terça-feira, novembro 30, 2004
Existe um texto intitulado "O padrão ideal da mulher, segundo a televisão" (leiam aqui) cujo autor, até prova em contrário, é o jornalista Paulo J. Rafael. Pois bem: está circulando na Internet como sendo de Arnaldo Jabor. O mais incrível é que o texto tem um indício certeiro de que o autor jamais poderia ser ele: uma referência à "língua ferrenha do Jabor". Seja lá quem foi que trocou a autoria acrescentou a observação "eu" entre parênteses, como se o próprio fosse se referir a si mesmo dessa forma. E pior é que tem gente que não se dá conta. E repassa. E repassa. E repassa. E ainda elogia o estilo dele. Santa ingenuidade, Batman!
Golpe aperfeiçoado
O golpe do cartão virtual está ficando mais sofisticado. Antes era fácil saber se era uma armadilha para infectar o computador porque o cartão vinha sem nome. Era sempre "do seu amor", "de alguém que te ama", "estou com saudades" e por aí vai. Mas agora recebi um supostamente enviado por Paula Menezes. Ah, sim, a Paula. Que Paula? Menezes? Não conheço! Mas ainda é possível descobrir se é verdadeiro ou não: basta colocar o cursor por sobre o link. Se o endereço que aparecer no rodapé não conferir com a suposta origem e levar a um arquivo de extensão "com", "scr" ou "exe", apague na hora. Garanto que a Paula Menezes não vai se magoar.
Cachorros, não!
Não sei se mais gente pensa como eu, mas acho um saco quando entro num blog, fotolog ou perfil do Orkut, por exemplo, à cata de fotos da pessoa, e encontro imagens de cachorros. "Esse é o Lulu, ele não é uma gracinha?" Ora, gracinha é a Fernanda Lima! Quem quer ver fotos de cachorros? Dos filhos eu ainda tolero, se a mãe estiver junto. Eu próprio gosto de mostrar fotos com o meu filho. Mas cachorros é demais! Gente, vocês podem adorar os seus cãezinhos, mas garanto que os internautas têm tanto interesse em conhecê-los quanto de ler o discurso de formatura que vocês redigiram quando foram oradores de turma. Caiam na real, pô!
Pensamento da hora
Se é verdade que as roupas escuras deixam a gente mais magro, por que não noto diferença quando passo na roleta do ônibus?
segunda-feira, novembro 29, 2004
sexta-feira, novembro 26, 2004
Injustiça
Agora sei por que meu provedor esteve fora do ar de anteontem para ontem. Foi um apagão que afetou todos os sistemas da Procergs. Hoje, na página 3 da Zero Hora, saiu a seguinte nota:
A pane que tirou do ar o sistema de informática da Procergs também derrubou o provedor via-rs.
Os usuários, porém, reclamam que, no caso do provedor, problemas não são novos. É comum ficarem dias sem acesso.
Só quem já passou pela sensação de ser injustiçado sabe o quanto é importante que as testemunhas isentas se manifestem nessas horas. E foi o que eu fiz, enviando a seguinte mensagem por e-mail para a Zero Hora:
Não tenho motivos pessoais para defender a Procergs, mas se há algo que me revolta é a injustiça. A seção "Opinião ZH" de 26/11 diz que é comum os usuários do provedor via-rs "ficarem dias sem acesso". Gostaria de saber que dias foram esses, pois sou assinante do via-rs desde 1996, acesso a Internet diariamente e nunca lembro de ter havido um "apagão" tão longo quanto esse último. Só aquele histórico de novembro de 1996, que envolveu o Brasil todo por problemas na Embratel. Em geral as falhas são poucas e rapidamente resolvidas. O atendimento 24 horas é satisfatório, também.
Se eles vão publicar, não sei, mas fiz a minha parte. Escrevi apenas a verdade.
A pane que tirou do ar o sistema de informática da Procergs também derrubou o provedor via-rs.
Os usuários, porém, reclamam que, no caso do provedor, problemas não são novos. É comum ficarem dias sem acesso.
Só quem já passou pela sensação de ser injustiçado sabe o quanto é importante que as testemunhas isentas se manifestem nessas horas. E foi o que eu fiz, enviando a seguinte mensagem por e-mail para a Zero Hora:
Não tenho motivos pessoais para defender a Procergs, mas se há algo que me revolta é a injustiça. A seção "Opinião ZH" de 26/11 diz que é comum os usuários do provedor via-rs "ficarem dias sem acesso". Gostaria de saber que dias foram esses, pois sou assinante do via-rs desde 1996, acesso a Internet diariamente e nunca lembro de ter havido um "apagão" tão longo quanto esse último. Só aquele histórico de novembro de 1996, que envolveu o Brasil todo por problemas na Embratel. Em geral as falhas são poucas e rapidamente resolvidas. O atendimento 24 horas é satisfatório, também.
Se eles vão publicar, não sei, mas fiz a minha parte. Escrevi apenas a verdade.
quinta-feira, novembro 25, 2004
Sabedoria de mãe
Acabo de ler uma mensagem espirituosa num grupo de discussão dizendo que quem faz chover é o homem da previsão do tempo. Claro, sempre que ele diz que vai chover, chove. Se é assim, na minha infância e adolescência, quem fazia chover era a minha mãe. Incrível, mas eu confiava nela cegamente a ponto de perguntar se iria chover ou não. E se ela dissesse que não, eu saía sem guarda-chuva.
Não sei de onde eu tirava essa noção exagerada de que minha mãe era onisciente. Acho que todos nós, até uma certa idade, temos uma ou mais pessoas que nos servem de parâmetro para tudo. Até para prever o futuro. Se minha mãe dissesse "vai dar tudo certo", eu ficava tranqüilo. Se ela tinha dito, é porque ia mesmo. Ela sabia. Não sei como, mas sabia. E eu acreditava piamente nisso. Esse tipo de condicionamento pode trazer problemas mais tarde. Chega um instante em que nos tornamos adultos, mas não nos damos conta. Continuamos submissos à sabedoria de pessoas que não são perfeitas, mas temos dificuldade de questioná-las. É difícil assumir o momento em que chegou a nossa vez de sermos oniscientes. Até para nós mesmos.
É claro que sinto falta de minha mãe para conversar, para trocar idéias, um ombro pra chorar, também. Procuro não sofrer por isso. Ela se foi, mas o carinho e as coisas que ela me ensinou estão vivas dentro de mim. Mas ela faz muita falta para prever o futuro. Sem ela o amanhã, ou mesmo o daqui a pouco, virou realmente uma incógnita. Agora não tenho ninguém para me dizer se vai chover hoje. O Cléo Kuhn? Ah, ele erra às vezes. Minha mãe nunca errava. Querem a prova?
Aos 13 anos eu estava nos preparativos para minha primeira viagem aos Estados Unidos. Pouco tempo antes do embarque, acho que menos de duas semanas, minha avó foi hospitalizada em estado gravíssimo. Eu usava a minha pouca idade como pretexto para fingir que não enxergava o quanto ela estava mal. Meus pais seguiram em frente com os planos da minha viagem. Só o que fizeram foi pedir que a minha "festa de despedida" fosse na casa de uma amiga vizinha. No aeroporto, no dia 14 de julho de 1974, em minha inocência eu cometi uma crueldade. Perguntei para minha mãe: "Mãe, quando eu voltar a vó vai estar em casa?" E ela, sem hesitar: "Vai, sim." E com essa palavra de tranqüilização eu embarquei. Mandei um beijo para a vó no cartão postal que enviei.
Na volta, quando desembarquei, perguntei se a vó estava em casa. E estava. Sentada na cama o dia inteiro como sempre, mas estava. Ainda lembro dela abrindo os braços quando me viu: "Ele voltou!" Eu respondi: "E ela voltou também!" Minha vó teve uma recuperação surpreendente enquanto eu estava nos Estados Unidos. Parou de fumar e viveu mais sete anos. Minha mãe nunca esqueceu o peso que sentiu com a pergunta que eu lhe fiz antes de embarcar.
Mas, como sempre, ela deu a resposta certa.
Não sei de onde eu tirava essa noção exagerada de que minha mãe era onisciente. Acho que todos nós, até uma certa idade, temos uma ou mais pessoas que nos servem de parâmetro para tudo. Até para prever o futuro. Se minha mãe dissesse "vai dar tudo certo", eu ficava tranqüilo. Se ela tinha dito, é porque ia mesmo. Ela sabia. Não sei como, mas sabia. E eu acreditava piamente nisso. Esse tipo de condicionamento pode trazer problemas mais tarde. Chega um instante em que nos tornamos adultos, mas não nos damos conta. Continuamos submissos à sabedoria de pessoas que não são perfeitas, mas temos dificuldade de questioná-las. É difícil assumir o momento em que chegou a nossa vez de sermos oniscientes. Até para nós mesmos.
É claro que sinto falta de minha mãe para conversar, para trocar idéias, um ombro pra chorar, também. Procuro não sofrer por isso. Ela se foi, mas o carinho e as coisas que ela me ensinou estão vivas dentro de mim. Mas ela faz muita falta para prever o futuro. Sem ela o amanhã, ou mesmo o daqui a pouco, virou realmente uma incógnita. Agora não tenho ninguém para me dizer se vai chover hoje. O Cléo Kuhn? Ah, ele erra às vezes. Minha mãe nunca errava. Querem a prova?
Aos 13 anos eu estava nos preparativos para minha primeira viagem aos Estados Unidos. Pouco tempo antes do embarque, acho que menos de duas semanas, minha avó foi hospitalizada em estado gravíssimo. Eu usava a minha pouca idade como pretexto para fingir que não enxergava o quanto ela estava mal. Meus pais seguiram em frente com os planos da minha viagem. Só o que fizeram foi pedir que a minha "festa de despedida" fosse na casa de uma amiga vizinha. No aeroporto, no dia 14 de julho de 1974, em minha inocência eu cometi uma crueldade. Perguntei para minha mãe: "Mãe, quando eu voltar a vó vai estar em casa?" E ela, sem hesitar: "Vai, sim." E com essa palavra de tranqüilização eu embarquei. Mandei um beijo para a vó no cartão postal que enviei.
Na volta, quando desembarquei, perguntei se a vó estava em casa. E estava. Sentada na cama o dia inteiro como sempre, mas estava. Ainda lembro dela abrindo os braços quando me viu: "Ele voltou!" Eu respondi: "E ela voltou também!" Minha vó teve uma recuperação surpreendente enquanto eu estava nos Estados Unidos. Parou de fumar e viveu mais sete anos. Minha mãe nunca esqueceu o peso que sentiu com a pergunta que eu lhe fiz antes de embarcar.
Mas, como sempre, ela deu a resposta certa.
