitaiyone – Com apresentação em japonês, suponho. Não tenho a mínima idéia do que se trata.
Amateur Porn – Com apresentação em espanhol.
Gramado e Canela - RS – Com um belo e romântico texto de apresentação sobre as duas cidades turísticas mais famosas do Rio Grande do Sul.
Chimarrão – Com apresentação em inglês e links para sites na Internet sobre o assunto.
Barcelona fans wanted!!! – Sobre a cidade de Barcelona, com apresentação em inglês.
Santa Claus – Começa com a citação do nome do Papai Noel em diversos idiomas, mas não em português. Não é estranho para quem comanda tantas comunidades sobre temas brasileiros?
Cordel do Fogo Encantado – "Para os que apreciam a excelente banda de Arcoverde. Música tradicional do sertão misturada com Toré indígena, Reisado, Coco, embolada, tudo com uma percussão de arrepiar."
Death Metal
Em todas as comunidades visitadas por amostragem, somente em uma apareceu um sinal evidente de atividade de hacker: um título chulo que nada tinha a ver com o tema, que era o grupo Los Hermanos. Nas mensagens mais antigas apareciam várias reclamações pela troca de nome e foto, com o antigo moderador (agora aparecendo como anônimo, o que mostra claramente que saiu do Orkut) acusando o fato e se declarando de mãos amarradas para solucionar o problema. Com sua desistência, a comunidade acabou indo parar na lista do colecionador de órfãs.
Então não resta dúvida: esse sujeitinho realmente fez um arrastão de comunidades. Ninguém seria tão culto e multifacetado para moderar mais de 70 assuntos tão heterogêneos. Agora tem que haver alguma forma de afastar esse invasor virtual. É um desperdício que exista uma comunidade de Mario Quintana com 78 mil inscritos abandonada à própria sorte. Fora as outras de que ele se apoderou. Todos os dias, internautas de boa fé se inscrevem em comunidades sob seu comando, acreditando que estão em boas mãos. Fiz a minha parte: denunciei-o ao Orkut. De resto, toda a ajuda é bem-vinda.
Hoje, com mais tempo, resolvi examinar melhor a situação. Decidi verificar a lista de comunidades do sujeito em questão. Para a minha surpresa, ele é registrado em 78 comunidades e é o moderador de quase todas! A quantidade até não seria de impressionar, já que vigora no Orkut uma competição boba de números: quem tem mais amigos, quem está inscrito em mais comunidades, que grupo ou cantor tem mais comunidades dedicada a ele, que comunidade tem mais membros e assim por diante. Sem contar a mania de alguns de criar comunidades redundantes só pela vaidade de serem moderadores. Mas, no caso em exame, as comunidades moderadas pelo internauta misterioso são tão diversas e incongruentes entre si que a hipótese de invasão se torna bem plausível. Por mais criativo que se seja, a gente sempre deixa uma marca pessoal em tudo o que escreve. Pois as comunidades do moderador fantasma com certeza não foram criadas pela mesma pessoa. Como elas foram parar todas sob a mesma direção é que é realmente intrigante. Talvez ele tenha feito uma pesquisa em comunidades abandonadas. Não sei se ainda funciona assim, mas antes, se alguém saía do Orkut, as comunidades do desertor ficavam com a moderação em aberto para quem quisesse assumir. E esse oportunista tomou conta de mais de 70. Vejam algumas:
Na Cama com Enéas
Rijksuniversiteit Groningen - Universidade de Groningen, na Holanda.
Grêmio
Internacional – Sim, ele é moderador de comunidades rivais. E recebe mensagens dos dois lados dizendo "você que é gremista, por favor, expulse aqueles colorados lá da comunidade" ou o mesmo pedido com os papéis invertidos.
Dashboard Confessional – Com apresentação em inglês.
Cine – "Comunidad del cine en castellano."
Nihongo De Kakitaiyone – Com apresentação em japonês, suponho. Não tenho a mínima idéia do que se trata.
Amateur Porn – Com apresentação em espanhol.
Gramado e Canela - RS – Com um belo e romântico texto de apresentação sobre as duas cidades turísticas mais famosas do Rio Grande do Sul.
Chimarrão – Com apresentação em inglês e links para sites na Internet sobre o assunto.
Barcelona fans wanted!!! – Sobre a cidade de Barcelona, com apresentação em inglês.
Santa Claus – Começa com a citação do nome do Papai Noel em diversos idiomas, mas não em português. Não é estranho para quem comanda tantas comunidades sobre temas brasileiros?
Cordel do Fogo Encantado – "Para os que apreciam a excelente banda de Arcoverde. Música tradicional do sertão misturada com Toré indígena, Reisado, Coco, embolada, tudo com uma percussão de arrepiar."
