segunda-feira, março 14, 2005

Ainda o caso Chico

Depois de ler mais algumas matérias sobre o caso da mulher que foi fotografada com Chico Buarque, sinto ainda mais pena do marido traído. Todas as pessoas ouvidas procuraram inocentar o Chico, dizendo que ele é um homem livre e, se alguém está errando, é a moça. Não houve uma só palavra de solidariedade à real vítima desse episódio todo, o marido, exceto da pessoa mais óbvia para apoiá-lo, que foi a mãe dele. Ou seja: Chico Buarque pode tudo. Ele é o Chico.

Há quem me ache um tanto radical nessas questões, mas sou da opinião que, numa situação de traição, o único inocente é o traído. Não importa que um dos outros dois não seja comprometido: está conivente com a prática. Não adianta querer se eximir. Mulher que vai pra cama com homem casado, homem que vai pra cama com mulher casada, são todos cúmplices de uma atitude condenável.

Faça-se, no entanto, uma ressalva. Quando um homem e uma mulher se sentem atraídos a ponto de querer mais do que uma aventura, não há laços que impeçam. Digamos, se Chico e a tal moça estiverem realmente apaixonados um pelo outro, é errado assumirem a relação? Acho até que seria errado não assumir. Claro que uma história assim sempre causa sofrimento em quem acaba sobrando. Mas são situações inevitáveis: os famosos triângulos amorosos, que acontecem tanto na ficção quanto na vida real.

No caso de Chico, no entanto, não parece ser bem isso. Está com todo o jeito de ser aquela hipótese em que o homem se aproveita do seu carisma, de seu fascínio, para seduzir a mulher alheia por simples prazer. Claro que ela se entrega se quiser. Mesmo assim, não aprovo esse tipo de atitude. Seja de Chico Buarque ou de quem quer que seja. Com o casamento dos outros não se brinca. Se surgiu uma paixão de forma espontânea, aí é outra história. Mas a conquista da mulher alheia pelo simples desafio é muita baixaria.


Engraçado que todos estão citando letras de Chico Buarque para ilustrar o fato, mas até agora não vi ninguém lembrar da mais óbvia de todas: “Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz / e por trás dessa mulher, mil homens sempre tão gentis / por isso, para o seu bem / ou tira ela da cabeça / ou mereça a moça que você tem!”