sexta-feira, dezembro 31, 2004

Ano Novo

O Iuri está dormindo desde as dez da noite. Eu estou caindo de sono, mas cumpri o que prometi: fiquei acordado na virada do ano. Feliz Ano Novo!

quinta-feira, dezembro 30, 2004

A propósito...

Meu filho se chama IURI, com I, não com Y. Não que eu não aceite de bom grado as mensagens enviadas para ele independente da grafia, mas como está havendo uma incidência muito grande nesse erro, achei melhor fazer a correção.

Lembranças de um sonho

Ainda não olhei todo o filme "O Dia Depois de Amanhã", mas fui dar uma espiada direto nas cenas de mais impacto. Incrível, mas muito antes de esse filme estrear, eu tive um sonho parecido. Sonhei que eu estava na Avenida Ipiranga, entre a Praia de Belas e a Múcio Teixeira, e vinha uma inundação em minha direção, no sentido Múcio-Praia de Belas. De onde vinha a água seria impossível dizer, pois o Guaíba estava às minhas costas. Na época, interpretei que seria influência de alguns banhos de mar que tomei em que vieram ondas mais fortes e me carregaram. Nada grave. Mas agora fiquei impressionado.

Perdidos no Espaço, o álbum de figurinhas

Ainda sobre "Perdidos no Espaço", quem é da minha idade pra cima deve lembrar do álbum de figurinhas que existia em 1968. Pois bem: na caixa da segunda temporada está o episódio "O Planeta Fantasma", que era o que aparecia no álbum.

Divagações de fim de ano

Não se fazem mais dezembros como antigamente. Acho que todas as crenças, superstições, dogmas e normas de vida em que eu acreditava piamente expiraram no final do milênio anterior. Agora tenho que reaprender tudo, como se nascesse de novo. Será que a terra ainda é redonda? O pôr-do-sol eu já vi que continua no mesmo lugar.

Hoje me dei alguns presentes, para pagar em dez vezes. Como diz a minha irmã, nada como um banho de loja para levantar o astral. O problema é que um banho de loja por mês, mesmo para pagar parcelado, acaba gerando acúmulo de dívidas a longo prazo. Mas dá-se um jeito. Aliás, não posso me queixar. Tenho conseguido honrar meus compromissos. Difícil é achar tempo para ler os livros e olhar os DVDs que tenho comprado. Tive um pequeno consolo ao descobrir que não sou o único: a maioria dos compradores compulsivos de livros acumula títulos não lidos em sua prateleiras. Mas quem compra DVD, sofre do mesmo mal?

Nem acredito: as duas primeiras temporadas de "Perdidos no Espaço" são minhas para olhar quantas vezes quiser. (Será que vou ter tempo de olhar ao menos uma vez?) Viva a tecnologia! Quando lançarem a série "Batman", de 1966/67, acho que vou dar uma festa. Aproveitei e incluí no parcelamento também a edição especial de "O Dia Depois de Amanhã" e o obrigatório "Homem Aranha 2".

Vou passar o Ano Novo com meu filho, como é de praxe. Ele já está aqui. Só que desta vez eu não vou dormir antes da meia-noite, como nos dois anos anteriores. Ele ia deitar e eu acabava indo junto e pegando no sono. Desta vez, não. Quero estar acordado para fazer alguns desejos. Nada muito específico, que isso geralmente não dá certo. Digamos, que tudo dê certo em 2005. Como? Ah, isso Ele escreve certo por linhas tortas.

O ano de 2004 teve seus bons momentos. Mas podia ter sido melhor. Pelo menos não houve o desespero e a angústia do final de 2002 e boa parte de 2003. Conheci uma pessoa muito legal com quem, infelizmente, não consegui me acertar por inteiro. Mas o carinho ficou e as boas lembranças também. Então bola pra frente, 2005 vem aí, estamos vivos, inteiros e cheios de ânimo para, como disse o prefeito eleito Fogaça em campanha, "manter o que está bom e mudar o que está ruim". Eu não votei nele nessa eleição, mas gostei do slogan. Se deu certo pra ele, há de funcionar pra mim, também.

terça-feira, dezembro 28, 2004

Férias solitárias

Muitas vezes fiquei sabendo de colegas que poderiam se aposentar mas não o faziam porque "ficariam sem nenhuma atividade". E sempre me ocorreu aquele famoso ditado de que Deus dá nozes a quem não tem dentes. Ora, será possível que existam pessoas tão amorfas que desaprendem a viver? Que não conseguem inventar mais nada porque viciaram em sua rotina de trabalho? Mas agora, neste começo de férias, estou tendo uma amostra do que sentem alguns empregados que se afastam repentinamente de seus afazeres usuais.

Como estou sem companhia e com pouco dinheiro, decidi que iria tirar férias para trabalhar. Aproveitaria meu tempo livre para pegar "bicos" de tradução. E não posso me queixar: o trabalho está aparecendo. Não sobrou muito tempo para descansar nesses últimos dias. Adoraria comentar com vocês o que tive que traduzir, mas hoje mesmo assinei um termo de compromisso de ética profissional com a empresa que me contrata, depois de oito anos de uma relação de confiança e informalidade. O documento não prevê sanções para o seu descumprimento e tem uma cláusula só pra dizer que a anterior tem que ser estritamente observada.

Seja como for, esta experiência de trabalho domiciliado está me fazendo valorizar algumas vantagens que o meu emprego oferece que não são anunciadas no momento do concurso. Quais sejam:

1) Dois aparelhos de ar condicionado na sala com uso franqueado da energia elétrica.

2) Faxina diária no ambiente de trabalho por conta da empresa.

3) Uso franqueado de computador e impressora para as atividades de trabalho, incluindo assistência técnica.

4) Iluminação adequada por conta da empresa.

5) Uso franqueado do telefone para assuntos de trabalho.

6) Uso franqueado da Internet para assuntos de trabalho.