Problemas técnicos
Desde ontem à noite o meu provedor usual de e-mails está com "problemas técnicos" e com isso não consigo acessar minhas mensagens. Se continuar assim só mais um pouco, minha caixa postal vai explodir de tanto SPAM. Na semana passada achei que tinha acontecido algo assim e uma amiga cadastrou um endereço de e-mail para mim na conta dela só para não perder contato comigo. Legal, né? Mas esse endereço eu não vou divulgar nem usar para outros fins. É só meu e dela.
quarta-feira, novembro 24, 2004
Time sem graça
Pensando bem, nas últimas décadas tem sido mais emocionante ser gremista do que colorado. Vejam só: o Grêmio já foi duas vezes campeão da Libertadores. O Inter, nunca. O Grêmio já foi duas vezes a Tóquio (ainda que só tenha sido vencedor na primeira). O Inter, nunca. Pois agora o Grêmio poderá dizer que já caiu duas vezes para a segunda divisão. O Inter, nunca. Que timinho mais amorfo esse Inter, que não nos dá nem alegrias, nem tristezas!
Eu vi!
Já vi de tudo um pouco na Rua da Praia: mímicos, músicos de rua, saltadores em círculos de facas, artistas desenhando com giz no chão, estátuas vivas, vendedores ambulantes... Mas o que presenciei ontem às cinco da tarde supera a tudo em termos de inusitado. Um sujeito com flip-chart aberto, pincel atômico na mão, microfone e alto falante, dando uma aula de matemática! E o mais incrível: juntou gente para ver! Realmente, vale a pena parar em plena rua para assistir a um desconhecido explicando uma equação de duas variáveis! Tem louco pra tudo...
terça-feira, novembro 23, 2004
Colocando em prática
Agora que decidi que vou ficar rico, a questão é: como? São tantas as opções que não sei qual escolher.
Eu poderia fundar uma Igreja, por exemplo. Contrataria alguns atores para encenar exorcismos e curas milagrosas. Venderia cadeiras cativas no Céu. Construiria templos. Anunciaria a salvação eterna para quem se convertesse. Mas teria que ser para a minha Igreja, que seria a única certa. A graça recebida por cada um seria proporcional à doação na coleta.
Ou melhor ainda: já que gosto de escrever, poderia começar a publicar livros sobre misticismo. Contaria da viagem que fiz às montanhas do Tibet, das visões que tive, dos poderes sobrenaturais que me foram repassados nesse contato. Inventaria personagens com nomes cabalísticos, contaria historinhas cheias de lições de vida e mensagens de otimismo. Falaria do disco voador que avistei e de meu encontro com John Lennon. Se não desse certo eu poderia optar pelo filão da auto-ajuda. "Acredite em si mesmo", "seja otimista", "use a força do pensamento positivo..." Basta escrever o que as pessoas querem ler e me tornar um best-seller.
Não, acho que existe outra maneira melhor: comprar uma tenda, um turbante, uma daquelas lâmpadas que soltam faíscas dentro de uma redoma de vidro e me tornar vidente. "Você veio até mim porque tem um problema. Sim, eu estou vendo. Pode ser algo que envolva dinheiro ou uma pessoa querida. Estou certo? Veja, coloque sua mão sobre a lâmpada. Vê esses raios? É a sua energia!" Pronto, não tem como errar. "Alguma pessoa que você conhece vai morrer em breve." "Você vai reencontrar um amigo." Mas nada, nada mesmo, surte mais efeito do que encerrar a consulta dizendo: "Mas as coisas vão melhorar. Você tem que acreditar. Em si mesmo e em mim. E no dinheiro que está investindo."
Eu poderia lançar também um programa de rádio para ouvir reclamações de pessoas humildes. Conseguiria patrocínio para distribuição de cadeiras de rodas, muletas e o que mais fosse preciso. Quando o meu nome estivesse em destaque, me lançaria na política. Ah, querem saber mesmo? Vou continuar pobre! Se for o meu destino estar sempre com o orçamento apertado, que assim seja. Só peço à querida Santa Hedwiges, que até hoje nunca me abandonou, que continue me livrando das situações mais desesperadoras e que eu possa estar sempre com meu nome limpo. No mais, nada como ser a gente mesmo, vivendo uma vida modesta, mas com a consciência tranqüila.
Eu poderia fundar uma Igreja, por exemplo. Contrataria alguns atores para encenar exorcismos e curas milagrosas. Venderia cadeiras cativas no Céu. Construiria templos. Anunciaria a salvação eterna para quem se convertesse. Mas teria que ser para a minha Igreja, que seria a única certa. A graça recebida por cada um seria proporcional à doação na coleta.
Ou melhor ainda: já que gosto de escrever, poderia começar a publicar livros sobre misticismo. Contaria da viagem que fiz às montanhas do Tibet, das visões que tive, dos poderes sobrenaturais que me foram repassados nesse contato. Inventaria personagens com nomes cabalísticos, contaria historinhas cheias de lições de vida e mensagens de otimismo. Falaria do disco voador que avistei e de meu encontro com John Lennon. Se não desse certo eu poderia optar pelo filão da auto-ajuda. "Acredite em si mesmo", "seja otimista", "use a força do pensamento positivo..." Basta escrever o que as pessoas querem ler e me tornar um best-seller.
Não, acho que existe outra maneira melhor: comprar uma tenda, um turbante, uma daquelas lâmpadas que soltam faíscas dentro de uma redoma de vidro e me tornar vidente. "Você veio até mim porque tem um problema. Sim, eu estou vendo. Pode ser algo que envolva dinheiro ou uma pessoa querida. Estou certo? Veja, coloque sua mão sobre a lâmpada. Vê esses raios? É a sua energia!" Pronto, não tem como errar. "Alguma pessoa que você conhece vai morrer em breve." "Você vai reencontrar um amigo." Mas nada, nada mesmo, surte mais efeito do que encerrar a consulta dizendo: "Mas as coisas vão melhorar. Você tem que acreditar. Em si mesmo e em mim. E no dinheiro que está investindo."
Eu poderia lançar também um programa de rádio para ouvir reclamações de pessoas humildes. Conseguiria patrocínio para distribuição de cadeiras de rodas, muletas e o que mais fosse preciso. Quando o meu nome estivesse em destaque, me lançaria na política. Ah, querem saber mesmo? Vou continuar pobre! Se for o meu destino estar sempre com o orçamento apertado, que assim seja. Só peço à querida Santa Hedwiges, que até hoje nunca me abandonou, que continue me livrando das situações mais desesperadoras e que eu possa estar sempre com meu nome limpo. No mais, nada como ser a gente mesmo, vivendo uma vida modesta, mas com a consciência tranqüila.
segunda-feira, novembro 22, 2004
Valores
Eu costumo dizer que existem três coisas de que todas as pessoas normais gostam: comida, dinheiro e sexo. Mas há aqueles que exageram em algum dos três itens. Eu adoraria poder afirmar que o meu exagero é sexo. Mas acho que o meu apetite sexual é normal. Dinheiro é importante, mas não é tudo. Não compra a felicidade. A falta dele é que às vezes nos complica a vida. Já comer... eu achava que minha predileção por comida fosse normal. Até ouvir alguns colegas meus fazerem afirmações como "puxa, esqueci de almoçar!" "Não vou sair pro almoço, não estou com fome." Mas como? Onde já se viu alguém esquecer – ou pior, abdicar – de algo tão importante quanto uma refeição? Então, humildemente, concluo que minha propensão a comer é acima da normal. Como se meu peso já não mostrasse isso.
Já vi gente colocar em risco famílias, amizades, até a integridade física, pela chance de transar com aquela pessoa tão cobiçada. Entregam-se de corpo, mas sem alma, ao prazer carnal. Embora eu considere a atração uma condição importantíssima para o sucesso de um relacionamento, acho que tanto homens quanto mulheres deveriam se valorizar mais antes de se permitirem um encontro casual. Envolvimentos sem compromisso acabam causando sofrimento para um dos lados. Ninguém gosta de se sentir usado, por mais que desfrute o momento em si.
Assim também, conheço pessoas que pautam todas as suas decisões pelo dinheiro. Perdem um amigo, mas não perdem um centavo. Desconhecem as "coisas que o dinheiro não compra", por mais surrado que seja o chavão. Tratam as amizades e os relacionamentos amorosos como um negócio: aquele que melhor souber pechinchar e impor suas condições, leva vantagem. São indivíduos que crescem profissionalmente, acumulam bens, usam os outros no que lhes aprouver, mas abrem mão do patrimônio mais valioso que existe, que é o sentimento verdadeiro de amor e amizade daqueles com quem convivem. Esses, nas palavras do poeta Glaucus Saraiva, vivem "a extrema pobreza da indigência espiritual" (poema "Borracho").
Pois é. Depois de filosofar romanticamente sobre a nobreza de caráter do ser humano (ou a falta de), olho para minhas dívidas e fico assustado. Eu nunca sonhei em ficar rico. Não acho que seja uma boa opção de vida. Mas se for para pagar minhas contas, até posso mudar de idéia. Pensando bem, ser milionário deve ter suas vantagens. Ainda mais para saldar os débitos de fim de ano. Então está decidido: vou ficar rico! Com licença que eu vou até ali enriquecer e já volto.
Já vi gente colocar em risco famílias, amizades, até a integridade física, pela chance de transar com aquela pessoa tão cobiçada. Entregam-se de corpo, mas sem alma, ao prazer carnal. Embora eu considere a atração uma condição importantíssima para o sucesso de um relacionamento, acho que tanto homens quanto mulheres deveriam se valorizar mais antes de se permitirem um encontro casual. Envolvimentos sem compromisso acabam causando sofrimento para um dos lados. Ninguém gosta de se sentir usado, por mais que desfrute o momento em si.
Assim também, conheço pessoas que pautam todas as suas decisões pelo dinheiro. Perdem um amigo, mas não perdem um centavo. Desconhecem as "coisas que o dinheiro não compra", por mais surrado que seja o chavão. Tratam as amizades e os relacionamentos amorosos como um negócio: aquele que melhor souber pechinchar e impor suas condições, leva vantagem. São indivíduos que crescem profissionalmente, acumulam bens, usam os outros no que lhes aprouver, mas abrem mão do patrimônio mais valioso que existe, que é o sentimento verdadeiro de amor e amizade daqueles com quem convivem. Esses, nas palavras do poeta Glaucus Saraiva, vivem "a extrema pobreza da indigência espiritual" (poema "Borracho").
Pois é. Depois de filosofar romanticamente sobre a nobreza de caráter do ser humano (ou a falta de), olho para minhas dívidas e fico assustado. Eu nunca sonhei em ficar rico. Não acho que seja uma boa opção de vida. Mas se for para pagar minhas contas, até posso mudar de idéia. Pensando bem, ser milionário deve ter suas vantagens. Ainda mais para saldar os débitos de fim de ano. Então está decidido: vou ficar rico! Com licença que eu vou até ali enriquecer e já volto.
domingo, novembro 21, 2004
No fundo do poço
Quem já se sentiu descornado com certeza desejou que o ex ou a ex fosse parar no fundo do poço. Pois em Arroio dos Ratos, no interior do Rio Grande do Sul, um ex-marido inconformado levou essa ameaça ao pé da letra. Jogou a ex-mulher no poço, onde ela permaneceu por 15 horas até ser resgatada pela Brigada.
