quinta-feira, março 31, 2005

Parabéns, Sarinha!

Luis Fernando Verissimo escreveu em sua coluna de hoje na Zero Hora e outros jornais:

Apareceu a autora do "Quase", o texto que rola na internet atribuído a mim e que eu, relutantemente, tenho que repetir que não é meu. Ela se chama Sarah Westphal Batista da Silva, tem 21 anos, é de Florianópolis, escreveu o texto "inspirada por um menino que não me namorou, mas quase...", mandou o texto por e-mail a várias amigas e dois anos depois teve a surpresa de vê-lo impresso com a minha assinatura. A Sarah está no quarto semestre da Medicina mas sonha em largar a faculdade e começar a escrever. Olha aí, editores. Ela nem começou e já foi traduzida na França.

Esse foi um caso em que a própria Internet disseminou um erro, mas possibilitou a correção. Estou feliz pela Sarinha. Não a conheço pessoalmente, mas pude sentir a sinceridade quando ela se apresentou como autora do "Quase" na comunidade do Verissimo no Orkut. Afinal, esse texto não surgiu do nada, alguém o escreveu. Por que não uma pessoa desconhecida e jovem? Existem muitos talentos ocultos por aí e, quem escreve bem, geralmente o faz desde muito cedo. Parabéns, Sarinha!

quarta-feira, março 30, 2005

A propósito...

Espero que ninguém tenha pensado que o título da mensagem abaixo significasse isto:
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Sonhando com a glória

Certa vez tive uma experiência que acho que deveria ter divulgado mais. Outra pessoa talvez tivesse até dado um jeito de transformar em notícia. Não sei até que ponto foi importante ou não. No final de 1998, David Bowie lançou um concurso pela Internet. Colocou a melodia e o refrão de sua música "What’s Really Happening" na BowieNet e desafiou os fãs a escreverem o restante da letra. Os versos ganhadores seriam gravados por Bowie e o letrista vencedor iria a Nova York acompanhar a gravação. Haveria prêmios também até o quinto lugar.

Fazia bem pouco tempo que eu tinha me mudado para o apartamento onde estou hoje. "Pra variar", saía de um relacionamento mal sucedido. O refrão de "What’s Really Happening" dizia: "What’s really happening / What tore us apart". O primeiro verso quer dizer "o que está realmente acontecendo". Já o segundo, literalmente, significa "o que nos rasgou e dividiu", algo assim, mas os significados podem ser muitos. Alguns aproveitaram o gancho para escrever sobre a confusão do mundo e seus conflitos. Mas eu, em minha situação, interpretei "what tore us apart" como "o que nos separou". Escrever poesia e letra de música não era novidade para mim, embora eu estivesse um tanto "enferrujado". Sempre tive boa noção de métrica, ao contrário de certos concorrentes que pareciam nem ter ouvido a melodia. Por isso acredito que Bowie tenha analisado todas as letras: algumas podiam ser descartadas no primeiro verso. Sem contar os que entenderam "three verses" como "três versos" e compuseram três linhas. Mas havia um desafio adicional, que era o de compor em inglês. A minha letra saiu assim:

Life goes on outside my room
Nothing happens here
The computer and the net
Bring the whole world near
Even though there’s plenty there
Sites and sounds for all
I just browse an empty page
Staring at the wall

I stay idle for a while
In my lonely game
The screensaver of my mind
Starts to flash your name

I rebuilt my world for you
Show me some respect
How I wish the phone would ring
As I disconnect

Escrevi "sites and sounds" (sites e sons) para fazer um trocadilho com a expressão "sights and sounds" (visões e sons). Sei que Bowie dificilmente gravaria uma letra assim, simples e falando sobre o fim de um relacionamento. Vi algumas letras realmente boas de outros concorrentes, inclusive a Carol, do blog Sofística. A princípio, a idéia era mostrar as letras na BowieNet de forma aleatória e deixar a votação a cargo dos internautas. Mas logo surgiu suspeita de fraude, pois alguns concorrentes conseguiram acumular números absurdos de votos em questão de horas. A escolha passou a ser só do Bowie. De tempos em tempos, um novo grupo de letras era pré-selecionado e colocado numa lista que chegou a ter pouco mais de 100 candidatos. Se não me engano a minha letra entrou na última leva. A da Carol eu lembro que foi escolhida antes.

Muitos fãs que me conheciam de nome dos grupos de discussão sobre Bowie elogiavam minha letra, mas eu achava que fosse apenas por cordialidade. Fiquei realmente lisonjeado quando um deles postou uma mensagem arriscando um palpite sobre quais seriam os vencedores. Ele achava que eu ficaria em segundo lugar. Lógico que fiquei na torcida e, por algum tempo, tive esperança de vir a ser parceiro de Bowie, ir a Nova York e tal. Depois de muito suspense, os vencedores foram anunciados. Nem eu nem a Carol ganhamos. Os vitoriosos eram todos americanos, o que me deixou um tanto suspeito. A letra preferida minha e de vários outros fãs havia sido escrita por um irlandês e sequer ficou entre as premiadas. A BowieNet tem sua sede nos Estados Unidos e seria problemático premiar estrangeiros. Seja como for, alguns dias depois foram divulgadas quatro menções honrosas. A notícia completa do resultado do concurso foi assim redigida em um informativo preparado por fãs:

- The winners of the songwriting contest have been announced. The overall winner is Alex Grant. The four main runners up were:

1. Scott Nellis
2. Michael Solem
3. Bob DeVore
4. Jane Gilmartin.


In addition, though not strictly speaking prizewinners, Bowie singled out the creator of The Bowie Remix/Recreation Project website (http://members.aol.com/bowieremix/) for a Special Creativity award for going "above and beyond", and also the following

1. Dara O Kearney
2. Emilio Pacheco
3. Toshiya Takaoka
4. Hannah Aki Hawkins


for their outstanding contributions.

