segunda-feira, janeiro 31, 2005

Temporal

O Instituto de Meteorologia avisou que vem aí um temporal dos brabos. Será marketing do "Liquida Porto Alegre"?

domingo, janeiro 30, 2005

Mistérios da política

A eleição de Fogaça, a saída do PT da Prefeitura de Porto Alegre, o Fórum Social Mundial, tudo isso me fez meditar sobre o maior mistério da minha vida. Não, não me refiro à lógica das mulheres que conheci. Isso não é mistério: simplesmente não existe. Seria o mesmo que tentar encontrar a casa do Papai Noel ou o pote de ouro no fim do arco-íris. O maior mistério da minha vida é a minha posição política. Tão misteriosa que nem eu sei direito.

Na minha infância e adolescência eu me considerava de direita. Era simpatizante da Arena. Não tinha a mínima idéia de que vivíamos numa ditadura. Achava perfeitamente normal que a eleição para Presidente fosse indireta, imagina, um cargo tão importante não pode ser escolhido pelo povo! A censura eu também considerava algo necessário e volta e meia me pegava questionando: "como a censura deixou passar isso?" Ou então repetia uma frase costumeira da minha mãe: "Isso devia ser proibido!" Minha cabeça era condicionada a aceitar a situação como a ideal. Quem votava na oposição era por modismo e rebeldia, eu pensava.

Não lembro exatamente quando começou a minha mudança de posicionamento. Quando entrei para a Faculdade, em 1979, ainda me considerava de direita. Acho que foi em 1981, quando comecei a trabalhar. Só sei que, em minha primeira eleição, em 1982, votei em Pedro Simon para Governador. Muitos ficaram surpresos quando eu contei, pois tinham certeza que minha escolha recairia sobre Jair Soares, que foi quem acabou vencendo. Mesmo alguns amigos que não simpatizavam com o PDS admiravam a figura de Jair e imaginavam que eu teria todos os motivos para votar nele.

Depois disso, tive uma fase PMDB, uma fase Brizola e finalmente a fase PT, que ainda perdura. Eu teria votado em Olívio Dutra em 1982 se a eleição fosse em dois turnos, mas com um só turno achei melhor fazer o famoso "voto útil". Mas ali eu ainda não "estava" PT, minha admiração era pelo Olívio, mesmo. A minha atual predileção pelo partido de Lula, mas sem exageros, me rende antipatias dos dois lados. Quem é anti-PT me critica por ser simpatizante. Já quem é petista roxo vê minha moderação com desconfiança, acha que sou na verdade um anti-PT enrustido que quer ficar bem com a turma. Ora, é claro que não! Apenas não me alinho a algumas atitudes de radicalismo que presencio, às vezes. Por exemplo: quando Rigotto e Lula foram eleitos, o jornal O Sul utilizou um recurso muito usado por revistas, que foi o de imprimir "duas capas". A capa mostrava Rigotto. A contracapa trazia Lula, mas impressa invertidamente, de forma que pudesse ser usada como capa alternativa. Ora, não houve santo que convencesse os petistas roxos que o jornal não havia feito uma afronta a Lula imprimindo a sua foto "de cabeça para baixo". Tentei explicar o recurso das duas capas, mas ninguém quis entender, estavam todos cegos e surdos pelo fanatismo.


O capitalismo até funcionaria se as pessoas fossem boas, mas aí até a anarquia daria certo. Existe uma idéia – se é falsa ou verdadeira, realmente não sei – de que os simpatizantes da esquerda não poderiam viver uma vida de conforto e consumo, pois é contrária a seus princípios. Só sei que vi gente aos montes do Fórum passeando no Shopping Praia de Belas. Às vezes evito me questionar muito sobre os meus votos e simpatias (nenhuma conotação mística), pois tenho receio de entrar em contradição. Gosto de consumir, gosto de viver bem, não gosto de não conseguir pagar minhas dívidas e repudio as injustiças sociais. Sempre que ouço falar em "mecanismos de inclusão social", imagino uma máquina cheia de engrenagens à mostra com uma placa indicativa: "para ser incluído, entre aqui". Talvez o dia em que inventarem mesmo esse aparelho eu consiga comprar meus DVDs e votar no PT sem a sensação de que estou sendo patrulhado.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

O meio

Certa vez um ator comentou que seu casamento estava em crise e um dos motivos era o fato de sua esposa não ser "do meio". Ele poderia estar-se referindo ao meio artístico. Mas, se pensarmos bem, "o meio" não é só isso. E não é fácil de se definir. Não é um lugar nem uma condição específica que você possa provar com um certificado, por exemplo. "Certificamos por meio deste que Fulano de Tal é do meio". Também não existem regras claras para ser "do meio". Ou uma "Ficha de Inscrição para o Meio".

Eu sou formado em Jornalismo, escrevo para o International Magazine desde 1995 (como free-lancer), mas raramente cubro shows, pois o jornal é do Rio e eu moro em Porto Alegre. Por isso, não sou muito conhecido pelas figurinhas carimbadas que freqüentam... "o meio"? É, acho que é isso. No show de Roger Waters, na sala de imprensa do Estádio Olímpico, alguns colegas me olhavam desconfiados e perguntavam: "Qual é o teu veículo?" Meu primeiro impulso era responder "um Gol 89 caindo aos pedaços, mas hoje vim a pé, mesmo." Quando eu falava no International Magazine, alguns até conheciam. Inclusive, um jornalista carioca me perguntou pelo editor, de quem era amigo de longa data. Mas aquela experiência me fez perceber que eu não era "do meio".


Não adianta você querer dizer que é "do meio" só porque é o segundo de três irmãos, por exemplo. Ou porque sua posição política é de centro. Ou porque já trocou e-mails com pessoas famosas. Ou porque freqüenta o Caminho do Meio em Porto Alegre. Você é "do meio" quando os outros que também são o reconhecem e aceitam "no meio". Do contrário, esqueça. "O meio" é um clube fechadíssimo em que nem os próprios sócios conhecem as regras de admissão. Chegam lá por acaso. E também não adianta copiar os hábitos e atividades de quem é "do meio". Você pode passar um ano inteiro freqüentando o mais badalado restaurante do Rio de Janeiro e continuar não sendo "do meio".

Penetras de festas e papagaios de pirata aspiram ao "meio", mas poucos chegam lá. Até porque, uma das condições para ser aceito no "meio" é não querer isso. Ou pelo menos enganar bem. Tietes e puxa-sacos, definitivamente, não são "do meio". Irmãos, parentes e amigos também não. Mãe, então, nem se fala. Como diz o ditado, não se atreva a pôr mãe no meio!