Essa vai poder dizer, literalmente: "fui ao fundo do poço, mas sobrevivi!"
Essa vai poder dizer, literalmente: "fui ao fundo do poço, mas sobrevivi!"
As falhas do Orkut
É realmente uma pena que o Orkut esteja se tornando um site cada vez mais instável. A impressão que se tem é de que, de cada quatro cliques, apenas um é bem-sucedido. Dos outros três, um vai para a página "Bad bad server. No donut for you." O outro vai para uma página branca de erro do Google. E o terceiro é uma mensagem local do seu browser dizendo que a página não pode ser exibida.
Já ouvi muita gente dizer que saiu do Orkut porque cansou de tantas falhas. O que é lamentável, já que o Orkut havia-se consagrado como o "point" dos brasileiros na Internet. É como aquele barzinho de sucesso da sua cidade: pode haver outros melhores e mais confortáveis, talvez até com mais opções. Mas você vai naquele porque sabe que a galera vai estar lá.
Agora imaginem querer migrar para algum site concorrente. Recomeçar do zero. Reconstruir toda a estrutura a partir do nada, quando já existe uma ampla rede de comunidades no Orkut. Não valeria a pena. Será que é tão difícil assim para os americanos que gerenciam o site torná-lo mais confiável? Já deu pra ver que continuam fazendo manutenção, tendo inclusive acrescentado um novo item de menu: "media". O negócio agora é corrigir as falhas.
Já ouvi muita gente dizer que saiu do Orkut porque cansou de tantas falhas. O que é lamentável, já que o Orkut havia-se consagrado como o "point" dos brasileiros na Internet. É como aquele barzinho de sucesso da sua cidade: pode haver outros melhores e mais confortáveis, talvez até com mais opções. Mas você vai naquele porque sabe que a galera vai estar lá.
Agora imaginem querer migrar para algum site concorrente. Recomeçar do zero. Reconstruir toda a estrutura a partir do nada, quando já existe uma ampla rede de comunidades no Orkut. Não valeria a pena. Será que é tão difícil assim para os americanos que gerenciam o site torná-lo mais confiável? Já deu pra ver que continuam fazendo manutenção, tendo inclusive acrescentado um novo item de menu: "media". O negócio agora é corrigir as falhas.
sexta-feira, novembro 19, 2004
Show de Vitor Ramil
Hoje, amanhã e domingo tem show de Vitor Ramil e banda no Theatro São Pedro. Domingo começa às 18 horas e, nos outros dias, 21 horas. É o lançamento do CD Longes.
quinta-feira, novembro 18, 2004
A que ponto chegamos
Sempre que alguém critica os "viciados em Internet", contra-ataco com o argumento da televisão. A tradicional família brasileira passa as noites assistindo à programação da Globo e isso ninguém questiona. É um vício institucionalizado. Ou pior: estimulado. Reconheço que a TV tem um fator de congregação que propicia a proximidade física, em oposição à virtual. Você pode ver televisão bem acompanhado, seja no sofá ou na cama. Já a Internet absorve e monopoliza o indivíduo, aproximando-o virtualmente de outras pessoas, mas afastando-o dos que estão no mesmo ambiente. É de se pensar.
Tudo isso para dizer que acabei de ver um comercial de motel "agora com Internet banda larga nas suítes". Começo a achar que o hábito está realmente fugindo de controle. Qual a finalidade? Descartando a repulsiva hipótese de que um dos parceiros seria capaz de deixar o outro sozinho na cama enquanto fica teclando com um terceiro, fico imaginando os usos possíveis:
- Postar uma mensagem rápida num grupo de discussão dizendo "vocês não imaginam com quem eu estou aqui no motel!"
- Enviar uma mensagem para casa dizendo, "querida, te amo, me atrasei um pouco, mas não demoro."
- Criar salas de chat para os próprios freqüentadores. Com webcam, de preferência. Focalizando a cama, melhor ainda!
- Procurar sites pornôs como alternativa para o tradicional filmezinho de sacanagem.
Ah, sei lá. Estou começando a achar que está mesmo havendo algum exagero. Você aceitaria um convite de seu parceiro ou parceira para ir a um motel com Internet?
Tudo isso para dizer que acabei de ver um comercial de motel "agora com Internet banda larga nas suítes". Começo a achar que o hábito está realmente fugindo de controle. Qual a finalidade? Descartando a repulsiva hipótese de que um dos parceiros seria capaz de deixar o outro sozinho na cama enquanto fica teclando com um terceiro, fico imaginando os usos possíveis:
- Postar uma mensagem rápida num grupo de discussão dizendo "vocês não imaginam com quem eu estou aqui no motel!"
- Enviar uma mensagem para casa dizendo, "querida, te amo, me atrasei um pouco, mas não demoro."
- Criar salas de chat para os próprios freqüentadores. Com webcam, de preferência. Focalizando a cama, melhor ainda!
- Procurar sites pornôs como alternativa para o tradicional filmezinho de sacanagem.
Ah, sei lá. Estou começando a achar que está mesmo havendo algum exagero. Você aceitaria um convite de seu parceiro ou parceira para ir a um motel com Internet?
Good Vibrations
"I'm picking up good vibrations, she's giving me excitation..."
Já que eu falei das vibrações negativas de setembro, justiça se faça aos bons fluidos de novembro. A primavera é sem dúvida a melhor estação para se estar em Porto Alegre, com dias bonitos de sol sem aquele calor úmido e insuportável que vem depois. Hoje é um dia agradável e, pela temperatura amena que está fazendo, deve continuar assim.
Certa vez, na comunidade do Orkut sobre Porto Alegre, alguém propôs uma enquete sobre o que era melhor na cidade. Alguns citaram o pôr-do-sol e um engraçadinho lembrou que isso tem no mundo inteiro. Claro que tem! Mas a capital gaúcha, por sua localização geográfica e condição atmosférica, tem uma luminosidade diferente, ímpar, que não se vê em qualquer lugar. Isso é confirmado por quem morou fora daqui.
Hoje acordei atrasado, tropecei ao subir no ônibus e fiz um esforço quase britânico para manter a fleuma após bater com a perna no degrau. Ainda está doendo um pouco. Mas estou bem disposto. Esta brisa que entra pela janela o pouco de sol que consigo enxergar parecem sinalizar que as coisas vão melhorar. Eu quero acreditar nisso.
Ontem à noite eu estava olhando o DVD com o histórico show dos Beach Boys em Kneboworth, na Inglaterra, em 1980. Não foi apenas um dos últimos shows com a formação completa, foi um raro momento registrado em vídeo em que todos os integrantes se apresentaram juntos. O líder Brian Wilson, que por tanto ficou longe dos palcos, não consegue esconder o nervosismo em seus olhos assustados. O baterista Dennis Wilson, o único dos Beach Boys que realmente surfava, parece estar meio fora do ar. Quando toca, agride os tambores com uma energia impressionante. Mas o clima em geral é positivo. E ao final eles cantam "Good Vibrations".
Dennis e Carl Wilson já se foram. O gênio Brian se recuperou e esteve recentemente em São Paulo. Os gaúchos não puderam vê-lo, mas temos um consolo. As boas vibrações, pelo menos, estão aqui, em Porto Alegre. Espero que continuem.
Já que eu falei das vibrações negativas de setembro, justiça se faça aos bons fluidos de novembro. A primavera é sem dúvida a melhor estação para se estar em Porto Alegre, com dias bonitos de sol sem aquele calor úmido e insuportável que vem depois. Hoje é um dia agradável e, pela temperatura amena que está fazendo, deve continuar assim.
Certa vez, na comunidade do Orkut sobre Porto Alegre, alguém propôs uma enquete sobre o que era melhor na cidade. Alguns citaram o pôr-do-sol e um engraçadinho lembrou que isso tem no mundo inteiro. Claro que tem! Mas a capital gaúcha, por sua localização geográfica e condição atmosférica, tem uma luminosidade diferente, ímpar, que não se vê em qualquer lugar. Isso é confirmado por quem morou fora daqui.
Hoje acordei atrasado, tropecei ao subir no ônibus e fiz um esforço quase britânico para manter a fleuma após bater com a perna no degrau. Ainda está doendo um pouco. Mas estou bem disposto. Esta brisa que entra pela janela o pouco de sol que consigo enxergar parecem sinalizar que as coisas vão melhorar. Eu quero acreditar nisso.
Ontem à noite eu estava olhando o DVD com o histórico show dos Beach Boys em Kneboworth, na Inglaterra, em 1980. Não foi apenas um dos últimos shows com a formação completa, foi um raro momento registrado em vídeo em que todos os integrantes se apresentaram juntos. O líder Brian Wilson, que por tanto ficou longe dos palcos, não consegue esconder o nervosismo em seus olhos assustados. O baterista Dennis Wilson, o único dos Beach Boys que realmente surfava, parece estar meio fora do ar. Quando toca, agride os tambores com uma energia impressionante. Mas o clima em geral é positivo. E ao final eles cantam "Good Vibrations".
Dennis e Carl Wilson já se foram. O gênio Brian se recuperou e esteve recentemente em São Paulo. Os gaúchos não puderam vê-lo, mas temos um consolo. As boas vibrações, pelo menos, estão aqui, em Porto Alegre. Espero que continuem.
quarta-feira, novembro 17, 2004
Infame
Um colega meu deu um sorrisinho malicioso só porque eu disse que na Rússia é comum Serguei. E não é?
O sermão do Padre Vieira
Uma amiga minha blogueira, a Angie (Angélica Comis, de Campinas, grande amiga, fã de David Bowie e uma cantora em potencial que já planejou desperdiçar seu talento artístico nos tribunais quando se formar em Direito), disse que não iria contar para os pais que estava com dor no peito para não "ouvir o sermão do Padre Vieira". Aí, de gozação, eu postei uma mensagem dando-lhe um puxão de orelhas e assinei: "Padre Vieira". Pois é... Só que, agora, cada vez que eu vou abrir uma janela para postar um comentário em qualquer blog, meu nome já está ali, preenchido: "Padre Vieira". E eu tenho que sempre lembrar de sobrescrever: "Emílio". Se um dia eu me descuidar, corro o risco de assumir o alter ego do Padre Vieira numa situação nada a ver. A gente tem que cuidar com as brincadeiras que faz na Internet!
Arroz doce
Deixa eu ver se entendi bem: Colin Powell, aquele "afroamericano" que deixou de ser o Secretário de Estado americano, era o moderado, o apaziguador, o "bonzinho". Já Condoleezza Rice, a mulher que assumiu em seu lugar, uma "afroamericana" cinqüentona até bem interessante (pelo menos maquiada e produzida), cujo nome quer dizer "com doçura" e o sobrenome é "arroz", é linha dura, austera, de pulso firme. É isso?