Ou seja: o grande vencedor foi Alex Grant, que foi até Nova York acompanhar a gravação da música da qual se tornara parceiro. Bowie incluiu "What’s Really Happening" em seu CD hours..., de 1999. Mas as quatro menções honrosas anunciadas posteriormente poderiam significar que minha letra ficou entre as nove melhores. Ou a sétima melhor, se a numeração for tomada ao pé da letra. Eu adoraria pensar assim, mas não consigo ter certeza. Dara O’Kearney é o irlandês que citei antes e a letra dele era realmente ótima. Mas não posso dizer o mesmo dos versos de Hannah Aki, que parece ter sido escolhida apenas por sua popularidade nos sites de Bowie na Internet. E como na época eu também participava bastante nos grupos de discussão, contribuindo com opiniões e informações, é possível que a menção honrosa tenha sido uma deferência especial a um fã devotado de um país estrangeiro. Não sei. Só sei que, para todos os efeitos, ganhei menção honrosa num concurso em nível mundial com uma letra em inglês. E isso ninguém me tira.

segunda-feira, março 28, 2005

Desvendando o "Quase"

Em sua coluna de quinta-feira, Luis Fernando Verissimo abordou a questão dos textos falsamente atribuídos a ele. E fez especial menção ao “Quase”, que os fãs mais atentos sempre souberam que não é dele, mas era a crônica preferida dos desatentos. Menos mal que agora os teimosos estão sendo obrigados a admitir que estavam errados o tempo todo. O que motivou Verissimo a escrever sobre isso foi uma gafe internacional: em Paris, entregaram-lhe um belo volume com textos de autores brasileiros diversos traduzidos para o francês. Dele, incluíram o “Quase”.

Mesmo antes de Verissimo publicar essa crônica, a autoria do “Quase” já havia sido reivindicada pela estudante de Medicina Sarah Westphal, de Florianópolis. Sarinha, como é conhecida no Orkut, diz que escreveu o texto no tempo do cursinho pré-vestibular. E que a inspiração foi um rapaz que quase a namorou. Depois, enviou sua criação por e-mail para amigas. E como Verissimo diz, ao final de sua coluna de quinta-feira, que gostaria de conhecer o verdadeiro autor do texto, Sarinha já tomou todas as iniciativas para que o seu nome chegue às mãos do autor de “O Analista de Bagé”. A torcida no Orkut é para que haja realmente um encontro entre os dois, devidamente documentado em reportagem com fotos.

O “Quase” faz sucesso entre os internautas por misturar elementos de estilo do verdadeiro e do falso Verissimo. O verdadeiro muitas vezes esmiuçou significados de palavras e expressões, como em “O outro” (quem é esse “outro” de que tanto se fala?), “A coisa” (que “coisa” é essa afinal) e “Aquele lugar” (quando se manda alguém para “aquele lugar”, isso é onde, mesmo?). O “Quase” segue essa linha, com frases precisas e bem redigidas. No entanto, é permeado o tempo todo por um cunho romântico e otimista que descarta a hipótese de ser realmente do Verissimo. Mas, infelizmente, existe uma gama de textos com esse tom circulando na Internet como se fossem dele. Daí dizer que o “Quase” mistura o Verissimo verdadeiro e o falso.


Para que se faça justiça, o ideal seria que Sarinha Westphal transformasse o limão em limonada e se lançasse como cronista. Afinal, se o estilo agradou, não haverá de ser a revelação da verdadeira assinatura que fará diferença para o público que já é seu fã e não sabe. Ela diz que já descobriu como entrar em contato com Verissimo e que isso deverá acontecer nesta semana. Vamos torcer e ficar atentos.

sábado, março 26, 2005

Páscoa

A figura do Coelho da Páscoa sempre me foi confusa na infância. Quando minha mãe me falava no Papai Noel que vinha de helicóptero e deixava os presentes na sacada, eu entendia perfeitamente. Mas o que era o Coelho da Páscoa? Um coelho com pernas e roupa de ser humano que trazia os ovinhos? Eu realmente não entendia. Talvez por isso, possa dizer, com segurança, que o Coelho da Páscoa "nunca me enganou".

Mas minhas Páscoas eram ótimas. Eu não ganhava apenas ovos de chocolate, mas presentes, também. A Páscoa era um "mini-Natal". Lembro de uma em especial em que ganhei um helicóptero de brinquedo, um brinquedo de sobrar uma bola de isopor do pé para o joelho e a cabeça de um jogador de plástico (inspirado no Pelé) e também um quebra-cabeça apenas de feitios, sem formar a imagem de nada. E naquele ano passamos o domingo de Páscoa nos Caixeiros Viajantes, dos quais meus pais eram sócios e eu, dependente.

Na vida adulta a Páscoa continuou a ter algum significado. Não se explicar bem. Esta época do ano, entre março e maio, sempre traz novidades boas. Pelo menos eu gostaria de pensar assim. O que é da vida, com todos os seus problemas, sem uma boa dose de otimismo?

Não sei o que está guardado para mim em meu ovo de Páscoa virtual. Mas tenho aqui comigo os meus desejos.


A todos os que visitam o meu blog, aos que fazem o contador aumentar e aos que deixam mensagens, Feliz Páscoa! Muitos ovos, muito chocolate e muitos renascimentos. Se Cristo renasceu, que os sonhos renasçam com Ele!

quarta-feira, março 23, 2005

Egoísmo burro

Hoje fiz papel de antipático. Eu estava entrando num elevador juntamente com mais duas pessoas. Aí vieram mais duas em seguida. Não gosto de entrar em elevador muito cheio. Sei que não é a regra, mas se ele resolve trancar, fica todo o mundo espremido além do tempo previsto, respirando um ar rarefeito. Alguém aí falou que eu tenho claustrofobia? Obrigado pela novidade. Seja como for, a porta estava se fechando quando se ouviu uma voz feminina gritando o tradicional “segura, segura...” Um dos ocupantes chegou a dizer que não dava pra entrar mais ninguém, mas a teimosa de plantão soltou um “dá, sim” e logo atrás dela veio outra também disposta a aproveitar a viagem. Aí pedi licença à copeira que estava na minha frente e saí, dizendo em alto e bom som que me recusava a ficar em elevador muito cheio. Pra eles deve ter sido um alívio, mas fiquei com fama de intolerante.

