terça-feira, outubro 31, 2006
O site Ponto de Encontro, "O portal das comunidades lusófonas na Itália", publica o depoimento de Pierino Bonifazio sobre sua conversa com Elena Quintana, em que a comunidade "O verdadeiro Mario Quintana", do Orkut, foi comentada. Um pouco abaixo (ou clicando aqui, se não estiver mais na página), vocês encontram o texto em que este assunto foi citado originalmente neste blog.
segunda-feira, outubro 30, 2006
Autores gaúchos
Mais um achado da Feira do Livro: a série "Autores Gaúchos", do Instituto Estadual do Livro. Lembro de já ter visto uma série com o mesmo nome em forma de fascículos. Mas estes são livrinhos de bolso. Embora pequenos (têm 64 páginas), foram impressos em papel de ótima qualidade, com capa plastificada e incluem diversas fotos, muitas delas a cores. A divisão de capítulos é igual em todos: DIÁLOGOS, VIDA E OBRA, ENSAIO, OBRAS DO AUTOR, BIBLIOGRAFIA SOBRE O AUTOR, POEMAS E OUTROS TEXTOS e DEPOIMENTOS. Uma singela e bem feita homenagem a nossos escritores.
O sistema operacional do país
Já comentei aqui várias vezes que ainda não me acostumei com o comportamento instável dos microcomputadores da era Windows. A frase que eu sempre repito é: cresci com aparelhos que me obedeciam cegamente ao teclar "Play". De repente, tenho que aceitar como normal que um programa às vezes funcione, às vezes não. E sem lógica nenhuma. Simplesmente o software decide que não vai trabalhar ou não vai executar determinado comando e pronto, fico a ver navios.
Não sei se isso acontece com todos os usuários, mas depois de algum tempo eu acabo criando tolerância para pequenas falhas. Antigamente eu acreditava quando alguém me dizia que, instalando a versão mais recente do sistema operacional, tudo se resolveria. Fui enganado por essa premissa por quase dez anos. Hoje, pelo contrário: fico com as mesmas versões de software o máximo que puder. Porque essas eu já conheço bem, já sei o que fazem e o que não fazem, que funções cumprem corretamente e quais me jogam na cara a mensagem de que "este programa executou uma operação ilegal e será fechado". Depois de algum tempo, aprendo a transitar pelo terreno irregular da microcomputação desviando dos buracos. Se instalar versão nova, ela virá com manias e idiossincrasias diferentes, as quais levarei algum tempo para dominar. E não há garantias de que, somando prós e contras, o computador como um todo não vá funcionar ainda pior. Em suma, não existe computador perfeito, existe computador com falhas menos prejudiciais.
Pois bem: estou tentando entender a vitória de Lula. Sim, eu votei nele. Mas só o meu voto não explica o resultado. Eu sou eleitor de Lula desde que Brizola saiu do páreo. O mistério que eu quero desvendar é a aprovação do atual Presidente até por quem não votou nele na eleição anterior. Normalmente se pensa que, quando a oposição chega ao poder, decepciona. A imprensa e os anti-Lula tentaram vender essa idéia. E, no entanto, Lula está aí, reeleito.
Vários fatores podem ter contribuído para esse resultado. Nosso povo gosta de governos que mantêm a inflação sob controle. Além disso, o resto do Brasil finalmente entendeu o que, modéstia à parte, Porto Alegre e outras localidades já haviam percebido desde o começo: que eleição direta não serve apenas para referendar o candidato da Globo. Na democracia, o povo vale mais do que a imprensa e as elites. Parece bom demais para ser verdade, mas é o que é. Também não se concretizaram os temores de praxe para o caso de Lula chegar à Presidência. Isso deve ter provocado suspiros de alívio em muita gente que tinha medo do bicho papão anunciado por Regina Duarte. O primeiro mandato já está indo pro fim e o monstro não apareceu.
Mas, acima de tudo, acho que o povo está se acostumando a enxergar o Brasil como um microcomputador: perfeito, nunca vai ser. Sempre terá suas falhas. A questão é saber se podemos conviver com elas ou não. Aí, cai como uma luva o slogan de campanha adotado por Lula: "não troque o certo pelo duvidoso". As falhas desse Presidente a gente já conhece. Imagino que o eleitorado teve receio de mudar o sistema operacional do país. Esse está funcionando com alguns problemas, mas sem travar nem detonar o HD. Pelo sim, pelo não, melhor não mexer muito pra não ter que reinstalar tudo.
Não sei se isso acontece com todos os usuários, mas depois de algum tempo eu acabo criando tolerância para pequenas falhas. Antigamente eu acreditava quando alguém me dizia que, instalando a versão mais recente do sistema operacional, tudo se resolveria. Fui enganado por essa premissa por quase dez anos. Hoje, pelo contrário: fico com as mesmas versões de software o máximo que puder. Porque essas eu já conheço bem, já sei o que fazem e o que não fazem, que funções cumprem corretamente e quais me jogam na cara a mensagem de que "este programa executou uma operação ilegal e será fechado". Depois de algum tempo, aprendo a transitar pelo terreno irregular da microcomputação desviando dos buracos. Se instalar versão nova, ela virá com manias e idiossincrasias diferentes, as quais levarei algum tempo para dominar. E não há garantias de que, somando prós e contras, o computador como um todo não vá funcionar ainda pior. Em suma, não existe computador perfeito, existe computador com falhas menos prejudiciais.
Pois bem: estou tentando entender a vitória de Lula. Sim, eu votei nele. Mas só o meu voto não explica o resultado. Eu sou eleitor de Lula desde que Brizola saiu do páreo. O mistério que eu quero desvendar é a aprovação do atual Presidente até por quem não votou nele na eleição anterior. Normalmente se pensa que, quando a oposição chega ao poder, decepciona. A imprensa e os anti-Lula tentaram vender essa idéia. E, no entanto, Lula está aí, reeleito.
Vários fatores podem ter contribuído para esse resultado. Nosso povo gosta de governos que mantêm a inflação sob controle. Além disso, o resto do Brasil finalmente entendeu o que, modéstia à parte, Porto Alegre e outras localidades já haviam percebido desde o começo: que eleição direta não serve apenas para referendar o candidato da Globo. Na democracia, o povo vale mais do que a imprensa e as elites. Parece bom demais para ser verdade, mas é o que é. Também não se concretizaram os temores de praxe para o caso de Lula chegar à Presidência. Isso deve ter provocado suspiros de alívio em muita gente que tinha medo do bicho papão anunciado por Regina Duarte. O primeiro mandato já está indo pro fim e o monstro não apareceu.
Mas, acima de tudo, acho que o povo está se acostumando a enxergar o Brasil como um microcomputador: perfeito, nunca vai ser. Sempre terá suas falhas. A questão é saber se podemos conviver com elas ou não. Aí, cai como uma luva o slogan de campanha adotado por Lula: "não troque o certo pelo duvidoso". As falhas desse Presidente a gente já conhece. Imagino que o eleitorado teve receio de mudar o sistema operacional do país. Esse está funcionando com alguns problemas, mas sem travar nem detonar o HD. Pelo sim, pelo não, melhor não mexer muito pra não ter que reinstalar tudo.
domingo, outubro 29, 2006
Eleição
Votem bem, respeitem as divergências e aceitem os resultados. Viva a democracia!
Um ótimo domingo para todos.
Um ótimo domingo para todos.
sábado, outubro 28, 2006
Biografia bem-vinda
No fim, fiquei tão indignado com o súbito e misterioso aumento do preço de "Poesia Completa", de Mario Quintana, que acabei deixando de comentar outros livros que encontrei na Feira. Este, por exemplo, foi uma grata surpresa. Comprei-o ontem à noite e ainda não o li, mas só por uma folheada rápida, já posso recomendá-lo. Pedro Carneiro Pereira foi o melhor narrador esportivo do Rio Grande do Sul e com certeza um dos melhores do Brasil. Tenho algumas fitas com narrações dele gravadas, feitas no meu "despertar" de colorado fanático entre 1970 e 1973. "O árbitro olha o seu relógio, nós o nosso. Vai começar..." A voz de Pedrinho, como era chamado pelos amigos, foi eternizada ainda em alguns discos de futebol que foram lançados em diversas ocasiões.
Pedro Carneiro Pereira era também apaixonado por automobilismo e corria em Tarumã. No dia 21 de outubro de 1973, um acidente numa prova do Campeonato Gaúcho de Turismo/Divisão 3 tirou-lhe a vida aos 35 anos. Embora esse fato não conste no livro, a fatalidade obrigou meu pai, Ivéscio Pacheco, na época presidente do Clube do Comércio, a tomar uma providência urgente: Pedro havia comprado uma mesa para assistir ao show de Johnny Mathis naquela noite de domingo no Clube. Com sua morte, a mesa foi retirada e as demais foram redistribuídas.
O livro tem 144 páginas e traz diversas fotos de Pedro, desde a infância aos últimos meses de vida, e é farto também em citações e referências. O autor, Leandro Martins, é um jornalista "aficcionado por biografias", como é citado na orelha, e parece ter feito um ótimo trabalho. Está de parabéns, bem como a editora Imagens da Terra.
Agora, uma curiosidade: alguém comprou este DVD, quando foi lançado em 2002 para venda nas bancas? Então confira: na Copa de 70, no capítulo 6, entre 19:52 e 19:54, aparecem Ruy Carlos Ostermann, um segundo jornalista que não identifiquei e, em terceiro lugar, à direita, Pedro Carneiro Pereira. Assim que puder, capturarei a imagem para postá-la aqui.