Só existe uma situação em que "o meio" aparece de forma explícita. É em algum show ou peça de sucesso em teatro daqueles em os melhores lugares são reservados. Aí você observa de algum camarote mal posicionado e diz: "Olha a Tânia Carvalho ali na platéia!" "Onde?" "Ali no meio!" Claro! Só quem é "do meio" pode ocupar os assentos mais cobiçados. Que são, obviamente, os do meio. Mas se alguém der um jeitinho para você sentar ali, não se iluda: sentar no meio de quem é "do meio" não lhe garante ingresso ao "meio".

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Sakiro Suzuki

Hoje recebi aquela piada do aluno Sakiro Suzuki, que sabia tudo sobre a história americana e identificava qualquer coisa que lhe dissessem, mesmo os insultos, como citação de uma pessoa famosa. No final há uma referência ao Lula. Logo percebi, pelas alusões a fatos históricos dos Estados Unidos, que se tratava de uma adaptação de piada estrangeira. Experimentem procurar "Sakiro Suzuki" no Google e vejam a piada aparecer nos mais diversos idiomas. Mesmo sem entender alemão, francês ou italiano, é possível identificar os personagens mencionados na frase final. É óbvio que nenhum deles é o Lula nas versões estrangeiras. Mas o mais curioso é que, em alguns textos, o Grande Prêmio de Motociclismo do Rio é citado como sendo na África do Sul!

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Qual é o biquíni?

Em 1976 o Programa Sílvio Santos lançou um quadro chamado "Qual é a Música", cópia de um programa da TV americana intitulado "Name That Tune". Dois artistas famosos passavam por diversos testes para identificar nomes de músicas. O vencedor continuava no programa seguinte e assim por diante até ser derrotado. Ronnie Von logo se destacou como um concorrente imbatível. Mais do que isso: seu carisma, aliado aos empolgantes desafios da competição, conseguiu superar a audiência da Globo. A emissora de Roberto Marinho exibia no mesmo horário o programa de perguntas "8 ou 800", com apresentação de Paulo Gracindo. Mas nem mesmo a presença de uma celebridade como Clodovil, respondendo sobre Dona Beja, foi suficiente para combater a TVS. As tardes de domingo pertenciam a Ronnie Von e seu enciclopédico conhecimento sobre música popular.

Um dos "pega-ratões" do "Qual é a Música" era um antigo sucesso de Ronnie Cord, versão de "Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polka Dot Bikini". Na prova do Relógio Musical, Ronnie Von logo reconheceu as notas e disse o título da música em português: "Biquíni Amarelo"! Assim também, no transcorrer do programa, um cliente do Baú da Felicidade permanecia dentro de uma cabine. Ao final, uma música sorteada durante a tarde lhe era tocada por 30 segundos, para que dissesse o nome. Um dia, Sílvio sorteou a música e ficou fazendo suspense, dizendo que era muito difícil e a moça da cabine iria errar. Finalmente, chegou o momento de ela escutar a gravação. "Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho, mal cabia na Ana Maria..." Soou o sinal e Sílvio perguntou: "Qual é a música?" E ela respondeu bem pausadamente, para ter certeza de que não erraria: "Biquíni... Amarelo". Aplausos gerais. A resposta estava certa.

Corta para o Século XXI. Na comunidade "Saudade Não Tem Idade", do Orkut, os integrantes começam a recordar títulos de músicas antigas. Alguém lembra do sucesso de Ronnie Cord e uma das participantes diz que o nome era "Biquíni de Bolinha Amarelinha". Eu corrijo e afirmo que o título era "Biquíni Amarelo". Outro simplesmente ignora a minha mensagem e diz que o nome completo era "Biquíni de Bolinha Amarelinha Tão Pequenininho", para ficar tão longo quanto o título original. Eu insisto que a música se chamava "Biquíni Amarelo" e cito os episódios do "Qual é a Música" para sustentar minha argumentação. Mas ninguém se convence.

Chego à conclusão de que serei obrigado a apresentar uma prova para convencer esses teimosos. E se alguém é capaz de me fornecer uma evidência irrefutável para calar de uma vez por todas esses donos da verdade, é o meu amigo Luiz Juarez Pinheiro, de Curitiba. Ele e o irmão dele são arquivistas incansáveis da história da música no Brasil. Talvez até o Juarez me consiga uma imagem do compacto original e eu possa finalmente derrubar os argumentos toscos desse bando de desinformados. Quem esse pessoal pensa que é? Só porque "viveram a época" acham que sabem mais do que eu? Pois vou lhes mostrar! Esperem só!


Como eu imaginava, o Juarez me conseguiu a imagem do compacto original. Aí está ela:

No detalhe:


Bom, depois dessa só me restou saber o quanto é preciso abrir as pernas para colocar o rabinho no meio. Desci do pedestal, me desculpei, admiti meu erro, mas uma pergunta ainda clamava por resposta. Se a música deveras se chamava "Biquíni de Bolinha Amarelinha Tão Pequenininho", por que no "Qual é a Música" o nome tido por correto era "Biquíni Amarelo"? A explicação pode estar no LP da novela "Estúpido Cupido", de 1976:

Novamente em detalhe:

A trama de Mário Prata se passava no começo dos anos 60. Com isso, a trilha sonora resgatou músicas bem antigas e trouxe Celly Campello de volta às paradas. A questão é: por que a música teve o seu nome encurtado? Será que o compilador achou que o título original ficaria extenso demais para imprimir na contracapa e no rótulo do LP? Menos mal que as respostas "erradas" de Ronnie Von e da cliente do Baú foram consideradas certas. Do contrário, teria sido muita injustiça.

Isso me lembra aquela piada da mãe que flagrou o namorado da filha fazendo xixi ao ar livre. Poderíamos adaptá-la e dizer que a velha foi correndo comentar:

- Filha, vi teu namorado fazendo xixi lá fora! Nossa! Ele é tão bem dotado que deu espaço pra tatuar "Biquíni Amarelo" em cima!

- Ô, mãe, não é "Biquíni Amarelo"! Quando ele está comigo dá pra ler que é "Biquíni de Bolinha Amarelinha tão Pequenininho!"

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Fotos da Confraria Bee Gees - 18/01/2005


Quem disse que eu não consigo me animar?

Maria Inês, eu e Paulo.

Lisete, Dartagnan, Maria Inês, eu, Paulo, Renan, Leandro e Sylvio.
As fotos foram gentilmente cedidas pelo Renan.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Branco e o vídeo-tape da polêmica

Tive sorte: achei com facilidade a fita com o jogo Brasil x Argentina da Copa de 1990. Não gravei toda aquela Copa, somente esse jogo. A imagem, que já não era das melhores na captação, ficou um tanto esmaecida pelo tempo, além de não estar sendo vista no mesmo aparelho em que foi feita a gravação. Gravei do SBT, que era o canal com melhor recepção no meu antigo apartamento. Mas foi possível fazer uma análise bem interessante. Branco foi ou não foi sedado naquele jogo?