Por falta de uma expressão melhor eu chamaria a isso de egoísmo burro. Ou quem sabe burrice egoísta. Ah, pra que esperar, vamos de elevador cheio, mesmo. Não vai acontecer nada. Existem outros casos. Por exemplo: você está dirigindo numa estrada de pista simples e, justamente numa curva ou num aclive, onde a faixa dupla indica que é proibido ultrapassar, aparece um espertinho em velocidade maior do que a permitida querendo passar por você de qualquer jeito. Se surgir um carro na contramão, vão os três. Mas ele não pensa nisso, só está preocupado em ultrapassar esse babaca que ainda observa limite de velocidade.

A chamada “Lei do Gérson”, no fundo, é uma tremenda burrice. Todos saem perdendo.

terça-feira, março 22, 2005

Os sonhos e as surpresas

Vocês já tiveram sonho com enredo? Eu tive um anteontem. Quando digo enredo, quero dizer trama, como de filme, com suspense, viradas inesperadas, princípio, meio e, talvez, um fim. Digo talvez porque raramente um sonho tem fim – e não só no sentido metafórico. Se tivesse, haveria o desfecho, possivelmente um epílogo e aí a gente acordaria. Na prática, quase sempre acordamos antes. Ainda mais quando aparece uma situação complicada. Aí, algum dispositivo de emergência nos avisa que nada daquilo está acontecendo e a solução é abrir os olhos. Não sei vocês, mas eu, quando acordo de um sonho em que me meti em encrencas, ainda fico alguns segundos me convencendo de que não foi verdade.

Mas o que mais me intriga nos sonhos com enredo são as surpresas. Explicando melhor: na vida real as surpresas acontecem por fatores externos. Se você encontra alguém na rua de forma inesperada, é porque a pessoa estava ali. Se alguém vem visitá-lo sem avisar antes, foi a iniciativa do visitante que ocasionou o fato. Já na ficção, como livros, filmes e novelas, as surpresas são premeditadas pelos autores. Só são realmente surpresas para os leitores ou espectadores. Foi tudo planejado pelo escritor. Mas quem prepara as surpresas nos sonhos? A gente mesmo? Como podemos ser surpreendidos por algo que saiu da nossa própria cabeça?

Imagine a cena. Você sonha que está chegando em alguma cidade. De repente, aparece um amigo que você não via há tempos, alguém que nem é freqüente no seu dia a dia. E você fica surpreso. Ora, quem colocou aquela pessoa no seu sonho? E por quê? Ou então, você está almoçando tranqüilamente num restaurante. Súbito, aparecem três homens armados e avisam que é um assalto. Se você soubesse que aquele restaurante seria assaltado, não estaria ali, correto? Mas você não sabia e foi surpreendido. E, no entanto, é tudo um sonho. Sua própria cabeça criou os assaltantes.


Já ouvi falar de compositores que sonham que ouvem uma música inédita num show ou no rádio e depois acordam com a canção pronta. E a sensação que têm é a de que não criaram nada, apenas conheceram uma composição alheia e a ganharam de presente, sem nenhum esforço. O mesmo deve acontecer com poetas e ficcionistas. Nosso cérebro é literalmente uma caixinha de surpresas. Que imaginação fantástica a nossa que cria histórias de suspense para surpreender a nós mesmos. Não deve ser assim tão simples, devem existir roteiristas secretos escrevendo enredos para os nossos sonhos. A gente não descobre quem é porque sempre acorda antes dos créditos finais.

segunda-feira, março 21, 2005

Outra recomendação

Passei a minha vida inteira tentando escrever como o Luis Fernando Verissimo, mas a blogueira Tatiana Cunha conseguiu muito mais depressa. E com um tema bem pertinente: os textos falsamente atribuídos ao escritor. Leiam todos "O fã do Verissimo". Imperdível!

Originalidade

Um dia vou me divertir vendo quantos testemunhos ("testimonials") encontro no Orkut que começam assim: "O que dizer do Fulano (ou da Fulana)?"

Recomendação

Até parece sincronia. Leiam o que a Carol Patrocínio escreveu no blog dela sob o título “Minha primeira escolha estranha”. Tem tudo a ver com o meu texto abaixo, no qual ela também colocou um comentário muito pertinente. Aos poucos, vejo que me faço entender. E que não estou sozinho em minha opinião.

Ah, mulheres...

Ontem recebi um e-mail de uma amiga que diz gostar do meu blog, mas acha que devo ter alguma mágoa com as mulheres. E isso depois de eu ter feito toda aquela homenagem no Dia Internacional da Mulher. É claro que tudo o que eu escrevo se baseia em minhas experiências. Já tive, sim, decepções com mulheres. Mas não deixei de adorá-las, como acho que ficou claro naquele meu comentário. Agora, algo que realmente me intriga é que nenhuma mulher afirma que gosta de cafajestes. Ou que não quer um relacionamento sério. Claro que algumas estão falando a verdade, mas todas dizem a mesma coisa. Pelo menos num primeiro momento.

As poucas mulheres que conheci que admitiram um certo fascínio pelos maus tratos, o fizeram nas entrelinhas, de forma dissimulada. Há muitos anos uma amiga minha me disse textualmente: “No início eu não gostava muito do meu noivo, mas aí ele começou a me fazer umas sacanagens e eu passei a gostar.” (Pra quem não é gaúcho, aqui “sacanagem” quer dizer sujeira, no sentido de aprontar uma sujeira para alguém. Não é o que vocês estão pensando. Do contrário eu não ficaria surpreso com o que ela disse!) Isso foi quando eu era bem jovem e estava nos meus primeiros namoros. Perguntei a ela se achava que eu deveria fazer o mesmo com minha namorada e ela respondeu: “Não, não faz isso, não. Não é legal”. Vai entender. Já outra amiga, na mesma época, me aconselhou a não comparecer num encontro marcado, para dar uma demonstração de superioridade. Explicou-me que um ex-namorado havia feito isso com ela uma vez e “isso prende”.

Não faz muito tempo que David Coimbra escreveu uma crônica intitulada “Elas preferem os cafajestes”. Foi publicada na Zero Hora. Peguei aquele texto e repassei para alguns amigos, pois me identifiquei muito com ele. Quase perdi uma amiga por causa disso, pois ela se ofendeu e chegou a me dizer que, se meus namoros não estavam dando certo, é porque eu estava me envolvendo com as mulheres erradas. Justiça se faça a essa moça, que é casada e feliz com seu marido. Esses viverão felizes para sempre e terão muitos filhos, como nos contos de fadas. Mas até prova em contrário, não considero que situações assim sejam maioria.