A humanidade está perdida, mesmo.
segunda-feira, novembro 15, 2004
Hello Goodbye, Feira do Livro
Não acredito. Pela primeira vez desde a minha infância, deixei passar uma Feira do Livro sem visitar todas as barracas. Na verdade, só visitei duas. Falha minha. Que isso nunca mais se repita! A Feira do Livro, por si só, é mais importante do que meus problemas financeiros, meus rolos pessoais, enfim, do que tudo! Foi mal.
Voltem pras panelas!
Pensei que a reportagem de ontem do Fantástico sobre excesso de peso fosse me incomodar. Que nada! Adorei enxergar aquelas picanhas suculentas, brigadeiros, xis e outras guloseimas irresistíveis! Deu água na boca!
Mas nada superou a constatação que eles mesmos apresentaram. Não sou eu quem está dizendo, gente, são eles! Mostraram uma cena do século passado (ou seja, o século em que todos nós nascemos) com vários cidadãos de paletó e gravata caminhando pelas ruas do Brasil antigo. Todos homens e todos em forma, nenhum obeso. Aí a explicação: como a mulher, naquele tempo, não trabalhava, ficava em casa cozinhando e as refeições eram feitas no próprio lar, resultando numa alimentação mais saudável. Ou seja: a culpa, como sempre, é das mulheres, com essa mania boba de "direitos iguais"! Se a mulher tivesse se resignado à sua função milenar de ficar em casa preparando uma comidinha balanceada para o marido, estaríamos todos magros e bonitos. Mas, como se sabe, toda a subversão de uma ordem natural resulta em desequilíbrio. Saindo para trabalhar, a mulher deixou a todos, inclusive a elas próprias, à mercê do lixo alimentar dos "fast-food". Eu sabia, a culpa é delas! A culpa sempre é delas!
Querem homens elegantes? Voltem pras panelas! Foi o que deu no Fantástico.
Mas nada superou a constatação que eles mesmos apresentaram. Não sou eu quem está dizendo, gente, são eles! Mostraram uma cena do século passado (ou seja, o século em que todos nós nascemos) com vários cidadãos de paletó e gravata caminhando pelas ruas do Brasil antigo. Todos homens e todos em forma, nenhum obeso. Aí a explicação: como a mulher, naquele tempo, não trabalhava, ficava em casa cozinhando e as refeições eram feitas no próprio lar, resultando numa alimentação mais saudável. Ou seja: a culpa, como sempre, é das mulheres, com essa mania boba de "direitos iguais"! Se a mulher tivesse se resignado à sua função milenar de ficar em casa preparando uma comidinha balanceada para o marido, estaríamos todos magros e bonitos. Mas, como se sabe, toda a subversão de uma ordem natural resulta em desequilíbrio. Saindo para trabalhar, a mulher deixou a todos, inclusive a elas próprias, à mercê do lixo alimentar dos "fast-food". Eu sabia, a culpa é delas! A culpa sempre é delas!
Querem homens elegantes? Voltem pras panelas! Foi o que deu no Fantástico.
domingo, novembro 14, 2004
Silêncio
Estou quieto neste feriadão. Aliás, desta vez um feriadão de verdade, não daqueles que você precisa enforcar algo ou alguém para ter a desculpa de não ir trabalhar no dia útil. Estou bem ocupado, com uma tradução de quase 50 páginas em andamento. E a cabeça anda ocupada, também. Mas é por uma boa causa.
Na sexta-feira recebi um cartão virtual de uma amiga com a imagem de um sol e um enorme "Bom dia". Ela acrescentou a observação: "Pena que este sol não está lá fora nos esperando." Realmente, estava chovendo. Mesmo assim, eu respondi: "Este sol está lá fora nos esperando. Só temos que ter paciência."
Na sexta-feira recebi um cartão virtual de uma amiga com a imagem de um sol e um enorme "Bom dia". Ela acrescentou a observação: "Pena que este sol não está lá fora nos esperando." Realmente, estava chovendo. Mesmo assim, eu respondi: "Este sol está lá fora nos esperando. Só temos que ter paciência."
sexta-feira, novembro 12, 2004
Liberdade para os dois brasileiros!
Na época do governo Clinton, nos Estados Unidos, quando vazou a informação de que os funcionários da Disney World estavam sendo alertados sobre a baderna das crianças brasileiras, a reação do lado de cá foi de ofensa e exigência de retratação. Ora, onde já se viu caluniar assim nossos pobres anjinhos? E houve um pedido de desculpas formal. Só não entendo por que agora a maioria das mensagens que leio sobre os surfistas brasileiros presos na Alfândega americana é para dizer "bem feito, quem mandou dizer bobagem" e por aí vai.
Não se pode negar que muitos brasileiros, quando vão aos Estados Unidos e se juntam em bando, comportam-se de forma inconveniente. Cantam em voz alta, fazem algazarra e se ofendem se forem mandados parar. Não percebem que estão na casa dos outros e deveriam se adequar às normas do lugar. Mas o caso desses dois jovens é diferente. Fizeram uma brincadeira na hora errada. Até não sei se o diálogo deles foi em português ou em inglês. De qualquer forma, os funcionários da Alfândega dificilmente perceberam a intenção do trocadilho, pois a "bomba" que eles levavam na mala é a que bombeia ("pump") e não a que explode ("bomb").
Quando cheguei no aeroporto de Atlanta em fevereiro de 2002, fui atendido com bom humor por um funcionário que tinha o jeitão do Leslie Nielsen, de cabelo branco. Começou perguntando por que eu iria a Athens. "Não há nada em Athens!" Depois me disse que, quando ele ia ao Brasil, tinha outro nome. Como o sobrenome dele era Clinton, perguntei se era Bill. Ele respondeu com sotaque americano: "Ricardão". Já na volta para o Brasil, tive que passar meus tênis no raio X e mostrar o que levava na bagagem de mão, mas tudo num clima amistoso. Antes de entrar no avião, a funcionária pediu que eu mostrasse o que estava fazendo volume no meu bolso. Era um monte de chicletes. Ela disse: "Ah, estes são seus chicletes (gums)." Eu respondi: "Sim, são meus chicletes (gums), não meus revólveres (guns)." Ninguém me prendeu por ter falado isso.
Meus amigos costumam me chamar de americanista. Eles acham que eu sempre defendo os Estados Unidos, assim como eu acho que eles sempre estão contra. Mas nesse episódio houve excesso de intolerância. Os rapazes erraram? Com certeza. Mas foi apenas uma molecagem típica de brasileiro. A pena que estão pagando é exagerada e injusta. Liberdade para esses jovens já!
Não se pode negar que muitos brasileiros, quando vão aos Estados Unidos e se juntam em bando, comportam-se de forma inconveniente. Cantam em voz alta, fazem algazarra e se ofendem se forem mandados parar. Não percebem que estão na casa dos outros e deveriam se adequar às normas do lugar. Mas o caso desses dois jovens é diferente. Fizeram uma brincadeira na hora errada. Até não sei se o diálogo deles foi em português ou em inglês. De qualquer forma, os funcionários da Alfândega dificilmente perceberam a intenção do trocadilho, pois a "bomba" que eles levavam na mala é a que bombeia ("pump") e não a que explode ("bomb").
Quando cheguei no aeroporto de Atlanta em fevereiro de 2002, fui atendido com bom humor por um funcionário que tinha o jeitão do Leslie Nielsen, de cabelo branco. Começou perguntando por que eu iria a Athens. "Não há nada em Athens!" Depois me disse que, quando ele ia ao Brasil, tinha outro nome. Como o sobrenome dele era Clinton, perguntei se era Bill. Ele respondeu com sotaque americano: "Ricardão". Já na volta para o Brasil, tive que passar meus tênis no raio X e mostrar o que levava na bagagem de mão, mas tudo num clima amistoso. Antes de entrar no avião, a funcionária pediu que eu mostrasse o que estava fazendo volume no meu bolso. Era um monte de chicletes. Ela disse: "Ah, estes são seus chicletes (gums)." Eu respondi: "Sim, são meus chicletes (gums), não meus revólveres (guns)." Ninguém me prendeu por ter falado isso.
Meus amigos costumam me chamar de americanista. Eles acham que eu sempre defendo os Estados Unidos, assim como eu acho que eles sempre estão contra. Mas nesse episódio houve excesso de intolerância. Os rapazes erraram? Com certeza. Mas foi apenas uma molecagem típica de brasileiro. A pena que estão pagando é exagerada e injusta. Liberdade para esses jovens já!
quinta-feira, novembro 11, 2004
Pensamento da hora
Se estiver apenas me testando ou brincando comigo, por favor, não empurre a porta com muita força, pois ela sempre esteve aberta para você.
quarta-feira, novembro 10, 2004
Ainda os falsos autores
Uma integrante do Orkut teve a ótima idéia de criar uma comunidade chamada "Afinal, Quem é o Autor?" O objetivo seria descobrir e divulgar os verdadeiros autores de textos que circulam pela Internet com falsa autoria. Eu me inscrevi e contribuí com o seguinte tópico:
Estou com pouco tempo agora, mas acabo de chegar nesta comunidade e gostaria de lembrar alguns exemplos de cabeça. Depois, com calma, pesquiso bem os textos. Aquele texto que começa mais ou menos assim: "Tenho amigos que nem sabem o quanto são importantes para mim..." não é do Vinicius de Moraes. É do cronista gaúcho Paulo Sant'ana. Aquele texto que começa falando nas muitas dores, mas que nenhuma dói mais do que a saudade (é como é verdade!), não é do Miguel Falabella. É da cronista gaúcha Martha Medeiros (que sofre de um mal inverso ao do Verissimo e na minha opinião pior: os textos DELA circulam com assinatura de outros). O texto "Vaidade" não é de Herbert Vianna. É da jornalista e blogueira Rosana Herrmann.
A moderadora do grupo respondeu:
Valeu, Emilio! Tinha colocado até na comunidade do Vinicius esta pergunta, pois achava que o texto não era dele. A maioria achou que não era mesmo, mas ninguém soube dizer de quem era. Daí, fui procurar por Paulo Sant'ana e encontrei esta notícia: http://www.coletiva.net/leitores.php?inicio=334
VINÍCIUS DE MORAES X PAULO SANT’ANA
Sobre a Notícia ’Vinícius de Moraes assina texto de Sant'Ana’, do dia 19/06, esclareço que o verdadeiro autor não é nenhum dos citados, e sim, Garth Henrichs, um autor existencialista. No que vou procurar por "Gart Henrichs", acho o seguinte:
http://www.spark.maxihost.com.br/cafe/2003_12.html
" O texto aparece como de Garth Henrichs em apenas 140 sites.... Num dos sites é informado que a crônica teria sido publicada originalmente no Jornal Zero Hora de Porto Alegre. Por outro lado, pesquisei também a frase final "A gente não faz amigos, reconhece-os" E esta aparece isoladamente diversas vezes, atribuída a Vinicius. A conclusão a que eu cheguei é que o texto realmente deve ser de Garth Henrichs, porém a frase final é de Vinícius, citada por Henrichs no fechamento de sua crônica. O autor da frase usada como citação (Vinicius) acabou erroneamente sendo tomado como autor do texto inteiro."
