quinta-feira, outubro 28, 2004

Simulação de voto facultativo

De vez em quando surge a discussão do voto facultativo. De que não haveria razão para se manter a obrigatoriedade do voto no Brasil. Na última vez em que ouvi uma autoridade se pronunciar sobre o assunto, a frase foi a clássica: "Não é hora de falarmos em voto facultativo". Já observaram como, sempre que um político não tem um argumento consistente para refutar uma idéia, sai-se com essa? Diz que "não é hora" e pronto! Mas voltando ao assunto...

Eu sou a favor do voto facultativo. Já fui mesário e presenciei pelo menos uma eleitora que, no tempo do preenchimento de cédula, perdeu quase quinze minutos sem saber onde colocar o X. A obrigatoriedade muitas vezes resulta em votos "sorteados". "Já que sou obrigado a escolher, vai esse mesmo." O voto em branco ou nulo, a meu ver, é bem mais consciente do que o "sorteado", pois o eleitor manifesta o seu descontentamento com as opções existentes. Já o voto "sorteado" é o voto do chute, do momento, da falta de convicção. Mas vem a ter o mesmo peso do voto consciente.

O segundo turno das eleições para Prefeito vai cair no meio de um feriadão. Especula-se que muitos deixarão de votar para viajar. Os candidatos, como é natural, estão preocupados com isso. Na prática o que vai acontecer é uma simulação de voto facultativo. Quem realmente deseja a vitória do seu candidato não vai deixar de comparecer às urnas. A turma do "tanto faz" é que vai pegar a estrada. Será uma boa oportunidade de avaliar o resultado de uma eleição com o menor número possível de votos brancos ou "sorteados". Podia ser sempre assim.