O que eu observo é que, para algumas mulheres, amar e sofrer andam juntos. São dois lados da mesma moeda. Mas elas próprias não notam. Sonham em mudar para melhor os homens que amam sem perceber que, sem o lado perverso, eles não se tornariam tão atraentes. A cantora Vanusa, uma notória feminista, conta em sua autobiografia que se envolveu com homens problemáticos, muitos deles alcoólatras. Quando encontrou um parceiro correto, que a tratava bem, casou-se com ele de véu e grinalda. Até aí, tudo está coerente. Mas mais adiante ela comenta que “a vida com ele era monótona” e por isso o casamento não deu certo. E no final encerra o livro com um discurso feminista, “o mundo é masculino” e blá blá blá.

Já o caso do leitor que foi citado na coluna de Paulo Sant’ana é um pouco diferente. Ele reclamava que as mulheres não querem compromisso sério. Acho que essa é outra situação em que elas próprias pensam que querem uma coisa, mas querem outra. Dizer que querem compromisso, todas dizem. Mas quando a chance surge, vêm os questionamentos. Peraí, esse cara vai querer me ver todos os dias? Vai querer estar sempre comigo? Vai querer morar comigo? E então percebem que não estavam preparadas algo que parecia bem mais simples na teoria.

Eu sei que existem mulheres que realmente gostam de homens bons. Sei também que muitas sonham em reconstruir sua vida num relacionamento de verdade, como um casal. Mas se você é uma delas, não pense que todas são iguais a você. Não são. Pensam que são. E o que eu não consigo entender é essa disparidade entre o que as mulheres dizem e o que demonstram. A coluna do Sant’ana mais alguns depoimentos que tenho lido na Internet confirmam que o problema não é comigo, é geral. Nunca quis ofender ninguém com o que escrevi, repito que adoro as mulheres. Agora, que vocês são complicadas, são. Ainda que não admitam.

sexta-feira, março 18, 2005

Mensagens repetidas

Dependendo do horário em que vocês acessam este blog, podem encontrar mensagens repetidas. Agora mesmo essa "Não fui eu" apareceu quatro vezes, como se eu estivesse desesperado em tirar o corpo fora de alguma acusação grave. É que o Blogspot de vez em quando falha quando tento postar uma mensagem. Vou olhar e realmente o texto não entrou. Aí tento de novo várias vezes até que de repente funciona. Mas aí descubro que todas as minhas tentativas anteriores tinham ficado presas num "limbo virtual" e são desafogadas de uma vez só. Vou prestar mais atenção nisso. Na maioria dos casos, não há necessidade de digitar tudo de novo, basta "destrancar" a mensagem. Agora, que é um saco, é.

Não fui eu

Hoje um colega me perguntou se fui eu quem escreveu a mensagem que o Paulo Sant'ana cita na coluna dele, na Zero Hora. Não fui. Eu não costumo freqüentar a noite. Fora isso, faço minhas as palavras daquele leitor. As mulheres fogem cada vez mais de um relacionamento sério.

quinta-feira, março 17, 2005

Autor falso, pensamento verdadeiro

Um dia fui buscar meu filho na casa de minha ex-esposa. A separação era recente e ainda havia um clima de mágoa no ar. Na cozinha ela havia colocado um mural onde aparecia um cartão com os seguintes dizeres:

Amo a liberdade, por isso todas as coisas que amo deixo-as livres. Se voltarem é porque as conquistei, se não voltarem é porque jamais as possuí.

Eu não tive dúvidas do porquê de ela ter se identificado com a citação. Aquilo era para mim. Jamais esqueci o texto nem o autor a ele atribuído: Charles Chaplin. Mas hoje, depois de constatar tantas falsas autorias circulando pela Internet, me pergunto: esse pensamento é mesmo do Chaplin?

Se deveras tivesse sido o genial ator do cinema mudo quem criou esses dizeres, não deveria ser difícil localizar o original em inglês. Uma rápida busca no Google encontrou o seguinte:

If you love someone, let them go. If they return to you, it was meant to be. If they don't, their love was never yours to begin with.


De cara, percebe-se que o pensamento em português não é uma tradução, mas uma adaptação. Por outro lado, uma tradução muito literal poderia tirar o impacto do texto. Por exemplo: “Se você ama alguém, deixe-os ir. Se retornarem para você, é porque era para acontecer. Se não, o amor deles nunca foi seu, pra começar.” Mesmo assim, duas coisas me chamaram a atenção em minha pesquisa. Primeiro: em lugar nenhum está escrito “amo a liberdade”. Segundo: em todos os sites onde encontrei a citação, constava “autor desconhecido”. Por tudo isso, e pelas experiências que já tive, prefiro decretar que esse texto não é de Chaplin até prova em contrário.

Mas, como dizem aqueles internautas mais insistentes quando descobrem uma autoria falsa, “pode não ser do Chaplin, mas é bonito”. E verdadeiro. É inútil tentar “reivindicar” uma importância maior na vida de alguém. Tem que deixar rolar. Às vezes o coração grita “fica, fica”, mas por fora, temos que deixar que as pessoas tomem suas próprias decisões. E se não for a que gostaríamos, temos que aceitar que “não era para ser”.

terça-feira, março 15, 2005

O mito dos CDs piratas

Recebi um folheto do Sindilojas, de Porto Alegre, combatendo CDs piratas. O texto tenta convencer que os disquinhos em questão danificam o CD player. Como? Gastam mais depressa a agulha? Sujam o cabeçote? Não, é claro. Segundo o folheto, “a cada dez aparelhos de som que tocam CD pirata, 5 estragam o leitor óptico”. Ainda não consegui entender como isso acontece, mas o alerta continua:”Vale a pena comprar um CD pirata por R$ 5,00 e depois gastar mais de R$ 200,00 para consertar o seu aparelho de som? Quer dizer que você economiza de um lado e gasta muito mais por outro.” Considerando que não é muito difícil sugestionar o público, talvez o blefe até produza algum resultado. Sempre que um CD player estragar (ou “quebrar”, pra quem não é gaúcho), o dono ficará com dor na consciência: “Deve ter sido por causa dos CDs piratas. Bem que me avisaram.”