Pedro Carneiro Pereira era também apaixonado por automobilismo e corria em Tarumã. No dia 21 de outubro de 1973, um acidente numa prova do Campeonato Gaúcho de Turismo/Divisão 3 tirou-lhe a vida aos 35 anos. Embora esse fato não conste no livro, a fatalidade obrigou meu pai, Ivéscio Pacheco, na época presidente do Clube do Comércio, a tomar uma providência urgente: Pedro havia comprado uma mesa para assistir ao show de Johnny Mathis naquela noite de domingo no Clube. Com sua morte, a mesa foi retirada e as demais foram redistribuídas.
O livro tem 144 páginas e traz diversas fotos de Pedro, desde a infância aos últimos meses de vida, e é farto também em citações e referências. O autor, Leandro Martins, é um jornalista "aficcionado por biografias", como é citado na orelha, e parece ter feito um ótimo trabalho. Está de parabéns, bem como a editora Imagens da Terra.
Agora, uma curiosidade: alguém comprou este DVD, quando foi lançado em 2002 para venda nas bancas? Então confira: na Copa de 70, no capítulo 6, entre 19:52 e 19:54, aparecem Ruy Carlos Ostermann, um segundo jornalista que não identifiquei e, em terceiro lugar, à direita, Pedro Carneiro Pereira. Assim que puder, capturarei a imagem para postá-la aqui.
sexta-feira, outubro 27, 2006
Que preço é esse?
Uma das vantagens de este blog ser independente e sem patrocínio é que eu posso indicar lojas e produtos com total isenção. Não lembro de alguma vez tê-lo feito, no entanto. Muitas vezes já pensei em dar dicas de ofertas de CDs e DVDs mas achei melhor não fazer. Sempre existem os céticos, que acham impossível alguém fazer qualquer recomendação sem estar recebendo algo por isso. Mas hoje eu vou me manifestar.
Quando escrevi sobre o preço dos livros, estava lembrando especificamente de um comentário que minha mãe fez há muitos anos: de que, numa determinada Feira do Livro, o público de Porto Alegre reclamou que os preços tinham sido aumentados de propósito, para compensar o desconto de 20%. Na prática, os valores continuavam os mesmos. Só os números haviam mudado. Como isso foi na época da inflação galopante e naquele tempo eu não comprava tantos livros fora da Feira, esse detalhe me passou despercebido. Hoje entendo que talvez o público tenha feito o mesmo que eu agora: esperado a Feira especialmente para comprar determinados livros, por causa do desconto. Com o aumento inesperado, sentiram-se enganados.
Pois bem: faz tempo que venho esperando o momento certo para comprar o livro "Poesia Completa", de Mario Quintana. O preço de lista da obra era 170 reais. Alto, sem dúvida, mas até justo, considerando o conteúdo e a qualidade. É bom que exista no Brasil uma editora diferenciada como a Nova Aguilar, que investe em obras completas para quem as valoriza. Mas claro que, se a gente conseguir um preço mais baixo, tanto melhor. Foi com esse objetivo que estive hoje na Feira do Livro, em sua primeira noite. Não tinha certeza se já iria comprar ou não, mas pesquisaria preços. Tinha esperança de achar o livro por preço até mais baixo do que 136 reais, que seria o valor de tabela menos o desconto padrão.
Para minha surpresa, as poucas barracas que têm o livro o anunciam com um valor nominal de 190 reais! O que é isso? Ainda ontem o preço era 170, não era? Calculando-se um desconto de 20% sobre 190, chega-se a um preço de 152 reais. Ora, eu esperava pagar no máximo 136! Como o preço pôde subir de última hora? Em uma das livrarias, fui informado de que foi divulgada uma nova tabela de preços em outubro. Já em outra, disseram que "o preço dos livros é o mesmo há vários meses". Quem está certo?
De qualquer forma, decidi não comprar. Antes de ir para casa, passei em uma livraria fora da Feira, mas que ainda assim está oferecendo o desconto de 20% em todos os seus títulos. Fui confirmar o que tinha verificado ontem e não deu outra: lá, o preço de capa de "Poesia Completa" de Mario Quintana continua 170. E como eles estão dando o mesmo abatimento, paguei os 136 que planejara desde o começo. E ainda existe a chance de pagar em quatro vezes no cartão, sem juros. O único senão é que não tinha para pronta entrega e tive que pagar adiantado. Mas não me importo. Confio no serviço deles.
Para evitar cometer uma injustiça, antes de redigir este texto, dei uma conferida nas lojas virtuais da Internet. O preço máximo da obra citada na rede continua 170 reais. Aparece até por 144,50, que é um valor menor do que o da Feira, com desconto e tudo. Então, por mais que eu adore a Feira do Livro, fico indignado e pergunto: de onde saiu o "preço de última hora" de 190 reais para "Poesia Completa" de Quintana? Será que todas as lojas fora da Feira estão com preço errado?
Por tudo isso, sinto-me à vontade para dizer qual loja está vendendo o livro a preço mais baixo e ainda com o desconto de 20% da Feira, resultando em 136 reais: é a Saraiva do Shopping Praia de Belas. Pronto, está dito. Vejam bem: não posso garantir que vocês chegarão lá e encontrarão o mesmo preço. Lembrem-se também que é só durante o período da Feira que esse desconto perdura e que só vale para a loja física. Ainda assim, eu gostaria de saber de onde saiu o valor de 190 reais que as barracas da Feira estão usando como base de cálculo para cobrar 152 reais "com desconto". Eu não teria deixado de comprar o livro por esse preço, mas não achei legal esse aumento súbito e inexplicado.
Quando escrevi sobre o preço dos livros, estava lembrando especificamente de um comentário que minha mãe fez há muitos anos: de que, numa determinada Feira do Livro, o público de Porto Alegre reclamou que os preços tinham sido aumentados de propósito, para compensar o desconto de 20%. Na prática, os valores continuavam os mesmos. Só os números haviam mudado. Como isso foi na época da inflação galopante e naquele tempo eu não comprava tantos livros fora da Feira, esse detalhe me passou despercebido. Hoje entendo que talvez o público tenha feito o mesmo que eu agora: esperado a Feira especialmente para comprar determinados livros, por causa do desconto. Com o aumento inesperado, sentiram-se enganados.
Pois bem: faz tempo que venho esperando o momento certo para comprar o livro "Poesia Completa", de Mario Quintana. O preço de lista da obra era 170 reais. Alto, sem dúvida, mas até justo, considerando o conteúdo e a qualidade. É bom que exista no Brasil uma editora diferenciada como a Nova Aguilar, que investe em obras completas para quem as valoriza. Mas claro que, se a gente conseguir um preço mais baixo, tanto melhor. Foi com esse objetivo que estive hoje na Feira do Livro, em sua primeira noite. Não tinha certeza se já iria comprar ou não, mas pesquisaria preços. Tinha esperança de achar o livro por preço até mais baixo do que 136 reais, que seria o valor de tabela menos o desconto padrão.
Para minha surpresa, as poucas barracas que têm o livro o anunciam com um valor nominal de 190 reais! O que é isso? Ainda ontem o preço era 170, não era? Calculando-se um desconto de 20% sobre 190, chega-se a um preço de 152 reais. Ora, eu esperava pagar no máximo 136! Como o preço pôde subir de última hora? Em uma das livrarias, fui informado de que foi divulgada uma nova tabela de preços em outubro. Já em outra, disseram que "o preço dos livros é o mesmo há vários meses". Quem está certo?
De qualquer forma, decidi não comprar. Antes de ir para casa, passei em uma livraria fora da Feira, mas que ainda assim está oferecendo o desconto de 20% em todos os seus títulos. Fui confirmar o que tinha verificado ontem e não deu outra: lá, o preço de capa de "Poesia Completa" de Mario Quintana continua 170. E como eles estão dando o mesmo abatimento, paguei os 136 que planejara desde o começo. E ainda existe a chance de pagar em quatro vezes no cartão, sem juros. O único senão é que não tinha para pronta entrega e tive que pagar adiantado. Mas não me importo. Confio no serviço deles.
Para evitar cometer uma injustiça, antes de redigir este texto, dei uma conferida nas lojas virtuais da Internet. O preço máximo da obra citada na rede continua 170 reais. Aparece até por 144,50, que é um valor menor do que o da Feira, com desconto e tudo. Então, por mais que eu adore a Feira do Livro, fico indignado e pergunto: de onde saiu o "preço de última hora" de 190 reais para "Poesia Completa" de Quintana? Será que todas as lojas fora da Feira estão com preço errado?
Por tudo isso, sinto-me à vontade para dizer qual loja está vendendo o livro a preço mais baixo e ainda com o desconto de 20% da Feira, resultando em 136 reais: é a Saraiva do Shopping Praia de Belas. Pronto, está dito. Vejam bem: não posso garantir que vocês chegarão lá e encontrarão o mesmo preço. Lembrem-se também que é só durante o período da Feira que esse desconto perdura e que só vale para a loja física. Ainda assim, eu gostaria de saber de onde saiu o valor de 190 reais que as barracas da Feira estão usando como base de cálculo para cobrar 152 reais "com desconto". Eu não teria deixado de comprar o livro por esse preço, mas não achei legal esse aumento súbito e inexplicado.
Tecla SAP
No ramo de traduções e ensino de inglês, não há quem nunca tenha ouvido falar em Ulisses Wehby de Carvalho. Ele é o autor dos livros "O Inglês na Marca do Pênalti", "Dicionário das Palavras que Enganam em Inglês" e "Dicionário dos Erros Mais Comuns em Inglês". Na Internet, é o criador do "Tecla SAP – o maior portal de dicas de inglês". Um dos desdobramentos do site é o "Blog Tecla SAP" onde, para meu incomensurável orgulho, Ulisses acaba de publicar o meu texto "A Crase", com direito a link para este blog. Aos que aqui chegarem via Tecla SAP, sejam bem-vindos. Obrigado, Ulisses!
É hoje!
