O suspense de Lula
Não há nada pior numa campanha política do que dar explicações. Em 1986, o PDT fez uma aliança com o PDS na campanha para tentar eleger Aldo Pinto Governador do Rio Grande do Sul. A oposição questionou como um partido tradicionalmente de esquerda poderia se aliar com a direita. A "aliança" mordeu a isca e passou a campanha inteira explicando. Explicando. E explicando. Apesar do sucesso do jingle de Hermes Aquino, que até as crianças sabiam de cor ("eu vou de Aldo, eu vou de Aldo, eu vou de Aldo pra Governador"), venceu Pedro Simon, do PMDB. Em contrapartida, no debate do segundo turno em 1989, Collor respondeu a um questionamento mais contundente assim: "Todas essas críticas já me foram feitas pela imprensa. E já respondi todas!" E fugiu completamente do assunto.
No jogo da campanha eleitoral, a principal regra é conquistar votos. Se for mais vantajoso para um candidato não comparecer a um debate, como criticá-lo? Com certeza os opositores o chamarão de fujão e tentarão se aproveitar de sua ausência para desmoralizá-lo. É um risco que ele sabe que correrá. Mas se for a melhor opção, por que não? Sim, eu achei que Collor ficou com medo em 1989. Não vi com bons olhos a tática que ele usou. Mas depois percebi que ele fez bem (para ele, entenda-se). O fato de um candidato evitar debates e explicações não impede ninguém de votar nele. O que importa é preservar a imagem. Nada mais.
Vou estar ocupadíssimo no momento do debate, mesmo assim vou tentar acompanhá-lo. Com ou sem Lula.
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