quarta-feira, janeiro 31, 2007

A polêmica da TV de plasma

Esse episódio dos televisores de plasma, que decepcionaram o consumidor brasileiro e provocaram uma enxurrada de devoluções, serve de lição muito mais para os compradores do que para as lojas. Sim, concordo que houve falha na divulgação das informações. As reclamações são legítimas, bem como a restituição do dinheiro aos insatisfeitos. Mas o despreparo dos vendedores é um problema antigo e crônico. Infelizmente, sempre foi assim. No entanto, existem alguns detalhes que um cliente mais esperto deveria perceber.

Desde que comecei a ver as primeiras televisões de tela larga ("widescreen") nas vitrines, já torci o nariz. Qual a vantagem? A programação da TV é na proporção 4x3. Quando os DVDs lançam os filmes com barras pretas em cima e em baixo, é para preservar a imagem original do cinema, sem perder nada nas laterais. Isso, aliás, é outro aspecto que confunde até quem deveria entender do assunto, como dono de locadora, por exemplo. Alguns filmes foram lançados assim em VHS, como "O Lawrence das Arábias" e "A Cor Púrpura". Um dia, para fazer um teste, perguntei a um casal proprietário de uma locadora o porquê desse recurso. O marido respondeu: "Eles dizem que é para manter a nitidez da imagem." Já a esposa perguntou se eu tinha visto "A Cor Púrpura" no cinema e se lá "estava assim também".

Quando começaram a aparecer as primeiras matérias sobre TV de tela larga em publicações especializadas, já se sabia que haveria uma incompatibilidade com a programação atual. Não era preciso ser nenhum gênio da lâmpada para prever. Não há como encaixar um retângulo em um quadrado ou vice-versa sem sacrifício de um ou desperdício de outro. Aliás, isso me lembra alguns colegas de faculdade que, na aula de fotografia, reclamavam que não conseguiam enquadrar a projeção do negativo no papel fotográfico. "Quando acerta a largura, passa da altura!" Outra questão importante é que proporção não tem nada a ver com tamanho. Nos cinemas IMAX, por exemplo, a tela é enorme, mas é um retângulo vertical, ou seja, mais alto do que largo. Certa vez li um artigo que me convenceu de que não haveria nenhuma vantagem em trocar o padrão de TV e vídeo para "widescreen". Mas era uma voz solitária na multidão.

Pois os precipitados compradores de TV a plasma descobriram na prática o que poderiam ter concluído pela lógica: uma tela mais larga não vai expandir a imagem da programação normal. A proporção da imagem hoje transmitida continua a mesma. Logo, só existem três opções: barras pretas nas laterais para não haver deformidade, "zoom" na imagem com perda em cima e em baixo (isso eu não sei se as TVs de plasma conseguem fazer) ou alargamento da imagem com conseqüente achatamento. Cliquem aqui para ler uma matéria em que um empresário assistiu a um vídeo dessa forma e comentou: "Nossa, como minha sobrinha está gorda!" Era apenas o efeito da tela.

Outro fator que está causando polêmica é a qualidade da imagem. Aquelas belas paisagens naturais que as lojas usam para demonstração vêm de um aparelho especial acoplado ao televisor. Não chega a ser propaganda enganosa porque a nitidez é real e uma TV comum não obteria aquela definição tão perfeita. Mas é claro que televisor nenhum consegue melhorar uma imagem convencional recebida por antena. Se alguém achou que enxergaria as novelas da Globo com aquele visual de cinema, sem dúvida, foi muito ingênuo. Por outro lado, não sei também o que os vendedores disseram. Alguns falam tudo o que o cliente espera ouvir.

Por fim, desde que surgiram os chamados protetores de tela para monitor de PC, já se sabe que não é recomendável deixar uma imagem parada por muito tempo em uma tela eletrônica. A tendência é os contornos ficarem marcados e visíveis, principalmente quando o vídeo é desligado. Nunca usei TV de plasma (e estou longe disso, para falar a verdade, pois estou satisfeito com meu atual televisor de 20 polegadas – meu sonho de consumo é um "home theater”), mas segundo consta, ela é ainda mais sensível a imagens fixas. E se a a tela não é integralmente ocupada em todos os momentos, é claro que os espaços ociosos ficarão com um sombreamento diferenciado em relação ao restante. Esse é um problema que eu mesmo só descobriria na prática.

Então esse episódio serve de lição para todos: vendedores, compradores e até os jornalistas especializados. Sempre houve muita desinformação, mas antes não chegava a comprometer. Quem comprou vidoedisco, por exemplo, não se importava em saber que a imagem não era digital, apesar do que insistia em dizer a revista Vídeo News. Mesmo assim, o formato não pegou, e eu me pergunto o quanto de culpa têm nisso as lojas que exibiam o aparelho sem som, quando o maior trunfo do formato era justamente a qualidade de áudio. Com a TV de plasma, tentou-se vender um produto especializado e com especificações técnicas avançadas para o consumidor casual, embora de alto poder aquisitivo. Houve o choque de expectativas. Então vamos sacudir a poeira e aproveitar todos nós para aprender um pouco mais sobre as novas tecnologias antes de sair anunciando e cobiçando o que ainda não conhecemos bem.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Lembrando Daniella Perez


Atenção: O site "clickgratis" está indicando este post para quem procura uma determinada foto. Não entendi por que critério ocorreu a indicação, mas já adianto: vocês não irão encontrá-la! A turma da curiosidade mórbida pode ir bater em outra porta.

