segunda-feira, outubro 02, 2006

Eleições 2006

O crescimento surpreendente de Yeda Crusius na votação para Governador do Rio Grande do Sul está sendo explicado por alguns nomes da imprensa gaúcha pela tese do voto útil. Como as pesquisas apontavam Germano Rigotto na liderança, um número significativo de simpatizantes do atual Governador teria preferido votar em Yeda ou em Olívio Dutra. Em Yeda, por serem antipetistas e quererem tirar o petista Olívio do segundo turno. Em Olívio, por julgarem Yeda uma adversária mais difícil de ser vencida na segunda rodada. E assim, pela errônea presunção de que "Rigotto já está garantido", uma parcela preciosa de aliados teria migrado seus votos para os inimigos, cada um com seus motivos. Se essa hipótese for mesmo correta, fica a lição de que, numa eleição em dois turnos, tentar fazer voto útil pode ser um tiro pela culatra. Rigotto acabou ficando em terceiro e não está mais no páreo.

Por outro lado, Yeda já tinha crescido nas pesquisas na última semana. E aí vem a lembrança da eleição para Prefeito de Porto Alegre em 1988. As pesquisas o tempo todo indicavam a vitória de Antônio Britto, já que haveria apenas um turno. A dias da votação, Olívio Dutra ultrapassou Britto nas projeções. E venceu. Depois disso, houve quem desconfiasse de manipulação das pesquisas no decorrer da campanha. O semanário RS, pertencente ao candidato Sérgio Jockymann, foi o único a alertar sobre essa possibilidade desde o começo. Mas longe de mim questionar a lisura dos institutos de pesquisa!

Ainda acho que Lula tomou a decisão certa ao não comparecer ao debate. Correu o risco menor. Mas a Globo aproveitou ao máximo a ausência do Presidente-candidato com aquela cadeira vazia. Foi tão explícito que chegou a ser patético. Mas pode ter ajudado. Ainda assim, você votaria em alguém que fala com uma cadeira vazia? É difícil mensurar até que ponto o circo armado pela Globo pode ter influído na votação. É mais provável que o prejuízo de Lula venha do dossiê em si e não do debate.

Ibsen Pinheiro se elegeu Deputado Federal, mas não com a votação extraordinária que eu desejava. Mas pelo menos ele está lá. A resposta foi dada. Meu Deputado Estadual também se elegeu, assim como meu Senador. E meus outros candidatos foram para o segundo turno. Lula e Olívio agora têm contra si o que Luis Fernando Verissimo definiu como "antipetismo ecumênico" para explicar a vitória de Fogaça para a prefeitura em 2004. Vai ser uma briga bonita. (Eu ia escrever "os Alckimistas estão chegando", mas acabo de verificar no Google que pelo menos oito pessoas já tiveram antes de mim essa brilhante, genial e originalíssima idéia.)

Collor Senador? Essa não! Pode querer a presidência de novo. Espero que ele não tente achar em Porto Alegre o tal Rogério que ligou para o "Talk Radio" em 1992 para defendê-lo. Talvez pense que é o cara perfeito para organizar um núcleo de apoio no Rio Grande do Sul. (Leia a história
aqui.)