Trabalhando em casa, enquanto não colocar acesso rápido, tenho que me policiar nas consultas à Internet, ou acabarei usando o dinheiro das traduções para pagar a conta do telefone. Ah, e a de luz, também. Isso que o ar condicionado fica no quarto e sua refrigeração mal chega até a sala. Coloquei uma lâmpada de 150 W e parece que a iluminação não é suficiente. Sem falar a bagunça ao meu redor, pois a faxineira vem uma vez por semana. O resultado é que estou com saudade do meu ambiente de trabalho. Não necessariamente do trabalho, mas do ambiente.

No tempo em que eu atendia público, até me ocorriam algumas fantasias de poder trabalhar em casa. É que, além de atender no balcão, eu ainda executava alguns serviços de retaguarda que exigiam concentração, como a localização de diferenças contábeis, por exemplo. E volta e meia eu era interrompido por um cliente. Eu imaginava que tranqüilidade seria poder examinar aquelas listagens em casa – leia-se a da minha mãe, pois eu ainda morava com ela. Hoje é diferente. Recebo no meio do SPAM ofertas de "trabalhe em casa", como se fosse uma grande vantagem. Para quem só faz isso, até pode ser. Mas aí o ambiente em casa tem que ser muito bem projetado.

Lá fora até que a temperatura amenizou um pouco, mas meu apartamento retém calor. Dei uma passada no supermercado agora mesmo. O lay-out do súper foi completamente modificado, mas desconfio que seja para maquiar o sumiço de certos produtos. Eles pensam que a gente não nota. São 10 e 20 da noite e só agora vou ler o jornal. Estou começando a pensar em ir uns dias para a praia. Nesta época as diárias em hotéis são caras, mas qualquer praiazinha mixuruca no litoral gaúcho já me quebra o galho. Só quero mesmo caminhar e tomar banhos de mar. A água de nossas praias deixa a desejar no quesito limpeza, mas gosto da infinitude de areia para os dois lados. Dá vontade de caminhar sem parar. Se não chover. Se não ventar muito. E se não tiver um sol de rachar.

Enfim, agora entendo melhor meus colegas que não se aposentam. Ou não gostam da perspectiva de terem que agüentar os filhos pentelhando 24 horas por dia, ou no fundo sabem que perderão o direito ao ar condicionado, faxineira, iluminação e, claro, a maravilhosa companhia dos colegas que o emprego proporciona. O plano de aposentadoria deveria prever a manutenção de todas essas vantagens.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Cada uma...

Tá, eu vou confessar. Eu sou cadastrado num site de namoro virtual. Já conheci muita gente legal por lá, inclusive mulheres que cheguei a namorar. Só que eu sou sincero, não estou lá para brincadeiras. Quero uma relação séria, pelo menos a médio prazo. Em geral o texto que coloquei é bastante elogiado, mas eu me pergunto até que ponto as mulheres realmente querem um homem assim. Dizem que querem, mas na hora H arrepiam. Ou se desinteressam. Gostam mesmo é dos cafajestes.

Pois bem: agora mesmo recebi uma chamada do site para bater papo. Ela começou me elogiando:

- Gostei de você, é bem sincero.

Eu respondi:

- Acho que sou. Mas não sei se as mulheres realmente gostam de um homem assim.
- Eu gosto, detesto quem fica fazendo rodeios.

Nesse meio tempo fui lá dar uma examinada no perfil dela. Estado civil: casada!

- Ei, no seu perfil consta que você é casada. Como assim?

Ela encerrou a conversa. Realmente, essa aí estava a fim de um relacionamento sério. Seriíssimo!

Batendo o ponto

Tirei férias e, pelo visto, a inspiração também. Esta mensagem é só para dizer que ainda estou aqui. Sobrevivi à "comilança" do Natal na casa da minha irmã. Caso estejam curiosos, Papai Noel não me trouxe o que eu pedi. Bem que minha mãe me falou um dia que Papai Noel não existe. Talvez ela estivesse certa. Mas o Ano Novo existe. Quem sabe é ele que vai me trazer o que eu quero?

Diz a fábula que, enquanto a cigarra cantava, a formiga se preparava para o inverno. Pois eu deveria ter-me preparado para o verão. Deveria ter feito um "fundo de reserva para o ar condicionado" para pagar a conta da luz em dezembro, janeiro e fevereiro. Principalmente no mês de férias. Quanto à conta do telefone para acesso à Internet, vou tentar colocar acesso rápido. Poderiam inventar também um "plano fixo" para uso de ar condicionado.

Bem, por enquanto é só. Continuem visitando o blog e colocando comentários.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

O Natal e a fé


Um dia desses eu estava conversando com um amigo e surgiu o assunto religião. Ele me confessou que é ateu, mas que nos últimos tempos algo parecia conduzi-lo à busca de uma referência mística. É curioso que a maioria dos agnósticos que eu conheço são pessoas extremamente inteligentes, indivíduos acostumados a procurar por si mesmos as respostas e a só acreditar no que conseguem entender por inteiro. Mas se uma pessoa inteligente tiver sensibilidade, se for alguém com um lado afetivo acentuado, acabará entendendo Deus de outras formas que não puramente intelectiva. E isso parecia estar começando a acontecer com meu amigo.

Eu não me considero a pessoa certa para converter ninguém. Não saberia explicar como eu sinto Deus, assim como também tenho dificuldade de verbalizar meu conceito de amor e outros sentimentos. Para convencer um ateu eu teria que apresentar uma prova e isso eu não tenho. Pelo menos não do tipo que ele quereria. Acredito que as pessoas que se convertem não o fazem porque lhes foram apresentadas evidências ou argumentos, mas por uma transformação interior. Claro que induzida por estímulos externos, mas a mudança tem que partir de dentro.

O Natal pode ter seu lado comercial, mas isso não pode ser usado como pretexto para que não o festejemos de coração, como o aniversário de Cristo. Os Natais da minha infância foram todos ótimos. Só na adolescência vim a saber que meu pai não gostava de Natal. Ele tinha um trauma que nunca explicou ou assumiu, talvez porque sua família passou dificuldades e ele nunca pôde ganhar presentes como os que ele mesmo e a minha mãe me davam. Mas nem por isso eu deixei de ter os meus Natais, o meu Papai Noel e a minha fé cristã. Meus pais me passaram isso. Me explicavam Deus como o Velhinho lá em cima que tudo podia fazer, se quisesse. Hoje a minha percepção de Deus é mais profunda, mas até isso tenho certeza que minha família me passou com o afeto. Não só os meus pais, mas também a minha irmã, que cuidou de mim e me ensinou minha primeira oração: "Anjinho me guarda, anjinho me guia, toda esta noite e amanhã todo o dia."