O problema é que nem todos os consumidores são filhos da Dona Irene. Foi minha mãe que, indiretamente, me ensinou a valorizar e conservar um produto original. No tempo dela não existiam CD-Rs, mas havia livros. E lembro da insistência dela comigo: livro não se risca, livro não se recorta, livro não se rasga. Livro é jóia e deve ser conservado. Com isso, ela conseguiu me incutir a idéia de que o livro não era valioso apenas pelo conteúdo, mas pelo objeto em si. Uma capa rasgada ou um rodapé rabiscado podiam não interferir na leitura, mas depreciavam o item como um todo.

Essa mentalidade eu estendo para os CDs. E acho que, se a indústria tem alguma esperança de combater a pirataria, deveria tentar investir nessa lógica em vez de criar mitos. Eu olho para minha coleção de CDs e fico imaginando que feia ela seria se, em vez daquelas capinhas nítidas e coloridas, lá estivessem aqueles inconfundíveis xerox borrados e esmaecidos. E se, na hora de tirar algum deles da caixinha, saísse um CD-R com aquele reflexo horroroso com tom predominante esverdeado. Tem gente que nem dorme direito se o carro sofrer um arranhãozinho. Limpa obsessivamente cada cantinho da sala. Mas compra CDs piratas.


“CD Pirata – A próxima vítima será seu aparelho de som.” Esse é o título do folheto em questão. Se é para investir em lendas, poderiam ter sido mais originais. Inventar, por exemplo, que CD-Rs atraem vibrações negativas. Dizer que os últimos ganhadores da Mega-Sena nunca usaram CDs piratas. Ou que o CD-R reflete o facho de laser de forma inadequada e isso pode causar câncer. Não, isso não assusta o suficiente. Impotência sexual! Isso! CD pirata faz brochar! Espalhem! Depois quero a minha comissão de marketing.

segunda-feira, março 14, 2005

Pensamento da hora

Você se torna eternamente responsável por tudo aquilo que cativa.

Epa! Essa frase não é minha!

Ah, tudo bem. Também não sei se você é minha.

Ainda o caso Chico

Depois de ler mais algumas matérias sobre o caso da mulher que foi fotografada com Chico Buarque, sinto ainda mais pena do marido traído. Todas as pessoas ouvidas procuraram inocentar o Chico, dizendo que ele é um homem livre e, se alguém está errando, é a moça. Não houve uma só palavra de solidariedade à real vítima desse episódio todo, o marido, exceto da pessoa mais óbvia para apoiá-lo, que foi a mãe dele. Ou seja: Chico Buarque pode tudo. Ele é o Chico.

Há quem me ache um tanto radical nessas questões, mas sou da opinião que, numa situação de traição, o único inocente é o traído. Não importa que um dos outros dois não seja comprometido: está conivente com a prática. Não adianta querer se eximir. Mulher que vai pra cama com homem casado, homem que vai pra cama com mulher casada, são todos cúmplices de uma atitude condenável.

Faça-se, no entanto, uma ressalva. Quando um homem e uma mulher se sentem atraídos a ponto de querer mais do que uma aventura, não há laços que impeçam. Digamos, se Chico e a tal moça estiverem realmente apaixonados um pelo outro, é errado assumirem a relação? Acho até que seria errado não assumir. Claro que uma história assim sempre causa sofrimento em quem acaba sobrando. Mas são situações inevitáveis: os famosos triângulos amorosos, que acontecem tanto na ficção quanto na vida real.

No caso de Chico, no entanto, não parece ser bem isso. Está com todo o jeito de ser aquela hipótese em que o homem se aproveita do seu carisma, de seu fascínio, para seduzir a mulher alheia por simples prazer. Claro que ela se entrega se quiser. Mesmo assim, não aprovo esse tipo de atitude. Seja de Chico Buarque ou de quem quer que seja. Com o casamento dos outros não se brinca. Se surgiu uma paixão de forma espontânea, aí é outra história. Mas a conquista da mulher alheia pelo simples desafio é muita baixaria.


Engraçado que todos estão citando letras de Chico Buarque para ilustrar o fato, mas até agora não vi ninguém lembrar da mais óbvia de todas: “Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz / e por trás dessa mulher, mil homens sempre tão gentis / por isso, para o seu bem / ou tira ela da cabeça / ou mereça a moça que você tem!”

domingo, março 13, 2005

Eu li!

"Matei vários coelhos com uma mesma caixa d'água."

Luana Piovani em entrevista a Roger Lerina para o caderno Donna ZH de hoje, na Zero Hora. Matou como, Luana, afogando? Não é muita crueldade? Ou vai dizer que foi o repórter que transcreveu mal?

quinta-feira, março 10, 2005

O corno

O assunto da hora é Chico Buarque e a morena com quem foi fotografado aos beijos na praia do Leblon. Se a moça em questão fosse livre, a notícia provavelmente não teria a mesma repercussão. Mas não: ela é casada. Ou seja, tem um corno na história! Aí a coisa se torna realmente interessante. Mais ainda porque o marido manifestou seu desejo de continuar com a esposa, apesar do incidente. Que figura perfeita para se expor ao ridículo: o homem traído que está disposto a perdoar! Só falta sair na rua com chapéu de viking e nariz de palhaço.

Já observaram como nunca uma mulher é chamada de “corna”? Essa palavra não existe no feminino. Nossa sociedade machista aceita com naturalidade que uma mulher seja traída. A infidelidade é considerada uma característica essencialmente masculina. Homem que não trai é até visto com desconfiança. E a mulher que perdoa recebe elogios por ser magnânima e compreensiva. Foi só um deslize, uma aventura. É normal. O importante é que ele é bom marido, trata bem os filhos, é bom pai de família e blá blá blá. Que mulher grandiosa a que sabe perdoar! É uma pessoa de valor.

Mas o homem traído não tem escolha. A pecha de corno lhe é imputada de forma automática, sem direito a defesa. É como se fosse ele o culpado pelo comportamento leviano de sua companheira. Ou porque não foi homem o bastante para ela, ou porque não soube controlá-la ou ainda porque não percebeu desde o início que estava se envolvendo com uma mulher vulgar. E se, mesmo ciente desse fato, resolver perdoar, não será chamado de compreensivo ou grandioso: passará ao estágio superior da ordem dos homens traídos, que é o de corno manso. Aquele que, mesmo sabendo que levou chifre, ainda ousa relevar em nome do amor.