No dia 28 de dezembro de 1992, haveria o julgamento do impeachment de Fernando Collor. Eu sabia que a Globo iria fazer a cobertura ao vivo, então deixei o videocassete gravando e saí para dar uma volta no centro. Especificamente, fui a uma locadora de videodisco na Rua Coronel Vicente. Hoje a loja a ainda existe, mas somente como revenda de equipamentos de som. Quando cheguei lá, havia um televisor ligado. E bem na hora em que eu estava no balcão, apareceu a notícia de que a atriz Daniella Perez havia sido assassinada aos 22 anos. O suspeito Guilherme de Pádua já estava detido.

Acabei gravando todos os noticiários e reportagens sobre o crime. Pode parecer um interesse mórbido e com certeza é um assunto que deve fazer mal aos parentes e amigos da atriz. Mas os entes queridos de Getúlio Vargas, John Lennon, Elis Regina, Tancredo Neves e tantas outras celebridades também sofreram e isso não diminuiu o interesse e a cobertura de suas mortes. O falecimento de pessoas famosas é sempre notícia, principalmente quando ocorre de forma trágica. Qualquer registro que se preserve desses eventos, queiramos ou não, é um documento histórico. E eu estou passando essas gravações para DVD.

Além das notícias, gravei também alguns capítulos da novela "Corpo e Alma", em que Daniella Perez fazia o papel de "Yasmin". O fato de que, quando um ator de novela morre, o personagem também desaparece, mostra o zelo que o brasileiro tem por esse gênero de programa. Em 1986, um amigo que estava para vir a Porto Alegre perguntou o que eu gostaria que ele me trouxesse dos Estados Unidos. Como ele morava lá, pedi que gravasse seis horas de programação da TV americana. Numa época em que ainda não tínhamos TV a cabo, um material desses era precioso para mim. Ele acabou mandando duas fitas e, no meio de tudo, havia uma novela americana. Em determinada cena, ouviu-se uma voz em off: "Por motivo de doença, o papel tal será representado pela atriz Fulana de Tal". E seguiu o baile. Mesmo nas séries de TV eles não têm o menor escrúpulo em substituir atores. Os casos mais memoráveis foram do marido de Samantha em "A Feiticeira" e o personagem principal de "Justiça Final", o juiz Nicholas Marshall.


No Brasil houve pelo menos um caso de personagem de novela que continuou vivendo na pele de outro ator. Em 1972, Sérgio Cardoso faleceu quando a novela "O Primeiro Amor" estava mais ou menos na metade. Em seu lugar entrou Leonardo Villar. Foi ali que tomei conhecimento de que uma cena aparentemente contínua podia ser gravada ao longo de vários dias. A interrupção aconteceu no meio de uma discussão entre o "Professor Luciano" (Sérgio Cardoso) e outro personagem. De repente, mostrou-se um par de óculos sobre uma cadeira e a luz se apagou. A seguir, todo o elenco da novela apareceu perfilado em plano geral enquanto Paulo José (o Shazan que, ao lado de Flávio Migliaccio, formava a dupla Shazan e Xerife) dizia: "Esta foi a última cena, gravada no dia tal a tal hora..." Depois de falar brevemente sobre a morte de Sérgio Cardoso, Paulo José disse que ele seria substituído por um colega e amigo. "O ator, o amigo, é Leonardo Villar, que a partir de agora passa a viver o papel de Professor Luciano." E com essas palavras, Leonardo entrou e posicionou-se à frente dos demais atores. Em seguida, a discussão do Professor Luciano continuou do ponto em que havia parado. Outro caso de troca de atores que hoje ninguém lembra foi na "Grande Família" original: Saiu Djenane Machado e entrou Maria Cristina Nunes no papel de Bebel. Mas como era um programa de humor, a substituição foi comentada no próprio episódio. Já em 1982, a morte de Jardel Filho levou junto o Heitor da novela "Sol de Verão".

A cena excluída que o "Globo Repórter" mostrou

A solução para justificar o sumiço de Yasmin da novela "Corpo e Alma" foi um tanto forçada, mas contou com a benevolência do público. A personagem de Daniella Perez se mudou para o Caribe para estudar dança. Sua última cena foi chorando e olhando para uma foto que, graças à edição, foi mostrada como sendo a de Fábio Assunção (ainda que a imagem dele fosse apenas um quadro de vídeo congelado em preto e branco). Mas por que a cena havia sido gravada? Não foi explicado, mas é fácil presumir. O "Globo Repórter" daquela semana exibiu uma cena tensa entre Daniella Peres e Guilherme de Pádua que acabou não sendo incluída na novela. Yasmin e Bira desmanchavam o namoro. Tudo indica que a foto para a qual Yasmin olhava com lágrimas nos olhos deveria ser a de Bira. Ele também sumiu sem muita explicação. Uma ironia é que, na semana do crime, foi ao ar um capítulo em que Tarcísio Meira contava a seu filho Maurício Branco como lhe pesara na consciência uma condenação que obtivera em seu tempo de promotor. Tempos depois o mesmo personagem, como professor de Direito Penal, questionava perante seus alunos a figura do réu primário. Daniella era filha da autora, Glória Perez, que aproveitou a novela para reforçar sua campanha pela prisão dos acusados.