E o meu anjinho está me guardando até hoje. O mundo é complicado, a gente às vezes fica sabendo de coisas que parecem tentar abalar a nossa fé. Mas não temos o direito de esperar que Deus resolva tudo num passe de mágica. Temos que fazer a nossa parte. Eu sou pequeno demais para tentar convencer alguém da existência de Deus. O máximo que posso fazer é rezar e tentar transmitir a minha fé nas minhas ações, nos meus exemplos. Tentar ser correto. Perdoar... ah, como é difícil perdoar! Perdoar de verdade, como se a mágoa nunca tivesse acontecido. Amar os inimigos... Será possível isso? Mas a gente tem que tentar.


A todos os visitantes do meu blog, um Feliz Natal!

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Pensamento da hora

Quando alguém nos machuca com ações, é alguém que nos faz mal. Quando alguém nos machuca com o a ausência, é alguém que nos faz bem.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Atendimento

Eu sei que a gente tem que ter paciência com empregados novos, que estão aprendendo o serviço. Eu próprio já precisei muitas vezes que tivessem paciência comigo. Mas acho um saco quando vou pedir uma informação numa loja, num supermercado, em qualquer lugar, e a pessoa cuja função é exatamente a de me atender não sabe responder nada e fica perguntando para outra. Às vezes dá vontade de dizer: "deixa que eu pergunto direto para a outra pessoa" ou "quero falar com a pessoa certa". Muitas vezes a "pessoa certa" está ali, do lado, mas está ocupada falando com alguém. Então eu faço a pergunta e vejo o olhar suplicante de quem está me atendendo se voltar para o verdadeiro detentor do conhecimento. E tenho que esperar o final da "triangulação".

Eu: Este pastel é de quê?
Atendente: Fulana, este pastel é de quê?
Fulana: Carne!
Atendente: É de carne, senhor. (Como se eu não tivesse ouvido o que a Fulana falou!)

Eu: Me dá um.
Atendente: Fulana, onde está o preço do pastel de carne?
Fulana: Está na tabela.
Atendente: Onde?
Fulana: Aí, ó!
Atendente: Não estou achando.

Aí vem a Fulana, pega a tabela na mão e mostra com o dedo.

Atendente: Ah, não tinha visto. Como faço pra digitar aqui?

A essas alturas eu já me pergunto se a atendente serve para alguma coisa. Podiam deixar a Fulana sozinha! A atendente um dia vai aprender e talvez venha a ensinar outras, mas a fase de aprendizado exige paciência. Do freguês, inclusive.

É por isso que eu sou um tanto desconfiado com certos modismos da Administração, como o conceito de "help desk", por exemplo. É um grupo de pessoas só para prestar suporte via telefone. Tá, mas essas pessoas estão preparadas? Sabem dar as respostas? Ou têm um script decorado? Suporte de software em geral se resume a três orientações: 1) Já tentou reinstalar? 2) Já entrou em contato com a Microsoft? 3) Seu arquivo deve estar corrompido. Diz a Lei de Murphy: quem sabe, faz. Quem não sabe, ensina. Quem não sabe fazer nem ensinar, administra. Ao que eu acrescentaria: quem não sabe fazer, nem ensinar, nem administrar, trabalha no atendimento.

terça-feira, dezembro 21, 2004

Ladrão de segunda

No ano passado, no dia 11 de dezembro (lembro bem porque era véspera de meu aniversário), fui ao Music Hall, na Vasco da Gama, assistir a um show de Bee Gees cover da banda Sunset Riders. Um colega de Brasília que estava em Porto Alegre para nos dar suporte de software pediu para ir junto. Antes, passamos no Shopping Praia de Belas porque ele queria comprar uma sandália para a namorada. Mas depois fizemos uma grande burrada, que foi deixar a sandália dentro do carro, visível. Quando voltamos, tinha sido roubada. Fiquei chateado por ter acontecido no meu carro e também porque pegou muito mal para a reputação de Porto Alegre. Nos cinco meses que passei em Brasília em 1990, alguém tentou me vender uma tranca para carros e, como eu não estava interessado, respondi em tom grosseiro: "Na semana que vem estou voltando para Porto Alegre e lá não se roubam carros!" Até parece...

Pois ontem voltei ao Music Hall para um encontro de fãs. Deixei o carro estacionado no mesmo local. Na volta, pela posição dos assentos, percebi que haviam entrado nele outra vez. Meu carro é de pobre, não sei o que ainda querem com ele. Não tem CD player nem toca-fitas. Não pegaram meu guarda-chuva. Puxaram o encosto do assento traseiro e levaram minha estepe. Ah, ladrãozinho chinfrim, vai roubar de burguês, vai! Roubar estepe de Gol 89 é muita decadência! O carro nunca querem, mas levam a estepe! Vamos combinar assim: da próxima vez eu deixo uma "quentinha" com feijão com arroz dentro do carro, tá? E um copo plástico com água mineral sem gás. Tá bom, pode ser uma garrafa de cachaça das bem baratas. Tá mais do que bom pro bico de vocês, ladrõezinhos de segunda! Ah, tem isso também: segunda-feira é dia de procurar carro pra arrombar????

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Lapso de memória

Dizem que a idade afeta a memória e outra coisa que não lembro agora. (Alguns dizem que é o álcool, outros que é a falta de sexo, mas prefiro achar que é a idade, mesmo.) Hoje, depois do almoço, eu estava tomando café com meus colegas e lembrando de uma cena muito engraçada do filme "Chuvas de Verão". O personagem de Marieta Severo estava com o casamento em crise. Descobriu que o marido havia enviado um vestido para um endereço que ela desconhecia. Mesmo assim, decidiu ir atrás e descobrir quem era a amante. Teve o desgosto de encontrar o próprio marido travestido numa festa gay. Mas não consegui lembrar do nome do ator.