Os tempos são aproximados, pois várias vezes voltei a fita para rever alguns lances.

A supremacia do Brasil no primeiro tempo é incontestável. Já a um minuto surge uma chance de gol com Careca. Branco, como os demais, demonstra uma vitalidade incrível. Aos 7 minutos, ele surpreende ao correr e salvar uma bola de sair pela lateral na ponta esquerda. Aos 11, cobra um escanteio com precisão milimétrica, fazendo a bola passar na boca do gol, mas Careca, Ricardo Rocha e Ricardo Gomes não a alcançam para finalizar. O primeiro chute a gol da Argentina, a rigor, nem conta: aos 15 minutos, mesmo já estando impedido, Caniggia chuta para as redes. Aos 18, Branco cruza novamente e Dunga, então com seu cabelão de capacete, cabeceia na trave.

Aos 21 minutos, o narrador Luiz Alfredo pede aos comentaristas convidados que opinem sobre o melhor em campo até então. Telê Santana cita Valdo. Émerson Leão concorda, mas acrescenta o nome de Branco.

Aos 22 minutos, Branco protagoniza um belo ataque no meio-de-campo, avançando com vigor. Aos 23, ele, que era lateral-esquerdo (no "meu" tempo se dizia assim), vai parar na ponta direita para mais uma intervenção. Taffarel põe a mão na bola pela primeira vez aos 26 minutos, defendendo um chute de Troglio. Monzon leva cartão amarelo aos 27.

Entre 30 e 32 minutos, o narrador mais uma vez pede a opinião dos convidados: Alemão deve sair? Leão acha melhor substituí-lo no intervalo. Já Telê pensa que ele deve ficar, pois tem a sua utilidade, mesmo sem destaque. Aos 36 minutos, como se tivesse escutado tudo, Alemão salva uma bola de sair para escanteio e parece se redimir.

É aos 39 minutos que começa o lance que está causando polêmica hoje, quase 15 anos depois. Ricardo Rocha dá um carrinho em Troglio e leva cartão amarelo. As imagens seguintes são as que a televisão tem mostrado desde ontem. Primeiro, entram o preparador físico e o massagista para atender ao jogador lesionado. Eu tive que olhar a cena várias vezes, mas consegui enxergar: realmente um jogador argentino pega uma garrafa plástica verde, depois aparece cuspindo o líquido e pega outra garrafa menor branca. Hoje comenta-se que a garrafa verde é que conteria o sedativo e ele teria sido avisado a tempo pelos companheiros. A seguir, uma câmera suspensa mostra uma visão de cima, perpendicular ao gramado, e vai subindo. Mesmo assim, é possível ver um jogador brasileiro se aproximar de um argentino e aceitar uma garrafinha. Primeiro ele molha o rosto, depois bebe o conteúdo. É Branco.

A partir desse momento, é impossível olhar o jogo de outra forma que não preocupando-se apenas com o desempenho de Branco. E é no segundo tempo que aparecem os supostos sintomas. Passado um minuto do reinício, um rebote facílimo vem em sua direção e ele deixa a bola passar como se não estivesse ali. "Vacilou no domínio", comenta o narrador. Mais adiante, faz uma cobrança de escanteio, sem incidentes. Aos 9 minutos, recebe a bola na ponta esquerda, totalmente desmarcado, de Mauro Galvão. Mas, em vez de demonstrar a explosão de sempre, é facilmente acuado junto à lateral por um jogador argentino, sem conseguir desvencilhar-se. Dunga vem em seu auxílio e o narrador conclui que ele tentou cavar uma falta.

Deste ponto em diante, Branco praticamente não aparece no jogo. Não é mais aquele jogador esforçado do primeiro tempo, que ocupava os espaços e buscava as jogadas. Limita-se a receber a bola e repassá-la imediatamente, chegando a fazer isso uma vez de dentro para fora da área adversária. Aos 25 minutos, deixa a bola passar por ele de novo, embora num lance não tão fácil quando o do primeiro minuto. Aos 29, cobra uma falta direto na barreira. "Gozado, eu tive a impressão de que ele ficou na dúvida na hora em que correu. Ele nem chutou ao gol e nem cruzou", observou o narrador. Nova falta aos 33 e desta vez Branco chuta muito alto.

O que acontece aos 35 minutos está na memória de todos os brasileiros: no meio de três jogadores adversários, Maradona consegue passar para Caniggia, que vence Taffarel e marca o gol da Argentina. Aí, claro, bate o desespero. Ricardo Gomes faz uma falta na jogada seguinte e é expulso. O comentarista do SBT, Orlando Gomes, diz que teria valido mais a pena ser expulso por ter feito falta em Maradona e evitado o gol. Ainda antes da cobrança da falta, Mauro Galvão e Alemão são substituídos por Silas e Renato – sim, ele mesmo, o Portaluppi, também conhecido como Renato Gaúcho. Mas não há muito mais o que fazer. Aos 43 minutos, Müller perde um gol feito na cara do goleiro Goicoechea. Chuta o chão. A imagem que melhor resume o final do jogo é a de uma jovem torcedora brasileira assistindo a tudo com os olhos claros cheios de lágrimas.

Certa vez perguntaram a João Havelange, então presidente da FIFA, se não seria o caso de se usar vídeo-tape para tirar a dúvida em lances polêmicos do futebol. Ele respondeu que era contra, pois o erro fazia parte do folclore do esporte. As pessoas ficavam anos a fio comentando determinada falha de arbitragem. Certo. Mas para quem se esforçou e fez corretamente a sua parte, será justo sonegar um método mais preciso de mediação do que simplesmente o olho do juiz? Lembrei disso porque, infelizmente, as falcatruas também fazem parte do folclore do futebol. Só que, nesse caso, não tem vídeo-tape que prove nada. O famoso "benefício da dúvida" nos deixa de mãos amarradas. O Peru entregou o jogo para a Argentina em 1978? Branco foi sedado em 1990? O mais angustiante é que, se a resposta for sim, jamais saberemos como teria sido o segundo tempo com aquele Branco raçudo do primeiro.


Numa nota à parte, gostaria de dizer que a imagem do "amarelinho" do SBT me trouxe lembranças de uma boa época de minha vida. Deu saudade.

