segunda-feira, outubro 09, 2006

As pesquisas

Os números do primeiro turno nas eleições para Governador do Rio Grande do Sul reacendem uma discussão cíclica: a influência das pesquisas na votação. Acredita-se que o empate técnico entre Yeda Crusius e Olívio Dutra em segundo lugar na última pesquisa tenha levado diversos correligionários de Germano Rigotto a fazer "voto útil", votando em Yeda ou Olívio para decidir quem iria para o segundo turno com o atual Governador. Resultado: foram os dois. Rigotto ficou em terceiro, fora do páreo.

Em princípio, não se pode cercear o direito à informação. Mas que seria interessante observar o que aconteceria numa eleição sem pesquisas, disso não há dúvida. Imaginem o suspense, as especulações, a expectativa. Os candidatos debatendo em igualdade de condições. Os blefes. As surpresas. Nunca uma eleição seria tão aguardada.

Até que ponto as pesquisas podem influir nas decisões do eleitorado? De certa forma, elas antecipam a corrida eleitoral. Nenhum voto ainda foi dado, mas os números parecem simular uma competição em andamento, onde alguns concorrentes tomam a dianteira. Depois fica difícil mensurar o quanto o resultado foi condicionado pelas pesquisas ou apenas confirmou o que elas indicavam. Em tese, uma eleição em dois turnos seria para acabar com a necessidade de voto útil. Na prática, nem sempre acontece. Você votaria num candidato que está em último lugar nas projeções? Com as pesquisas, uma campanha eleitoral vira novela: se não der ibope nos primeiros capítulos, fica difícil reverter depois, mas tem que ir até o fim do mesmo jeito. Ou não: lembro de uma candidata à Prefeitura de Porto Alegre que desistiu de concorrer depois que apareceu na lanterna da primeira pesquisa.

Sou contra qualquer tipo de censura, mas confesso que gostaria que acontecesse pelo menos uma eleição sem pesquisas, só pela experiência. Os apostadores e bookmakers, com certeza, iriam adorar.