Death Metal
Em todas as comunidades visitadas por amostragem, somente em uma apareceu um sinal evidente de atividade de hacker: um título chulo que nada tinha a ver com o tema, que era o grupo Los Hermanos. Nas mensagens mais antigas apareciam várias reclamações pela troca de nome e foto, com o antigo moderador (agora aparecendo como anônimo, o que mostra claramente que saiu do Orkut) acusando o fato e se declarando de mãos amarradas para solucionar o problema. Com sua desistência, a comunidade acabou indo parar na lista do colecionador de órfãs.
Então não resta dúvida: esse sujeitinho realmente fez um arrastão de comunidades. Ninguém seria tão culto e multifacetado para moderar mais de 70 assuntos tão heterogêneos. Agora tem que haver alguma forma de afastar esse invasor virtual. É um desperdício que exista uma comunidade de Mario Quintana com 78 mil inscritos abandonada à própria sorte. Fora as outras de que ele se apoderou. Todos os dias, internautas de boa fé se inscrevem em comunidades sob seu comando, acreditando que estão em boas mãos. Fiz a minha parte: denunciei-o ao Orkut. De resto, toda a ajuda é bem-vinda.
sábado, maio 06, 2006
Luluzinha e Garotinho
Nesta semana lembrei de uma história em quadrinhos que li e reli várias vezes desde a minha infância. Alvinho quer "matar" Luluzinha e Aninha com sua espingarda de brinquedo. As duas combinam de fingir-se de mortas para deixá-lo preocupado. O garoto se aproxima, dispara o seu "ratatatá" e ambas caem no chão, estáticas.
Alvinho fica intrigado. Chega perto, olha, examina, pensa... Até que vê a Luluzinha mexer o dedinho. Impassível, volta para buscar sua arma, retorna para perto das meninas e mais uma vez dispara o seu "ratatatá". Desta vez as garotas pulam de susto. "O que é isso, Alvinho?" Ele responde: "Você mexeu o dedinho, então vi que não tinha morrido!"
Vocês podem discordar, mas acho que é mais ou menos o que está acontecendo com o Garotinho. Enquanto ele faz greve de fome tentando comover a nação, o povo ainda reclama que ele está tomando soro.
Alvinho fica intrigado. Chega perto, olha, examina, pensa... Até que vê a Luluzinha mexer o dedinho. Impassível, volta para buscar sua arma, retorna para perto das meninas e mais uma vez dispara o seu "ratatatá". Desta vez as garotas pulam de susto. "O que é isso, Alvinho?" Ele responde: "Você mexeu o dedinho, então vi que não tinha morrido!"
Vocês podem discordar, mas acho que é mais ou menos o que está acontecendo com o Garotinho. Enquanto ele faz greve de fome tentando comover a nação, o povo ainda reclama que ele está tomando soro.
Peripécias do Orkut
Quando um internauta é novato no Orkut, é comum cometer erros como responder a mensagens em seu próprio mural, por exemplo. Já aconteceu também de eu receber um testemunho que era na verdade um recado. Mas um tipo de falha que está se tornando recorrente é alguém enviar uma mensagem para todos os integrantes de uma comunidade dedicada a um artista famoso imaginando que seja uma caixa postal particular desse artista. Já recebi uma proposta de produção musical endereçada a Kleiton Ramil e também elogios pela "nossa" apresentação em Lajeado destinados à banda Sunset Riders. Por sorte, nos dois casos os próprios faziam parte das comunidades e receberam as mensagens (juntamente com todos os demais inscritos, mas tudo bem). Outro caso engraçado foi quando o empresário do Trio Los Angeles me pediu o e-mail da direção artística da Rádio Continental 1120 AM, já que eu sou o moderador de uma comunidade dedicada à emissora. A velha Continental dessa freqüência deixou de existir há 25 anos e a comunidade visa a resgatar sua história.
Agora, por favor, poupem-me de mensagens do tipo: "Envie a todos com quem você deseja continuar sua amizade no Orkut, se você não mandar é porque não quer ser mais meu amigo." Gente, eu quero continuar amigo de todos vocês. Preciso publicar um edital para reafirmar isso? Parece insegurança entre namorados. "Você ainda gosta de mim?" Continuo gostando de todos os meus amigos, mas não me obriguem a enviar um e-mail por dia para confirmar isso, por favor.
Bom sábado a todos.
Agora, por favor, poupem-me de mensagens do tipo: "Envie a todos com quem você deseja continuar sua amizade no Orkut, se você não mandar é porque não quer ser mais meu amigo." Gente, eu quero continuar amigo de todos vocês. Preciso publicar um edital para reafirmar isso? Parece insegurança entre namorados. "Você ainda gosta de mim?" Continuo gostando de todos os meus amigos, mas não me obriguem a enviar um e-mail por dia para confirmar isso, por favor.
Bom sábado a todos.