Talvez vocês se perguntem se eu algum dia fui corno. Realmente não sei. Se é verdade aquele ditado de que o marido traído é o último a saber, seria mais fácil vocês perguntarem às minhas ex ou aos urubus que as cercavam. Mas confesso que teria uma dificuldade enorme de perdoar. Por isso mesmo, admiro quem consegue. São homens irreversivelmente apaixonados, que preferem suportar a zombaria a abdicar da presença de suas insubstituíveis parceiras. A dor da saudade lhes seria mais penosa do que a da ferida mal curada que os acompanhará pelo resto da vida, mesmo com a insegurança e o risco da reincidência. Homens assim seriam merecedores de louvor, por seu idealismo e amor incondicional. Em vez disso, ainda lhes sobra o rótulo de corno manso.

Aos cornos do mundo inteiro, a minha solidariedade. Vocês são heróis incompreendidos.

Terminais inúteis

Ainda não consegui entender para que servem os terminais de consulta espalhados pela Saraiva. O fato de uma busca ser bem sucedida não significa que o produto esteja em estoque. Se for só para confirmar que um CD, DVD ou livro “existe mesmo”, talvez seja para convencer os vendedores. Aí, em plena era da Internet, onde as lojas on-line entregam qualquer mercadoria em no máximo 48 horas, eles se saem com o anacrônico “podemos encomendar, leva X dias (geralmente 7, 10 ou 15)”. Ora, a era do “podemos encomendar” já devia estar encerrada há muito tempo. Se eu perco tempo me dirigindo até uma loja física, é com esperança de já sair com a compra em mãos. Certas burrices institucionalizadas me irritam.

quarta-feira, março 09, 2005

Gato por lebre

Irrita-me o fato de que algumas lojas de discos de Porto Alegre vendem gravações em CD-R presumindo que não fará diferença para o cliente. Para alguns talvez não faça, mesmo, mas para mim faz. Sempre lembro a analogia do filatelista, que não se interessa por xerox de selos. Eu sempre quero produtos originais. Abro exceções para discos raríssimos ou fora de catálogo, quando tenho curiosidade de conhecer o trabalho. Recentemente comprei uma cópia dos discos de Tim Maia da fase “racional” (aqueles que o filho dele, Carmelo Maia, anunciou que David Bowie estava interessado em gravar e a imprensa brasileira em massa publicou a barriga, pois quem realmente manifestou essa vontade foi David Byrne), mas de uma loja especializada em raridades, consciente do que estava comprando.

Acontece que existe uma loja entre as “normais”, que não lidam com raridades, vendendo CD-Rs como se fossem discos oficiais. Isso é que me dá nos nervos: não sei se o dono da loja é muito burro ou se faz de bobo pra passar bem, mas ele insiste que os CDs são de fábrica. Ora, quem não nota a diferença? Mesmo que o CD em si tenha um rótulo impresso bem bonitinho, o brilho é diferente. E os dados do CD-R aparecem de forma minúscula ao redor do orifício. Sem contar a capa, com aquele tom inconfundível dos xerox coloridos. Mas a prova de fogo seria tentar tocá-los em meu antigo DVD player, que não aceita CD-Rs. Será que o dono da loja aceitaria fazer o teste?

Não vou citar o nome, pois é uma loja onde um vendedor em particular sempre me atendeu bem. Ele geralmente sabe dizer se um CD é original ou não, mas hoje se atrapalhou, talvez por ter fugido do estilo de sua especialidade. Vi na vitrine o CD “Temas Gaúchos”, do Conjunto Farroupilha. Eu sei que esse disco já saiu em CD antes, mas estava fora de catálogo. Perguntei a ele se era CD-R e a resposta foi que não, que havia sido relançado oficialmente. Na contracapa realmente aparecia nome, endereço e telefone da suposta gravadora. Resolvi arriscar, até pelo interesse nas músicas. Ora, além de ter um som abafado, é um CD-R dos brabos. Tentei acessar o site da Internet que consta na contracapa e recebi aviso de que um programa executável estava sendo baixado. Cancelei na hora.

Essa mesma “gravadora” lançou outro CD-R do Conjunto Farroupilha com músicas que já haviam constado antes da coletânea “Presença de Conjunto Farroupilha” da CBS (hoje Sony Music) e algumas também no “Gaúchos em Hi-Fi”, relançado com excelente qualidade de som pela Savalla Records. É pirataria de nível de camelô sendo vendida em loja de prestígio. E, a julgar pela qualidade de som, as faixas foram convertidas de vinil. Pelo visto os "pirateiros" nem sabem que elas já saíram em CD antes. Com o perdão da expressão, que baita chinelagem!

terça-feira, março 08, 2005

As mulheres

Eu amo as mulheres. Não digo isso como quem tenta bancar o garanhão. Pelo contrário, quem me conhece sabe que sou homem de uma mulher só (ou até de nenhuma, conforme o caso). Mas tenho uma admiração explícita e assumida pelas mulheres e tudo o que elas representam. Além de serem uma fonte inesgotável de amor, carinho e apoio, ainda carregam nossos filhos dentro de si por nove meses, dão à luz, amamentam e, quando não procriam, menstruam uma vez por mês. Que sexo frágil, que nada! Algumas já descobriram a força que têm e fazem o que quiserem de um homem! O dia em que todas descobrirem, coitados de nós.

Certa vez eu escrevi aqui no blog que o feminismo é a raiva inconsciente que as mulheres têm de si mesmas por só gostar de cafajestes. Exageros à parte, eu realmente não entendo essa postura. Alguém já viu um chefe ou dono de empresa na fossa porque um empregado não corresponde? "Ah, o Fulano não está se esforçando. Não gosta mais da empresa." Claro que não! Demite e pronto! As mulheres deveriam simplesmente demitir os homens que não as respeitam. Enquanto os cafajestes tiverem "colocação no mercado", continuarão existindo. Não estou transferindo para as mulheres a culpa pelo mau caráter de alguns homens. Mas elas deveriam simplesmente rejeitá-los. E depois, concordam comigo que só existe traição se houver outra mulher conivente? Então...