Por enquanto ainda não tenho como digitalizar imagens para postar no YouTube, mas outros já o fizeram. Vejam a despedida dos atores a Daniella logo após sua última participação na novela e também o texto em homenagem à atriz redigido por sua mãe e lido por Stênio Garcia ao final do último capítulo.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Notícias falsas

Só um comentário rápido antes de deitar, embora já tenha abordado este assunto antes: a Internet já tem mais de dez anos e as pessoas ainda não aprenderam que não podem confiar cegamente em e-mails. Até que me provem o contrário, nenhuma "notícia exclusiva" divulgada por e-mail, a qual "a imprensa está abafando" portanto "repasse para o maior número de pessoas" é verdadeira. Se fosse, seria publicada rapidinho nos jornais. Mas os internautas continuam acreditando e repassando. Nesta semana recebi pela enésima vez o alerta de fraude na mega-sena e casos de intoxicação por Fanta Uva (antes era guaraná Kuat, mas os demais dados eram os mesmos). Incrível como o pessoal repassa preocupadíssimo! Tudo conversa fiada pra enganar trouxa. Mas a turma não aprende.

Em compensação, quando a gente avisa que um texto não é de Luis Fernando Verissimo ou Mario Quintana e sim de um ilustre desconhecido, ficam desconfiados, pedem mil provas, certidão autenticada... Haja paciência!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Efeito retardado

Um dos aspectos bacanas de se fazer um blog é que os textos nele publicados ficam permanentemente disponíveis para consulta na Internet. Não é como um jornal ou um e-mail, que geralmente são descartados. Então um comentário que eu poste aqui pode não ter repercussão imediata. Mas um dia, quando menos espero, alguém me envia um e-mail dizendo que pesquisou determinada palavra no Google e achou meu blog. Vou ver, é algo que posso ter escrito em 2004 ou 2005. Pior é quando colocam algum comentário lá atrás. Em princípio, não há problema, pois o site do Haloscan exibe as mensagens em ordem cronológica inversa de postagem. O problema é que às vezes escrevem coisas como "Legal!", "Concordo!" ou alguma observação bem monossilábica. Aí fica difícil saber a que tópico se refere.

Um texto que já rendeu três e-mails e uma citação em outro site é "
O Mistério de Vincent Bell". Mais gente, assim como eu, procurava informações sobre o músico que fez sucesso em 1970 com um belo arranjo para o tema do filme "Aeroporto". Aparentemente ele tinha lançado somente o LP "Airport Love Theme" e mais nada. Descobri que ele também é conhecido como "Vinnie Bell" e tem um site próprio no endereço http://www.vinniebell.com/. Não só lançou mais discos como também participou como músico de estúdio de diversas gravações de outros artistas, entre eles Roberto Carlos. Inclusive, aqui ele aparece com o baixista Paulo César Barros, também conhecido por seu trabalho com Renato e Seus Blue Caps (ele é irmão de Renato). A foto é de 1981, do dia em que gravaram "Ele Está Pra Chegar" para o LP de Roberto. Aproveitei para acrescentar essa informação agora, mas muitas outras eu já havia colocado no texto citado. Volta e meia alguém procura "Vincent Bell" numa ferramenta de busca e acha este blog.

No mesmo texto, fiz uma referência também a outro mistério: Arno Flor e o Coral Santa Helena, que nos anos 70 lançaram o excelente disco "Sehnsucht Nach Der Heimat" com músicas em alemão apresentadas num estilo que lembra Ray Conniff. Esse disco, hoje disponível em CD, é um "must" na colônia alemã do sul do Brasil. (Abro parênteses para informar a todos que meu sobrenome do meio é "Dreyer". Minha mãe era germânica. Visualmente, sou Pacheco puro, não tenho nada de alemão, mas o "Dreyer" é uma arma secreta para os momentos convenientes.) E o que todos os que têm esse disco se perguntam é: quem é Arno Flor? Que coral é esse que o acompanha? Por que não lançaram mais discos? Citei novamente Arno Flor em
uma nota sobre uma caixa de sete CDs contendo nada menos do que 193 versões da música "Lili Marleen". Já duas pessoas encontraram essas referências e me escreveram perguntando o que mais sei sobre esses músicos. Infelizmente, nada tenho a informar além do que já publiquei. Mas também quero saber mais sobre eles.

Outro assunto do blog que tem repercussão esporádica é "
As Geminianas". De vez em quando alguma geminiana descobre o texto e me escreve para fazer comentários. Mas até agora não houve uma só contestação. Pelo contrário, todas dizem "é isso mesmo, fui descrita", "eu sou exatamente assim", atestando o êxito de meu método empírico de análise astrológica. Mas nem sempre as respostas tardias ao blog vêm em bom tom. Um dia, encontrei a mesma mensagem postada três vezes, com diferença mínima na redação. A remetente queria ter certeza de que eu a leria, então postou-a sob textos diferentes, do original ao mais recente. Ela tinha lido uma brincadeira minha com uma agenda do grupo Sunset Riders que incluía festas fechadas e entendeu tudo errado. Achou que eu não tivesse compreendido a intenção – na verdade ela é que não entendeu a minha – e redigiu uma crítica furiosa: "Deixa de ser babaca!!!!!!!!! Que coisa ridícula que escreveste sobre a Sunset Riders (abril 2005). Isso são shows, festas em que eles estão tocando... Grande jornalista esse que não conseguiu ver isso. E vê se te informa e te 'localiza' antes de abrir esta boca pra falar dos, além de maravilhosos, muito amigos meus, Sunset Riders." Detalhe: eu já tinha até feito uma matéria sobre a Sunset para o International Magazine, que foi lida em todos os estados em que o jornal é distribuído. Também sou amigo dos músicos, embora não os tenha destacado por camaradagem e sim porque eles são bons e merecem. Isso é que dá a pessoa escrever sem me conhecer e sem entender a intenção do texto. Mas, como se sabe, quando um texto é mal compreendido, a culpa é sempre do redator. Longe de mim questionar o intelecto dessa moça!

