segunda-feira, março 21, 2005

Ah, mulheres...

Ontem recebi um e-mail de uma amiga que diz gostar do meu blog, mas acha que devo ter alguma mágoa com as mulheres. E isso depois de eu ter feito toda aquela homenagem no Dia Internacional da Mulher. É claro que tudo o que eu escrevo se baseia em minhas experiências. Já tive, sim, decepções com mulheres. Mas não deixei de adorá-las, como acho que ficou claro naquele meu comentário. Agora, algo que realmente me intriga é que nenhuma mulher afirma que gosta de cafajestes. Ou que não quer um relacionamento sério. Claro que algumas estão falando a verdade, mas todas dizem a mesma coisa. Pelo menos num primeiro momento.

As poucas mulheres que conheci que admitiram um certo fascínio pelos maus tratos, o fizeram nas entrelinhas, de forma dissimulada. Há muitos anos uma amiga minha me disse textualmente: “No início eu não gostava muito do meu noivo, mas aí ele começou a me fazer umas sacanagens e eu passei a gostar.” (Pra quem não é gaúcho, aqui “sacanagem” quer dizer sujeira, no sentido de aprontar uma sujeira para alguém. Não é o que vocês estão pensando. Do contrário eu não ficaria surpreso com o que ela disse!) Isso foi quando eu era bem jovem e estava nos meus primeiros namoros. Perguntei a ela se achava que eu deveria fazer o mesmo com minha namorada e ela respondeu: “Não, não faz isso, não. Não é legal”. Vai entender. Já outra amiga, na mesma época, me aconselhou a não comparecer num encontro marcado, para dar uma demonstração de superioridade. Explicou-me que um ex-namorado havia feito isso com ela uma vez e “isso prende”.

Não faz muito tempo que David Coimbra escreveu uma crônica intitulada “Elas preferem os cafajestes”. Foi publicada na Zero Hora. Peguei aquele texto e repassei para alguns amigos, pois me identifiquei muito com ele. Quase perdi uma amiga por causa disso, pois ela se ofendeu e chegou a me dizer que, se meus namoros não estavam dando certo, é porque eu estava me envolvendo com as mulheres erradas. Justiça se faça a essa moça, que é casada e feliz com seu marido. Esses viverão felizes para sempre e terão muitos filhos, como nos contos de fadas. Mas até prova em contrário, não considero que situações assim sejam maioria.

O que eu observo é que, para algumas mulheres, amar e sofrer andam juntos. São dois lados da mesma moeda. Mas elas próprias não notam. Sonham em mudar para melhor os homens que amam sem perceber que, sem o lado perverso, eles não se tornariam tão atraentes. A cantora Vanusa, uma notória feminista, conta em sua autobiografia que se envolveu com homens problemáticos, muitos deles alcoólatras. Quando encontrou um parceiro correto, que a tratava bem, casou-se com ele de véu e grinalda. Até aí, tudo está coerente. Mas mais adiante ela comenta que “a vida com ele era monótona” e por isso o casamento não deu certo. E no final encerra o livro com um discurso feminista, “o mundo é masculino” e blá blá blá.

Já o caso do leitor que foi citado na coluna de Paulo Sant’ana é um pouco diferente. Ele reclamava que as mulheres não querem compromisso sério. Acho que essa é outra situação em que elas próprias pensam que querem uma coisa, mas querem outra. Dizer que querem compromisso, todas dizem. Mas quando a chance surge, vêm os questionamentos. Peraí, esse cara vai querer me ver todos os dias? Vai querer estar sempre comigo? Vai querer morar comigo? E então percebem que não estavam preparadas algo que parecia bem mais simples na teoria.

Eu sei que existem mulheres que realmente gostam de homens bons. Sei também que muitas sonham em reconstruir sua vida num relacionamento de verdade, como um casal. Mas se você é uma delas, não pense que todas são iguais a você. Não são. Pensam que são. E o que eu não consigo entender é essa disparidade entre o que as mulheres dizem e o que demonstram. A coluna do Sant’ana mais alguns depoimentos que tenho lido na Internet confirmam que o problema não é comigo, é geral. Nunca quis ofender ninguém com o que escrevi, repito que adoro as mulheres. Agora, que vocês são complicadas, são. Ainda que não admitam.

3 Comments:

Blogger Elaine Dal'Col da Silva said...

Olá Emílio!
Olha...imagino que seu texto cause muita polêmica, mas concordo muito com ele, apesar de eu ser mulher...
Só por curiosidade: Freud e os pós freudianos já estudaram o tema exaustivamente e chegaram a diversas conclusões...para Freud isso era culpa de um certo masoquismo...mas fica a dica se quiser estudar o tema...

2:23 PM  
Blogger Emilio Pacheco said...

Oi, Elaine, obrigado por comentar no meu Blog, mesmo tendo chegado aqui procurando algum material sobre "a crise dos 20 e poucos" do ponto de vista profissional de um psicólogo, que não sou. Este texto aí das mulheres até que não dá tanto ibope, não. Tem outros bem mais polêmicos. Abração!

5:42 PM  
Anonymous Carolina said...

Eu acho que tem a ver com o espírito competitivo da mulher,de gostar da disputa do território, e daí acaba gostando de se ver em situações de conflito...vai entender a gte...! Mas tb acho que depois de um certo momento e se a maturidade chega mesmo pra algumas, a gente passa a valorizar o lado realmente bom da vida. E aí, os "cafa" acabam ficando fora do circuito,meio aquele cara que não quis crescer, perde a graça.
tb poderíamos discorrer sobre alguns mitos femininos para os homens, né, mas deixo isso pra uma próxima...

7:53 PM  

Postar um comentário

<< Home