- É aquele que foi casado com a Betty Faria. Depois namorou a Lídia Brondi.

Surgiram alguns palpites totalmente equivocados. Continuei tentando lembrar.

- Estou enxergando a cara dele na minha frente, moreno, cabelo liso repartido do lado.

Meus colegas pediram mais referências. Eu falei:

- Ele também foi diretor de novelas. Já escreveu dois livros. O primeiro se chamava "Antes Que Me Esqueçam"!

Neste ponto todos caíram na gargalhada. Seja quem for, é alguém que sabia que isso podia acontecer um dia e escolheu bem o título. Lembrei do nome do livro, mas não do autor. Até que um colega meu acertou o palpite.

- Isso! Daniel Filho! Ele mesmo! Mas... por que eu lembrei dele? Do que estávamos falando?

Alguém falou na cena do filme.

- Ah, é mesmo! O filme "Chuvas de Verão". Mas... por que eu falei nesse filme?

(Pano rapidíssimo!)


sábado, dezembro 18, 2004

Recomendação

Agora é o meu sobrinho Rafael Pacheco de Barcellos, publicitário, quem fez o seu blog. Ele acha que não sabe escrever (ou está fazendo onda, he he he), mas é muito criativo. A começar pelo título: Patente de Idéias! Pra quem não sabe, no Rio Grande do Sul (e parece que no Paraná também), "patente" é vaso sanitário. Isso porque estava escrito "patent" nos primeiros vasos que vieram para cá, então ficou. Ele inclusive faz uma citação a um encontro que tivemos na parada do ônibus, incluindo um elogio rasgado ao meu blog. Mas o dele também é bom. Aliás, tenho dado uma circulada em outros blogs e estou surpreso com a criatividade que anda solta por aí. Livres do terror de terem seus erros corrigidos por um professor chato, os jovens soltam o verbo de uma forma divertidíssima, sem medo de errar. Mas não deixem de visitar o blog do Rafael, ele tem um estilo sutil e direto que é de matar de rir (e eu acho mais graça ainda, pois o imagino com aquela cara preparada dizendo o que está escrito).

Gauchismos

Lendo alguns comentários sobre como a Rede Globo costuma estereotipar os gaúchos, tive a idéia de apresentar um guia rápido de gauchismos para não-gaúchos:

1) Chimarrão não é caipirinha. Não é pra dar dois ou três goles e passar a cuia, é pra tomar até o fim, até roncar, e aí servir um para o próximo da roda. Também não se usa uma cuia para cada um, como já apareceu em "O Tempo e o Vento", na Globo.

2) O jornal da RBS se chama "a" Zero Hora. Se você quiser chamar de "o" Zero Hora, faça-o por sua conta e risco, mas não venha querer nos ensinar como chamar o nosso próprio jornal.

3) Nem todos os gaúchos falam como a Salomé, do Chico Anysio.

4) Sim, existem negros no Rio Grande do Sul. Não lembram da Deise Nunes, Miss Brasil 86? E a ginasta Daiane dos Santos?

5) Claro que existem gays no Rio Grande do Sul como em qualquer lugar. A diferença é que o gaúcho não aceita brincadeira e aí mesmo é que acaba virando a vítima preferida do Casseta e Planeta.

6) Sim, os gaúchos são bairristas. Qual o problema? Você também deveria se orgulhar da terra em que nasceu.

7) Na linguagem falada, gaúcho diz "tu foi", "tu é", "tu disse" e por aí vai. Só nas novelas da Globo é que os "gaúchos" falam certinho.

8) Não existe nenhuma cidade com o nome de "Poá" no Rio Grande do Sul. "Poa" é abreviatura de "Porto Alegre".

9) Porto Alegre se diz "portualegre", não "porrtalegre".

10) O cantor de "Nuvem Passageira" se chama Hermes Aquino, não Hermes "de" Aquino.

Depois lembro outros itens.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Ao Papai Noel


Já escolhi o que quero de Natal. Considerando que essa mulher aí não está mais disponível, nem está com o mesmo visual da época dessa foto, aceito um similar. Se for gaúcha, melhor ainda. Sonhar não custa nada. Se não der certo, sempre existem outros sonhos esperando.

Infame



Um site especializado em vídeo colocou um anúncio em sua página: "We want your shorts!" Não sei se é alguma campanha de Natal, mas já mandei todos os que não me servem mais!

quarta-feira, dezembro 15, 2004

História de telefone

Lendo as histórias de telefone no Blog da Lu Farias, lembrei de uma que um amigo contou que ele jura que é verídica.

Uma cliente adquiriu uma linha telefônica e ganhou um número que havia pertencido a um hospital. Ficou verdadeiramente enlouquecida com a quantidade de telefonemas indevidos que recebia. Foi à CRT pedir para mudar, mas a empresa, já sabendo que seria difícil empurrar aquele número para outra pessoa, disse que não seria possível fazer a troca. E os telefonemas continuaram. Dezenas de pessoas por dia querendo saber informações sobre pacientes. Ela voltou à CRT para insistir para que trocassem o número, mais uma vez sem sucesso. Um dia, perdeu a paciência. Adotou uma tática extrema. Começou a atender aos telefonemas assim:

- Bom dia, eu queria saber do paciente Fulano de Tal.
- Fulano de Tal... Faleceu.
- Mas como????? Ele só estava fazendo exames de rotina!!!!
- Sinto muito, é o que consta aqui na ficha. Morreu.


Logo houve um tumulto na recepção do hospital, pessoas desesperadas chorando, querendo saber o que realmente tinha acontecido com seus amigos e parentes hospitalizados. A direção do hospital logo descobriu o que tinha acontecido e tentou entrar em contato com a dona do telefone, com ajuda da CRT. Ela foi irredutível: enquanto permanecesse com aquele número, continuaria "matando" pacientes.