Aos poucos, a gente vai desvendar este mistério... Quem é Garth Henrichs?
Eu insisti:
- Eu sou de Porto Alegre, a terra do jornal Zero Hora, onde Paulo Sant'ana escreve.
- Eu vi esse texto publicado originalmente no jornal.
- Eu vi esse texto REPUBLICADO no mesmo jornal para reivindicar a autoria.
- Esse texto aparece também no livro "O Gênio Idiota", de Paulo Sant'ana.
O TEXTO É DO SANT'ANA, PÔ! Talvez tenham enxertado frases esparsas no texto "falsificado" e essas frases é que aparecem com sendo de outros, MAS ESSE TEXTO EU TENHO CERTEZA QUE É DO SANT'ANA! Puxa, não pensei que fosse tão fácil roubar uma autoria e tão difícil restituí-la a seu verdadeiro dono!
Até que, depois de algum tempo, a moderadora postou a seguinte resposta sob o título "Agora é oficial: não é do Vinicius:"
Escrevi para Gilda Mattoso, a última esposa do Vinicius de Moraes e que colabora no site oficial do Vinicius de Moraes.Vejam o que ela respondeu:
"Querida [nome da moderadora], Não reconheço nem a frase como do Vina. Pode entrar no site dele - www.viniciusdemoraes.com.br - e dar uma conferida lá. Fico danada, pois vejo cada texto bobo sendo atribuído a ele, a Jorge Luis Borges e tantas outras feras, quando se vê que não podem ser de gente assim. bjs Gilda"
Emilio: Parece que você tinha mesmo razão. Só nos resta enfim acreditar que é mesmo do Paulo Sant'anna, já que você tem até a referência do livro em que foi publicado. Mais um mistério desvendado.
Aí só me restou responder:
Se você precisou escrever para a viúva do Vinicius para confirmar a informação, então a situação está pior do que eu pensava. Enquanto você diz que "parece" que eu tenho razão, eu tinha certeza desde o começo. E não adiantou nada. Então pra que serve esta comunidade?
P.S.: Este desentendimento já está superado. Continuo participando da comunidade "Afinal, Quem É o Autor?", que considero uma das melhores do Orkut. Mas na época em que ocorreu esse fato eu realmente fiquei indignado. E continuo achando que tinha razão. Mas já passou. Pensei em apagar este tópico, mas fica para servir de esclarecimento a quem pesquisar sobre o assunto.
Estou com pouco tempo agora, mas acabo de chegar nesta comunidade e gostaria de lembrar alguns exemplos de cabeça. Depois, com calma, pesquiso bem os textos. Aquele texto que começa mais ou menos assim: "Tenho amigos que nem sabem o quanto são importantes para mim..." não é do Vinicius de Moraes. É do cronista gaúcho Paulo Sant'ana. Aquele texto que começa falando nas muitas dores, mas que nenhuma dói mais do que a saudade (é como é verdade!), não é do Miguel Falabella. É da cronista gaúcha Martha Medeiros (que sofre de um mal inverso ao do Verissimo e na minha opinião pior: os textos DELA circulam com assinatura de outros). O texto "Vaidade" não é de Herbert Vianna. É da jornalista e blogueira Rosana Herrmann.
A moderadora do grupo respondeu:
Valeu, Emilio! Tinha colocado até na comunidade do Vinicius esta pergunta, pois achava que o texto não era dele. A maioria achou que não era mesmo, mas ninguém soube dizer de quem era. Daí, fui procurar por Paulo Sant'ana e encontrei esta notícia: http://www.coletiva.net/leitores.php?inicio=334
VINÍCIUS DE MORAES X PAULO SANT’ANA
Sobre a Notícia ’Vinícius de Moraes assina texto de Sant'Ana’, do dia 19/06, esclareço que o verdadeiro autor não é nenhum dos citados, e sim, Garth Henrichs, um autor existencialista. No que vou procurar por "Gart Henrichs", acho o seguinte:
http://www.spark.maxihost.com.br/cafe/2003_12.html
" O texto aparece como de Garth Henrichs em apenas 140 sites.... Num dos sites é informado que a crônica teria sido publicada originalmente no Jornal Zero Hora de Porto Alegre. Por outro lado, pesquisei também a frase final "A gente não faz amigos, reconhece-os" E esta aparece isoladamente diversas vezes, atribuída a Vinicius. A conclusão a que eu cheguei é que o texto realmente deve ser de Garth Henrichs, porém a frase final é de Vinícius, citada por Henrichs no fechamento de sua crônica. O autor da frase usada como citação (Vinicius) acabou erroneamente sendo tomado como autor do texto inteiro."
Aos poucos, a gente vai desvendar este mistério... Quem é Garth Henrichs?
Eu insisti:
- Eu sou de Porto Alegre, a terra do jornal Zero Hora, onde Paulo Sant'ana escreve.
- Eu vi esse texto publicado originalmente no jornal.
- Eu vi esse texto REPUBLICADO no mesmo jornal para reivindicar a autoria.
- Esse texto aparece também no livro "O Gênio Idiota", de Paulo Sant'ana.
O TEXTO É DO SANT'ANA, PÔ! Talvez tenham enxertado frases esparsas no texto "falsificado" e essas frases é que aparecem com sendo de outros, MAS ESSE TEXTO EU TENHO CERTEZA QUE É DO SANT'ANA! Puxa, não pensei que fosse tão fácil roubar uma autoria e tão difícil restituí-la a seu verdadeiro dono!
Até que, depois de algum tempo, a moderadora postou a seguinte resposta sob o título "Agora é oficial: não é do Vinicius:"
Escrevi para Gilda Mattoso, a última esposa do Vinicius de Moraes e que colabora no site oficial do Vinicius de Moraes.Vejam o que ela respondeu:
"Querida [nome da moderadora], Não reconheço nem a frase como do Vina. Pode entrar no site dele - www.viniciusdemoraes.com.br - e dar uma conferida lá. Fico danada, pois vejo cada texto bobo sendo atribuído a ele, a Jorge Luis Borges e tantas outras feras, quando se vê que não podem ser de gente assim. bjs Gilda"
Emilio: Parece que você tinha mesmo razão. Só nos resta enfim acreditar que é mesmo do Paulo Sant'anna, já que você tem até a referência do livro em que foi publicado. Mais um mistério desvendado.
Aí só me restou responder:
Se você precisou escrever para a viúva do Vinicius para confirmar a informação, então a situação está pior do que eu pensava. Enquanto você diz que "parece" que eu tenho razão, eu tinha certeza desde o começo. E não adiantou nada. Então pra que serve esta comunidade?
P.S.: Este desentendimento já está superado. Continuo participando da comunidade "Afinal, Quem É o Autor?", que considero uma das melhores do Orkut. Mas na época em que ocorreu esse fato eu realmente fiquei indignado. E continuo achando que tinha razão. Mas já passou. Pensei em apagar este tópico, mas fica para servir de esclarecimento a quem pesquisar sobre o assunto.
Mais um falso Verissimo
Acabei de receber por e-mail um texto em que o remetente original observou: "Acho que é do Luís Fernando Verissimo". Pois eu tenho certeza que não é. É uma crônica sobre por que a longevidade não está relacionada com a prática de exercícios ou a chamada vida saudável. Incrível como tem gente que não conhece o estilo do Verissimo, mas pensa que conhece. Pensando bem, é compreensível. Tem tanto texto circulando pela Internet como sendo dele sem realmente ser que a pessoa já não tem parâmetro para avaliar. Acaba tendo uma "iniciação" por textos errados. Na comunidade do Orkut dedicada a ele, fizeram uma enquete para saber o texto preferido dos integrantes. Vários votaram em "Quase", que não é dele.
Eu não vou me autoproclamar um expert em Luís Fernando Verissimo. A partir de "A Velhinha de Taubaté", já não fui tão assíduo na compra de seus lançamentos. Mas antes disso eu lia os textos dele praticamente desde o primeiro livro, "O Popular", que minha irmã tinha. E acho que consigo detectar o estilo dele. Ou, ao menos, uma imitação bem feita. Senão, vejamos:
1 – Verissimo não usa palavrões.
2 – Verissimo não escreve textos sobre relacionamentos ou modo de viver. Ao menos não textos sérios, de fundo poético ou com propósito de orientação.
3 – Verissimo é sempre irônico. Mesmo quando é sério.
4 – Verissimo é sempre sutil. Mesmo quando é objetivo.
Pronto, esse foi o meu curso rápido do estilo Luís Fernando Verissimo para vocês. Espero que sirva para alguma coisa.
Eu não vou me autoproclamar um expert em Luís Fernando Verissimo. A partir de "A Velhinha de Taubaté", já não fui tão assíduo na compra de seus lançamentos. Mas antes disso eu lia os textos dele praticamente desde o primeiro livro, "O Popular", que minha irmã tinha. E acho que consigo detectar o estilo dele. Ou, ao menos, uma imitação bem feita. Senão, vejamos:
1 – Verissimo não usa palavrões.
2 – Verissimo não escreve textos sobre relacionamentos ou modo de viver. Ao menos não textos sérios, de fundo poético ou com propósito de orientação.
3 – Verissimo é sempre irônico. Mesmo quando é sério.
4 – Verissimo é sempre sutil. Mesmo quando é objetivo.
Pronto, esse foi o meu curso rápido do estilo Luís Fernando Verissimo para vocês. Espero que sirva para alguma coisa.
Os fantasmas do passado gremista
Quando o Grêmio inaugurou o "Olímpico Monumental" em 1980, achei que foi uma bela jogada de marketing. Afinal, era apenas um remendo no velho estádio e o acréscimo da palavra "Monumental" ao nome. Mas, para todos os efeitos, era um estádio novo. Da última vez em que passei em frente, estava lá uma placa com a data de inauguração do "Monumental" e os dizeres: "construído por sua torcida". Lembro de uma gincana no começo dos anos 80 em que a tarefa era conseguir um ingresso do primeiro jogo do estádio do Inter e do Grêmio. Todos comentavam que "do Grêmio era fácil", pois o ano a ser considerado era 1980. Ou seja: não havia dúvidas, o Grêmio tinha realmente inaugurado um "novo" estádio. Ainda que, por coincidência, ficasse no mesmo endereço do antigo.
E os resultados, ao menos no começo, foram os melhores possíveis. Com o moral renovado, o Grêmio viveu a melhor fase de sua história, conquistando o Campeonato Brasileiro em 1981, depois a Libertadores e o Campeonato Mundial em Tóquio. Muitas vezes, quando o Inter andou mal das pernas, imaginei que estava precisando de um estádio novo para recuperar o ânimo. Pensei em lançar a campanha "Beira-Rio Monumental já!". Não precisaria ser uma obra muito grande, apenas um reboco, uma pinturinha, qualquer coisa. O importante seria a solenidade de inauguração, para exorcizar os maus espíritos e resgatar a auto-estima perdida. Claro que haveria alguns problemas. Imagino pai e filho dentro do estádio, conversando:
- Pai, quando inaugura o estádio novo do Colorado?