Pérola
Esta foi contada por Marcelo Xavier na comunidade Porto Alegre do Passado, no Orkut. O lateral Ortunho participava de uma delegação do Grêmio que excursionava pela Europa. Tão logo todos se acomodaram no hotel, em Atenas, alguém o convidou para conhecer o Partenon. Resposta do jogador:
- Eu não vou, não! Pra quê? Nasci no Partenon, me criei no Partenon, vivi sempre lá, vou conhecer o quê?
Quem não é gaúcho já deve ter desconfiado que existe um bairro com esse nome em Porto Alegre.
- Eu não vou, não! Pra quê? Nasci no Partenon, me criei no Partenon, vivi sempre lá, vou conhecer o quê?
Quem não é gaúcho já deve ter desconfiado que existe um bairro com esse nome em Porto Alegre.
sexta-feira, maio 05, 2006
Serviço despersonalizado
Há cerca de 20 anos, minha noiva (hoje ex-esposa) estava para fazer um concurso. Para ajudá-la, realizei uma pesquisa entre três ou quatro cursos preparatórios que estavam sendo oferecidos. Minha primeira pergunta era sempre: quem são os professores? Em um dos locais, o atendente demostrou uma certa irritação: "Todo o mundo só quer saber dos professores!" Já em um trabalho para a faculdade de Jornalismo, entrevistei um diretor de cursinho pré-vestibular e perguntei por que a publicidade não mostrava mais a cara dos professores. Ele desconversou, dizendo que o curso pretendia oferecer mais do que apenas nomes conhecidos, o importante era o método de ensino, a estrutura, o material, blá blá blá.
O sonho dourado de toda a empresa é prestar um serviço de qualidade sem vinculação específica com os indivíduos que o realizam. Querem projetar o nome da pessoa jurídica, vendendo a idéia genérica de que "quem está conosco é bom". Na prática, esse é um dilema que nunca deixará de existir. Bons profissionais nem sempre são fáceis de achar, conforme a especialidade. Quando o cliente encontra um, é normal que queira ser atendido sempre por ele. Agarra-se a ele com unhas e dentes, pois não sabe se conseguirá outro igual. Já a empresa tem como objetivo a padronização: todos trabalhando da mesma forma e com a mesma competência. Se conseguir, ótimo. Mas o cliente está de olho.
O sonho dourado de toda a empresa é prestar um serviço de qualidade sem vinculação específica com os indivíduos que o realizam. Querem projetar o nome da pessoa jurídica, vendendo a idéia genérica de que "quem está conosco é bom". Na prática, esse é um dilema que nunca deixará de existir. Bons profissionais nem sempre são fáceis de achar, conforme a especialidade. Quando o cliente encontra um, é normal que queira ser atendido sempre por ele. Agarra-se a ele com unhas e dentes, pois não sabe se conseguirá outro igual. Já a empresa tem como objetivo a padronização: todos trabalhando da mesma forma e com a mesma competência. Se conseguir, ótimo. Mas o cliente está de olho.
Mesmo em sociedades e cooperativas esse fenômeno acontece. Conheço o caso de pais de uma criança autista que ficaram encantados por descobrir uma escolinha especial onde o filho teve uma ótima adaptação. Até que a direção começou a se desentender e houve uma debandada tanto de sócios quanto de terapeutas. O nome era o mesmo, mas as pessoas físicas por trás da fachada haviam mudado. O resultado é que o menino acabou sendo matriculado em uma nova escola fundada por um antigo sócio da anterior. Era alguém de confiança dos pais e levou consigo muitos alunos.
Quantas vezes a gente ouve comentar: "A Empresa Tal não é mais a mesma depois que o Fulano saiu." Não que o Fulano seja insubstituível, mas o Beltrano que poderia assumir o lugar dele não vai aparecer assim no mais, num processo de seleção. Com tanta gente procurando emprego, muitos Cicranos se apresentarão alegando a competência desejada. O responsável pelo recrutamento tem pressa e pode não deter o conhecimento para avaliar com a rapidez necessária.
O que faz uma empresa são as pessoas. Dependendo do porte, é possível renovar o quadro de empregados sem perder qualidade. Mas não se pode impedir que os bons profissionais sejam reconhecidos pelos clientes. Nem que alcem vôos mais altos se acham que podem buscar melhores condições de trabalho. O único ramo em que a "clientela" se mantém fiel mesmo nos maus momentos é no futebol. De resto, vale a livre concorrência. Quem tiver os melhores jogadores sempre estará com a maior torcida.
quinta-feira, maio 04, 2006
Vendedor
Eu sei que não deve ser fácil ser vendedor e ter que cumprir metas, ainda mais considerando a dificuldade de conseguir emprego. Mas essa técnica de "procurar o cliente sem ter sido chamado" e "não aceitar um não como resposta", para mim, pelo menos, é insuportável. Faz efeito contrário. Quem me telefonou sabia que eu tinha feito seguro há pouco tempo e tinha uma resposta diferente para cada vez que eu dizia "já tenho seguro, não quero outro no momento". "Sim, o senhor é preocupado com a segurança de sua família, é o tipo de cliente que nos interessa". "O senhor não precisa cancelar o seu outro seguro para fazer este". "Temos condições de pagamento em até tantas parcelas". "Blá blá blá..." Não tive paciência de testar para ver quantas vezes ele estava programado para ouvir uma recusa antes de desistir. Na quinta vez eu disse "por favor, não insista" e desliguei.