Conseguiu que mudassem o número, finalmente.

terça-feira, dezembro 14, 2004

Thunderbirds em DVD


Eu poderia falar de vários DVDs que comprei neste final de ano, mas um em especial me surpreendeu. Eu não esperava tanto dele.

Mesmo quem não era nascido na época (anos 60) deve ter ouvido falar nos Thunderbirds. Eles foram lançados no Brasil com o nome alternativo de "Os Invencíveis Royal". Eram filmes futuristas na mesma linha de "Perdidos no Espaço" e "Jornada nas Estrelas", mas com um diferencial: os "atores" eram bonecos animados! E mesmo com o movimento precário, a edição bem feita (nos closes as mãos eram sempre de carne e osso) e as fantásticas espaçonaves que apareciam garantiam um resultado extraordinário. Pois bem: hoje enxerguei numa loja uma caixinha com dois filmes de longa metragem dos Thunderbirds: "Thunderbirds em Ação" (Thunderbirds are Go) e "Thunderbirds 6". Aí está ela:

Por que comprar, por que não comprar... Vocês já sabem o que aconteceu. Coloquei o segundo para rodar apenas como "pano de fundo" enquanto fazia uma tradução. Lá pelas tantas fiquei tão interessado no enredo que parei o que estava fazendo para olhar. Pretendo rever o filme para prestar atenção nos detalhes e nas partes que perdi, mas já garanto a vocês que a imagem é ótima, o som estéreo é perfeito, a trilha sonora é belíssima, os efeitos especiais ainda convencem em pleno Século XXI e o enredo é puro suspense. Que filme maravilhoso! Não fica devendo nada a "Guerra nas Estrelas", por exemplo. É realmente uma produção belíssima de uma época em que ainda não existia essa moleza chamada computação gráfica. Recomendo!

domingo, dezembro 12, 2004

A inexorável passagem dos anos

Todos nós, na infância e adolescência, temos um ou mais momentos de querer crescer. Lembro de um priminho meu para quem os pais disseram que, aos cinco anos, já seria um homenzinho. No dia do aniversário, acordou reclamando que não havia mudado nada, estava igual ao dia anterior. Aos dez anos começa a ansiedade por ser adolescente. Na adolescência, sonhamos com a maioridade para poder dirigir e freqüentar a noite. O começo da adolescência, para os meninos, é um tanto frustrante, pois as meninas da mesma idade costumam se interessar por homens mais velhos. Tudo conspira para que queiramos crescer o mais depressa possível.

Infelizmente, idade não é como o peso, sobre o qual até podemos ter algum controle. Estou muito gordo, vou tentar baixar uns quilinhos. Ou então: agora cheguei no meu peso ideal. Até podemos achar que chegamos na idade ideal, mas não temos a chance de dizer: agora pára, está bom assim. Não preciso envelhecer mais, cheguei onde queria. Chega! Tá bom assim! Pára! Mas o calendário segue seu rumo de forma impiedosa. E a soma dos anos continua mesmo quando gostaríamos que ela travasse.

Nessa hora, lembramos da ansiedade que sentíamos por crescer na infância e nos sentimos culpados. E se não tivéssemos desejado envelhecer? Se nos déssemos por satisfeitos com nossa pouca idade e, pelo contrário, tentássemos de alguma forma segurar o tempo com o pensamento? Quem sabe os anos não passariam tão depressa hoje? Em vez disso, é como se nossa pressa de amadurecer tivesse impulsionado a roda dos anos e agora não conseguimos mais conter sua aceleração. A culpa é toda nossa. Quisemos isso na infância e agora não podemos voltar atrás.

Se eu pudesse ter a mesma idade para sempre, acho que pararia em 39. Não quereria voltar aos 20 e poucos, em primeiro lugar, porque nessa idade eu aparentava um adolescente. Homem não gosta de parecer muito novo antes dos 30. Em segundo lugar, agora me acostumei a gostar de mulheres mais velhas e não me interessaria mais por guriazinhas. Mas também não quereria ter 40, pelo efeito psicológico. É como preço de mercadoria: "apenas 39,90". Eu seria um homem maduro com menos de 40 anos. Poderia até inventar uma nova letra para aquela música da Violeta Parra: "volver a los treinta y nueve..."

Quando vejo aquela moçada que se reúne à noite na frente do Hotel Riograndense em Capão da Canoa, várias perguntas surgem na minha cabeça. Por que os quarentões também não podem? Eu não iria tentar me misturar aos jovens, pois já tenho sobrinhos suficientes para me chamar de tio. Mas onde está a turma da minha faixa etária? Os casados estão em casa cuidando da mulher e dos filhos. Os descasados até freqüentam "clubes de coroas" e similares, mas deveriam ter também um "point" ao ar livre, como existe para a garotada. Aí os quarentões iriam chegando aos poucos com suas barrigas, carecas e melenas grisalhas, jogando conversa fora, até que um deles perguntaria: "Onde é a festa, hoje?" Depois iriam para um barzinho tomar uns chopes e encerrariam a noite na balada. Mas não para dançar hip-hop, por favor! Até a "eterna juventude" tem seu limite! Respeitem meus cabelos brancos!

Tudo isso me ocorreu porque hoje, domingo, 12 de dezembro, estou completando 44 anos. Estou velho. Ah, que saudade dos meus 39!

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Meu pai um dia falou...


"Não existe um homem mais homem do que outro. Os homens só se distinguem pela honestidade."

Ivéscio Pacheco

Como a gente brigava, né, pai? Mas que saudade!

Um dia, com a ajuda da minha irmã, coloco uma foto da Dona Irene aqui também. Aquela que previa o futuro.

Infame

Um colega meu viu escrito "Tattoo Body Clinic" e veio me perguntar se era uma clínica veterinária especializada em tatus e bodes!

quinta-feira, dezembro 09, 2004

A capricornianas

Acho que peguei pesado com as capricornianas no texto abaixo. Eu realmente acho que elas são cabeçudas. Mas também são românticas idealistas. Quando se apaixonam, se dedicam de corpo e alma a seus homens. São fiéis e valorizam fidelidade. Muitas mulheres dizem que gostam de homens de bom caráter, mas se deixam fascinar mesmo pelos cafajestes. As capricornianas, não. Elas sabem amar e ser amadas. Capricornianas, vocês são teimosas da flor da pele à raiz da alma, mas têm muito a ensinar aos demais signos (talvez não ao de Sagitário - he he he...) sobre amor verdadeiro. Não me queiram mal. Pelo contrário: me queiram muito bem!