- Já inaugurou, meu filho. É este!
- Ué, mas parece igual ao outro. Não é o mesmo?
- Não, este tem um friso vermelho pelo lado de fora. Não viu?
Pois agora, com o fantasma da Segunda Divisão pairando sobre sua cabeça, o presidente do Grêmio, Flávio Obino, está usando a tática inversa. Está desconsiderando o remendo de 1980 e trazendo de volta o antigo ano de inauguração do Estádio Olímpico, ou seja, 1954. Pode ser uma forma de renovar os fluidos. Afinal, se foi no "Monumental" que o Grêmio viveu seu melhor momento, foi também ali que aconteceu o horror do rebaixamento em 1991. E se foi no velho Olímpico que o Grêmio viu o Inter arrasar nos anos 70, foi também lá que o time da casa conquistou seus "12 títulos em 13 anos", incluindo o hepta (que o Inter levou o tempo mínimo para superar, mas foi bom para os gremistas enquanto durou).
Ou talvez seja apenas uma maneira de dar à torcida algo para comemorar em 2004: o cinqüentenário do velho estádio.
terça-feira, novembro 09, 2004
Feira do Livro
Ontem dei uma passada rapidíssima na Feira do Livro. Fui direto nas livrarias especializadas em dicionários e livros de referência em inglês. Sempre acabo comprando alguma coisa, não adianta. E isso que nem percorri as barracas das livrarias não-especializadas. Não sei por que, mas sempre estou com pouco dinheiro na época da Feira. Talvez haja um lado bom nisso. Se a Feira acontecesse logo após o meu décimo-terceiro, como seria? Sobraria algum centavo para pagar as contas?
É bonito ver o quanto a Feira cresceu, hoje ocupando toda a área da Praça da Alfândega e quase transbordando. E a cobertura era necessária, pois sempre chove muito nesta época do ano. Mas eu confesso que sinto saudade do tempo em que a Feira acontecia a céu aberto. A cobertura deu uma sensação de clausura, de ambiente fechado, reforçado pela multidão que circula entre as barracas. Talvez antigamente eu tivesse tempo de ir à Feira nos horários menos tumultuados.
Hoje a maioria das barracas começa a atender pouco depois do meio-dia e não mais às 5 da tarde, o que eu acho uma estratégia inteligente. Afinal, muita gente circula pelo centro na hora do almoço. Em compensação, eu sou do tempo em que a Feira abria no domingo de manhã. Já aconteceu de eu me esquecer de que hoje isso não mais acontece e ir até lá cedo demais.
Pensando bem, todas as empresas deveriam dar um "abono Feira do Livro" em outubro. Ou "ticket Feira do Livro". Algo que só pudesse ser gasto na Feira, para evitar a tentação de usar o dinheiro para comprar comida ou pagar contas atrasadas.
É bonito ver o quanto a Feira cresceu, hoje ocupando toda a área da Praça da Alfândega e quase transbordando. E a cobertura era necessária, pois sempre chove muito nesta época do ano. Mas eu confesso que sinto saudade do tempo em que a Feira acontecia a céu aberto. A cobertura deu uma sensação de clausura, de ambiente fechado, reforçado pela multidão que circula entre as barracas. Talvez antigamente eu tivesse tempo de ir à Feira nos horários menos tumultuados.
Hoje a maioria das barracas começa a atender pouco depois do meio-dia e não mais às 5 da tarde, o que eu acho uma estratégia inteligente. Afinal, muita gente circula pelo centro na hora do almoço. Em compensação, eu sou do tempo em que a Feira abria no domingo de manhã. Já aconteceu de eu me esquecer de que hoje isso não mais acontece e ir até lá cedo demais.
Pensando bem, todas as empresas deveriam dar um "abono Feira do Livro" em outubro. Ou "ticket Feira do Livro". Algo que só pudesse ser gasto na Feira, para evitar a tentação de usar o dinheiro para comprar comida ou pagar contas atrasadas.
domingo, novembro 07, 2004
Mistério no Orkut
Agora há pouco eu estava navegando no Orkut. Quando cliquei em "Communities", apareceu uma lista de comunidades que não eram as minhas. Resolvi clicar em "Home" e minha suspeita se confirmou: eu não era mais eu. Por alguma misteriosa brecha interdimensional, eu havia me apoderado do usuário de outra pessoa. Como sou de boa índole, não usei esse incidente para o mal. Mas, apenas para provar o acontecido, deixei uma mensagem no "scrapbook" desse membro avisando do que havia ocorrido e dizendo para que não se assustasse, que ele realmente não tinha colocado aquela mensagem lá. Sim, porque vai aparecer para ele como se ele mesmo tivesse postado no seu próprio "scrapbook". Já aconteceu isso com mais alguém? Espero que ninguém se apodere do meu usuário.
Incidente no aeroporto
Acho que todos viram no "Fantástico", né? Dois rapazes brasileiros foram presos porque, ao desembarcarem no Aeroporto de Miami, brincaram com a segurança, dizendo que, se a mala deles fosse aberta, a bomba iria explodir. Confesso que, num dia de inspiração, eu próprio seria capaz de soltar uma piada assim. É o jeito brasileiro. Talvez estejamos pagando o preço dessa guerrinha boba de hostilidades nas respectivas alfândegas desde que os americanos começaram a fichar passageiros vindos do Brasil. Achei exagerada a atitude de prender aquele americano que sutilmente mostrou o dedo ao exibir seu documento. Pois o que fizeram com os jovens brasileiros foi ainda pior. Espero que tudo se resolva logo.
Agora imaginem um gaúcho passando a mala num detetor de metais. BIIIIIIIP
- Que objeto metálico o senhor leva aí dentro?
- Uma bomba.
Pronto! Alvoroço total! O gaúcho é detido na hora e ali mesmo abrem sua mala. Encontram um pacote suspeito.
- E esse pó verde, o que é?
- É a erva.
Não precisa dizer mais nada. Vai direto pra delegacia. Só sairá de lá quando o esquadrão antibomba conseguir desativar a bomba de chimarrão. Enquanto isso, pode ter alguém tentando pegar um pouquinho da erva-mate pra fazer baseado.
O choque de culturas está ficando cada vez mais perigoso.
Agora imaginem um gaúcho passando a mala num detetor de metais. BIIIIIIIP
- Que objeto metálico o senhor leva aí dentro?
- Uma bomba.
Pronto! Alvoroço total! O gaúcho é detido na hora e ali mesmo abrem sua mala. Encontram um pacote suspeito.
- E esse pó verde, o que é?
- É a erva.
Não precisa dizer mais nada. Vai direto pra delegacia. Só sairá de lá quando o esquadrão antibomba conseguir desativar a bomba de chimarrão. Enquanto isso, pode ter alguém tentando pegar um pouquinho da erva-mate pra fazer baseado.
O choque de culturas está ficando cada vez mais perigoso.
sábado, novembro 06, 2004
Eu ouvi!
"Pensando em ti!"
(Voz de garotão falando ao celular no banheiro público do Shopping Praia de Belas agora à tarde, provavelmente sentado no vaso. A pergunta do outro lado só pode ter sido: "O que você está fazendo?")
(Voz de garotão falando ao celular no banheiro público do Shopping Praia de Belas agora à tarde, provavelmente sentado no vaso. A pergunta do outro lado só pode ter sido: "O que você está fazendo?")
Pensamento da hora
A parte de trás que o fio dental esconde é a mesma que a calça de cintura baixa mostra.
"A" Zero Hora
Um "anonymous" da vida resolveu me corrigir numa mensagem abaixo:
o correto é "o Zero Hora". Vc está se referindo ao jornal, substantivo masculino.
Escreveu exatamente assim, começando a frase com letra minúscula. Faço questão de reproduzir aqui a resposta que coloquei no comentário:
"Anonymous", bem se vê que você não é do Rio Grande do Sul. Só quem é de fora diz "o" Zero Hora. Aqui todos chamam normalmente "a" Zero Hora, porque foi o jornal que sucedeu "à" Última Hora. Agora, se o certo também era "o" Última Hora, então estavam todos falando errado. Certos gêneros se consagram. Por que se diz "a" Ponte Preta se é "o" time? Porque consagrou-se fazer a concordância com a palavra "ponte". Por que os brasileiros dizem "a" Disney World se é "o" mundo de Disney? Porque antes diziam "a" Disneylândia e o artigo ficou. Por que se diz "um mulherão" e não "uma mulherona"? Você deve ser o mesmo chato que passa o dia inteiro varrendo o blog da Rosana Herrmann em busca de vírgulas indevidas. Venha passar um tempo no Rio Grande do Sul antes de querer me ensinar gauchês, tá?
o correto é "o Zero Hora". Vc está se referindo ao jornal, substantivo masculino.
Escreveu exatamente assim, começando a frase com letra minúscula. Faço questão de reproduzir aqui a resposta que coloquei no comentário:
"Anonymous", bem se vê que você não é do Rio Grande do Sul. Só quem é de fora diz "o" Zero Hora. Aqui todos chamam normalmente "a" Zero Hora, porque foi o jornal que sucedeu "à" Última Hora. Agora, se o certo também era "o" Última Hora, então estavam todos falando errado. Certos gêneros se consagram. Por que se diz "a" Ponte Preta se é "o" time? Porque consagrou-se fazer a concordância com a palavra "ponte". Por que os brasileiros dizem "a" Disney World se é "o" mundo de Disney? Porque antes diziam "a" Disneylândia e o artigo ficou. Por que se diz "um mulherão" e não "uma mulherona"? Você deve ser o mesmo chato que passa o dia inteiro varrendo o blog da Rosana Herrmann em busca de vírgulas indevidas. Venha passar um tempo no Rio Grande do Sul antes de querer me ensinar gauchês, tá?
sexta-feira, novembro 05, 2004
Idéias óbvias
Gente, já vi que paguei um mico – talvez um miquinho, mas paguei – ao intitular o meu texto sobre a eleição americana "Ô, raio!". Andei circulando pelos blogs e praticamente todo o mundo teve essa brilhante, genial e originalíssima idéia. É o tipo do trocadilho óbvio, que todos acabam fazendo. Mais ou menos como quando a seleção brasileira de qualquer esporte joga contra a de Gana e alguém diz: "o Brasil vai precisar de muita gana pra vencer".
As idéias óbvias, além da característica óbvia da obviedade (ai!), têm a propriedade de induzir o formulador a achar que está sendo original. Que teve um lampejo de genialidade e que nunca ninguém antes pensou naquela tirada. Um amigo meu veio me contar a resposta fantástica que deu na aula de História do professor César Mantelli, no cursinho pré-vestibular. Quando César pediu um exemplo de paixão, meu amigo disse na hora: "Paixão Cortes!" Mal sabia ele que essa piada sai todos os anos e o professor já a espera. Se ninguém disser, ele mesmo fala: "Que Paixão Cortes, nada!"