Que Carnaval, que nada! O evento mais aguardado do ano é a Feira do Livro de Porto Alegre! Pra mim, pelo menos.
Freqüento a Feira desde a infância, pois morei no Centro até os 26 anos e minha mãe sempre me levava lá. Lembro que as barracas eram em número bem menor e não ficavam dispostas linearmente, como hoje. Elas se distribuíam de forma irregular na Praça da Alfândega nas proximidades da estátua de Osório. Naquele tempo ainda transitavam veículos nas ruas limítrofes, de forma que a Feira se restringia àquela quadra. Depois, com a construção dos calçadões, ela começou a se expandir. E hoje se estende até o Guaíba praticamente.
Outra lembrança é de que, por muito tempo, a única barraca especializada em livros infantis era a da Salvador La Porta, que representava a EBAL. Depois começaram a surgir outras. Hoje existe uma seção inteira só para crianças. Mas minha parte preferida passou a ser a internacional, onde encontro ótimos dicionários e livros de referência. Recordo ainda da saudosa Sulina e seus livros importados de música. Certa vez um vendedor comentou que só me via na Feira, mas não na livraria. Passei a freqüentar a livraria, também.
A Feira concede descontos de 20% sobre o preço de lista dos livros, além de outras ofertas. Mas, embora em tempos de inflação sob controle isso até seja uma vantagem, o que sempre me atraiu nesse evento foi a reunião de livros e livreiros em um só local. Preço é um fator importante, mas quem realmente gosta de ler não usa como desculpa para deixar de comprar. Anteontem mesmo ouvi uma cliente saindo da Saraiva do Praia de Belas aos berros. "E depois reclamam que o povo não lê! Vai ler como, com esses preços?" Garanto que a televisão para ver as novelas da Globo ela comprou sem reclamar. Cinco minutos depois, o alto-falante parabenizou os vendedores por uma meta alcançada.
Pensando bem, livro é supérfluo: só faz falta para pessoas inteligentes.
Desde que comecei a trabalhar, em 1981, não pude mais acompanhar a abertura da Feira. Mas em 1988, em razão de um curso, eu estava fazendo horário diferenciado e pude comparecer. Lembro que o Governador Pedro Simon, um tanto desgastado pelo episódio da greve dos professores, fez um breve discurso e encerrou dizendo: "Para mostrar que não guardo rancor, vou passar a sineta às mãos de uma professora." E ela, por sua vez, a entregou a Júlio La Porta, o Xerife, para que a soasse pela Praça inaugurando a Feira. Para quem espera o ano todo por este momento, a emoção é a mesma de ver uma tocha olímpica sendo acesa.
É hoje! Não sei como as outras cidades conseguem ser felizes sem uma Feira do Livro.
Freqüento a Feira desde a infância, pois morei no Centro até os 26 anos e minha mãe sempre me levava lá. Lembro que as barracas eram em número bem menor e não ficavam dispostas linearmente, como hoje. Elas se distribuíam de forma irregular na Praça da Alfândega nas proximidades da estátua de Osório. Naquele tempo ainda transitavam veículos nas ruas limítrofes, de forma que a Feira se restringia àquela quadra. Depois, com a construção dos calçadões, ela começou a se expandir. E hoje se estende até o Guaíba praticamente.
Outra lembrança é de que, por muito tempo, a única barraca especializada em livros infantis era a da Salvador La Porta, que representava a EBAL. Depois começaram a surgir outras. Hoje existe uma seção inteira só para crianças. Mas minha parte preferida passou a ser a internacional, onde encontro ótimos dicionários e livros de referência. Recordo ainda da saudosa Sulina e seus livros importados de música. Certa vez um vendedor comentou que só me via na Feira, mas não na livraria. Passei a freqüentar a livraria, também.
A Feira concede descontos de 20% sobre o preço de lista dos livros, além de outras ofertas. Mas, embora em tempos de inflação sob controle isso até seja uma vantagem, o que sempre me atraiu nesse evento foi a reunião de livros e livreiros em um só local. Preço é um fator importante, mas quem realmente gosta de ler não usa como desculpa para deixar de comprar. Anteontem mesmo ouvi uma cliente saindo da Saraiva do Praia de Belas aos berros. "E depois reclamam que o povo não lê! Vai ler como, com esses preços?" Garanto que a televisão para ver as novelas da Globo ela comprou sem reclamar. Cinco minutos depois, o alto-falante parabenizou os vendedores por uma meta alcançada.
Pensando bem, livro é supérfluo: só faz falta para pessoas inteligentes.
Desde que comecei a trabalhar, em 1981, não pude mais acompanhar a abertura da Feira. Mas em 1988, em razão de um curso, eu estava fazendo horário diferenciado e pude comparecer. Lembro que o Governador Pedro Simon, um tanto desgastado pelo episódio da greve dos professores, fez um breve discurso e encerrou dizendo: "Para mostrar que não guardo rancor, vou passar a sineta às mãos de uma professora." E ela, por sua vez, a entregou a Júlio La Porta, o Xerife, para que a soasse pela Praça inaugurando a Feira. Para quem espera o ano todo por este momento, a emoção é a mesma de ver uma tocha olímpica sendo acesa.
É hoje! Não sei como as outras cidades conseguem ser felizes sem uma Feira do Livro.
quarta-feira, outubro 25, 2006
Livro ou não livro
A proximidade da Feira do Livro em Porto Alegre (oba, faltam só dois dias!) me fez lembrar de uma sugestão que às vezes ouço de amigos e parentes: publicar um livro. Alguns propõem que eu reúna os melhores textos do blog, outros apenas dizem que eu deveria "escrever um livro", sem especificar o tema. É gratificante saber que há pessoas que me admiram e apostam em mim. Mas desde cedo eu já observava que esse negócio de publicar livro "não é assim" como muitos pensam.
Em primeiro lugar, gente escrevendo bem é o que não falta por aí. Basta vasculhar alguns blogs. Fora os autores pouco conhecidos dos apócrifos que circulam com assinaturas famosas. Sarah Westphal, por exemplo, que escreveu o "Quase", teve nas mãos uma chance de ouro de se lançar como escritora e preferiu não arriscar. De bons textos a Internet está cheia. Mas livro é outro papo. É produto, tem que ser vendável ou no mínimo relevante. E depois, fãs na família, quem não os tem? "Meu filho escreve tão bem... Tinha que publicar um livro!"
Aos 15 anos eu fazia poemas e freqüentava o Grêmio Literário Castro Alves. Naquela época eu já pensava em um dia publicar um livro. Aí, percorrendo as barracas da Feira, via aquelas caixas de saldos com obras sendo vendidas ao que equivaleria hoje a cinco ou dois reais. Então percebia que cada um daqueles volumes trazia uma história de sonhos e expectativas. O entusiasmo de cada autor ao publicá-los. O incentivo da família e dos amigos. O lançamento. A sessão de autógrafos. Para terminar ali, praticamente "dado" para desocupar o espaço de uma livraria.
Se um dia publicasse um livro, seria uma obra de não-ficção, como uma biografia ou pesquisa jornalística. Mesmo que depois o fruto de meu trabalho fosse parar nas caixas de saldos da Feira do Livro, pelo menos eu me sentiria gratificado por ter contribuído com um documento histórico ou fonte de referência. Livro de crônicas, só se uma editora bancasse. Edição independente, nem pensar. Eu me sentiria tão ridiculamente vaidoso quanto se vendesse um álbum de fotos minhas, por exemplo. O aval de uma editora pelo menos atenuaria o fator "ego trip", mostrando que tem gente "do ramo" apostando nos meus textos.
Na literatura, na música, nas artes em geral, tem muita gente boa produzindo. Vender é outro departamento. Meus textos estão aqui de graça. Se gostarem, bom proveito.
Em primeiro lugar, gente escrevendo bem é o que não falta por aí. Basta vasculhar alguns blogs. Fora os autores pouco conhecidos dos apócrifos que circulam com assinaturas famosas. Sarah Westphal, por exemplo, que escreveu o "Quase", teve nas mãos uma chance de ouro de se lançar como escritora e preferiu não arriscar. De bons textos a Internet está cheia. Mas livro é outro papo. É produto, tem que ser vendável ou no mínimo relevante. E depois, fãs na família, quem não os tem? "Meu filho escreve tão bem... Tinha que publicar um livro!"
Aos 15 anos eu fazia poemas e freqüentava o Grêmio Literário Castro Alves. Naquela época eu já pensava em um dia publicar um livro. Aí, percorrendo as barracas da Feira, via aquelas caixas de saldos com obras sendo vendidas ao que equivaleria hoje a cinco ou dois reais. Então percebia que cada um daqueles volumes trazia uma história de sonhos e expectativas. O entusiasmo de cada autor ao publicá-los. O incentivo da família e dos amigos. O lançamento. A sessão de autógrafos. Para terminar ali, praticamente "dado" para desocupar o espaço de uma livraria.
Se um dia publicasse um livro, seria uma obra de não-ficção, como uma biografia ou pesquisa jornalística. Mesmo que depois o fruto de meu trabalho fosse parar nas caixas de saldos da Feira do Livro, pelo menos eu me sentiria gratificado por ter contribuído com um documento histórico ou fonte de referência. Livro de crônicas, só se uma editora bancasse. Edição independente, nem pensar. Eu me sentiria tão ridiculamente vaidoso quanto se vendesse um álbum de fotos minhas, por exemplo. O aval de uma editora pelo menos atenuaria o fator "ego trip", mostrando que tem gente "do ramo" apostando nos meus textos.
