quinta-feira, novembro 18, 2004

A que ponto chegamos

Sempre que alguém critica os "viciados em Internet", contra-ataco com o argumento da televisão. A tradicional família brasileira passa as noites assistindo à programação da Globo e isso ninguém questiona. É um vício institucionalizado. Ou pior: estimulado. Reconheço que a TV tem um fator de congregação que propicia a proximidade física, em oposição à virtual. Você pode ver televisão bem acompanhado, seja no sofá ou na cama. Já a Internet absorve e monopoliza o indivíduo, aproximando-o virtualmente de outras pessoas, mas afastando-o dos que estão no mesmo ambiente. É de se pensar.

Tudo isso para dizer que acabei de ver um comercial de motel "agora com Internet banda larga nas suítes". Começo a achar que o hábito está realmente fugindo de controle. Qual a finalidade? Descartando a repulsiva hipótese de que um dos parceiros seria capaz de deixar o outro sozinho na cama enquanto fica teclando com um terceiro, fico imaginando os usos possíveis:

- Postar uma mensagem rápida num grupo de discussão dizendo "vocês não imaginam com quem eu estou aqui no motel!"

- Enviar uma mensagem para casa dizendo, "querida, te amo, me atrasei um pouco, mas não demoro."

- Criar salas de chat para os próprios freqüentadores. Com webcam, de preferência. Focalizando a cama, melhor ainda!

- Procurar sites pornôs como alternativa para o tradicional filmezinho de sacanagem.


Ah, sei lá. Estou começando a achar que está mesmo havendo algum exagero. Você aceitaria um convite de seu parceiro ou parceira para ir a um motel com Internet?