As idéias óbvias também se enquadram em outras modalidades que não piadas. Em 1981 a Gerência da Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Sul criou um bonequinho para a Campanha do Bom Atendimento. E promoveu um concurso para escolha do nome do personagem. No fim, o que era para ter sido uma seleção do melhor nome acabou virando uma votação, pois mais de uma centena de empregados batizaram o mascote de "Cefinho" (de CEF). A solução foi sortear o prêmio entre os participantes. Assim também, quando o Papa João Paulo I faleceu em 1978, eu tinha certeza de qual seria o nome do seu sucessor. O dia em que eu cheguei em casa e minha mãe comentou que já tinha sido escolhido eu só perguntei: "João Paulo II"?
Certa vez um ex-colega meu de colégio estava se formando em Medicina e eu estava pensando num presente para lhe dar. Mas não poderia ser uma agenda, pois essa eu já sabia que ele receberia várias. Minha mãe e meu cunhado estavam na sala e eu pedi uma sugestão. Os dois pensaram um pouco e acabaram dizendo em uníssono: "Uma agenda!" E o curioso é que a minha mãe achou que o fato de os dois terem sugerido a mesma coisa só reforçava o quanto a idéia era válida. No fim escolhi outra coisa, mas contei o episódio ao formando. Ele disse: "Teria sido a terceira agenda". Aliás, presentes óbvios são um capítulo à parte. Meu pai ganhava vários perfumes diferentes em seu aniversário e não usava nenhum.
Outro caso de idéia óbvia é fazer piada do nome da pessoa. Pobres dos Barata, dos Fracasso, dos Grandi, dos Pertence e tantos outros nomes que se prestam a trocadilhos. Cada piadista sempre acha que foi o primeiro! Eu próprio tenho um nome do meio que confunde a todos: Dreyer. Já cansei de ouvir a pergunta se sou parente dos Dreher do conhaque. Basta olhar bem os nomes e ver a diferença na grafia. E como no Rio Grande do Sul existe café Pacheco, volta e meia aparece algum engraçadinho para dizer que o café Pacheco é para curar o porre de Dreher! Quanto a ser chamado de Milho, não me importo. É um apelido bem mais simpático do que outros que já tive.
Por tudo isso, desculpem pelo "Ô Raio". Em outro blog saiu "Ohio que o parta", que dá na mesma. E aproveito para perguntar: Para onde Steve Vai? Com quem Billy Ficca (baterista do Television)? E alguém já flagrou o Evan Dando?
As idéias óbvias, além da característica óbvia da obviedade (ai!), têm a propriedade de induzir o formulador a achar que está sendo original. Que teve um lampejo de genialidade e que nunca ninguém antes pensou naquela tirada. Um amigo meu veio me contar a resposta fantástica que deu na aula de História do professor César Mantelli, no cursinho pré-vestibular. Quando César pediu um exemplo de paixão, meu amigo disse na hora: "Paixão Cortes!" Mal sabia ele que essa piada sai todos os anos e o professor já a espera. Se ninguém disser, ele mesmo fala: "Que Paixão Cortes, nada!"
As idéias óbvias também se enquadram em outras modalidades que não piadas. Em 1981 a Gerência da Caixa Econômica Federal do Rio Grande do Sul criou um bonequinho para a Campanha do Bom Atendimento. E promoveu um concurso para escolha do nome do personagem. No fim, o que era para ter sido uma seleção do melhor nome acabou virando uma votação, pois mais de uma centena de empregados batizaram o mascote de "Cefinho" (de CEF). A solução foi sortear o prêmio entre os participantes. Assim também, quando o Papa João Paulo I faleceu em 1978, eu tinha certeza de qual seria o nome do seu sucessor. O dia em que eu cheguei em casa e minha mãe comentou que já tinha sido escolhido eu só perguntei: "João Paulo II"?
Certa vez um ex-colega meu de colégio estava se formando em Medicina e eu estava pensando num presente para lhe dar. Mas não poderia ser uma agenda, pois essa eu já sabia que ele receberia várias. Minha mãe e meu cunhado estavam na sala e eu pedi uma sugestão. Os dois pensaram um pouco e acabaram dizendo em uníssono: "Uma agenda!" E o curioso é que a minha mãe achou que o fato de os dois terem sugerido a mesma coisa só reforçava o quanto a idéia era válida. No fim escolhi outra coisa, mas contei o episódio ao formando. Ele disse: "Teria sido a terceira agenda". Aliás, presentes óbvios são um capítulo à parte. Meu pai ganhava vários perfumes diferentes em seu aniversário e não usava nenhum.
Outro caso de idéia óbvia é fazer piada do nome da pessoa. Pobres dos Barata, dos Fracasso, dos Grandi, dos Pertence e tantos outros nomes que se prestam a trocadilhos. Cada piadista sempre acha que foi o primeiro! Eu próprio tenho um nome do meio que confunde a todos: Dreyer. Já cansei de ouvir a pergunta se sou parente dos Dreher do conhaque. Basta olhar bem os nomes e ver a diferença na grafia. E como no Rio Grande do Sul existe café Pacheco, volta e meia aparece algum engraçadinho para dizer que o café Pacheco é para curar o porre de Dreher! Quanto a ser chamado de Milho, não me importo. É um apelido bem mais simpático do que outros que já tive.
Por tudo isso, desculpem pelo "Ô Raio". Em outro blog saiu "Ohio que o parta", que dá na mesma. E aproveito para perguntar: Para onde Steve Vai? Com quem Billy Ficca (baterista do Television)? E alguém já flagrou o Evan Dando?
Eu existo
Não sei o que houve, mas só agora, com quase quatro meses de existência, este blog começa a aparecer nas buscas do Google e do Alta Vista. Mas só os posts mais recentes. Enquanto isso, no Blogshares, que é uma bolsa fictícia de blogs, um tal de Nicholas Moline comprou todas as 4000 ações disponíveis do meu blog. Será que eu criei um monstro?
De qualquer forma, sejam bem-vindos também os que chegam pelas ferramentas de busca.
De qualquer forma, sejam bem-vindos também os que chegam pelas ferramentas de busca.
quinta-feira, novembro 04, 2004
Um edifício místico
O escritor Marcelo Carneiro da Cunha está na TV COM se vangloriando de estar morando há dois anos no único prédio residencial da cidade com vista para o rio, na Avenida Mauá, "um prédio antigo do GBOEx". Está mistificando o edifício, citando moradores célebres. Eu sei que, nos anos 60, Sérgio Jockymann morou um tempo lá. Acho que o ator Caio Prates, meu amigo de infância, ainda está lá também. Xuxu (José Antônio), torcedor-símbolo do Internacional, cresceu naquele prédio. O ex-presidente do Internacional, Paulo Rogério Amoretty, residiu lá quando solteiro.
Eu morei lá dos 2 aos 26 anos. Nem me lembro de minha residência anterior. Realmente, era uma vista fantástica, especialmente na hora do pôr-do-sol.
Eu morei lá dos 2 aos 26 anos. Nem me lembro de minha residência anterior. Realmente, era uma vista fantástica, especialmente na hora do pôr-do-sol.
Terry Knight e o Bloodrock
Que ironia. Eu já estava com um texto praticamente pronto para postar aqui sobre o Bloodrock quando chegou a notícia de que o ex-empresário e produtor do grupo, Terry Knight, foi morto a facadas pelo namorado de sua filha na noite de 1º de novembro. Terry era mais conhecido por ter lançado o Grand Funk Railroad. Na verdade meu interesse pelo Bloodrock tem outra motivação. Eu nem sabia que eles tinham sido apadrinhados por Terry Knight. Descobri pesquisando na Internet.
Mas vamos ao texto que eu queria publicar.
Mais um capítulo de minha histórica primeira viagem aos Estados Unidos, em 1974. Embora, aos 13 anos, eu já fosse fanático por música, estava recomendado por meus pais para que não trouxesse muitos discos. O motivo é que o preço em dólares, mesmo sem taxa de importação, acabava saindo mais caro do que o lançamento brasileiro. Então o combinado é que eu compraria apenas um LP. Por sorte eu mudei de idéia na última hora e trouxe três. Mesmo assim, me arrependi de não ter comprado mais. Eu ainda não havia adquirido a mentalidade de que não é o preço que importa e sim o valor que os discos teriam para mim, pelo ineditismo. E, naquela época, praticamente não havia discos importados para venda em Porto Alegre. Quem trouxesse algum do exterior que não tivesse sido lançado no Brasil realmente podia dizer que "só ele tinha". Caso estejam curiosos, os discos que eu trouxe foram Caribou, de Elton John, e Hunky Dory e The Man Who Sold The World, ambos de David Bowie.
Um de meus companheiros de quarto gostava tanto de música quanto eu, mas tinha um gosto menos eclético e mais restrito ao rock. Elton John, por exemplo, não era a praia dele. Mas ele gostava de David Bowie e aproveitou para comprar o recém-lançado Diamond Dogs. Eu não comprei porque imaginei que logo sairia no Brasil. No fim, Caribou, do Elton John, chegou às lojas uma semana depois da minha volta, enquanto Diamond Dogs ainda demorou uns dois meses para ser lançado. Lembro que meu amigo comprou ainda Quadrophenia, do Who, Deep Purple in Rock, do Deep Purple, e Wonderworld, do Uriah Heep. Por curiosidade, ele resolveu escolher também um disco de um grupo que fosse totalmente desconhecido no Brasil, para trazer algo realmente diferente e inédito. Ao ver a capa do LP abaixo na seção de discos do Burdine's, na Flagler Street, em Miami, imaginou que fosse o tipo de hard rock que lhe agradaria e resolveu arriscar.
Alguns meses depois eu e ele (e outros companheiros de viagem) nos reencontramos na praia de Atlântida. Ele me mostrou uma fita com algumas gravações, incluindo uma faixa do Bloodrock. Comentou que havia gostado do disco e que nunca havia sido lançado no Brasil. Depois disso, passei alguns verões sem ir a Atlântida e não nos falamos mais.
Na semana passada, enxerguei numa loja um CD do mesmo disco do grupo Bloodrock que meu amigo havia comprado há 30 anos. Eu nunca tinha esquecido nem do nome, nem da capa. Comprei na hora. Tinha curiosidade de conhecer o álbum que meu companheiro de quarto havia escolhido "no chute". De uma coisa eu já sabia por minhas leituras: não era um grupo muito valorizado pela crítica mais exigente. Numa audição rápida, parece uma cópia fraquinha do Deep Purple, com a tradicional dobradinha de guitarra e teclados em primeiro plano. O comentário do site da All Music diz que o álbum 2 (lançado em 1970) continha o hit "D.O.A." (dead on arrival - morto ao chegar), mas como um todo não era tão bom quanto o primeiro do grupo. Na verdade "D.O.A." não chama tanto a atenção assim. Talvez para quem a ouviu no rádio na época do sucesso, tenha criado um vínculo de familiaridade. É uma power ballad de mais de oito minutos, começando com duas notas alternadas de órgão que lembram vagamente uma sirene de ambulância (e caso alguém não perceba a semelhança, uma sirene de verdade entra de tempos em tempos) e ganhando mais força no refrão. Ao final há um solo de guitarra com um pouco mais de peso.