Na literatura, na música, nas artes em geral, tem muita gente boa produzindo. Vender é outro departamento. Meus textos estão aqui de graça. Se gostarem, bom proveito.
terça-feira, outubro 24, 2006
Papagaio de capa
Em agosto eu comentei minha indignação pelo fato de a fuga de um papagaio ser notícia de capa de Zero Hora (Manchetes inusitadas). Depois vi que não era bem o que eu pensava. Só que hoje a notícia da primeira página é a de que um papagaio foi recuperado. Mas não é o mesmo. Esse é verde, tem penas e voa. Eu estava ironizando quando comentei a primeira notícia, mas duas frases que eu havia escrito agora se tornam mais do que pertinentes: "Qual será a próxima? O atropelamento de um cachorro, talvez?"
domingo, outubro 22, 2006
Um admirador de Quintana na Itália
O professor italiano Pierino Bonifazio está em Porto Alegre para participar da Feira do Livro. Ele concederá a palestra "Ítalo Calvino, a linguagem e a literatura", no dia 1º de novembro, às 19 horas, no Centro Cultural Erico Verissimo (Rua dos Andradas, 1233 – F: 3226-7974), com mediação de Iara Duccheschi, diretora da editora e importadora de livros italianos Pro Sapiens. A notícia está no site Oriundi, da colônia italiana no Brasil.
Ocorre que Pierino é fã do poeta gaúcho Mario Quintana , já traduziu alguns de seus poemas para o italiano e freqüenta a comunidade "O verdadeiro Mario Quintana", no Orkut. Ele se encontrou com Elena Quintana, sobrinha do poeta, e depois me enviou este e-mail:
"Emílio, passei a tarde toda com a Elena. Eu também cheguei em Porto Alegre para a Feira do Livro. Falamos de tradução do Mario para italiano; falei do teu trabalho para manter limpo o site e ela se mostrou muito contente e quis te enviar um público agradecimento na comunidade. Ela ainda não está no Orkut."
No caso, a mensagem de Elena Quintana transmitida por Pierino foi a seguinte:
"Emílio,
descobri por um italiano, Pierino, que tu és a resposta para as minhas preces. Eu me sentia sozinha e totalmente impotente diante da enxurrada de textos atribuídos ao tio Mario na Internet e em várias homenagens nesse ano, em colégios por esse Rio Grande e também no Rio de Janeiro. Quero que todos os visitantes desta comunidade saibam que estou encantada com este teu trabalho e verdadeiramente agradecida.
Elena Quintana."
Respondi na comunidade mesmo que o mérito não era meu, mas de todos os que junto comigo amadureceram a idéia de criar um novo fórum sobre Quintana no Orkut onde os textos falsos não seriam aceitos. Inclusive, graças a um novo recurso implementado pelo Orkut, a comunidade agora tem mais duas moderadoras: Deizi Crispim e Jane Araújo. De resto, imagino como a pobre Elena deve ter-se sentido diante de tantas borboletas, olhares, longas explicações, deficiências, felicidades realistas, casamentos na igreja, enfim, os apócrifos normalmente atribuídos a Quintana. Sou da opinião de que em algum momento a imprensa deveria ter aproveitado o centenário do poeta para publicar uma matéria sobre as autorias incorretamente atribuídas a ele. A Zero Hora poderia ter feito isso. Deve ter achado que não valia a pena ocupar espaço discutindo textos falsos quando poderia divulgar os verdadeiros. Mas, como eu já disse várias vezes, não se pode fingir que o problema não existe. Muitos devem ter lido os artigos e pensado: "Ah, deixaram de fora o das borboletas", "faltou aquele do olhar e da longa explicação", mas continuaram achando que fossem de Quintana. Isso foi confirmado na enquete do ClicRBS sobre a frase de Quintana preferida dos leitores.
Obrigado a Pierino Bonifazio e a Elena Quintana respectivamente pelo prestígio e reconhecimento à comunidade "O verdadeiro Mario Quintana". Nos vemos na Feira do Livro.
Mais um boato do Orkut
Mais um falso boato no Orkut está deixando os usuários em polvorosa, espalhando alucinadamente um aviso de que, se a parte de "preferências" do seu perfil estiver com links, isso significa que ele foi atacado por um "cracker" e está com vírus, portanto não clique, apague, avise aos seus amigos, blá blá blá... Aí o sujeito vai lá, encontra os tais links, constata que "é verdade, sim, eu conferi", apaga tudo e segue espalhando pânico entre os incautos.
Eu realmente não tinha percebido que meu perfil estava com links. Mas quando coloquei o cursor por cima, verifiquei que era apenas uma busca dentro do próprio Orkut usando a respectiva palavra ou expressão como argumento. Ainda cliquei com o botão direito por descargo de consciência e verifiquei que o link era legítimo. A seguir, fiz o que todos deveriam fazer quando recebem esses avisos alarmistas, mas quase ninguém faz: fui verificar na "ajuda" do Orkut para ver se havia algum esclarecimento. Dito e feito:
O que são esses links azuis no meu perfil?
Os links azuis em seu perfil fazem parte de uma nova função que o ajuda a encontrar usuários e comunidades do orkut que tenham interesses semelhantes aos seus. Ao clicar nesses links, você verá uma página com os resultados de busca do orkut relativos a esses tópicos.
A resposta completa está aqui.
Enquanto isso, os verdadeiros links mal-intencionados continuam enganando os desavisados. Lembre-se: se clicar em algum link e for redirecionado para a tela de entrada, não redigite seus dados.
Eu realmente não tinha percebido que meu perfil estava com links. Mas quando coloquei o cursor por cima, verifiquei que era apenas uma busca dentro do próprio Orkut usando a respectiva palavra ou expressão como argumento. Ainda cliquei com o botão direito por descargo de consciência e verifiquei que o link era legítimo. A seguir, fiz o que todos deveriam fazer quando recebem esses avisos alarmistas, mas quase ninguém faz: fui verificar na "ajuda" do Orkut para ver se havia algum esclarecimento. Dito e feito:
O que são esses links azuis no meu perfil?
Os links azuis em seu perfil fazem parte de uma nova função que o ajuda a encontrar usuários e comunidades do orkut que tenham interesses semelhantes aos seus. Ao clicar nesses links, você verá uma página com os resultados de busca do orkut relativos a esses tópicos.
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Enquanto isso, os verdadeiros links mal-intencionados continuam enganando os desavisados. Lembre-se: se clicar em algum link e for redirecionado para a tela de entrada, não redigite seus dados.
quinta-feira, outubro 19, 2006
Gotham City é aqui
A primeira vez em que vi o Batmóvel que de vez em quando circula pelas ruas de Porto Alegre, até eu, que não entendo nada de carros, pude ver que era um Maverick adaptado. No entanto, desde que o carro do Batman começou a aparecer nesta época do ano no Shopping Praia de Belas, para divulgar a Festa do Ridículo, eu ficava em dúvida: é o mesmo? O acabamento estava perfeito demais. Ontem, um cliente do shopping olhou para o painel e disse que era um Maverick, mas desta vez eu já não conseguia notar.
A foto abaixo, que copiei do site da Festa do Ridículo, tirou-me a dúvida:
Foi esse o automóvel que enxerguei pela primeira vez. Até pode ser o mesmo, mas com certeza foi aperfeiçoado. Agora está praticamente igual ao Batmóvel de 1966, talvez um pouco menor, como mostra a primeira foto mais acima. Queria um desses para mim.
A foto abaixo, que copiei do site da Festa do Ridículo, tirou-me a dúvida:
Foi esse o automóvel que enxerguei pela primeira vez. Até pode ser o mesmo, mas com certeza foi aperfeiçoado. Agora está praticamente igual ao Batmóvel de 1966, talvez um pouco menor, como mostra a primeira foto mais acima. Queria um desses para mim.
quarta-feira, outubro 18, 2006
A gangue dos 20
Acabo de saber que a Federação Internacional da Indústria Fonográfica vai processar 20 brasileiros que baixaram músicas gratuitamente pela Internet. Minha primeira reação foi de alívio. Eu imaginava que o problema fosse muito mais grave. Mas se são só 20, então a situação não é tão preocupante quanto eu pensava. Tem mais é que processar esses caras mesmo, imagina! Toda essa crise na venda de CDs, soluções paliativas e incômodas como o tal "copy controlled" e similares é culpa de apenas 20 usuários? Processo neles! Não é justo que pessoas como eu, que gostam de CD original, sejam direta ou indiretamente prejudicadas por duas dezenas de gatos pingados que se contentam com MP3.
Mas depois pensei melhor: acho que estou sendo egoísta. Se são só 20 pessoas, eu devo conhecer todas. Oh, não! São meus amigos que estão na alça de mira! E agora, como irão sair dessa? Alan, você está bem? Juarez, já tem advogado? Rodrigo, como te acharam? Augusto, foi por isso que você saiu de Brasília? Como eu poderia desconfiar que toda essa crise na indústria do disco fosse obra de gente tão conhecida e próxima de mim? Mas com fé eles devem escapar dessa.
Puxa, como meus amigos são poderosos! Sozinhos, foram responsáveis por uma queda de 12,9% das vendas no mercado fonográfico brasileiro. Menos mal que nenhum deles vai ser responsabilizado criminalmente. As gravadoras querem apenas indenização. Depois vou fazer uma lista com calma para confirmar se conheço todos os 20. Talvez uns 15 ou 16. Menos mal que o problema não era tão grande quanto se pensava. Depois desse processo, fica tudo resolvido e a indústria do disco volta ao normal. Mas bem que eu avisei a meus amigos que não era legal baixar música. Taí o resultado: uma turminha de 20, sozinha, conseguiu fazer esse baita estrago.
Mas depois pensei melhor: acho que estou sendo egoísta. Se são só 20 pessoas, eu devo conhecer todas. Oh, não! São meus amigos que estão na alça de mira! E agora, como irão sair dessa? Alan, você está bem? Juarez, já tem advogado? Rodrigo, como te acharam? Augusto, foi por isso que você saiu de Brasília? Como eu poderia desconfiar que toda essa crise na indústria do disco fosse obra de gente tão conhecida e próxima de mim? Mas com fé eles devem escapar dessa.