Copa 90

Em algum lugar eu tenho gravado em VHS o jogo Brasil x Argentina da Copa 90. Agora, com a polêmica de que o jogador Branco teria sido sedado, vou ter que achar a fita de qualquer maneira. Se encontrar, olharei novamente a partida fazendo anotações e depois colocarei um comentário detalhado aqui no blog.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Não pegue o avião errado!

Não bastassem as gafes indevidamente atribuídas ao Lula, hoje começaram a espalhar pela Internet fotos do A380, o maior avião de passageiros do mundo, como sendo o avião presidencial. Criticar o Lula, tudo bem, mas não com provas falsas, por favor!

A Confraria Bee Gees

Ontem teve Especial Bee Gees no Music Hall, com a banda Sunset Riders. Além de fazer cover com perfeição (se duvida, vá conferir – é igual), o grupo teve o mérito de congregar em torno de si uma turma de fãs que acabou virando uma confraria. A Confraria Bee Gees foi oficializada no dia 10 na casa da Lisete, com ata e tudo. Mas o principal articulador foi o nosso amigo Sylvio Tavares. Ontem mesmo ele estava me dizendo: "Nós conseguimos formar uma turma sadia. Tem muita gente fazendo bobagens a esta hora. Nós não, nós estamos aqui, nesse clima legal, nessa vibração positiva." O Sylvio é Juiz, gente. Não é reconfortante saber que a Justiça está nas mãos de alguém tão nobre?

Para personalizar os aplausos da Confraria (se é oficial, tem que ser com letra maiúscula), o Sylvio criou uma deixa a partir da qual todos gritam juntos: "MUI-TO BEM!" Pensei que não fosse dar certo, mas funcionou como um relógio. No fim a banda mesmo reclamava se não ouvisse a turma em uníssono. Só não entendi por que o Renan passou a noite inteira tentando fotografar o Sylvio de mau jeito. Pegava sua máquina digital na mão, espocava o flash, olhava o resultado e caía na gargalhada. Achei um lance meio... ah, deixa prá lá! Como disse o Sylvio, "acho que ele tem um álbum de fotos minhas em casa". Percebi que eu também fui alvo de suas lentes, logo agora que estou numa fase de não querer ser fotografado. Acho que o Renan se sente gratificado em poder provar para si mesmo que não é o único feio da face da terra. (Brincadeira, Renan!)

O "muambeiro" Leandro faturou uns trocados comigo com um DVD e quatro CDs piratas. Eu já tinha dito pra ele que só me interessa material dos anos 60 e 70. Acho que agora ele entendeu. Mesmo assim, abri uma exceção e comprei uma gravação recente de Barry Gibb cantando Frank Sinatra ao vivo no Hotel Fointainebleau, em Miami. Encomendei pra ele os discos solo inéditos que Barry, Robin e Maurice gravaram em 1970, além de mais alguns DVDs. Já dei uma olhada no show de 1973 no Japão, ontem, antes de dormir. A qualidade da fita matriz não é das melhores, mas a cópia é perfeita, sem degradação da imagem original do vídeo-tape (essa era a minha maior briga no tempo das fitas VHS – não me importo que a matriz não esteja perfeita, seja em película ou tape, mas não aceito imagem corroída pela sucessão de cópias analógicas) .

Hoje à noite o Paulo e a Dani voltam para Londres. Não consigo nem imaginar como deve ser passar doze horas num avião atravessando o Atlântico, mas um dia eu chego lá. Na mala eles vão levar um estoque de Pastelinas, schmier de uva e, pasmem, uma panela de pressão, que não se encontra na Inglaterra. A Dani me explicou que os ingleses quase não cozinham, apenas descongelam. Ela não come carne, mas quando o Paulo sente falta do nosso churrasco, vai em uma churrascaria brasileira que existe em Londres, onde servem espeto corrido (rodízio de carne, pra quem não é gaúcho). Mas ele sempre acaba se estressando, pois os garçons levam cerca de 20 minutos entre um espeto e outro. Espeto corrido de verdade não combina com a fleuma britânica.

O Dartagnan jura que já me conhecia, mas eu só lembro dele dos e-mails. Nunca esqueci o incidente diplomático que ele causou quando, ingenuamente, comentou numa lista de discussão que achou "fraco" o grupo Bee Gees Alive, de São Paulo, tendo ouvido apenas 30 segundos de uma gravação pela Internet. Os paulistas queriam os nossos fígados por isso. O Renan é outro que não tem muita noção do perigo. Ele escreveu no Orkut que as gravações dos Bee Gees para a trilha do filme "Sgt. Pepper's" colocam os originais dos Beatles "no chinelo". Podem ver que não citei o sobrenome dele aqui. É melhor assim.

Não vou conseguir relacionar todos os que foram ao Music Hall ontem, até porque muitos eu não conhecia, mas estavam lá também a Janete (irmã da Lisete), o Lucas, a Maria Inês, a Patrícia, a irmã da Dani, o filho da Lisete, a namorada dele, a noiva do Renan, a Luciene (nova integrante da Sunset Riders que provavelmente só vai participar dos shows genéricos, já que os Bee Gees não têm voz feminina) e mais um monte de gente legal. Prometo avisar aqui no blog quando houver o próximo show da Sunset Riders. Quem não for não sabe o que vai perder.


Ainda o SPAM

Sérgio Faraco, em sua coluna de hoje na Zero Hora, critica o uso abusivo do e-mail. Comenta que um romancista gaúcho (será ele mesmo?) passou uma semana fora do Brasil e, na volta, encontrou 400 mensagens. Ora, Sérgio! Acho que eu consigo acumular essa mesma quantidade de e-mails indesejados em apenas 24 horas! Mas que é uma praga, é.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Mais um pra lista

O grande Elio Gaspari, em texto criticando Lula, diz que "o companheiro assombra a galera com sua opção preferencial pelo deslumbramento." Opção preferencial. Gostei.

Eu li!

Na última revista Press há uma entrevista com o ator Carlos Moreno, o "garoto Bombril". Olhem o comentário feito pelo entrevistador: "Com dois anos de campanha no ar, em 1980, você foi demitido pelos executivos, mas houve protestos e você voltou." O ator educadamente respondeu: "Isso foi intencional, programado para acontecer." E explicou que a despedida e a volta foram filmadas praticamente juntas. Mas vai acreditar em comerciais assim na...