Um artigo que, para meu orgulho, tornou-se referência na Internet é "
Os falsos Quintanas". Mas é por uma boa causa e, na verdade, o mérito não é meu. Tudo começou no Orkut. Indignava-me o verdadeiro caos que imperava nas comunidades supostamente dedicadas a Mario Quintana. Havia uma enxurrada de textos falsos e os moderadores eram omissos. O maior dos fóruns estava sob o comando de um ladrão de comunidades que nem lia as mensagens. Aos poucos, os admiradores de Quintana começaram a amadurecer a idéia de criar uma nova comunidade, onde os apócrifos não fossem tolerados. Assim, nasceu "O verdadeiro Mario Quintana". Fui escolhido moderador por ter alguma experiência, mas o espaço é de todos. Porém, a limitação do tamanho de texto tanto dos tópicos quanto da apresentação impedia que se fizesse uma enumeração mais minuciosa dos textos falsamente atribuídos a Quintana. Foi então que tive a idéia de usar o blog para prestar esse esclarecimento. E, por conta disso, já fui até citado como "estudioso da obra de Quintana". Pensando bem, está certo: ainda estou estudando a obra dele. Mas dei o devido crédito à autora da listagem que publiquei, que foi Lúcia Kerr Jóia, da comunidade "Afinal, Quem é o Autor?" Eu poderia escrever um comentário semelhante sobre Luis Fernando Verissimo, mas não precisa: a maior comunidade dedicada a ele no Orkut já inclui todas as informações sobre as autorias incorretas, sob o pulso firme de Elson Barbosa. E do Jabor, não conheço nada.

Às vezes fico decepcionado ao ver que alguns textos que eu imaginava que suscitariam respostas passam aparentemente despercebidos. Há um ano, quando publiquei
fotos do Jardim de Infância, em 1967, na Escola Anexa ao Instituto de Educação, imaginei que vários ex-colegas iriam se reconhecer e me escrever, até porque diversos nomes foram citados. Até agora, só uma moça que conhecia os outros se manifestou. Cadê a turma? Será que estão com vergonha de se apresentar? Também achei que minha pesquisa fundamentada sobre a polêmica de que o Kiss teria copiado a maquiagem dos Secos e Molhados poderia provocar as mesmas reações iradas que tive no Orkut, mas até agora, nada. Talvez seja melhor assim. Um dia, com calma, os fatos serão esclarecidos. Afinal, até a Igreja Católica já reconheceu, antes tarde do que nunca, que Galileu estava certo e a terra gira mesmo em torno do sol.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Documentário histórico

Imagine um documentário sobre uma campanha presidencial de mais de 20 anos atrás em que o povo não votou e o eleito faleceu antes de assumir. Só um fuçador de antigüidades como eu haveria de se interessar por um DVD como esse. "Muda Brasil" foi realizado antes da morte de Tancredo Neves, programado para ser exibido na semana de sua posse. E de fato estreou na data planejada: eu próprio assisti ao filme no saudoso Cine Ritz, em Porto Alegre. Mas em vez de euforia, o que se via em todo o Brasil era perplexidade e muita torcida pela recuperação do Presidente eleito. O desfecho todos sabem qual foi. Mas os eventos registrados na produção foram cruciais para a consolidação da democracia. A Paramount está de parabéns por incluir esse título em sua "Coleção Brasil". Se mais alguém além de mim vai querer comprar é outro problema, mas é um DVD precioso para quem se interessa por política, história e jornalismo.

A edição consegue dar ritmo a depoimentos que poderiam se tornar entediantes. Algumas passagens são genuinamente cômicas. Nunca esqueci a cena em que Paulo Maluf dá a mesma resposta cinco vezes seguidas a jornalistas que o questionam sobre acusações de Antônio Carlos Magalhães, dizendo que procurem seu advogado. Na quinta vez, os repórteres não contêm o riso - e a platéia do cinema também caiu na gargalhada. A imagem colhida do "Jornal Nacional" tem qualidade ruim porque foi captada diretamente da tela da TV para a película, com ruídos de áudio e vídeo. Aparecem figuras que se tornariam ainda mais proeminentes no cenário político, como os futuros presidentes Fernando Henrique e Lula. Ouvem-se também os saudosos Luís Carlos Prestes, Ulysses Guimarães e Leonel Brizola. O narrador intervém nos momentos certos, conduzindo a seqüência dos fatos. Como se o filme em si não fosse emocionante, culminando com a eleição de Tancredo pelo Colégio Eleitoral, há ainda no DVD um depoimento atual de oito minutos do diretor Oswaldo Caldeira e do produtor Paulo Thiago, recordando como e por que o documentário foi feito.


Nunca vou esquecer: eu estava voltando para casa para almoçar, perto do meio-dia, quando ouvi a multidão em frente à Prefeitura de Porto Alegre exultando. Tancredo estava eleito. Senti um nó na garganta pois, pela primeira vez, vi uma manifestação popular por algo realmente sólido, que não uma Copa do Mundo, por exemplo. O Brasil estava mesmo mudando.

É importante rever "Muda Brasil" até para lembrar como foi crucial a reconquista da democracia pelos caminhos politicamente viáveis. Estamos colhendo os frutos dessa mudança. Tratemos de cuidar bem da árvore.