É curioso observar como qualquer artista, por mais obscuro que seja, sempre terá um "fã número um" (mesmo que seja parente...) para construir um site inteiramente dedicado a seu ídolo. Pois achei uma quantidade razoável de páginas na Internet dedicadas ao Bloodrock. A mais completa e interessante parece ser esta (em inglês, obviamente). Conta a história do grupo em capítulos, desde o surgimento em Fort Worth, Texas, até os atuais projetos dos ex-integrantes.
Bem-vindos leitores do IM!
O International Magazine nº 106, que já está circulando, publica pela primeira vez o endereço deste blog, junto a uma matéria minha. Se alguém chegou aqui por aquela referência, seja bem-vindo! Aqui eu escrevo sobre vários assuntos, não apenas música.
De novo, Verissimo?
Luis Fernando Verissimo está me copiando de novo. Em meu texto "Eleição em reta final", comentei que o grande aliado de Fogaça era "o antipetismo gratuito". Pois hoje Verissimo diz em sua coluna que o conservadorismo gaúcho "se uniu num antipetismo ecumênico". Bonita a expressão, gostei. Também no mesmo texto eu havia dito que a plataforma de Fogaça "não é muito diferente da do adversário" e que ele "vende a idéia de que fará a mesma coisa, apenas sem a égide da bandeira vermelha com a estrela". Pois Verissimo escreveu que Fogaça "pretenderia fazer em Porto Alegre uma espécie de governo petista sem o PT". A outra vez em que ele me copiou foi quando escreveu sobre "A Secretária eletrônica" e eu já havia publicado meu texto "O telefone". Tenho que começar a pensar mais baixo.
Ô, raio!
Nós, brasileiros, podemos ter muitos defeitos, mas somos um povo cordial e pacifista. O americano, não. O americano sempre votará em presidentes que dêem demonstrações de força e poderio. Há tempos percebo isso, não só pelos sucessivos resultados das eleições americanas mas também pelas chances que já tive de conversar diretamente com cidadãos americanos. Há quem esteja surpreso com a reeleição de Bush. Ora, o que esperar de um povo que manteve Reagan por dois mandatos consecutivos?
De certa forma, George W. Bush tem que agradecer a Bin Laden por sua notoriedade. Sem o terrorista, o presidente teria entrado para a história por ter sido nocauteado por uma rosquinha. Pelo dia em que se engasgou num pretzel enquanto via televisão e caiu desacordado. Mas nada foi mais patético do que o seu testemunho: "Não devo ter ficado desmaiado por muito tempo, pois quando acordei, os cachorros ainda estavam me olhando na mesma posição." Agora imaginem a cena.
Segundo a Zero Hora, o estado que definiu a vitória de Bush foi Ohio. Ô, raio!
De certa forma, George W. Bush tem que agradecer a Bin Laden por sua notoriedade. Sem o terrorista, o presidente teria entrado para a história por ter sido nocauteado por uma rosquinha. Pelo dia em que se engasgou num pretzel enquanto via televisão e caiu desacordado. Mas nada foi mais patético do que o seu testemunho: "Não devo ter ficado desmaiado por muito tempo, pois quando acordei, os cachorros ainda estavam me olhando na mesma posição." Agora imaginem a cena.
Segundo a Zero Hora, o estado que definiu a vitória de Bush foi Ohio. Ô, raio!
quarta-feira, novembro 03, 2004
O que está bom
Fogaça prometeu que, se eleito Prefeito, manteria o Fórum Social Mundial em Porto Alegre. O que ninguém lembrou de perguntar é se o Fórum quereria continuar em Porto Alegre com Fogaça. Começaram as conseqüências da nova administração que ainda nem assumiu. Espero que, se o Fórum não ficar aqui, ao menos o eleitor tenha o bom senso de não culpar Fogaça e sim a si mesmo. Ou vocês acharam que realmente seria possível "manter o que está bom"? Pra começar, alguma vez houve consenso sobre "o que está bom"? Bem ou mal, muita coisa vai mudar. Estejamos preparados.
terça-feira, novembro 02, 2004
Sebos
O ator Paulo Betti está sendo entrevistado no Jô. Quando Jô lhe perguntou sobre os melhores sebos do Brasil, fiquei aqui torcendo: "Porto Alegre... Porto Alegre..." Ele respondeu: "É difícil citar algum para não cometer injustiça, mas eu gosto muito do sebo do Peter, em Porto Alegre". Ahá! Não tem pra ninguém, Porto Alegre é a capital dos sebos de livros e de discos também!
Só uma pergunta: onde é o sebo do Peter? É Peter ou Píter (ou quem sabe Pitter)? Faz tempo que eu não percorro os sebos, até porque gosto de fazer isso com tempo e dinheiro. Existem vários na Riachuelo e arredores.
Eu reclamava que não existia um bom sebo virtual no Brasil. Pois segundo o Jô, existe. É um site chamado Traça. Já vou lá conferir.
P.S.: Já fui conferir. Adivinhem de onde é a Traça? Porto Alegre é o canal, não adianta...
Só uma pergunta: onde é o sebo do Peter? É Peter ou Píter (ou quem sabe Pitter)? Faz tempo que eu não percorro os sebos, até porque gosto de fazer isso com tempo e dinheiro. Existem vários na Riachuelo e arredores.
Eu reclamava que não existia um bom sebo virtual no Brasil. Pois segundo o Jô, existe. É um site chamado Traça. Já vou lá conferir.
P.S.: Já fui conferir. Adivinhem de onde é a Traça? Porto Alegre é o canal, não adianta...
segunda-feira, novembro 01, 2004
Paixão de infância
Olhem aqui a Mulher-Gato com cara de boazinha antes de ser conduzida à prisão. Batman garante a ela que continuará bonita quando sair.
Ei-la aqui já livre, depois de cumprir a pena.
Não sou o único
Ontem à noite, na TV COM, a Tânia Carvalho contou que perguntou a um amigo se ele conseguia ler todos os livros de sua enorme biblioteca. Ele respondeu: "Não, mas fico feliz só de saber que eles estão ali!" Ufa! Já vi que tem mais gente como eu por aí. Acho que dá até pra fundar uma comunidade no Orkut (se já não existir): "Acumuladores de livros não lidos".
A despedida do PT
É claro que eu, como simpatizante do PT, fico decepcionado com a derrota de Raul Pont. Mas acho que o partido deve deixar a Prefeitura de Porto Alegre de cabeça erguida. Lembro que, quando Olívio Dutra assumiu em 1989, muitos apostavam que ele não se daria bem. Que o PT era bom para fazer oposição, mas no momento em que tivesse que mostrar serviço, se desmoralizaria. Pois o que aconteceu foi justamente o contrário. Foram quatro mandatos. E no terceiro deles, que elegeu justamente Raul Pont, a vitória veio no primeiro turno. Um partido que ficou tanto tempo no poder não pode se considerar derrotado. Esses 16 anos não devem ser confundidos com o continuísmo fechado do tempo da ditadura. Foi uma página bonita na história de Porto Alegre, uma comunhão entre o povo e a administração pública. A capital gaúcha mostrou ao resto do Brasil que é possível, sim, trazer um partido de oposição para a situação e aprovar o seu trabalho. Nada dura para sempre, mas o PT não tem por que se deixar abater. Foi um marco na Prefeitura de Porto Alegre.
E agora?
Hoje à noite começa o horário de verão. Como ficam nesta noite os que gostam de namorar justamente entre meia-noite e uma da manhã?
Sinais
No domingo assisti a uma palestra de Zé Edu Camargo, editor do Guia 4 Rodas e meu amigo da Internet. Ele estava lançando o seu livro "O Brasil das Placas", na Feira do Livro de Porto Alegre. Aliás, um lançamento inusitado, pois não há mais exemplares. Para não deixar de participar da sessão de autógrafos ele iria assinar o Guia 4 Rodas, mesmo. Fazer o quê?
Mas o que me chamou a atenção é que, na reduzida platéia, havia quatro surdos-mudos e uma intérprete. Não conheço a linguagem de sinais, mas pelo que pude observar é um híbrido de letras, gestos simbólicos e muita expressão facial. Era até engraçado: a fala pausada e tranqüila do Zé Edu, na tradução da moça, virava um repertório de caretas, olhos arregalados, testa franzida, movimentos exagerados de lábios e, claro, gestos rápidos com as mãos. É incrível o carisma de algumas dessas profissionais. Quem lembra de uma moreninha que trabalhava com a Xuxa há vários anos? Tinha um sorriso tão bonito que quase roubava o show. Pois ontem eu, em alguns momentos, fiz desfeita para o Zé Edu e fiquei admirando o gestual e as caretas simpáticas daquela moça. Será que ela não perde nada em sua interpretação? Parece haver também um pouco de improvisação. Quando o Zé Edu citou um lugar que ficava "perto de Palmas", ela bateu palmas duas vezes! Mas se havia alguma dúvida de sua competência, dirimiu-se quando coube a ela traduzir para o palestrante o que alguns dos surdos transmitiam. A riqueza de detalhes foi impressionante.
Deve ser triste viver num mundo em que não existe música, nem vozes, nem qualquer tipo de som. Mas a superação é algo fantástico. E ontem me convenci de que a linguagem de sinais é plenamente eficaz para transmitir simpatia, carinho e sedução.
Mas o que me chamou a atenção é que, na reduzida platéia, havia quatro surdos-mudos e uma intérprete. Não conheço a linguagem de sinais, mas pelo que pude observar é um híbrido de letras, gestos simbólicos e muita expressão facial. Era até engraçado: a fala pausada e tranqüila do Zé Edu, na tradução da moça, virava um repertório de caretas, olhos arregalados, testa franzida, movimentos exagerados de lábios e, claro, gestos rápidos com as mãos. É incrível o carisma de algumas dessas profissionais. Quem lembra de uma moreninha que trabalhava com a Xuxa há vários anos? Tinha um sorriso tão bonito que quase roubava o show. Pois ontem eu, em alguns momentos, fiz desfeita para o Zé Edu e fiquei admirando o gestual e as caretas simpáticas daquela moça. Será que ela não perde nada em sua interpretação? Parece haver também um pouco de improvisação. Quando o Zé Edu citou um lugar que ficava "perto de Palmas", ela bateu palmas duas vezes! Mas se havia alguma dúvida de sua competência, dirimiu-se quando coube a ela traduzir para o palestrante o que alguns dos surdos transmitiam. A riqueza de detalhes foi impressionante.
Deve ser triste viver num mundo em que não existe música, nem vozes, nem qualquer tipo de som. Mas a superação é algo fantástico. E ontem me convenci de que a linguagem de sinais é plenamente eficaz para transmitir simpatia, carinho e sedução.