Porto Alegre do passado

Criei no Orkut uma comunidade para lembrar coisas antigas de Porto Alegre. Pode ser dos anos 90, 80, 70, 60, 50... não importa. O limite é sua idade e sua memória. Para minha surpresa, o primeiro inscrito foi meu amigo Márcio Leomil, de Santos-SP, que passou todo o ano de 1988 em Porto Alegre realizando um curso junto comigo e outros colegas da Caixa.

domingo, janeiro 16, 2005

Dose do próprio remédio

Algumas pessoas não entendem a minha indignação pela forma indiscriminada com que os brasileiros tomaram conta das comunidades do Orkut. Claro que eu não sou contra os brasileiros usarem o Orkut ou qualquer outro site da Internet. Mas usar é uma coisa, abusar é outra muito diferente! Agora aconteceu um lance que ilustra bem o que eu quero dizer: na comunidade do Pink Floyd, um iraniano postou uma mensagem em seu idioma e teve várias respostas na mesma língua. Resultado: os brasileiros protestaram! Alguns invocaram a regra de que o moderador pediu que os comentários fossem todos em inglês. Tá certo. Mas português tá liberado? É isso que eu quero dizer! Noção de limite! Se os brasileiros invadem as comunidades em inglês para postar em seu próprio idioma, por que os iranianos não podem?

sábado, janeiro 15, 2005

Eu li!

No perfil do Orkut, há um campo de preenchimento opcional que se chama "In my bedroom you will find:" Uma garota (brasileira, claro) preencheu: "Tudo que tem em qualquer banheiro, mais um toque especial... o rádio!"

Menina, antene-se! "Bedroom" é o quarto, "bathroom" é que é banheiro!

P.S.: Pensando bem, acho que, se eu passasse uma noite inteira examinando perfis, encontraria mais erros como esse. Um que a maioria comete é colocar o nome de sua música preferida no campo "music", que é um termo genérico que se refere a estilo ou o universo da música como um todo. No caso específico do Orkut, o certo seria citar estilos ou músicos preferidos. "Uma" música (ou canção) se diz "song".

O futuro do Orkut

Muita gente já está questionando se os problemas no Orkut podem ter a ver com a invasão brasileira. Poder, até podem, mas não necessariamente como uma conspiração. O fato é que a quantidade descomunal de brasileiros no Orkut criou um problema para os administradores do site. O Orkut é gratuito, foi lançado como versão experimental (beta), mas é claro que havia intenções comerciais a médio prazo. Os cadastros do Orkut fornecem dados valiosíssimos sobre os interesses de cada integrante. Logo surgiriam formas de explorar (no bom sentido) essas informações por meio de publicidade segmentada e dirigida. Isso, claro, imaginando-se que a maior parte dos inscritos fosse dos Estados Unidos.

Infelizmente para eles, aconteceu o inesperado. Os brasileiros gostaram do brinquedo e logo promoveram uma campanha em massa para invadir o Orkut e chegar a primeiro lugar na estatística. Não só isso aconteceu, como hoje mais de 60% do total de inscritos é do Brasil. Eu arriscaria dizer que os americanos que lá estão permanecem apenas porque não se preocuparam em excluir seus cadastros, pois participar, não fazem mais. A forma indiscriminada com que os brasileiros tomaram conta das comunidades em inglês, postando mensagens em português, fez do Orkut uma colônia brasileira onde ninguém de outra nacionalidade consegue se sentir à vontade. Em suma, o Orkut é como um garoto que nasceu nos Estados Unidos, mas cresceu no Brasil.

Então eu me pergunto que estímulo os administradores do site ainda conseguem ter para realizar as manutenções necessárias. Estão trabalhando para um mercado que não é deles. Mesmo que quisessem mudar a estratégia e investir no Brasil, convenhamos, não seria uma idéia viável. A menos que conseguissem estabelecer uma parceria com o comércio brasileiro, pois tentar vender produtos americanos para cá eles sabem que é uma causa perdida. O Brasil é famoso no mundo inteiro pelas pesadas taxas de importação que impõe para a compra de mercadorias estrangeiras. Alguns sites americanos de venda on-line chegam a redirecionar os clientes do Brasil para uma página onde fazem alerta para os impostos brasileiros e se eximem de responsabilidade sobre os mesmos. Livros, jornais e revistas são isentos, mas a reduzida fatia do mercado que entende inglês não compensaria o investimento.

Os brasileiros que invadiram o Orkut, é claro, não estão nem um pouco preocupados com isso. Não é problema nosso. Querem o site funcionando e fim de conversa! E continuam criando comunidades inúteis só para afirmarem uma paixão ou ódio, continuam criando comunidades sobre assuntos que já existem e ainda visitam as antigas para dizer "entrem lá também", continuam postando mensagens repetidas ou propondo discussões inócuas tipo "defina seu ídolo com uma palavra", "jogo dou ou" e "o que acha da pessoa acima". Na comunidade sobre Luis Fernando Verissimo, não adiantou o moderador Elson colocar um aviso bem ameaçador na descrição, que as pessoas ainda insistem em dizer que o "Quase" é do Verissimo, como se quisessem convencer o próprio escritor de que redigiu a crônica mas não lembra. O "Quase" é o assunto mais recorrente naquela comunidade e já foi eleito o melhor texto do Verissimo – sem ser dele.

Então os administradores do Orkut estão com um belo impasse nas mãos para resolver. Sem querer, criaram um valioso cadastro de consumidores brasileiros, mas não sabem o que fazer com ele. Não seria uma boa idéia se tentassem negociá-lo com uma multinacional com sede no Brasil? Ou com uma grande empresa brasileira? Criar entraves para a permanência dos brasileiros, como a cobrança de uma taxa, até poderia dar certo, mas desperdiçaria um potencial comercial que ainda pode, de alguma forma, ser negociado. Se acontecesse, com certeza os brasileiros migrariam para algum outro concorrente gratuito. Mas qual?

Enquanto a questão não se resolve, estamos com uma excelente rede de internautas brasileiros alicerçada numa estrutura cheia de falhas. Caso ainda não tenham aprendido as "manhas", aqui vão duas dicas básicas para continuar usando o Orkut do jeito que ele está:

1 – Sempre salve uma mensagem antes de enviá-la. Ctrl-A para selecionar o texto todo e Ctrl-C para copiá-lo. Se houver qualquer problema, é só voltar e dar Ctrl-V para colar o texto salvo. E assim tantas vezes quantas forem necessárias até que o texto entre.

2 – Se for levado para a tela inicial com a mensagem de que a sessão expirou, nem perca tempo digitando usuário e senha para entrar de novo, que isso só o fará andar em círculos. Clique em "voltar" e tenha a surpresa de descobrir que a sessão não expirou.


A propósito, se a hipótese da "teoria da conspiração" levantada por alguns for verdadeira, de que as falhas do Orkut são para desestimular os brasileiros, aí mesmo é que a tática deles não vai dar certo. Existe povo mais persistente e acostumado a suportar falhas do que o nosso?