Ainda as falsas autorias

A questão das falsas autorias ainda vai render muitos comentários por aqui. Mas algo que me deixou surpreso é que algumas pessoas se ofendem se forem informadas que o texto que enviaram não é do autor creditado. Foi o que me contou minha irmã e também uma colega blogueira. As duas afirmam ter perdido amigas por revelar os verdadeiros autores das mensagens que recebiam. Uma chegou a ser acusada de "ficar corrigindo". E qual o problema? Não invalida a mensagem, mas não é de bom tom saber o verdadeiro autor?

Em primeiro lugar, ninguém gosta de ser corrigido. Nem mesmo em situações justificáveis. Eu próprio me enfureci com o "anônimo" que quis me ensinar a dizer "o" Zero Hora, quando todos os gaúchos se referem ao jornal com o artigo "a". Mas há situações em que a correção é mais do que cabível. Principalmente em se tratando de textos mal creditados.

Talvez seja algum trauma de infância. "Puxa, já não bastasse eu ter descoberto que Papai Noel não existe, agora vêm me dizer que esse texto não é do Luís Fernando Verissimo? Daqui a pouco vão me contar que o Verissimo também não existe! O texto é dele sim!" Em geral os capricornianos é que agem dessa forma. Quando percebem que tem alguém tentando provar que estão errados, aí vira uma questão de honra não dar o braço a torcer. O capricorniano prefere cair no precipício a admitir que está indo pelo caminho errado. E suas últimas palavras ainda serão: "Eu não falei que era por aqui?"

Cheguei à triste conclusão de que a questão das autorias mal atribuídas é um caso crônico que nunca irá se resolver completamente. Ainda mais depois da experiência que tive naquela comunidade do Orkut, em que a "achologia" da viúva de Vinicius de Moraes valeu mais do que o meu testemunho concreto de que determinado texto era do Paulo Sant'ana. Nesse aspecto, devo elogiar a comunidade do Luís Fernando Verissimo, criada e moderada por Elson, que conhece bem o estilo do cronista e apaga imediatamente os textos indevidos (apesar da teimosia e precipitação de alguns integrantes, que insistem em postar e elogiar o "Quase"). Agora, por favor, ofender-se por ser informado da verdadeira autoria é muita capricornianice!

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Eu li!

"Esta compilação traz 16 músicas, entre elas os maiores temas na voz de Glenn Miller, uma lenda do Jazz."
(Anúncio do CD Glenn Miller - From Hollywood to the U.S. Air Force no site das Lojas Americanas. Glenn Miller cantando? Puxa, essas gravações devem ser raríssimas!)

terça-feira, dezembro 07, 2004

Pensamento da hora

Feminista é a mulher que tem raiva inconsciente de si mesma por só gostar de cafajestes.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

O ceticismo

Não sei o que é pior: a credulidade excessiva ou o ceticismo. Mas se eu tivesse que escolher o que mais me desagrada, ficaria com a segunda opção. A credulidade me é mais simpática. O crédulo, no fundo, é uma pessoa bem intencionada, de boa índole, que dá um voto de confiança ao próximo. Pode ser também um ingênuo. Mas é um indivíduo que tem muita fé. Já o cético crônico me passa a idéia de ser alguém de caráter duvidoso. Tem culpa no cartório e, por isso, acha que todos devem ser mais ou menos como ele.

Tive um de meus primeiros contatos com o ceticismo um dia em que comentei com um colega de aula que nunca tinha dado uma tragada em um cigarro. Realmente não tive curiosidade de experimentar. Já sabia que não iria fumar, logo, por que testar? Tabaco nunca me atraiu. Mas o colega não acreditou. Nem ele, nem outros para quem falei a mesma coisa em outras ocasiões. No início, até me irritei um pouco. Afinal, se eu estava falando a verdade, por que não acreditavam? Até que percebi que teria que aprender a conviver com a incredulidade do ser humano sem stress. Não vejo necessariamente um mérito em nunca ter fumado. Mas é a verdade. Quem não quiser, que não acredite. Também nunca experimentei drogas ilegais. Não, nem maconha.

Às vezes aparece na televisão alguma celebridade fazendo show ou comercial supostamente de graça, para fins beneficentes. Sempre tem alguém para dizer: "De graça? Ah, conta outra! Imagina se o cara ia se apresentar sem cobrar nada!" Gene Simmons, do Kiss, já disse várias vezes que não fuma nem usa drogas. "Meu vício são as mulheres", afirmou certa vez. Isso foi confirmado por seus ex-colegas de grupo Ace Frehley e Peter Criss, notórios usuários das mais diversas substâncias. Ainda assim, há fãs que não acreditam. "Gene nunca usou drogas? No mundo do rock alguém não usa drogas? Quem ele pensa que está enganando?" Já eu me pergunto que vantagem teria um sujeito como Gene, com aquela sua imagem "demoníaca", em se mostrar um cara "limpo". Se ele diz, é porque deve ser verdade. Ele não conseguiria sustentar uma mentira como essa por mais de 20 anos, ainda mais com tanta gente ansiosa por desmascará-lo.

A falsidade existe e todos sabemos. Mas o que me incomoda é a postura de alguns de nunca acreditar em nada que contrarie seus dogmas. O homem não foi à Lua. Os paranormais são todos uns charlatões. Não existe homem fiel. Todo o indivíduo tem seu preço. Os políticos são todos corruptos. Ninguém faz nada de graça. A mulher está com ele pelo dinheiro. Esse cara é um baita dum mentiroso. E por aí vai.