Não tenho tempo. Não tenho dinheiro. Não tenho paciência.
Não tenho tempo. Não tenho dinheiro. Não tenho paciência.
Quero um autógrafo
Agnaldo Rayol está no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, se recuperando da fratura do fêmur que ocorreu em acidente sofrido no Aeroporto Salgado Filho no domingo. O hospital é bem perto da minha casa. Eu podia ir até lá pedir para ele autografar o seu último CD "Maria, Maria, Marias". Será que eu consigo?
quarta-feira, maio 03, 2006
O Google pirou?
Quem estava acostumado a usar o Google para confirmar a existência de expressões em inglês, ou mesmo em português, notou uma mudança recente, talvez de ontem pra hoje. Ele agora não busca somente as páginas que contenham a expressão exata procurada (entre aspas), mas também lista sites que tenham alguma relação com o assunto. Para quem utilizava o Google como ferramenta de pesquisa de vocabulário, essa alteração foi péssima.
Paráfrase
Parafraseando o presidente americano Ronald Reagan quando visitou o Brasil, acho que podemos propor "um brinde ao presidente Lula e ao povo da Bolívia".
Em terra de cego...
Incrível, continuo recebendo aquele alerta de que foi confirmado "ontem" na Rede Globo que o Orkut vai ser pago. Tem gente que chega a mandar mais de uma vez, para ter certeza que a mensagem foi recebida. Pra não dizer que ninguém se antenou, uma internauta enviou uma retificação dizendo que foi avisada por uma amiga que "entende pra caramba" de Internet que o aviso era falso. Realmente, só alguém que "entende pra caramba" pra notar que aquela notícia não é verdadeira.
Isso me lembra, há muitos anos, quando um amigo meu, vizinho de prédio, comprou seu primeiro videocassete. Havia dois "técnicos" no apartamento dele instalando a antena, mas não conseguiam fazer o aparelho funcionar. Fui chamado para ajudar. O problema era bem simples: o videocassete estava jogando a imagem no canal 4 e não no canal 3. Mudei a posição da chave. Depois, ajustei a sintonia fina do canal 3 do televisor. Pronto! Apareceu a imagem do videocassete. Um dos "técnicos" me perguntou onde eu trabalhava. Respondi que era bancário. Ele falou: "Ah, é porque nós estamos precisando de alguém que entenda de vídeo lá na firma". Deve estar até hoje pensando que eu "entendo pra caramba" de videocassete.
Isso me lembra, há muitos anos, quando um amigo meu, vizinho de prédio, comprou seu primeiro videocassete. Havia dois "técnicos" no apartamento dele instalando a antena, mas não conseguiam fazer o aparelho funcionar. Fui chamado para ajudar. O problema era bem simples: o videocassete estava jogando a imagem no canal 4 e não no canal 3. Mudei a posição da chave. Depois, ajustei a sintonia fina do canal 3 do televisor. Pronto! Apareceu a imagem do videocassete. Um dos "técnicos" me perguntou onde eu trabalhava. Respondi que era bancário. Ele falou: "Ah, é porque nós estamos precisando de alguém que entenda de vídeo lá na firma". Deve estar até hoje pensando que eu "entendo pra caramba" de videocassete.
terça-feira, maio 02, 2006
Combinação
Marco Aurélio e Iotti fizeram charges tão parecidas hoje na Zero Hora que uma poderia ser a continuação da outra. Imagino que chargistas no Brasil todo tenham tido essa mesma idéia. São aquelas piadas óbvias que todos acabam fazendo, como a "moral de cueca" para satirizar os dólares na mala e "ô raio" para ironizar o estado americano de Ohio, cujos votos fizeram a diferença pró-Bush.
segunda-feira, maio 01, 2006
Kopenhagen
Fechou o Kopenhagen da Rua da Praia. Era um dos últimos sobreviventes do antigo comércio do centro de Porto Alegre, que atendia a clientes de alto poder aquisitivo. Lembram do Kirk, Taft, Baron, Casa dos Gravadores, Chá Flora, Casa Victor, Sloper? A popularização do comércio do centro não foi um fenômeno isolado da Galeria do Rosário, como comentei há alguns dias. As lojas diferenciadas estão todas nos shoppings.