Pensamento da hora

Se o fardo é leve, leve.
Se é justa a saia, saia.
Se a vida é curta, curta.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Documentário em DVD

Leio na Zero Hora que o Brasil de Pelotas (time de futebol) lançou um documentário em DVD chamado "Paixão Xavante". Vou querer comprá-lo com certeza. Sou apaixonado por documentários. Se o Grêmio lançasse um eu compraria. Aliás, acho que já estava na hora de começarem a surgir documentários em DVD com a história dos grandes times brasileiros. Mas documentários de verdade, de fôlego, com pelo menos 70 minutos de duração, se possível mais. E extras aos montes, como gols e compactos de partidas históricas. Material de pesquisa existe e mercado também. Aliás, já está na minha lista de "compráveis" o DVD sobre a carreira de Émerson Fittipaldi entre 72 e 74, sua melhor fase. Eu até acho que Émerson merecia um documentário completo, passando pelo Copersucar até a Fórmula Indy.

Eu gostaria de produzir um documentário. Na Faculdade de Jornalismo, uma de minhas tarefas preferidas era edição de matéria na disciplina de Televisão. Quem sabe ainda surge uma chance. Segundo o jornal, o DVD "Paixão Xavante" custa 25 reais e pode ser comprado em Pelotas na Boutique do Brasil, Rua XV de Novembro 603, fone (53) 3028-0681.

Último dia de férias

Mais uma madrugada em claro, com sono desregulado. Mas essa tem que ser a última, pois volto a trabalhar na segunda-feira e meu filho vai ficar comigo no fim-de-semana. Por sinal hoje é o aniversário dele, 11 anos. À tarde vai ter festa na escolinha e à noite eu vou buscá-lo para ficar comigo.

Fiz tudo o que gostaria de ter feito nas férias? Não. Nem mesmo as pendências que eu poderia ter aproveitado para colocar em dia. De resto, não posso me queixar. Fui eu mesmo quem planejou ficar em Porto Alegre. Porque sem companhia eu não faço nada, nem mesmo arranjar companhia, se é que me entendem. Então achei que não valia a pena gastar indo para a praia só por ir. No ano passado fui para Ingleses, em Santa Catarina. Tomei uns banhos de mar (e de chuva, também) e comi iscas de merluza até enjoar. Desta vez fiquei por aqui, mesmo. Eu bem que tentei marcar minhas férias para depois do Carnaval, mas não deu. Eu achava que até lá o mundo iria dar voltas. Agora já não acho mais.

Agora há pouco eu estava deitado tentando ver se o sono chegava antes da claridade, mas não aconteceu. Vira e mexe, acabo vindo para a Internet, que tem sido a companhia mais assídua e fiel nos últimos anos. Dessa pelo menos eu já conheço bem as manias e sei como contorná-las. As outras às vezes se comportam feito sistema de banco 24 horas, que, quando você menos espera, "tá fora". Mas aquele você sabe que volta, nem que seja no dia seguinte.

Eu deveria estar com a auto-estima lá em cima, pois meu nome consta dos créditos da tradução para o inglês do recém lançado livro "A Porto Alegre de Mario Quintana". Não fiz tudo sozinho, mas meu nome está lá, de qualquer forma, junto com o do outro tradutor. E em dezembro assinei a matéria de capa do International Magazine sobre um tal de Roberto Carlos, conhecem? É legal, por um instante, imaginar que o meu nome está em evidência. Como disse um colega meu que é um dos sujeitos mais inteligentes que já conheci e sabe disso, "eu preferia ser mais atraente para as mulheres". Mas já que ele não pode, arranjou uma mulher só, constituiu família e fica usando seu intelecto para o bem da empresa, do próprio bolso e de sua realização profissional. Coitadinho...

É curioso pensar que, quando a maior parte da população vai estar acordando, eu vou pelo menos tentar dormir. Ah, espero que a faxineira não se atrase, como na semana passada. Mas dessa vez eu não vou adiantar serviço, como fiz daquela vez. Ela que chegue à hora que chegar (se chegar) e se encarregue de tudo.


Bom dia, gente. Bom despertar para todos. Só não façam muito barulho, que eu vou tentar dormir um pouco até o meio-dia. Ou talvez até a uma.

terça-feira, janeiro 11, 2005

As geminianas

Certa vez fiz aqui um comentário sobre as capricornianas. Não sou expert no assunto, minha irmã é que é boa nisso, mas acredito em astrologia (eu disse astrologia, não horóscopo de jornal). E acho ainda mais fascinante quando eu mesmo consigo descobrir as características dos signos, por amostragem. A teimosia e o romantismo idealista dos capricornianos, por exemplo, constatei na prática. Minha mãe era capricorniana, bem como uma de minhas primeiras colegas de trabalho e ainda minha ex-esposa. Espécimes para análise não me faltaram.

Pois as geminianas também me intrigam. Elas são mulheres carismáticas, envolventes, sedutoras, geralmente de voz bonita e com fluência para conversar (aliás, falam pelos cotovelos – cuidado com a conta do telefone!). São fogosas, também. Por outro lado, como já diz o nome do signo, são duas em uma. Mas você nunca pode ter as duas ao mesmo tempo, o que afasta a hipótese de um ménage à trois zodiacal. Também não existe a chance de escolher com qual das duas quer ter contato. É uma loteria. Você pode telefonar e ser atendido pela carismática ou ter o azar de encontrar a de "pavio curto", que vai acabar batendo o telefone na sua cara. E, se encontrá-la por acaso no outro dia, não se surpreenda se ela vier beijá-lo como se nada tivesse acontecido. Não adianta cobrar nada: foi a "outra" que brigou com você!

Essa dupla personalidade rende algumas dores de cabeça, sem dúvida. Não espere muita coerência de uma geminiana. Tudo pode estar se encaminhando como você esperaria, até que de repente a "outra" toma conta e nada do que vinha acontecendo tem continuidade. As geminianas estão com a personalidade constantemente "sob nova administração" e aí quem não administra mais nada é você. Mas também não consegue esquecer aquele lado fascinante que o deixou tão interessado. Esse até pode voltar, mas quando? E por quanto tempo?

As geminianas em geral têm uma relação forte e turbulenta com a família. Se moram com as mães, agem como adolescentes que têm que fazer tudo por debaixo dos panos, mantendo as aparências. Elas ainda precisam inventar que vão dormir com uma amiga para passar uma noite com o namorado. A mãe não pode saber de nada, imagina! Mesmo que os dois sejam separados, em torno de 40 anos, com filhos. O verdadeiro sentimento de uma geminiana é uma incógnita, pois elas parecem eternas atrizes, sempre encenando belos papéis que o deixam encantado. O problema é saber quando a dramatização acabou ou não.