Agora leio no jornal que o gaúcho Alfeu Dick e Silva, gerente de uma multinacional farmacêutica, pegou carona no jatinho do futuro presidente Lula em Florianópolis, no dia 30 de setembro de 2002. Perdera o avião, mas num encontro rápido com Lula, acabou ganhando a carona. Só que nunca ninguém acreditou em seu relato. Foi chamado de Pinóquio e Forrest Gump. Mas sua imagem dentro do avião ficou registrada no documentário "Entreatos", de João Moreira Salles, que vai estrear na sexta-feira. Agora e somente agora, os amigos vão acreditar. Quem dera que todos nós tivéssemos um filme para confirmar nossas histórias fantásticas.

O ideal é saber dosar a credulidade e o ceticismo. Mas entre um e outro, sou mais as pessoas que pecam por excesso de fé.


Deslocamento zero

Leio no jornal que Steve Fossett, aquele aventureiro americano cujo balão caiu em Aceguá em agosto de 2001, hoje com 60 anos, inventou uma nova maneira de dar a volta ao mundo: um avião esquisitíssimo chamado GlobalFlyer. Pela foto, parecem dois aviões lado a lado unidos pelas asas. Ele pretende fazer o percurso em 70 horas. Agora eu pergunto: que graça tem voar 70 horas para chegar no mesmo ponto de onde saiu? Um cara desses só pode ser... melhor não falar. Pensem vocês: qual seria a profissão ideal para um sujeito que gasta tempo, dinheiro, energia e combustível para ter como resultado a volta à estaca zero? E sem conhecer nada de perto durante o percurso? Phileas Fogg levou 80 dias, mas pelo menos encontrou um monte de gente interessante, incluindo sua futura esposa, a Princesa Aouda.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Colírio


Faz tempo que não coloco uma foto, então aqui vai a Alessandra Negrini. Ou vocês preferiam
uma foto melhor?

P.S.: Alô turma do Google, a foto que vocês estão procurando está aqui. Fiz esta postagem em dezembro de 2004, numa noite em que estava sem assunto. De repente, em março de 2007, a média diária de visitas deste blog subiu de 90 para 140. E no momento em que escrevo (15/04/2007), chegou a 180! A princípio, fiquei bem orgulhoso, achei que finalmente meus textos estavam sendo descobertos e lidos, que meu blog estava se consolidando, enfim, senti-me "o cara". Até que fui conferir as estatísticas do Site Meter. Esta postagem despretensiosa, que começou com apenas duas frases, é a responsável pelo aumento de visitas ao blog. E tudo por causa da novela "Paraíso Tropical". Foi preciso a Globo mostrar a Alessandra em dose dupla no horário nobre para o povo descobrir o que eu já tinha percebido desde o começo: ela é um mulherão. E era professora de inglês. Quantas lições poderíamos ter estudado juntos!

Em todo o caso, obrigado, Alessandra, por essa força involuntária. Aos que descobrem o blog por aqui, convido a conhecê-lo um pouco mais. Leiam, por exemplo, "Os falsos Quintanas". Leiam o "Curso rapidíssimo de Google", para aprender a montar um argumento de busca eficaz. Por fim, uma dica: se é só a Alessandra que interessa para vocês, tem um endereço melhor. Experimentem clicar aqui. Vocês vão adorar.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

As regras que eu criaria

Se eu criasse um grupo de discussão na Internet, estas seriam as regras que eu estipularia:

1) Mensagens fora do tema (os famosos "off-topic") serão toleradas se forem discussões interessantes e não ofensivas aos demais integrantes do grupo. Mas que sejam realmente discussões, opiniões pessoais, e não mensagens repassadas.

2) Não mande piadas, nem mensagens de auto-ajuda, nem arquivos do Power Point, por mais interessantes que você os tenha achado. Arquivos de áudio e vídeo serão tolerados se estiverem relacionados ao tema do grupo.

3) Não mande textos do Luís Fernando Verissimo, nem do Arnaldo Jabor, nem do Vinicius de Moraes, nem do Mário Quintana, nem do Miguel Falabella ou de quem quer que seja. Como é grande a chance de a autoria desses textos não ser legítima, melhor não abrir precedente.

4) Não mande letras de músicas conhecidas. Ah, que saco ler aquelas mensagens do Orkut contendo letras de música que todos já conhecem de cor e nada mais! Não acrescentam nada. Se for o caso, poste um link para o site onde as letras se encontram, mas não mande nenhuma!

5) Se fizer uma pergunta tipo "alguém sabe", "alguém tem" ou "alguém pode" e ninguém se manifestar, não se irrite. Se não houve resposta é porque "ninguém sabe", "ninguém tem" ou "ninguém pode". Agora imagine se, num grupo de 500 a mil pessoas, cada uma fosse se dar ao trabalho de enviar uma resposta só para dizer "não sei", "não tenho" ou "não posso".

6) Assim também, se enviar uma mensagem contendo apenas uma informação ou comentário e ninguém responder, isso não significa que a mensagem não tenha sido lida e apreciada. Não cobre manifestação de ninguém. Isso deve acontecer espontaneamente.

7) Quando entrar alguém novo no grupo, a melhor recepção que poderá ter é se entrosar rapidamente e ler mensagens interessantes. Não há necessidade de cada um dos 500 a mil integrantes enviar uma mensagem dizendo "Bem-vindo, Fulano!" Ou então aproveite uma mensagem sobre outro assunto para dar as boas vindas.

8) É proibido mandar fotos de cachorros desacompanhados de seus donos. (Se acha que a regra é injusta ou não tem lógica, lembre-se do que escrevi lá em cima: estas seriam as regras que eu estipularia. Não gosto de ver fotos de cachorros desacompanhados de seus donos, logo, proibiria.)

9) É proibido enviar arquivos MP3 de discos à venda nas lojas. Quem quiser que vá comprar, ora!

10) Se você nasceu depois de 1970, está proibido de falar mal dos Beatles. Você não pode falar mal do que não conhece. Mas se falar bem, terá crédito, independente da idade.

Essas regras entrarão em vigor tão logo eu tenha coragem de criar um grupo de discussão e impô-las na maior cara-de-pau aos futuros integrantes.