Puxa, como meus amigos são poderosos! Sozinhos, foram responsáveis por uma queda de 12,9% das vendas no mercado fonográfico brasileiro. Menos mal que nenhum deles vai ser responsabilizado criminalmente. As gravadoras querem apenas indenização. Depois vou fazer uma lista com calma para confirmar se conheço todos os 20. Talvez uns 15 ou 16. Menos mal que o problema não era tão grande quanto se pensava. Depois desse processo, fica tudo resolvido e a indústria do disco volta ao normal. Mas bem que eu avisei a meus amigos que não era legal baixar música. Taí o resultado: uma turminha de 20, sozinha, conseguiu fazer esse baita estrago.
terça-feira, outubro 17, 2006
Relançamento especialíssimo
Os fãs dos Bee Gees (da obra toda e não só dos sucessos mais manjados) aguardam ansiosamente o dia 7 de novembro. Nessa data, será lançada nos Estados Unidos uma caixa com os três primeiros álbuns do grupo a partir da volta para a Inglaterra em 1967. Essa ressalva é importante porque, no período em que moraram na Austrália, os Bee Gees chegaram a lançar dois LPs. Mas o retorno à terra natal foi tratado como uma reestréia, a começar pelo nome do primeiro LP na nova gravadora: "Bee Gees 1st" (primeiro). Os outros dois que estarão nesse pacote são "Horizontal" e "Idea". Além de todas as faixas em estéreo e mono, a caixa inclui também um CD bônus para cada título com diversas faixas de compacto e músicas inéditas. Ao todo são seis CDs, um lançamento precioso coordenado por Andrew Sandoval para a Rhino. A edição importada deve ser cara para nós, mas dizem que os CDs sairão avulsos no Brasil no ano que vem. Vamos torcer.
Mas a foto da caixa já está causando polêmica. Na época em que esses três discos foram lançados, os Bee Gees eram cinco. Além dos irmãos, Barry, Robin e Maurice Gibb, faziam parte do grupo também os australianos Vince Melouney (guitarrista, autor de "Such a Shame") e Colin Petersen (baterista). No entanto, a imagem mostra apenas os três Gibb.E como se não bastasse, é uma foto retocada em que aparecia também o baterista Colin, num curto período em que os Bee Gees foram quatro, antes da entrada de Vince. Essa imagem, de qualquer forma, não mostraria os cinco integrantes, mas havia muitas outras que poderiam ter sido usadas. Hoje não são todos que sabem que os Bee Gees já tiveram esses outros dois membros, então uma capa com a formação completa da época, além de justa para os músicos, seria também instrutiva para os fãs. Isso de forma alguma deprecia o relançamento, mas seria bem mais coerente que a caixa mostrasse Barry, Robin, Maurice, Vince e Colin, que era a formação oficial do grupo quando esses três álbuns foram lançados.
P.S.: A matéria que escrevi na época para o International Magazine, incluindo uma entrevista exclusiva com o produtor Andrew Sandoval, está reproduzida neste site aqui.
Mas a foto da caixa já está causando polêmica. Na época em que esses três discos foram lançados, os Bee Gees eram cinco. Além dos irmãos, Barry, Robin e Maurice Gibb, faziam parte do grupo também os australianos Vince Melouney (guitarrista, autor de "Such a Shame") e Colin Petersen (baterista). No entanto, a imagem mostra apenas os três Gibb.E como se não bastasse, é uma foto retocada em que aparecia também o baterista Colin, num curto período em que os Bee Gees foram quatro, antes da entrada de Vince. Essa imagem, de qualquer forma, não mostraria os cinco integrantes, mas havia muitas outras que poderiam ter sido usadas. Hoje não são todos que sabem que os Bee Gees já tiveram esses outros dois membros, então uma capa com a formação completa da época, além de justa para os músicos, seria também instrutiva para os fãs. Isso de forma alguma deprecia o relançamento, mas seria bem mais coerente que a caixa mostrasse Barry, Robin, Maurice, Vince e Colin, que era a formação oficial do grupo quando esses três álbuns foram lançados.
P.S.: A matéria que escrevi na época para o International Magazine, incluindo uma entrevista exclusiva com o produtor Andrew Sandoval, está reproduzida neste site aqui.
segunda-feira, outubro 16, 2006
Raridade
Em 1968 eu tinha 7 anos e meus irmãos, 21 e 24. Um trabalhava em rádio e o outro em televisão. Não me lembro e acho que nem fiquei sabendo ao certo qual deles me conseguiu esse compacto promocional da Varig. Embora o rótulo não indique, a rotação é 78, de forma que mesmo os raros toca-discos de vinil que ainda se encontram por aí não são compatíveis com o disquinho. Eu me recordo que ganhei esse disco num dia em que meus irmãos foram me buscar mais cedo no colégio, no Anexo ao Instituto de Educação. Haveria uma manifestação ao final da tarde e minha supermãe ficou preocupada. Mandou buscar o filhinho. No carro mesmo eles me entregaram o disco. Como tive o resto da tarde livre, ouvi várias vezes os dois lados. O jingle é considerado um clássico da Varig e o comercial pode ser visto aqui - a cores, inclusive, embora a TV naquela época ainda fosse em preto-e-branco no Brasil. Talvez a versão colorida fosse mostrada no Japão, com a letra em japonês que estava no lado B do compacto. Uma curiosidade é que, mesmo na gravação em japonês, a frase lida pelo locutor permanecia em português. Esse foi um detalhe que me decepcionou, na época, pois eu esperava ouvir o final no outro idioma. De tanto escutar a versão estrangeira, eu já a estava cantando foneticamente mesmo sem entender nada. Ainda lembro de vários trechos.
domingo, outubro 15, 2006
Dia do Professor
Hoje é Dia do Professor. Já fiz uma homenagem nesta mesma data no primeiro ano do blog (leiam aqui). Resta-me apenas reiterar a profunda admiração que nutro por essa classe e, principalmente, a enorme gratidão que sempre terei por meus mestres. Há quem, por falta de algo mais instrutivo para fazer, goste de falar mal dos professores. Desses a gente tem que ter pena, pois são pessoas limitadas, que não fazem por merecer o aprendizado que tiveram. E provavelmente também não o aproveitaram como poderiam.
sábado, outubro 14, 2006
Atento, mas equivocado
Um visitante do blog que se assina "Atento Leitor" fez a seguinte observação sobre a citação "entre mim e os cadáveres", no segundo post abaixo:
"Apenas uma observação : mim está mal colocada na frase. Me parece que o correto seria eu. Que achas?"
Bem, se eu achasse que estivesse errado, teria a desculpa de alegar que estava apenas citando uma fala do Vitor. Em outras palavras: foi ele quem errou, não eu. Mas lamento informar-lhe que a frase está correta, Atento (mas equivocado) Leitor. Depois de preposições, deve-se usar a forma oblíqua do pronome pessoal, como ensina aqui o professor Cláudio Moreno. E mais: quero acreditar que você escreveu "me parece" para não soar muito pedante, pois deve saber que o correto, nesse caso, é "parece-me".
Volte sempre.
"Apenas uma observação : mim está mal colocada na frase. Me parece que o correto seria eu. Que achas?"
Bem, se eu achasse que estivesse errado, teria a desculpa de alegar que estava apenas citando uma fala do Vitor. Em outras palavras: foi ele quem errou, não eu. Mas lamento informar-lhe que a frase está correta, Atento (mas equivocado) Leitor. Depois de preposições, deve-se usar a forma oblíqua do pronome pessoal, como ensina aqui o professor Cláudio Moreno. E mais: quero acreditar que você escreveu "me parece" para não soar muito pedante, pois deve saber que o correto, nesse caso, é "parece-me".
Volte sempre.
Destreza e inteligência
Já que não houve vítimas ou conseqüências mais graves, esse acidente em Taquara, em que uma motorista deu uma ré por cima de uma bomba de gasolina e a fez explodir, vai ser motivo de muita piada. E ainda foi registrado pela câmera de segurança. Depois algumas esposas ainda ficam indignadas quando os maridos não emprestam o carro. Vejam como é grave deixar uma mulher na direção.
Mas com certeza as mulheres riram por último quando apareceu o dono do posto de gasolina dizendo que, depois desse incidente, não abriria mais o posto 24 horas por dia. Ah, sim. O acidente ocorreu em plena luz do dia, mas o posto agora vai fechar na madrugada. A lógica é fantástica. E a vovó já comeu pitanga?
Mas com certeza as mulheres riram por último quando apareceu o dono do posto de gasolina dizendo que, depois desse incidente, não abriria mais o posto 24 horas por dia. Ah, sim. O acidente ocorreu em plena luz do dia, mas o posto agora vai fechar na madrugada. A lógica é fantástica. E a vovó já comeu pitanga?
sexta-feira, outubro 13, 2006
Orkontro Verissimiano
Hoje às seis da tarde aconteceu um encontro rápido de fãs de Luis Fernando Verissimo no Shopping Praia de Belas. Foram só quatro pessoas: o Dr. Vitor, o Guaraci, a Talitah e eu. Nunca tínhamos conversado pessoalmente. O Guaraci disse que pensou que eu fosse mais velho. Eu já estava me sentindo elogiado e pensando em trocar a foto do Orkut quando ele explicou melhor: como não me envolvo muito em tópicos supérfluos, com trocas de ironias e brincadeiras, ele imaginou que eu fosse "um velho já cansado da vida, que participa pouco". Bá!