Quero só a embalagem

Quando a quantidade de DVD-Rs de minha coleção começou a aumentar assustadoramente, tive uma idéia: não existiria uma caixinha de CDs como as de disquete, em que as unidades ficriam soltas lá dentro? Eu poderia usá-la para os DVDs. Poderia guardá-los no envelope de papel, mesmo. Caberia uma quantidade razoável ocupando o menor espaço possível e ficariam organizados. O problema é que, em todas as lojas em que eu perguntava, me respondiam que não existia um produto como o que eu procurava. Até que encontrei esse aí da foto. É anunciado como "porta CD para 01 unidade slim (pack com 12 unidades)". Mas é só tirar os porta CDs, que podem ser usados para outra finalidade, e colocar os DVDs com envelope lá dentro. Couberam mais de 40 dessa forma. Difícil foi achar mais dessas caixinhas nas lojas. Acabei encomendando pela Internet, mesmo.

Depois de tudo isso é que fui me dar conta: comprei um produto para usar só a embalagem! Afinal, o marketing é todo em cima do "porta CD para 01 unidade slim", que é o que está dentro. Mas o que me atraiu foi o "pack" ou "case", como já vi escrito, também. Seria o caso de o fabricante pensar em vender a caixinha em separado, a preço mais baixo. Seria muito útil para armazenamento de CDs e DVDs que vêm em envelopes.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Visão de vida

Existe uma frase bastante popular que diz: "Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida." Mas será que alguém já tentou fazer o raciocínio inverso? Algo assim como: "Hoje é o último dia de sua vida inteira." Não significa que não haverá outros. Quando falamos "em minha vida inteira", queremos dizer o que aconteceu até agora. O futuro ninguém sabe. Portanto, é legítimo afirmar, sem fatalismo e sem negação do que virá depois: "Hoje é o último dia de sua vida inteira." Ou, se preferirem algo que não corra o risco de ser mal interpretado, "o último dia de tudo o que você já viveu."

Pensando bem, é assim que vemos a vida. Como não sabemos quanto nos falta, sempre achamos que "nossa vida inteira" é tempo que não acaba mais. Meu filho está com 13 anos e, pra mim, parece que foi ontem que ele nasceu. Mas quando eu tinha a idade dele, achava que já tinha vivido muito. Quando fiz 18 anos, tive um momento de reflexão, imaginando que minha juventude estava acabando e eu ainda não tinha feito nada. Aos 30, então, cheguei a me deprimir, pois estava ficando velho e ainda não tinha realizado a metade do que pretendia. Hoje, aos 46, penso de outra forma. Mas continuo achando que já vivi muito.

Vejam, por exemplo, o caso de Roberto Carlos. Hoje todos lembramos de "O Calhambeque" como o seu primeiro sucesso. No entanto, quando a música foi gravada, ele já estava bastante orgulhoso de seu currículo. Afinal, depois de ser recusado por diversas gravadoras e de ter lançado alguns discos que fracassaram, chegava ao seu terceiro LP, "É Proibido Fumar", em 1964. Assim, para comemorar a façanha, aproveitou a introdução falada do início de "O Calhambeque" para citar sucessos anteriores. A primeira frase já dizia: "Esta é uma das muitas histórias que acontecem comigo." Observem: ele estava apenas no terceiro dos que viriam a ser mais de 40 LPs e já tinha "muitas" histórias para contar. Aí vêm referências a "Susie", "Parei na Contramão" e "Splish Splash". A primeira foi lançada em compacto em 1962 e nem chegou a ser conhecida do público maior do rei. Mesmo assim, ele se orgulhava dela. As outras duas até tiveram algum êxito, mas logo seriam eclipsadas.

No mesmo LP, outra faixa de menor destaque também citava músicas anteriores de sua curta carreira: "Louco Não Estou Mais", dele e Erasmo. A letra faz referência a tantos títulos que chega a ser um exercício tentar descobrir as músicas em questão. Entre elas estão "Malena", "Brotinho Sem Juízo", "Mr. Sandman", "Baby Meu Bem" e, novamente, "Susie" e "Splish Splash". Até o nome e verso inicial "Louco Não Estou Mais" pode ser uma resposta a "Louco por Você", faixa título do seu primeiro e hoje raríssimo LP. E no álbum anterior, o segundo, já havia uma música intitulada "Relembrando Malena".

Tudo isso mostra que Roberto Carlos já se achava na posição de fazer um balanço de sua carreira. Olhava para trás e enxergava uma enorme obra. Se pudesse olhar para frente, veria muito mais. Mas não podia. Ninguém pode. Podemos sonhar à vontade, fazer muitos planos e ir à luta, mas o futuro é uma incógnita. Por isso sempre achamos que já vivemos muito: porque o primeiro dia do resto de nossas vidas é também o último de tudo o que já vivemos. E o que vem depois, nunca se sabe.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Confeitaria Liamar





A Confeitaria Liamar já foi "point" em Atlântida. Em dezembro estava meio parada.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

O velho e o novo

Fico um tanto aborrecido quando alguém acha que sou resistente a inovações. Não me vejo assim. Quem chega a essa conclusão é porque está fazendo um julgamento precipitado, sem conhecer a fundo minhas opiniões. Na semana passada, por exemplo, comentei com um amigo que estava procurando um aparelho que tirasse o mofo de fitas VHS. Ele desdenhou, dando a entender que se alguém fosse fabricar algo assim, só venderia para mim."Quem ainda se interessa por fitas VHS?" Tentei explicar-lhe que o objetivo era justamente limpar fitas antes de convertê-las para DVD. Para entender, é preciso conhecer o meu acervo de gravações da TV. Quem só usava VHS para alugar filmes em locadora realmente não terá uso para uma geringonça dessas.