Quanto ao lado da sexualidade, nós, homens, não temos culpa desse instinto que nasce conosco. Olhamos para uma mulher e gostamos de tudo, da sola do pé ao último fio de cabelo. Mas nada é mais fascinante do que conhecer uma mulher como um todo, sua personalidade, seu sorriso, sua maneira de ser, e se apaixonar por inteiro. Vocês acham que sofrem pelos homens? Se isso serve de consolo, muitos homens sofrem por mulheres também.

Aliás, seria a hora de os homens e as mulheres fazerem um pacto. Afinal, se um precisa do outro, que rivalidade é essa? Por que esse joguinho de dominar ou ser dominado? Chega de sofrimento! Vamos nos entender! Eu sei que sou idealista e sonho com coisas que, na prática, são difíceis de conseguir. E, cá entre nós, como vocês, mulheres, são complicadas! Quanto mais eu as conheço, menos eu as entendo. E mais eu me fascino. Talvez seja essa personalidade imprevisível que deixe os homens literalmente enlouquecidos.

Não vou chegar ao exagero de dizer, como Vinicius de Moraes, que "a beleza é fundamental". Até porque, graças a Deus, esse é um conceito subjetivo. E a beleza muitas vezes vem de dentro. Eu, por exemplo, não gosto de mulheres muito magras, mas alguns amigos meus adoram. Eu tenho um fraco por mulheres próximas de minha faixa etária ou até mais velhas, enquanto outros preferem as garotinhas. Gosto de mulheres maduras e inteligentes. Mas acho que as bonitas nunca deveriam ficar tristes. Não que as feias devessem, mas quem nasceu com um sorriso bonito não poderia fechar a cara jamais, pois estará renunciando a uma missão. É até uma atitude egoísta sonegar ao mundo o brilho de um belo sorriso.

Então hoje é o Dia Internacional da Mulher. Por que só hoje? Por mim elas mereceriam ser homenageadas sempre. Lembro quando, na Faculdade de Jornalismo, estávamos buscando um tema para um trabalho de vídeo. Alguém sugeriu "a mulher". Uma colega disse: "ah, esse tema da mulher já está manjado." Na hora eu respondi: "pode ser manjado, mas ainda não inventaram coisa melhor."

Coisa? Desculpe, essa foi sem querer. Juro que foi. O que eu quis dizer é que as mulheres valem mais do que tudo, seja vivo ou inanimado. Continuem assim, lindas e maravilhosas. Se encontrarem homens ruins, é só descartá-los. Se encontrarem homens bons, não sejam cruéis, não descarreguem neles o que os ruins fizeram pra vocês. E não interpretem mal alguma frase mais irônica que eu soltar de vez em quando. Já escrevi coisas bem machistas aqui no blog, mas era tudo brincadeira. Eu costumo tratar as mulheres com carinho e respeito. Não sei se é bem isso que vocês esperam de um homem, mas é o meu jeito.


Feliz Dia Internacional da Mulher. Adoro vocês!

sexta-feira, março 04, 2005

A força da Internet

A revolução da Internet é algo absolutamente fabuloso. Vejam o que os e-mails conseguiram fazer com a proposta de aumento dos salários dos parlamentares. A pressão fez efeito. Surgiu de forma espontânea, cresceu, agigantou-se e obteve o resultado esperado. O brasileiro é sem dúvida um dos povos mais “internéticos” do planeta. A rede criou um canal livre que caiu como uma luva para o espírito espontâneo e comunicativo de nossa população. Sem necessidade de passaporte, de vistos, de caras passagens aéreas e hotéis, os brasileiros viajam aos quatro cantos do mundo por esse tapete mágico que é a Internet. Nunca o povo brasileiro teve tanta voz.

Mas mais do que isso, alguém lembra da última vez em que o povo conseguiu um resultado assim tão concreto em suas manifestações? A queda de Collor? Ah, não se iludam. Ali o povo sequer foi massa de manobra, foi apenas claque. As eleições diretas? A queda do AI-5? Nesses episódios eu até diria que a participação popular teve sua importância, mas bem menor do que gostaríamos de acreditar. A República foi proclamada pelo Exército, não pelo Partido Republicano. Já a Independência foi proclamada pelo filho do Imperador de Portugal. E se houvesse Internet naquela época, como teria sido?

O poder de comunicação da Internet é mesmo incrível. A única barreira é a do idioma. Eu consigo me comunicar em português e inglês e vivi experiências novas, como discutir a Copa do Mundo com torcedores de outros países. De uma hora para outra, formou-se uma comunidade mundial de fãs de David Bowie, gente que nunca se viu pessoalmente, provavelmente nunca se encontrará, mas todos se conhecem de nome. E quando saiu o livro “Strange Fascination”, de David Buckley, contando a história de Bowie, parecia que estava sendo lançado por algum amigo do bairro, inclusive com citações da várias pessoas conhecidas na seção de agradecimentos. A televisão prometeu uma aldeia global, mas só quem conseguiu criar isso foi a Internet.

Pois a Internet conseguiu dar força política ao povo brasileiro de uma forma que antes só existia na fantasia da mídia. Desta vez foi pra valer e sem orquestração da imprensa. A Internet confundiu os papéis de emissor e receptor e decretou a democracia da legítima interatividade. Hoje você vai assistir a um show e antes de dormir mesmo já coloca no quadro de mensagens a sua opinião. E o artista provavelmente vai ler o que você escreveu. Uma verdadeira suruba comunicativa.

Eu costumo usar duas frases para definir a Internet. A mais simples é: a Internet tem tudo. A outra é: só não gosta da Internet quem não enxerga tudo o que ela tem para oferecer. Minha vida se divide entre antes e depois da Internet. O que não significa que eu não faça outras coisas e não procure aproveitar a vida. Se acontecer de eu ficar muito tempo afastado do blog, é porque estou curtindo a companhia de uma pessoa legal. Onde eu a conheci? Na Internet, é claro! Onde mais poderia ter sido?

quinta-feira, março 03, 2005

Bom dia!