Ficamos pouco tempo batendo papo, mas foi legal. Como disse o Vitor, nossos temperamentos não causaram surpresa, já nos conhecíamos o suficiente via Internet para ter uma idéia da personalidade de cada um. As histórias que rolaram também foram interessantes, só não sei se posso contá-las. Tem gente, por exemplo, que conhece sua futura esposa num barzinho, numa boate ou numa festa. O Vitor conheceu no necrotério. Segundo ele, "entre mim e os cadáveres, acabei levando vantagem, mesmo assim acho que ela ainda olhou para um dos mortos". Só nos arrependemos de não ter feito um anúncio bem bombástico nos sites. Aí quem sabe o próprio Verissimo não apareceria? É assim que pensam os "presidentes de fã-clube" quando organizam os "megaeventos", nas esperança de que o ídolo se atire lá do outro lado do mundo para surgir de surpresa. Quem sabe na próxima o Verissimo vai.
Aguardem a foto. O Vitor ficou de enviar.
Ficamos pouco tempo batendo papo, mas foi legal. Como disse o Vitor, nossos temperamentos não causaram surpresa, já nos conhecíamos o suficiente via Internet para ter uma idéia da personalidade de cada um. As histórias que rolaram também foram interessantes, só não sei se posso contá-las. Tem gente, por exemplo, que conhece sua futura esposa num barzinho, numa boate ou numa festa. O Vitor conheceu no necrotério. Segundo ele, "entre mim e os cadáveres, acabei levando vantagem, mesmo assim acho que ela ainda olhou para um dos mortos". Só nos arrependemos de não ter feito um anúncio bem bombástico nos sites. Aí quem sabe o próprio Verissimo não apareceria? É assim que pensam os "presidentes de fã-clube" quando organizam os "megaeventos", nas esperança de que o ídolo se atire lá do outro lado do mundo para surgir de surpresa. Quem sabe na próxima o Verissimo vai.
Aguardem a foto. O Vitor ficou de enviar.
quarta-feira, outubro 11, 2006
Universo paralelo
Que o comercial do Idea Adventure foi filmado em Porto Alegre, muitos já perceberam. No entanto, este anúncio da mesma campanha está deixando alguns porto-alegrenses confusos. Dá pra perceber que é o centro da cidade, mas onde, exatamente? Um colega blogueiro pensou que fosse a Rua Uruguai, já que a Prefeitura aparece à direita. Mas olhem de novo:
Localizaram-se? A imagem ao fundo estava invertida. Desfazendo a inversão, fica fácil identificar a Av. Borges de Medeiros, quase na esquina da rua José Montaury, que não aparece na foto. Do lado direito, vemos o prédio do Guaspari e o Mercado ao fundo. Do lado esquerdo, o Edifício União e a Prefeitura em segundo plano. Essa deve ser a Porto Alegre da "Terra Dois", um mundo-espelho do universo paralelo em que iguanas gigantes perambulam pelas ruas e qualquer um tem grana para comprar carro novo.
(Podem clicar nas imagens para ampliar. Eu deixo.)
Localizaram-se? A imagem ao fundo estava invertida. Desfazendo a inversão, fica fácil identificar a Av. Borges de Medeiros, quase na esquina da rua José Montaury, que não aparece na foto. Do lado direito, vemos o prédio do Guaspari e o Mercado ao fundo. Do lado esquerdo, o Edifício União e a Prefeitura em segundo plano. Essa deve ser a Porto Alegre da "Terra Dois", um mundo-espelho do universo paralelo em que iguanas gigantes perambulam pelas ruas e qualquer um tem grana para comprar carro novo.
(Podem clicar nas imagens para ampliar. Eu deixo.)
terça-feira, outubro 10, 2006
Refrigerantes light
Desde que a maioria dos refrigerantes "diet" trocou de nome para "light", criou-se uma pequena confusão. Porque, até então, havia uma diferença entre "diet" e "light". Alimentos "diet" são totalmente isentos de determinado ingrediente, normalmente açúcar. Assim, sob orientação médica, podem ser consumidos por diabéticos. Já os alimentos "light" possuem menor teor de gorduras ou de algum nutriente energético, mas eles estão ali. No entanto, refrigerante "light" é apenas um novo nome para o velho refrigerante "diet". Foi substituído por uma questão de marketing. O termo "diet" inadvertidamente criou uma conotação negativa para o produto, que passou a ser visto como "só para gordos" ou "só para diabéticos". A intenção dos fabricantes era atingir também as pessoas em forma que desejassem manter o peso e evitar o consumo desnecessário de calorias. Além disso, nem sempre as pessoas gostam de assumir ou parecer que estão de dieta.
Assim, trocou-se a incômoda segregação do "diet" pela simpática abrangência do "light". Agora, quem consome esse tipo de refrigerante não se sente mais como se carregasse uma bandeira com os dizeres "estou de dieta". Em vez disso, está se alimentando saudavelmente (na prática a gente sabe que não é bem assim, mas é essa a idéia que o refrigerante "light" sutilmente tenta transmitir). Existe também a denominação "zero", que dá na mesma. Nos Estados Unidos os refrigerantes sem açúcar continuam se chamando "diet". Como disse um americano com quem comentei esse fato, "é que os americanos acham que estão sempre de dieta".
Outra peculiaridade dos refrigerantes "diet" (ou "light" ou "zero") é que a diferença calórica deles para os refrigerantes não-diet é descomunal. Em geral eles podem ser consumidos à vontade, ao contrário de outros produtos "diet". Isso já foi confirmado por todos os endocrinologistas com quem conversei. Uma médica foi mais específica: "saudável não é, mas a caloria é desprezível". Em outras palavras: pode até ser cancerígeno, provocar azia, gastrite, úlcera, enxaqueca, cistite, depressão e outros efeitos colaterais, mas engordar, não engorda. (Em tempo: estou brincando. Não estou afirmando que cause nada disso. Se causar, estou frito e mal pago, pois sou ávido consumidor de refrigerantes light.)
Assim, trocou-se a incômoda segregação do "diet" pela simpática abrangência do "light". Agora, quem consome esse tipo de refrigerante não se sente mais como se carregasse uma bandeira com os dizeres "estou de dieta". Em vez disso, está se alimentando saudavelmente (na prática a gente sabe que não é bem assim, mas é essa a idéia que o refrigerante "light" sutilmente tenta transmitir). Existe também a denominação "zero", que dá na mesma. Nos Estados Unidos os refrigerantes sem açúcar continuam se chamando "diet". Como disse um americano com quem comentei esse fato, "é que os americanos acham que estão sempre de dieta".
Outra peculiaridade dos refrigerantes "diet" (ou "light" ou "zero") é que a diferença calórica deles para os refrigerantes não-diet é descomunal. Em geral eles podem ser consumidos à vontade, ao contrário de outros produtos "diet". Isso já foi confirmado por todos os endocrinologistas com quem conversei. Uma médica foi mais específica: "saudável não é, mas a caloria é desprezível". Em outras palavras: pode até ser cancerígeno, provocar azia, gastrite, úlcera, enxaqueca, cistite, depressão e outros efeitos colaterais, mas engordar, não engorda. (Em tempo: estou brincando. Não estou afirmando que cause nada disso. Se causar, estou frito e mal pago, pois sou ávido consumidor de refrigerantes light.)
segunda-feira, outubro 09, 2006
As pesquisas
Os números do primeiro turno nas eleições para Governador do Rio Grande do Sul reacendem uma discussão cíclica: a influência das pesquisas na votação. Acredita-se que o empate técnico entre Yeda Crusius e Olívio Dutra em segundo lugar na última pesquisa tenha levado diversos correligionários de Germano Rigotto a fazer "voto útil", votando em Yeda ou Olívio para decidir quem iria para o segundo turno com o atual Governador. Resultado: foram os dois. Rigotto ficou em terceiro, fora do páreo.
Em princípio, não se pode cercear o direito à informação. Mas que seria interessante observar o que aconteceria numa eleição sem pesquisas, disso não há dúvida. Imaginem o suspense, as especulações, a expectativa. Os candidatos debatendo em igualdade de condições. Os blefes. As surpresas. Nunca uma eleição seria tão aguardada.
Até que ponto as pesquisas podem influir nas decisões do eleitorado? De certa forma, elas antecipam a corrida eleitoral. Nenhum voto ainda foi dado, mas os números parecem simular uma competição em andamento, onde alguns concorrentes tomam a dianteira. Depois fica difícil mensurar o quanto o resultado foi condicionado pelas pesquisas ou apenas confirmou o que elas indicavam. Em tese, uma eleição em dois turnos seria para acabar com a necessidade de voto útil. Na prática, nem sempre acontece. Você votaria num candidato que está em último lugar nas projeções? Com as pesquisas, uma campanha eleitoral vira novela: se não der ibope nos primeiros capítulos, fica difícil reverter depois, mas tem que ir até o fim do mesmo jeito. Ou não: lembro de uma candidata à Prefeitura de Porto Alegre que desistiu de concorrer depois que apareceu na lanterna da primeira pesquisa.
Sou contra qualquer tipo de censura, mas confesso que gostaria que acontecesse pelo menos uma eleição sem pesquisas, só pela experiência. Os apostadores e bookmakers, com certeza, iriam adorar.
Em princípio, não se pode cercear o direito à informação. Mas que seria interessante observar o que aconteceria numa eleição sem pesquisas, disso não há dúvida. Imaginem o suspense, as especulações, a expectativa. Os candidatos debatendo em igualdade de condições. Os blefes. As surpresas. Nunca uma eleição seria tão aguardada.