Não me considero avesso a novidades. Basta dizer que tive videodisco numa época em que muita gente nem sabia o que era isso (e muitos nem chegaram a conhecer). Cheguei a apostar que a fita de 8mm seria o futuro da gravação em vídeo, mas errei a previsão. Quando começaram a aparecer as primeiras reportagens sobre DVD, fiquei cético. Eu tinha algum conhecimento sobre as limitações do vídeo digital e não acreditei que o novo formato pudesse ter boa qualidade de imagem. A do videodisco não era digital, mas era perfeita. Se fosse para trocar uma mídia por outra sem melhora no resultado, eu não veria muita vantagem. Escrevi sobre isso para uma revista americana de vídeo e minha carta foi publicada. Tempos depois, recebi um e-mail de um conterrâneo dizendo que tinha lido a revista mas não concordava comigo e que meu discurso lembrava os conservadores que defendiam o LP contra o CD. Talvez eu tenha me expressado mal, mas não era nada disso. Apenas eu queria ver a imagem primeiro. Hoje estou verdadeiramente fascinado pelo DVD, mas ainda luto contra o que eu chamo de "novidadismo", que é a presunção de que o novo é sempre melhor do que o velho. Ou de que o digital é sempre superior ao analógico. Depende dos detalhes técnicos. Em termos de fotografia, eu ainda prefiro o slide. Mas me reservo o direito de achar que é porque eu entendo um pouco do assunto e penso que os pixels ainda não superaram a granulação da prata. Não vai muito longe: o cinema profissional ainda usa película.

Do vinil, não tenho saudade nenhuma. Eu já sentia falta de um substituto para o LP muito antes de o CD existir. Muito sofri com prensagens desalinhadas, empenamentos, bolhas, desgastes e arranhões. Por mais que eu cuidasse dos discos, inclusive trocando a agulha do toca-discos com mais freqüência do que lavava meu carro, era impossível não desgastar os sulcos a cada escutada. Há quem diga que o vinil tem som melhor, mas a taxa de amostragem do CD resulta num som mais do que satisfatório para meus ouvidos. Eu lamento que o CD não existisse já na minha adolescência. Assim eu teria meus discos todos bem conservados.

Também não lastimo o desaparecimento da máquina de escrever. Nunca fui um grande datilógrafo. Em geral, escrevia com calma, para não errar. Mas às vezes falhava. Aí, o procedimento de correção era tão trabalhoso que, dependendo do tamanho do documento, valia mais a pena começar tudo de novo. Mais ainda no caso de múltiplas vias com carbono. Hoje, com o editor de texto, tornei-me um ótimo digitador. Liberado pela certeza de que um caractere mal teclado pode ser corrigido numa fração de segundo, digito com rapidez, olhando para a tela. Também prefiro o e-mail às cartas convencionais de outrora. Internet, então, nem se fala. Duvido que alguém seja mais fã da rede do que eu.

Voltando à fita VHS, ela também clamava por um substituto. Era frágil, incômoda, tinha acesso seqüencial, precisava ser rebobinada e, como viria a se descobrir mais tarde, podia mofar. O videocassete, em sua finalidade primeira, já tem um sucessor à altura, que é o gravador de DVD com HD. Inclusive com sintonizador de canais, para se gravarem programas da TV. Mas o que já está registrado em VHS precisa ser preservado. Daí a necessidade de um limpador de fitas, em alguns casos.

Mesmo com o advento do "home video", eu sinto uma nostalgia pelo Super-8. A mecânica era diferente. Nada substitui a emoção de colocar um rolo de filme no projetor, apagar a luz e iniciar a sessão. Cheguei a importar dois rolinhos de Super-8 para filmar meu filho. Depois, enviei pelo correio para os Estados Unidos para revelação. Meu filho é da geração VHS, mas teve sua imagem eternizada em Super-8.

Então que fique bem claro: não sou contra as inovações. Só acho que nem tudo o que vem depois justifica o desaparecimento do que existia antes. O vinil já foi tarde, a máquina de escrever também, a fita VHS está com os dias contados, mas se dependesse de mim, ainda teríamos a opção de usar Super-8 e slides. Isso não significa rejeição do novo, mas a manutenção simultânea do que é velho e bom. Se inventassem a mulher digital, vocês descartariam a analógica (de carne e osso) como antiquada? Então...

domingo, janeiro 14, 2007

Aniversário do Iuri

Hoje o Iuri está fazendo 13 anos. E já está curtindo o presente que ganhou do pai. Ele sempre gostou de brinquedos musicais.

sábado, janeiro 13, 2007

Arquivo de quem, mesmo?

Eu disse que só iria voltar ao assunto se surgisse uma novidade. Pois surgiu.

Já tinham me dito que o André Damasceno havia aparecido no Jornal do Almoço comentando a imitação que ele fez em 1986 no RBS Revista em que, de brincadeira, falou que o Internacional era Campeão do Mundo de 2006. Pois agora descobri um link para ver o depoimento. Cliquem aqui, depois procurem o título "André Damasceno imita Paulo Santana". Precisa de Real Player 8 ou posterior para assistir. Também já tinham me falado que a RBS TV não possui mais essa imagem em seus arquivos. Pois foi confirmado. Olhem bem: dá pra ver o carimbo com o endereço do meu blog no trecho mostrado. Não sei se na TV saiu nítido, mas está lá. Só que, logo ao lado, está também o logotipo do "Arquivo RBS". Ah é? Não sabia que minhas fitas VHS pertenciam ao "Arquivo RBS". Tudo bem, por direito, a imagem é deles. Mas saiu do meu baú. E, se eles tivessem falado comigo, de bom grado eu teria cedido uma cópia em DVD sem o carimbo do blog, para que eles mostrassem.

