segunda-feira, novembro 01, 2004

Sinais

No domingo assisti a uma palestra de Zé Edu Camargo, editor do Guia 4 Rodas e meu amigo da Internet. Ele estava lançando o seu livro "O Brasil das Placas", na Feira do Livro de Porto Alegre. Aliás, um lançamento inusitado, pois não há mais exemplares. Para não deixar de participar da sessão de autógrafos ele iria assinar o Guia 4 Rodas, mesmo. Fazer o quê?

Mas o que me chamou a atenção é que, na reduzida platéia, havia quatro surdos-mudos e uma intérprete. Não conheço a linguagem de sinais, mas pelo que pude observar é um híbrido de letras, gestos simbólicos e muita expressão facial. Era até engraçado: a fala pausada e tranqüila do Zé Edu, na tradução da moça, virava um repertório de caretas, olhos arregalados, testa franzida, movimentos exagerados de lábios e, claro, gestos rápidos com as mãos. É incrível o carisma de algumas dessas profissionais. Quem lembra de uma moreninha que trabalhava com a Xuxa há vários anos? Tinha um sorriso tão bonito que quase roubava o show. Pois ontem eu, em alguns momentos, fiz desfeita para o Zé Edu e fiquei admirando o gestual e as caretas simpáticas daquela moça. Será que ela não perde nada em sua interpretação? Parece haver também um pouco de improvisação. Quando o Zé Edu citou um lugar que ficava "perto de Palmas", ela bateu palmas duas vezes! Mas se havia alguma dúvida de sua competência, dirimiu-se quando coube a ela traduzir para o palestrante o que alguns dos surdos transmitiam. A riqueza de detalhes foi impressionante.

Deve ser triste viver num mundo em que não existe música, nem vozes, nem qualquer tipo de som. Mas a superação é algo fantástico. E ontem me convenci de que a linguagem de sinais é plenamente eficaz para transmitir simpatia, carinho e sedução.