Até que ponto as pesquisas podem influir nas decisões do eleitorado? De certa forma, elas antecipam a corrida eleitoral. Nenhum voto ainda foi dado, mas os números parecem simular uma competição em andamento, onde alguns concorrentes tomam a dianteira. Depois fica difícil mensurar o quanto o resultado foi condicionado pelas pesquisas ou apenas confirmou o que elas indicavam. Em tese, uma eleição em dois turnos seria para acabar com a necessidade de voto útil. Na prática, nem sempre acontece. Você votaria num candidato que está em último lugar nas projeções? Com as pesquisas, uma campanha eleitoral vira novela: se não der ibope nos primeiros capítulos, fica difícil reverter depois, mas tem que ir até o fim do mesmo jeito. Ou não: lembro de uma candidata à Prefeitura de Porto Alegre que desistiu de concorrer depois que apareceu na lanterna da primeira pesquisa.
Sou contra qualquer tipo de censura, mas confesso que gostaria que acontecesse pelo menos uma eleição sem pesquisas, só pela experiência. Os apostadores e bookmakers, com certeza, iriam adorar.
sábado, outubro 07, 2006
Engano ou acerto?
O jornal Versão dos Jornalistas, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS, aponta algumas gafes de jornalistas em sua seção "Variedades". No exemplar de setembro, o fato de a seção "Há 30 anos em ZH", da Zero Hora, citar Paulo César Carpegianni e Luiz Felipe Scolari pelo nome completo é considerado um "engano", pois as notícias são de 1976 e ambos só passariam a ser chamados por nome e sobrenome depois disso: Carpeggiani quando foi para o Flamengo em 1977 e Scolari quando foi treinar o Palmeiras nos anos 80. Quem lê meu blog sabe que eu não levo a Zero Hora (ou nenhum outro veículo) de comadre, mas é preciso fazer justiça: não há engano algum. Pelo contrário, o responsável pela seção nostálgica de ZH demonstra conhecimento ao atualizar as referências, facilitando a compreensão do leitor. Isso também acontece na música. Quando a RGE lançou uma série de CDs de artistas diversos de seu cast através dos anos, a música "Triste Melodia", de 1970, teve o nome de seu intérprete, originalmente "Hermes", atualizado para "Hermes Aquino". Da mesma forma, quando foi relançada em CD a antológica miscelânea "Paralelo 30", o músico que aparecia como "Bebeto Nunes Alves" na edição original constou como "Bebeto Alves" no relançamento.
sexta-feira, outubro 06, 2006
Enfoques antagônicos
Sobre o acidente aéreo que matou 154 ocupantes do Boeing da Gol, é impressionante a diferença de enfoque na cobertura da imprensa brasieira e do New York Times. Nas matérias publicadas até agora no jornal americano, os títulos sempre falam em falha do equipamento do Legacy. O último texto até cita que "promotores brasileiros estão sustentando a tese de que os pilotos desligaram o transponder para subir a uma altitude mais favorável sem permissão", mas num tom de desprezo à hipótese.
quinta-feira, outubro 05, 2006
O fim do Limbo
E o Papa acabou com o Limbo. Com um simples decreto, extinguiu o destino até então reservado para crianças que morrem sem ser batizadas e outras almas indignas do Paraíso, mas puras o suficiente para serem poupadas do inferno. E eu, que há tempos estou afastado da Igreja Católica (fui batizado Católico, mas fiz a "Confirmação" na Igreja Episcopal), nem sabia que o Papa tinha esse poder. Quem irá levar a notificação de que o Limbo foi extinto?
Só imagino o alvoroço que isso não deve estar causando lá do outro lado. As almas devem estar felizes, pois o Papa determinou que, com o fim do Limbo, quem estava lá pode ingressar no Paraíso. Neste exato momento, alguma coisa parecida com um "Muro de Berlimbo" deve estar sendo derrubada na maior euforia. As dependências onde o Limbo estava instalado poderão ser aproveitadas para uma extensão do Paraíso. Ou talvez construam um "Memorial ao Limbo", com placa comemorativa e tudo.
Mas nem todos devem estar satisfeitos. Alguns devem pensar: "Ah, eu estava bem aqui, quietinho no meu canto. Ninguém me incomodava. Agora vou ter que usar uma auréola e aprender a tocar harpa? Cumprir normas? Ser controlado pelos anjos? Correr o risco de ser expulso do Paraíso e acabar no inferno? E se eu quiser continuar aqui?"
Eu sempre tive muita fé, mas repito que não sabia que o Papa tinha esse poder todo. Estou decididamente impressionado. Nós, seres humanos, não conseguimos acabar com as guerras, com os crimes e com o ódio que reina neste mundo, mas numa penada o Papa consegue interferir lá no outro. Bem que ele podia decretar a criação de um cybercafé no Paraíso.
Só imagino o alvoroço que isso não deve estar causando lá do outro lado. As almas devem estar felizes, pois o Papa determinou que, com o fim do Limbo, quem estava lá pode ingressar no Paraíso. Neste exato momento, alguma coisa parecida com um "Muro de Berlimbo" deve estar sendo derrubada na maior euforia. As dependências onde o Limbo estava instalado poderão ser aproveitadas para uma extensão do Paraíso. Ou talvez construam um "Memorial ao Limbo", com placa comemorativa e tudo.
Mas nem todos devem estar satisfeitos. Alguns devem pensar: "Ah, eu estava bem aqui, quietinho no meu canto. Ninguém me incomodava. Agora vou ter que usar uma auréola e aprender a tocar harpa? Cumprir normas? Ser controlado pelos anjos? Correr o risco de ser expulso do Paraíso e acabar no inferno? E se eu quiser continuar aqui?"
Eu sempre tive muita fé, mas repito que não sabia que o Papa tinha esse poder todo. Estou decididamente impressionado. Nós, seres humanos, não conseguimos acabar com as guerras, com os crimes e com o ódio que reina neste mundo, mas numa penada o Papa consegue interferir lá no outro. Bem que ele podia decretar a criação de um cybercafé no Paraíso.
quarta-feira, outubro 04, 2006
Lembranças de eleição
Em 1976, no governo Ernesto Geisel, foi promulgada a Lei 6.339, que impunha restrições à propaganda eleitoral. Os candidatos ficavam proibidos de falar ao vivo no horário gratuito. Apenas era permitida uma imagem 3x4 do rosto do candidato e um breve currículo. Ficou conhecida como Lei Falcão por ter sido criada pelo então Ministro da Justiça, Armando Falcão. Se há quem ache chato o horário político de hoje, imagine naquela época.
Mesmo assim, alguns usavam de criatividade para contornar as restrições legais. Em 1978, por exemplo, o empresário gaúcho Cláudio Strassburger, candidato a Deputado Estadual pela Arena, mudou o foco do marketing das sandálias que fabricava. Em vez de promover a marca Franciscano, passou a divulgar com mais força o nome Strassburger. E lançou o sugestivo slogan: "Strassburger, você sabe onde pisa". Mas não só isso: embora eu próprio não tenha visto, vários telespectadores afirmaram ter enxergado o número do candidato no cenário de um comercial da empresa, com a atriz Berta Loran. Além dessa estratégia publicitária, quem morava em Porto Alegre na época deve lembrar dos carros pintados que circulavam pelas ruas. Deu certo: Strassburger foi eleito.
Em 1982, foi a vez de Jair Soares, candidato a Governador do Rio Grande do Sul pelo PDS, valer-se de uma brecha para fugir da Lei Falcão. Encomendou um jingle de campanha disfarçado de música comum, que foi lançada em disco para venda normal nas lojas. "O Nosso Caminho Só Pode Ser Um", gravada pelo Impacto, era uma referência ao número do candidato, que inclusive imprimiu a frase em um de seus cartazes de campanha com destaque para o "1". Como se não bastasse, a letra incluía um de seus slogans, "quero a cidade mais humana e sem medo". Aí, rodava na televisão um comercial para "o novo disco do Impacto", tudo dentro da lei. Jair sempre teve prestígio no Rio Grande do Sul e sua vitória não foi surpresa, mas o lançamento do compacto simples foi uma jogada criativa.
A propósito, o disco que usei para ilustração foi comprado num sebo. O adesivo com autógrafo na contracapa sugere que Jair Soares deve ter distribuído o compacto a eleitores durante a campanha. Se bem que, na data que aparece, ele já estava eleito. Achei melhor preservar o nome citado na dedicatória.
Mesmo assim, alguns usavam de criatividade para contornar as restrições legais. Em 1978, por exemplo, o empresário gaúcho Cláudio Strassburger, candidato a Deputado Estadual pela Arena, mudou o foco do marketing das sandálias que fabricava. Em vez de promover a marca Franciscano, passou a divulgar com mais força o nome Strassburger. E lançou o sugestivo slogan: "Strassburger, você sabe onde pisa". Mas não só isso: embora eu próprio não tenha visto, vários telespectadores afirmaram ter enxergado o número do candidato no cenário de um comercial da empresa, com a atriz Berta Loran. Além dessa estratégia publicitária, quem morava em Porto Alegre na época deve lembrar dos carros pintados que circulavam pelas ruas. Deu certo: Strassburger foi eleito.
Em 1982, foi a vez de Jair Soares, candidato a Governador do Rio Grande do Sul pelo PDS, valer-se de uma brecha para fugir da Lei Falcão. Encomendou um jingle de campanha disfarçado de música comum, que foi lançada em disco para venda normal nas lojas. "O Nosso Caminho Só Pode Ser Um", gravada pelo Impacto, era uma referência ao número do candidato, que inclusive imprimiu a frase em um de seus cartazes de campanha com destaque para o "1". Como se não bastasse, a letra incluía um de seus slogans, "quero a cidade mais humana e sem medo". Aí, rodava na televisão um comercial para "o novo disco do Impacto", tudo dentro da lei. Jair sempre teve prestígio no Rio Grande do Sul e sua vitória não foi surpresa, mas o lançamento do compacto simples foi uma jogada criativa.