Estou começando a achar que meu acervo é mais valioso do que eu imaginava.

Supermercado

Não consigo entender: como pode a cidade estar vazia e o supermercado estar cheio? Não é a primeira vez que acontece. Saio na rua com meu filho, não enxergo viv'alma e penso: que bom, o supermercado vai estar tranqüilo. Chego lá e vejo que está bem movimentado, com filas e tudo. Aí as pessoas saem com as compras e desaparecem de novo. Sei lá, deve ser mágica.

Sempre sou bem atendido nos supermercados que freqüento. Mas alguns procedimentos deveriam ser revistos. Entendo que a comida pronta não deva estar ao alcance dos clientes, mas é uma agonia ficar explicando para a atendente qual o pedaço de carne que eu quero. "Este?" Não, o do lado. "Este?" Não, o do outro lado. "Este?" Não em cima deste. "Este?" Não, aquele. "Este?"Às vezes penso em comprar uma caneta de raio laser só para apontar para a carne escolhida no supermercado.

Há também uma prática que eu considero uma tremenda falta de respeito, mas está se tornando cada vez mais comum: o cliente trancar uma fila no caixa para ir buscar um produto que esqueceu. Em geral ele acha que volta a tempo, antes de as demais compras terem sido registradas. Mas raramente acontece. O normal é ficar tudo parado esperando o esquecido voltar com seu pote de manteiga, sua caixa de fósforos ou o que for. Cansei de entrar num caixa aparentemente vazio só para ouvir a moça dizer: "Aqui vai demorar, o cliente foi buscar tal coisa." Esta é uma cultura que o brasileiro ainda não assimilou: que não é indelicadeza ser firme com as normas. O certo seria a caixa dizer: "Sinto muito, senhor, não posso trancar a fila." Mas ela corre o risco de ser denunciada por mau atendimento, além de afugentar o cliente, que pode até desistir das compras.

Mas no final, como sempre, tudo dá certo. E pensando bem, o supermercado nem estava tão cheio assim.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Mais fotos

Mais algumas fotos de Capão da Canoa. Acima, a Rua Sepé, à tarde.


Essa travessa das duas fotos acima era bem mais simpática da última vez que a tinha visto. Por dentro, à direita, havia uma loja de revistas. À frente, do lado esquerdo, onde se vê "O Mundo das Sedas", há muitos anos existia a sorveteria Schuck, que ainda permanece no centro de Atlântida.

Ainda vou pedir comissão ou verba publicitária para o Juremas por ter elogiado o filè à milanesa com fritas.

E no térreo desse prédio claro ficava o Yogurte Caseiro Gaúcho, que só funcionava no verão. O prédio continua igual.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

O mar de Capão da Canoa

Vamos comemorar a volta do YouTube com dois vídeos de Capão da Canoa à beira-mar ao cair da tarde, que é meu horário preferido, gravados no dia 28/12/2006. Não adianta procurar, que vocês não vão encontrar nenhuma atriz brincando de submarino com o namorado à vista de todos para depois alegar "invasão de privacidade". O primeiro vídeo é mais curto, mas não tem barulho de vento para atrapalhar. Nesse calor que está fazendo em Porto Alegre, dá vontade de entrar na tela. Já o outro dá uma visão de 360 graus, onde aparece o Baronda. Eu sempre quis gravar o barulho do mar para ouvir na cidade. Agora posso ter também a imagem. E dividir com vocês.


segunda-feira, janeiro 08, 2007

Capão da Canoa by night

A rua Sepé.

Conheço aquela moça de verde.







Uma das lojas mais antigas ainda em funcionamento.
Cadê o Hotel Riograndense que tava aqui?
Aqui ficava o cinema. Mas hoje existem outros nos shoppings.

E à direita ficava o Pastelão. Hoje o "Sabor e Pizza" tenta servir um pastel igual.

domingo, janeiro 07, 2007

Bowie sessentão

Hoje, 8 de janeiro de 2007, David Bowie está completando 60 anos. Mas quase dá vontade de dizer: hoje faz dez anos que Bowie completou 50 anos. Porque o meio século do cantor foi bem mais celebrado. Ele próprio fez um show de aniversário com participações especialíssimas. Os fãs do mundo inteiro foram mobilizados para dar feliz aniversário ao ídolo. O site Teenage Wildlife reuniu mensagens de diversos admiradores para enviar a David. Aqui em Porto Alegre, a Rádio Ipanema FM fez "Semana David Bowie". O International Magazine publicou uma matéria de capa sobre o evento. Enfim, o clima era de euforia.

Dez anos se passaram. Bowie teve um problema de saúde e está afastado de shows e turnês. O dono do site Teenage Wildlife também precisou abandonar o seu trabalho por motivos de doença, embora permaneçam os fóruns. O nosso grupo de discussão, o Outside, nunca mais foi o mesmo desde que perdemos dois dos integrantes mais ativos. Enfim, os 60 anos de David Bowie encontram seus fãs num momento de entressafra. Mas continuamos aqui, ouvindo os CDs e torcendo pelos lançamentos especiais. E Bowie, na tranqüilidade do lar, chega aos 60. Happy birthday, David Bowie! Por tudo o que já fez, você merece comemorar em paz junto à família. Mas nós torcemos para que você volte com tudo.