Um dia a geminiana desaparece. Simplesmente some da sua vida com se tivesse sido abduzida por um ET. Depois de um longo tempo, ela ressurge do limbo como se nada tivesse acontecido. E você nunca sabe quando ela poderá sumir de novo. Você conseguirá ser feliz com uma geminiana o dia em que desistir de entendê-la e aprender a conviver com as duas. Uma de cada vez, infelizmente. E sem poder escolher qual delas.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Eu ouvi!

"Fogo ainda ou só fumaça?"
(Pergunta do repórter da TV Bandeirantes São Paulo ao bombeiro. E a fumaça não pára de sair do prédio. Será que ele pensa que tem gelo seco lá dentro?)

domingo, janeiro 09, 2005

Coleção de pleonasmos

Sei que as listas de pleonasmos costumam circular desde muito antes da era da Internet. Mas prefiro eu mesmo ir anotando os que vejo ou ouço e que acho interessantes. Alguns são verdadeiros achados. Eis os meus preferidos:

- Opção de escolha
- Hit de sucesso (um pleonasmo bilíngüe!)
- Teor do conteúdo
- Jogo lúdico

E hoje aprendi mais um genial:

- Acessórios auxiliares!

sábado, janeiro 08, 2005

Recomendação

Como eu já disse antes, um bom livro contando a história do Internacional ainda está por ser escrito. Mas se querem uma leitura breve e divertidíssima, não percam "Internacional, Autobiografia de Uma Paixão", do Luis Fernando Verissimo! Para vocês terem uma idéia, aqui vão algumas das tiradas geniais do livro:

Depois de Daltro veio o Dino Sani, com sua careca, seu sotaque paulista, suas obviedades ("Em futebol se ganha, se empata e se perde" dizia ele, e não entendia por que as pessoas reagiam daquele jeito à tese tão lógica) e sua tranqüila competência.


(...)

O Figueroa dizia que, com o Caçapava à sua frente, dividindo bola com o adversário e às vezes quase dividindo o adversário, poderia jogar até os 50 anos.

(...)

E no lugar de Valdomiro entrou um baixinho rápido chamado Chico Spina, grande driblador mas com um defeito: não sabia parar. Depois de driblar três ou quatro adversários, driblava a si mesmo e se atrapalhava.

(...)

(Verissimo citando uma antiga crônica no livro.) Um dia houve um jogo de portões abertos no Beira-Rio. Não me lembro por quê. Quem quisesse poderia sentar em qualquer lugar do estádio, até nas cadeiras. O coreano poderia chamar o garçom que traz o uísque, nem que fosse só para vê-lo de perto. Mas, acredite ou não, tinha gente na "coréia". Gente que, com o acesso a todo o estádio liberado, se mantivera fiel à "coréia". Não eram coreanos por fatalidade, eram coreanos por convicção! O lugar deles era ali. Acho que foi nesse dia que eu desisti de entender o mundo. De transformá-lo eu já desistira muito antes.

Eu lembro desse jogo de portões abertos: foi um Inter e Portuguesa, à tarde, em dia de semana, com transmissão direta pela TV. O motivo foi que o jogo original tinha sido cancelado depois do primeiro tempo porque estava chovendo muito. Não recordo o escore, mas o Inter venceu e fez uma seqüência de gols tão rápidos entre um e outro que todos comentavam que aquilo deveria ser um recorde.


Mas voltando ao assunto: não deixem de ler o livro do Verissimo!

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Cirurgia lusitana

Dizem que o cirurgião português foi fazer uma operação de amídalas. Com o paciente já anestesiado, começou a fazer uma incisão na altura do abdômen. A enfermeira, assustada, exclamou:

- Doutor, as amídalas são aqui em cima!

O médico, impassível, levantou a mão como quem pede para esperar e respondeu:


- Cal-ma! Ch'garemos lá...

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Os mosquitos

Fico imaginando que espécie de desastre ecológico eu causaria se, por um passe de mágica, conseguisse eliminar todos os mosquitos da face da terra. Será que os sapos e lagartixas morreriam de fome? Será que haveria um súbito aumento de pressão sangüínea em todos os mamíferos, inclusive humanos? As empresas de inseticidas teriam um prejuízo recorde? Ah, não importa. Se eu achasse uma forma, condenaria os mosquitos à extinção. E se algum ambientalista viesse me encher o saco eu daria um jeito de provar que os mosquitos nasceram para se alimentar do sangue de dinossauros. Na falta destes, vieram atormentar a nós, pobres seres humanos.

Já perceberam como é praticamente impossível pegar um mosquito em flagrante? Quando a coceira começa, ele já está longe. Depois, vem zumbir no seu ouvido daquele jeito debochado, mas você nunca consegue localizá-lo no escuro. Na luz é um pouco mais fácil, mas você raramente consegue alcançá-lo.

Às vezes olho aquele monte de mosquitos no teto (um dia desses, sem exagero, contei 21!) e penso como seria fácil matá-los arremessando o travesseiro. Claro, sujaria a fronha e o teto ao mesmo tempo. Eis um produto interessante para ser inventado: depois do mata-moscas, a almofada mata-mosquitos, com fronha descartável! O teto é que continuaria sendo um problema.

Aliás, não é o mosquito que pica, é a mosquita. Sim, é a fêmea que gosta de sangue. Devem ser mal amadas, pobrezinhas. Ou vocês já enxergaram algum macho junto com elas? Que nada, são um bando de carentes literalmente à cata de sangue novo! Já que sentem falta daquilo, elas se contentam e nos... ah, deixa pra lá. Este blog não se presta para piadas de baixo calão.

O Mat-Inset em geral é eficaz para manter os insetos afastados. O de cartão, porque aquele líquido de "30 dias" não dá nem para a largada. Um dia ainda vou experimentar caçar mosquitos com aspirador de pó. À uma da manhã, já pensaram? Os vizinhos iriam me argumentar que o zumbido incomoda menos.

Certa vez li uma reportagem interessantíssima sobre os mosquitos. A tromba do inseto se chama probóscide, é septada e um dos canais injeta um líquido anticoagulante popularmente conhecido como o "veneninho" do mosquito. É aquilo que provoca a coceira. Já experimentei sugar para fora o líquido, para ver se alivia o prurido. Em geral o mosquito parece ter uma predileção por juntas, pontas de dedo, enfim, locais difíceis de se coçarem. E ele sempre acha por onde atacar.


Mas eu ainda vou achar uma forma de extingui-los. Os sapos, lagartixas e ambientalistas que se danem.

