quinta-feira, outubro 05, 2006

O fim do Limbo

E o Papa acabou com o Limbo. Com um simples decreto, extinguiu o destino até então reservado para crianças que morrem sem ser batizadas e outras almas indignas do Paraíso, mas puras o suficiente para serem poupadas do inferno. E eu, que há tempos estou afastado da Igreja Católica (fui batizado Católico, mas fiz a "Confirmação" na Igreja Episcopal), nem sabia que o Papa tinha esse poder. Quem irá levar a notificação de que o Limbo foi extinto?

Só imagino o alvoroço que isso não deve estar causando lá do outro lado. As almas devem estar felizes, pois o Papa determinou que, com o fim do Limbo, quem estava lá pode ingressar no Paraíso. Neste exato momento, alguma coisa parecida com um "Muro de Berlimbo" deve estar sendo derrubada na maior euforia. As dependências onde o Limbo estava instalado poderão ser aproveitadas para uma extensão do Paraíso. Ou talvez construam um "Memorial ao Limbo", com placa comemorativa e tudo.

Mas nem todos devem estar satisfeitos. Alguns devem pensar: "Ah, eu estava bem aqui, quietinho no meu canto. Ninguém me incomodava. Agora vou ter que usar uma auréola e aprender a tocar harpa? Cumprir normas? Ser controlado pelos anjos? Correr o risco de ser expulso do Paraíso e acabar no inferno? E se eu quiser continuar aqui?"

Eu sempre tive muita fé, mas repito que não sabia que o Papa tinha esse poder todo. Estou decididamente impressionado. Nós, seres humanos, não conseguimos acabar com as guerras, com os crimes e com o ódio que reina neste mundo, mas numa penada o Papa consegue interferir lá no outro. Bem que ele podia decretar a criação de um cybercafé no Paraíso.