A ficção não tem xarás

Já perceberam como no universo da ficção nunca aparecem duas pessoas com o mesmo nome? Em filmes, novelas, romances, podem aparecer dezenas de personagens, que cada um terá um nome diferente. Só se permitem exceções dentro da mesma família – filho com o nome do pai, por exemplo. Fora esse caso, a ficção desconhece xarás. No máximo, se aparecer um personagem prestando vestibular, por exemplo, ficará implícito que, se fôssemos descobrir os nomes dos figurantes ao seu redor, alguns teriam que ser homônimos, pela questão da ordem alfabética. A menos que o autor esteja com segundas intenções. Na ficção, nada acontece por acaso. Se surgirem dois personagens com o mesmo nome, podem estar certos de que haverá alguma confusão pelo caminho. Mas não sei de nenhum caso.

Lembrei disso porque liguei para falar com uma pessoa e atendeu outra com o mesmo nome.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Dezembro

Dezembro sempre foi o meu mês preferido. Claro que janeiro e fevereiro têm o seu valor. Mas não teriam a menor graça sem dezembro antes. É o famoso mês "festa e festa". Faço aniversário em dezembro. As pessoas me perguntam se não acho ruim que seja tão perto do Natal. Em primeiro lugar, não é tão perto assim. Em segundo, acho que todos se acostumam com o aniversário que têm, pois nunca tiveram a experiência de aniversariar num dia diferente. Pra mim o aniversário era o dia de ganhar presentes dos meus convidados, na festa. E nisso meus pais sempre capricharam, nunca me faltou festa de aniversário na infância. Já o Natal era o dia de ganhar um presentão, geralmente algo escolhido com calma durante todo o ano. Acho que os mais marcantes foram um gravador aos sete anos, que eu usava para gravar minha voz, brincando de programa de rádio, e o "Pega-Pega Trol", alguém conheceu? Dois carrinhos a pilha que andavam numa pista imitando uma cidade. Um batia no outro.

Algumas coisas mudaram na adolescência e na vida adulta, mas não a sensação de que dezembro é um mês de final feliz. O ano tem seus altos e baixos, mas no fim tudo dá certo. Nos últimos anos, confesso que tive alguns dezembros pesados, que quebraram a regra. O de 2001 foi perfeito. Já o de 2002 foi um horror, não teve cara de dezembro. O de 2003 foi um pouco melhor, até trouxe uma boa notícia, mas não varreu completamente os maus fluidos. Mas nada disso mudou o meu otimismo quando chega esta época do ano. As coisas vão melhorar. Se não for no aniversário, vai ser no Natal. Papai Noel vai trazer mudanças para melhor em seu enorme saco. Ou então vai ser no Ano Novo, mesmo. Tem o verão, têm as férias, tem muita coisa legal pela frente. Dezembro anuncia tudo isso.

Todos os anos eu digo que não vou deixar para a última hora para procurar meus CDs de Natal. Gosto daqueles bem tradicionais, de preferência com coral. O Fischer Chöre cantando em alemão, que eu não entendo nada mas acho lindo. O Mormon Tabernacle Choir cantando a versão em inglês de "Adeste Fidelis": "oh coooooome all ye faaaaaaiiiiithfull, joyful and triuuuuuuuumphant, o cooooooome all ye coooooome ye to Beeeeeeethleheeeeeem...." O Madrigal Cantovivo cantando "Jesus Cristo Alegria dos Homens": "éééééééé Jesuuuuuuuuus que aaaaaaaaaleeeeeegriiiiiiia"... Pra mim música de Natal tem que ter jeito de música de Natal, mesmo. Detesto esses discos oportunistas, tipo o "25 de dezembro" da Simone ou os "Natais Gaudérios" da vida. Mesmo as canções natalinas de músicos pop, como "Happy Xmas" de John Lennon, "Step Into Christmas" de Elton John e "Thank God it's Christmas" do Queen não me entusiasmam tanto quanto os clássicos. Bem lembrado, vou hoje mesmo começar a procurar os CDs na minha coleção. Pode ser que até o Natal eu ache todos.

Sem lógica

Alguém sabe me explicar qual a lógica de pedir que um texto seja enviado para tantos amigos, "inclusive a pessoa que lhe mandou"? O que o remetente vai fazer com o arquivo recebido em duplicata? Ler de novo?

Melara e a questão da isonomia

Num sistema verdadeiramente democrático, é impossível haver amparo legal para regras com exceções nominais. Em outras palavras, não há como se alterar o Código Penal ou de Processo Penal para dizer que "o Melara" jamais terá direito a regime semi-aberto. Ou que alguém que matar uma atriz de novela nunca será considerado réu primário. Assim como o regulamento do campeonato brasileiro não pode incluir uma cláusula dizendo que o Grêmio, por sua história e tradição, está isento das normas para rebaixamento à segunda divisão. No máximo, pode-se criar uma norma genérica para beneficiar alguém em especial, como foi o caso da Lei Fleury.

Este é o lado ruim da democracia: por mais convicção que você tenha de que há pessoas que não a merecem, ninguém pode ser desqualificado por critérios subjetivos. Todos são iguais perante a lei. Se o Melara cumpriu os requisitos para fazer jus ao regime semi-aberto, o que fazer? Expectativa de direito não faz direito adquirido, como se sabe. Assim também, expectativa de delito não constitui delito. Imagino que os legisladores já devam estar pensando numa forma de criar uma norma que diga, em legalês: criminoso que a gente sabe que vai fugir nunca terá direito a regime semi-aberto.

Por outro lado, é preferível ter um Melara foragido a uma instituição sem confiabilidade. Agora a fuga realmente aconteceu. O negócio é localizá-lo e provar que o sistema funciona. Aliás, o sistema carcerário brasileiro é algo polêmico. O Brasil é um dos raros países em que se denunciam os bons tratos na prisão. A superpopulação, a violência entre os detentos, tudo isso é visto pela opinião pública como parte normal da pena. E não deveria ser. Essa discussão vai longe. Recomendo o filme "Brubaker", recentemente lançado em DVD, por colocar todas essas questões em seu enredo e culminar num desfecho realista sem descartar a mensagem humanista.