Noite em claro

Certa vez tive um sonho curioso. Sonhei que a cidade vivia em dois turnos. Alguns dormiam num turno, outros, noutro. Claro que existem pessoas que fazem isso: vigias, compensadores, profissionais de processamento de dados, que trabalham durante a madrugada. Mas no meu sonho a cidade não parava, tudo funcionava normalmente 24 horas por dia e mais ou menos a metade da população ficava acordada durante a madrugada, vivendo a sua vida num fuso horário diferente. E aí eu resolvi ficar acordado para ver como era a vida nesse outro turno.

Lembrei disso porque, com as férias, quem desregulou completamente o ciclo do sono fui eu. Bom, já fiz isso uma vez quando ainda era casado e meu filho era recém-nascido. Nas férias eu dormia de dia, geralmente das nove da manhã às cinco ou seis da tarde, e à noite ficava tentando "enrolar" o Iuri para que a mãe dele pudesse dormir o máximo possível entre uma amamentada e outra. Mas nesta madrugada fiquei acordado por desleixo, mesmo. Dormi de dia, perdi o sono à noite. Aproveitei para acessar bastante a Internet, já que tenho linha discada e a ligação de dia é muito cara, e fiz algumas traduções. E agora? Vou ter sono na hora errada, provavelmente.

Eu queria poder caminhar à noite. Nada me impede e eu até faço isso, mas gostaria de poder dar longas caminhadas em plena madrugada, sem qualquer risco de segurança, simplesmente curtir o silêncio da noite, pela Avenida Beira-Rio, pela Praia de Belas, ir avançando sem rumo na semi-escuridão. Lembro de como eu gostava de caminhar à noite na praia, em Atlântida e Capão da Canoa. Nas ruas, não na beira-mar. Não sei se ainda é seguro. É uma pena que a noite, que foi feita para nos trazer paz e repouso, acolha também a delinqüência. Do contrário, cada momento de insônia poderia ser aproveitado por uma caminhada. É claro que, se existisse a cidade 24 horas que imaginei no meu sonho, eu poderia fazer isso. Mas aí não teria graça. A cidade também precisa dormir.


Preciso reorganizar minha rotina com urgência. Não posso ter sono nas horas erradas.

domingo, janeiro 02, 2005

Minha história colorada

Finalmente comprei o livro "Histórias Coloradas". Minha primeira impressão foi de decepção. Histórias demais e conteúdo de menos. Os ex-jogadores e dirigentes até têm algo a dizer, mas será que os leitores querem mesmo saber como músicos e jornalistas se tornaram colorados? Ou o qual partida que lhes foi mais marcante? Alguns citam jogos supostamente memoráveis, mas não lembram nem o adversário. Bom, isso acontece comigo também, como veremos adiante. Já o meu amigo de infância José Antônio Silveira, o Xuxu, tenta dar significado ao seu ato de tirar a roupa em pleno Beira-Rio, mas não convence.

Um bom livro contando a história do Internacional ainda está por ser escrito. Os volumes publicados até agora estão mais para almanaques de variedades. "Histórias Coloradas" deve ser visto como um apanhado despretensioso de memórias esparsas. Uma comemoração colorada, sem a intenção de ser necessariamente um registro histórico. Imagino que todos os colorados que o leram devem ter pensado se não teriam também uma história para contar. Eu até teria algumas, como minha viagem ao Rio em 1971, em que fui no mesmo avião dos jogadores, fiquei no mesmo hotel, assisti a Inter e Botafogo no Maracanã (placar 0x0), depois voltei para o hotel de carona no ônibus da delegação. Para um menino de dez anos no auge do fanatismo, foi a glória. Mas se tivesse que escolher, contaria outra história que acho mais interessante.

Em 1975, meu pai era presidente do Clube do Comércio de Porto Alegre e estava pensando em trazer pela segunda vez Johnny Mathis para cantar no Clube. A primeira havia sido em 1973, bem no dia (ou no seguinte, não lembro ao certo) em que falecera o narrador Pedro Carneiro Pereira, em Tarumã. Pedro havia comprado uma mesa para ver o show e a solução encontrada de última hora foi rearranjar a disposição das mesas. Aquele show havia sido uma promoção conjunta com a RBS. Agora, meu pai tentava uma parceria com o Sport Club Internacional, para que o cantor se apresentasse no Clube e no Gigantinho. Detalhe: meu pai era conselheiro do Grêmio!

Em meio às negociações, surgiu um convite para jantar com a diretoria do Internacional no Saci, para depois assistir a um jogo do Campeonato Gaúcho na cabine do então Presidente Eraldo Herrmann. Meu pai me levou junto, pois sabia o quanto eu iria curtir aquilo tudo. No churrasco, tirei foto com Herrmann e fiquei sabendo que o centroavante Flávio estava voltando para o Inter. Durante a partida, impressionou-me a visibilidade da cabine. As gerais do Beira-Rio são muito baixas, as arquibancadas são muito altas, mas as cabines estão no ponto médio exato para uma perfeita visão do campo. Não lembro com quem o Inter jogou, mas venceu.

Depois da partida, fomos com a diretoria para dentro do vestiário. O primeiro que avistei foi Figueroa, dizendo com aquele seu sotaque inesquecível: "Sacanage, né?" Não lembro o que tinha acontecido no jogo para suscitar aquele comentário. Naquela época, aos 14 anos, eu já não me interessava tanto por autógrafos de jogadores de futebol. Mesmo assim, meu pai tomou a iniciativa de pedir para mim a assinatura do técnico Rubens Minelli. Quando ele estava começando a falar com o treinador, surgiu um repórter de fones de ouvido e microfone na mão e falou:

- Dr. Ivéscio Pacheco, com licença!

E entrevistou Minelli. Mas fiquei surpreso de ele saber o nome do meu pai. Depois perguntei como o repórter o conhecia e meu pai respondeu:

- Tu não queres te convencer que o teu pai é uma pessoa conhecida! Aquele ali era o Lasier Martins.

Eu admirava o trabalho do meu pai como Presidente do Clube do Comércio e também Juiz do TRT, do qual viria a ser Presidente, mas não percebia que isso o tornava uma pessoa conhecida da imprensa. Difícil para ele foi, no outro dia, explicar a seus amigos gremistas o que ele, conselheiro do Grêmio, estava fazendo no vestiário do Internacional! No fim o Inter trouxe Johnny Mathis para o Gigantinho, mas sem a participação do Clube do Comércio. Pra mim ficou a lembrança do dia em que eu jantei com a diretoria do Inter, assisti a um jogo da cabine, entrei no vestiário dos jogadores e descobri que o meu pai era famoso.