Passaram bem a noite? Espero que sim.

terça-feira, março 01, 2005

O Verissimo da Internet

Eu sei que já comentei o assunto das falsas autorias várias vezes por aqui, mas desta vez quero dar um enfoque mais específico. É que a situação em torno do nome de Luis Fernando Verissimo é mais grave do que eu imaginava. Foi o que constatei nas comunidades do Orkut, do Gazzag e em diversos sites particulares na Internet. Casos como os de Ziraldo, Arnaldo Jabor, Vinicius de Morais, Herbert Vianna, Mário Quintana, Fernando Pessoa e outros são exemplos isolados que logo foram esclarecidos. Claro que os e-mails com autoria indevida persistem, mas são logo desmascarados. Já Verissimo está sendo clonado. Está surgindo um novo Luis Fernando Verissimo, virtual, totalmente falso, mas com um número cada vez maior de admiradores.

Em algumas crônicas até se entende a falsa atribuição. "Tipo Assim", de Kledir Ramil, é de todas a que mais se aproxima do estilo do mestre. O que não é surpresa, pois Kledir consignou sua admiração por Verissimo ao compor e gravar "O Analista de Bagé" com o mano Kleiton em 1982. É uma influência clara e assumida. Já "Diga Não às Drogas", cujo verdadeiro autor desconheço, é uma imitação barata do humor de Verissimo. Quem conhece bem o seu modo de escrever sabe que ele jamais emite juízo de valor exceto na política e no futebol. Em outros assuntos, evita polemizar desnecessariamente, até para não decepcionar fãs. Esse texto critica a música sertaneja de uma forma que Verissimo nunca faria. Por fim, "Um dia de Merda", com seu deboche escrachado e farto uso de palavrões, também não poderia ser autêntico. Mas pelo menos é um texto de humor.

Nos três exemplos citados, até percebem-se influências de fortes a moderadas do verdadeiro Luis Fernando Verissimo. Até aí, nada tão surpreendente. Ocorre que, de uma hora para outra, começaram a colocar na conta dele textos que nada têm a ver com sua escrita. Sabem aquelas mensagens de otimismo que antigamente circulavam em forma de cartão ou apresentação em Power Point e quase sempre terminavam com "Autor Desconhecido"? Pois agora o autor ganhou nome: Luis Fernando Verissimo! Alguém encasquetou que o nome e a imagem de Verissimo combinavam com aquele romantismo messiânico e piegas e ele passou a ser creditado como autor de quase todas essas crônicas ou poemas. Muitos jovens tomaram conhecimento do nome dele através dessas atribuições indevidas e passaram a admirá-lo. Com isso, o falso Verissimo ganhou uma obra, criou um estilo e conquistou fãs! Isso é grave, gente!

Na comunidade de Verissimo no Orkut, justiça se faça ao moderador Elson, que conhece bem o seu ídolo e passa a maior parte do tempo excluindo mensagens indevidas. Nas enquetes de "melhores textos" do escritor, os mais citados são sempre os falsos. O campeão é o "Quase", cuja verdadeira autoria já foi reivindicada por uma estudante de Medicina. Seria temerário afirmar que o Verissimo virtual tem mais fãs do que o verdadeiro, mas que os mal-informados são mais atuantes na Internet, disso não há dúvida. Na comunidade do Gazzag e sites independentes, abundam citações e transcrições totalmente equivocadas:

"O certo mesmo é que temos que viver cada momento, amando, chorando, sorrindo, emocionando..."

"Acredito que o status de cafona surgiu porque a grande maioria das pessoas nunca teve a oportunidade de viver um grande amor."

"Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado."

"Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido."

"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós."

"Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

Cada uma dessas citações foi colhida de um texto diferente, todos atribuídos a Luis Fernando Verissimo. Tá, eu sei, são frases bonitas. Mas quem realmente conhece o estilo dele lê isso aí e não sabe se ri ou chora. Porque, como foi dito no começo, a situação fugiu de controle. O falso Verissimo ganhou identidade própria. As pessoas se dizem fãs dele com base nos textos errados. Podem ver que há um estilo comum entre eles, um tom romântico, poético e otimista. A geração Internet pensa que esse é o verdadeiro Luis Fernando Verissimo. E com base nessa admiração virtual por um escritor que não existe, se inscreve em comunidades, cria sites, cita textos e propõe discussões. De vez em quando aparece alguém para dizer "esse texto não é dele", sem saber que os demais do site também não são.

O mais assustador é que tudo isso está ocorrendo enquanto o prejudicado ainda está vivo para se apresentar e desmentir as falsas escrituras. Imaginem o que não acontecerá depois, quando ele não estiver mais entre nós. Sua história será inteiramente reescrita. Alguns, heroicamente, tentarão preservar sua memória:

- A frase "que seja infinito enquanto dure" não é do Verissimo! É do Mário Quintana!
- Quintana? Mas não é o estilo dele! Não foi o Quintana quem escreveu aquele poema da pedra no meio do caminho?
- Não, o outro famoso do Quintana é aquele que diz "ah, mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não uma solução".
- Então quais os textos mais conhecidos do Luís Fernando Verissimo?
- Ah, tem o "Quase", "Dar Não é Fazer Amor", "A Felicidade Pode Demorar"... Geralmente ele escrevia crônicas sensíveis e românticas, mas às vezes fazia humor também, como em "Um Dia de Merda".
- Legal, onde posso achar esses textos?
- Estão todos na coletânea "Textos Preferidos de Luis Fernando Verissimo", que acaba de ser lançada.

Brincadeiras à parte, encontrei dois sites confiáveis sobre Verissimo na Internet:

http://portalliteral.terra.com.br/verissimo/index.htm
http://www.consciencia.net/opiniao/verissimo.html

De resto, a regra geral é: se chegou por e-mail, não é dele!

Ilustração equivocada

A Zero Hora sempre ilustra matérias sobre vistos americanos recusados com a imagem de um carimbo no passaporte onde se lê: "Application Received". Ora, o que isso quer dizer é: "Solicitação Recebida"! Todos os passaportes com solicitação de visto americano recebem esse carimbo!

Mais um

Encontrei outro pleonasmo interessantíssimo: "Estágio final de conclusão." A menos que a fase de conclusão se subdivida em estágio inicial, estágio intermediário...