Infame

Este blog evita palavrões, mas não resisto a um trocadilho infame. Vocês viram o que a Globo está anunciando? Vai começar uma nova "diz puta". A gente olha e diz: "Puta, Big Brother de novo!"

sábado, janeiro 06, 2007

O bloqueio do YouTube

Eu não acredito que bloquearam mesmo o acesso ao YouTube no Brasil. Pelo menos em alguns provedores. Como o meu, por exemplo. Depois, quando os estrangeiros dão a entender que somos um país atrasado, dizemos que eles "têm uma idéia errada do Brasil". E tudo por causa do vídeo da Daniela Cicarelli.

Será que é tão difícil entender que YouTube é apenas uma parte da Internet? E o que se pode fazer nele, pode ser feito em muitos outros sites? Essa atitude me faz pensar em diversas analogias:

- Bloquear permanentemente o trecho de uma rua porque ali aconteceu um assalto.
- Condenar um automóvel por atropelamento.
- Obrigar uma vítima de estupro a usar cinto de castidade.
- Proibir uma marca de pistola em razão de um assassinato.

O que eu já disse em outra ocasião sobre o Orkut vale também para o YouTube. A impressão que eu tenho é que o brasileiro ainda não conseguiu entender o potencial e a extensão da Internet. Quando um site se destaca, o brasileiro enxerga as possibilidades e recursos da rede como sendo daquele site. Aí, o Orkut e o YouTube viram bodes expiatórios dos efeitos colaterais da Internet inteira.

Enquanto o YouTube está proibido, o vídeo da Cicarelli circula furiosamente por e-mail. E já deve estar em outros provedores como o Google Vídeo. A vontade que dá é de descobrir todos os rivais do YouTube e promover uma postagem em massa do vídeo proibido. Até que certas cabeças pensantes se dêem conta do óbvio. E, convenhamos, quem mandou transar numa praia pública?

Se o YouTube continuar bloqueado para nós, pobres terceiro-mundistas, vou postar o "vídeo da profecia" em outro provedor. Se alguém já o tiver feito, pode me informar o endereço, que de bom grado eu o postarei aqui.

Maus exemplos televisivos

Minha mãe tinha uma preocupação quase obsessiva com qualquer coisa que a televisão mostrasse que as crianças pudessem imitar. Nos anos 70, um comercial do Vitabroma mostrava um menino escalando um muro pelo vão das pedras, numa demonstração de energia e coragem. Ela ficou indignada, pois era uma manobra perigosa. Uma criança que tentasse fazer o mesmo poderia cair e se machucar feio, principalmente se chegasse a uma altura razoável. Sem falar nos truques de filmagem, que permitem que se realizem proezas impossíveis na vida real. Uma capa de Super-Homem, por exemplo, não confere o poder de voar.

Nos Estados Unidos, um garoto de 10 anos tentou imitar a execução de Saddam Hussein e acabou se enforcando. Minha mãe tinha razão: todo o cuidado é pouco.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Mais Atlântida

Mais fotos de Atlântida num belo cair de tarde. As nuvens deram um show à parte.










Lembrem-se de que todas essas fotos podem ser ampliadas. É só clicar em cima.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

O Chopinho






Este era o Chopinho, no centro de Atlântida. A calçada em frente era uma rua, não havia o prédio no sentido oposto e os carros estacionavam perpendicularmente. Havia mesas do lado de dentro e de fora. Daqui só tenho boas lembranças. Outro local que parece estar abandonado.

terça-feira, janeiro 02, 2007

A Stereomoto

No verão de 1976, infelizmente, não fui a Atlântida, como não iria também no ano seguinte. Mas foi quando ouvi pela primeira vez na Rádio Continental (a saudosa 1120 AM): "Todo o mundo na boate Stereomoto em Atlântida! (...) Comando do Magro Miguel!" Não lembro se minha primeira visita à Stereomoto foi em 1978 ou 1979. Mas a boate logo inovou com apresentação de videoclipes no telão, numa época em que ainda não existia MTV nem nos Estados Unidos. Marcou época. Já faz tempo que não existe mais. Cheguei a ver o local onde ela ficava com um cartaz de clube de mães ou coisa que o valha. Hoje, aparentemente, está abandonada. Tem até uma casa na frente:





A Stereomoto não me dava muita sorte, devo admitir. Foi indo para ela que tive o meu primeiro pneu furado. Em outra ocasião, o carro atolou quando tentei estacionar. Consegui tirá-lo mas, ao improvisar um cabo para ajudar outro companheiro de infortúnio, rebentei o tubo flexível e fiquei sem freio. Mas o mais patético foi o dia em que outros carros bloquearam a saída do meu e tive que voltar para casa a pé. Não era tão longe. Agora imaginem a cena, eu voltando lá às sete da manhã, com o sol recém-nascido, o balneário praticamente vazio, vendo de longe o fusquinha solitário em meio ao terreno comumente usado para estacionamento. Peripécias.

P.S.: Acabo de receber de Léo Petry, irmão do "Magro Miguel", três fotos do tempo em que a Stereomoto ainda estava na ativa, bem da época em que eu costumava freqüentá-la. Valeu, Léo. Apesar de tudo o que citei acima, ainda trazem boas lembranças. Aí estão (cliquem para ampliar):

As duas fotos acima foram tiradas no "verão 1982-83", segundo informado. Presumo que isso signifique alguma data entre dezembro de 1982 e fevereiro de 1983.

Já a foto acima é do "verão 1979-80".