A propósito, o disco que usei para ilustração foi comprado num sebo. O adesivo com autógrafo na contracapa sugere que Jair Soares deve ter distribuído o compacto a eleitores durante a campanha. Se bem que, na data que aparece, ele já estava eleito. Achei melhor preservar o nome citado na dedicatória.
terça-feira, outubro 03, 2006
Orkut for breakfast
Acabo de descobrir que o hábito de dar uma acessada rápida no Orkut antes de sair para o trabalho não é só meu, mas de muitos outros internautas. Isso porque o site é bloqueado na maioria das empresas que disponibilizam Internet para seus empregados.
No tempo do rádio-amador PX (Faixa do Cidadão), tínhamos a "Rodada da Sobremesa", para aqueles que entravam depois do almoço só para cumprimentar quem estivesse por freqüência. Pois no Orkut temos a "acessada do café da manhã".
No tempo do rádio-amador PX (Faixa do Cidadão), tínhamos a "Rodada da Sobremesa", para aqueles que entravam depois do almoço só para cumprimentar quem estivesse por freqüência. Pois no Orkut temos a "acessada do café da manhã".
segunda-feira, outubro 02, 2006
Procura-se material da Continental
Alguém entre os leitores do blog tem algum material da saudosa Rádio Continental de Porto Alegre dos anos 70, a 1120? Alguém trabalhou lá e tem fotos suas ou dos colegas no ambiente de trabalho? Alguém tem gravações feitas em casa? Folhetos com o logotipo da rádio? Fotos do reencontro de 1992? Um livro sensacional sobre a história da rádio está em fase de conclusão e seria uma pena que, depois de publicado, muita gente o folheasse e pensasse: "Puxa, eu poderia ter cedido aquela foto para ilustração!" Então não percam tempo, colaborem na formação de um valioso documento sobre a Porto Alegre dos anos 70. Quem puder colaborar, entre em contato comigo. A propósito, não sou eu o autor do livro. Estou apenas ajudando no que posso, como ex-ouvinte da rádio e irmão de um de seus ex-locutores (já falecido, infelizmente).
O verdadeiro "Superman II"
(Veja mais detalhes sobre o filme clicando aqui.)
Quando as filmagens de "Superman" tiveram início em 1977, a intenção era realizar dois filmes em uma só empreitada. Os produtores Alexander e Ilya Salkind já haviam usado desse recurso em 1974, quando fizeram "Os Três Mosqueteiros". O material acabou rendendo uma continuação, que se chamou no Brasil "A Vingança de Milady" (título original: "The Four Musketeers"). Quem ficou até o fim nos cinemas em 1978 para ler os créditos, viu o anúncio: "No ano que vem: Superman II". Quanto ao diretor, bem, hoje chega a ser irônica a frase do operador de câmera Peter MacDonald a David Michael Petrou, autor de "The Making of Superman, The Movie": "Somente duas pessoas poderiam ter dirigido Superman e as duas são Dick Donner." De fato, Richard Donner dirigiu todas as cenas originais e foi creditado no primeiro filme. Mas até o segundo ser lançado, muita kryptonita passaria entre o espaço sideral e a Terra. E a afirmação de MacDonald seria contrariada quando os Salkind chamaram Richard Lester, casualmente o mesmo de "Os Três Mosqueteiros", para finalizar "Superman II".
O filme que viria a ser lançado não um ano depois, mas dois, sofreu alterações significativas em sua concepção original. Boa parte das cenas filmadas por Donner foi mantida. Mas a abertura da Torre Eiffel foi acrescida por Lester, que também alterou a forma como Lois descobre a identidade secreta do Superman. Enfim, o "Superman II" que conhecemos é um híbrido das filmagens dos dois Richards, com versão final assinada por Lester. Durante anos, os fãs se perguntavam se um dia poderiam ver a edição imaginada pelo diretor original, incluindo as cenas não aproveitadas.
Pois o sonho vai-se tornar realidade. Depois de vários boatos e alarmes falsos, a Amazon já está aceitando pré-encomenda do DVD "Superman II – The Richard Donner Cut". A data de lançamento nos Estados Unidos é 28 de novembro. Torçamos para que saia também no Brasil. Finalmente veremos a cena em que Lois se atira da janela do Planeta Diário e cai por sobre um toldo, tentando forçar Clark Kent a salvá-la e entregar sua identidade secreta. Também as cenas com Marlon Brando, parcialmente utilizadas em "Superman Returns", deverão aparecer em seu contexto correto. O DVD inclui ainda um documentário intitulado "Superman II: Restoring the Vision" e comentários de Richard Donner e do consultor de criação Tom Mankiewicz.
Eu nasci no Século XX, mas adoro o Século XXI!
Eleições 2006
O crescimento surpreendente de Yeda Crusius na votação para Governador do Rio Grande do Sul está sendo explicado por alguns nomes da imprensa gaúcha pela tese do voto útil. Como as pesquisas apontavam Germano Rigotto na liderança, um número significativo de simpatizantes do atual Governador teria preferido votar em Yeda ou em Olívio Dutra. Em Yeda, por serem antipetistas e quererem tirar o petista Olívio do segundo turno. Em Olívio, por julgarem Yeda uma adversária mais difícil de ser vencida na segunda rodada. E assim, pela errônea presunção de que "Rigotto já está garantido", uma parcela preciosa de aliados teria migrado seus votos para os inimigos, cada um com seus motivos. Se essa hipótese for mesmo correta, fica a lição de que, numa eleição em dois turnos, tentar fazer voto útil pode ser um tiro pela culatra. Rigotto acabou ficando em terceiro e não está mais no páreo.
Por outro lado, Yeda já tinha crescido nas pesquisas na última semana. E aí vem a lembrança da eleição para Prefeito de Porto Alegre em 1988. As pesquisas o tempo todo indicavam a vitória de Antônio Britto, já que haveria apenas um turno. A dias da votação, Olívio Dutra ultrapassou Britto nas projeções. E venceu. Depois disso, houve quem desconfiasse de manipulação das pesquisas no decorrer da campanha. O semanário RS, pertencente ao candidato Sérgio Jockymann, foi o único a alertar sobre essa possibilidade desde o começo. Mas longe de mim questionar a lisura dos institutos de pesquisa!
Ainda acho que Lula tomou a decisão certa ao não comparecer ao debate. Correu o risco menor. Mas a Globo aproveitou ao máximo a ausência do Presidente-candidato com aquela cadeira vazia. Foi tão explícito que chegou a ser patético. Mas pode ter ajudado. Ainda assim, você votaria em alguém que fala com uma cadeira vazia? É difícil mensurar até que ponto o circo armado pela Globo pode ter influído na votação. É mais provável que o prejuízo de Lula venha do dossiê em si e não do debate.
Ibsen Pinheiro se elegeu Deputado Federal, mas não com a votação extraordinária que eu desejava. Mas pelo menos ele está lá. A resposta foi dada. Meu Deputado Estadual também se elegeu, assim como meu Senador. E meus outros candidatos foram para o segundo turno. Lula e Olívio agora têm contra si o que Luis Fernando Verissimo definiu como "antipetismo ecumênico" para explicar a vitória de Fogaça para a prefeitura em 2004. Vai ser uma briga bonita. (Eu ia escrever "os Alckimistas estão chegando", mas acabo de verificar no Google que pelo menos oito pessoas já tiveram antes de mim essa brilhante, genial e originalíssima idéia.)
Collor Senador? Essa não! Pode querer a presidência de novo. Espero que ele não tente achar em Porto Alegre o tal Rogério que ligou para o "Talk Radio" em 1992 para defendê-lo. Talvez pense que é o cara perfeito para organizar um núcleo de apoio no Rio Grande do Sul. (Leia a história aqui.)
Por outro lado, Yeda já tinha crescido nas pesquisas na última semana. E aí vem a lembrança da eleição para Prefeito de Porto Alegre em 1988. As pesquisas o tempo todo indicavam a vitória de Antônio Britto, já que haveria apenas um turno. A dias da votação, Olívio Dutra ultrapassou Britto nas projeções. E venceu. Depois disso, houve quem desconfiasse de manipulação das pesquisas no decorrer da campanha. O semanário RS, pertencente ao candidato Sérgio Jockymann, foi o único a alertar sobre essa possibilidade desde o começo. Mas longe de mim questionar a lisura dos institutos de pesquisa!
Ainda acho que Lula tomou a decisão certa ao não comparecer ao debate. Correu o risco menor. Mas a Globo aproveitou ao máximo a ausência do Presidente-candidato com aquela cadeira vazia. Foi tão explícito que chegou a ser patético. Mas pode ter ajudado. Ainda assim, você votaria em alguém que fala com uma cadeira vazia? É difícil mensurar até que ponto o circo armado pela Globo pode ter influído na votação. É mais provável que o prejuízo de Lula venha do dossiê em si e não do debate.
Ibsen Pinheiro se elegeu Deputado Federal, mas não com a votação extraordinária que eu desejava. Mas pelo menos ele está lá. A resposta foi dada. Meu Deputado Estadual também se elegeu, assim como meu Senador. E meus outros candidatos foram para o segundo turno. Lula e Olívio agora têm contra si o que Luis Fernando Verissimo definiu como "antipetismo ecumênico" para explicar a vitória de Fogaça para a prefeitura em 2004. Vai ser uma briga bonita. (Eu ia escrever "os Alckimistas estão chegando", mas acabo de verificar no Google que pelo menos oito pessoas já tiveram antes de mim essa brilhante, genial e originalíssima idéia.)
Collor Senador? Essa não! Pode querer a presidência de novo. Espero que ele não tente achar em Porto Alegre o tal Rogério que ligou para o "Talk Radio" em 1992 para defendê-lo. Talvez pense que é o cara perfeito para organizar um núcleo de apoio no Rio Grande do Sul. (Leia a história aqui.)