Caminhada nostálgica
Em minha procura por um caminho menos íngreme para chegar até a Av. Cristóvão Colombo, acabei passando em frente à Toca do Disco, na Garibaldi, e resolvi entrar. Em geral eu sou conhecido nas lojas de discos raros de Porto Alegre, mas a Toca fica fora de mão para mim e fazia anos que eu não ia lá. Em princípio, o dono não me reconheceu. Comentei que a loja dele ficava fora da minha "rota", mas que eu havia estado ali anos atrás. E lembrei que ele tinha exemplares do International Magazine para vender. "Ah, tu é o Emílio?" Ele não guardou minha fisionomia, mas se recordava dos textos que eu escrevia para o IM. E eu nem tinha feito qualquer menção de ter colaborado para o jornal.
Por uma casualidade incrível, logo depois chegou à loja o lendário Frank Jorge (Cascavelletes, Graforreia Xilarmônica, Cowboys Espirituais, Tenente Cascavel e carreira-solo). Conversamos rapidamente sobre os projetos atuais dele, incluindo a imortal Graforreia Xilarmônica. O dono da loja (não peguei o nome dele) deve ter ficado feliz com minha visita, porque eu saí de lá com alguns CDs comprados (Charly Garcia, The Who, Bidê ou Balde e Funkalister).
À minha sacolinha de CDs, juntou-se o que eu fui retirar na UPS: um álbum duplo precioso intitulado The Complete Cass Elliot Solo Collection 1968-71. O nome pode ser enganoso, pois a carreira-solo da cantora de The Mamas and The Papas não se resume ao material contido nessa coletânea. Mas tudo bem, o título especifica o período. Para conseguir as gravações que ela fez depois, basta adquirir a edição dupla que reúne os álbuns Cass Elliot, The Road is No Place for a Lady e Don't Call Me Mama Anymore. Essa é mais fácil de achar por um bom preço. Para comprar a anterior (que eu fui buscar hoje), o ideal é fazer como eu e encomendar diretamente do site da gravadora Hip-o Select. Pela Amazon o preço é extorsivo. Apenas cuidem para não dar como endereço uma caixa postal, pois eles utilizam o serviço da UPS que não permite esse tipo de entrega via correio. (Pretendo escrever mais sobre Cass Elliot aqui no Blog, mas ainda deve demorar um pouco, pois quero ler a biografia dela primeiro. O livro já está comigo.)
Na volta, aproveitei para rever um local que foi marcante na minha adolescência: a Rua Pelotas. Ali moravam dois amigos que conheci via rádio amador PX (Faixa do Cidadão), no caso, Luís Bonow e Luis Carlos Motta. Outros conhecidos da turma residiam nas proximidades. Não consegui localizar exatamente a antiga casa do Bonow porque são várias residências enfileiradas (o que se chama em inglês de "row houses") e eu não lembro mais o número. Mas o edifício do Luís Carlos eu acho que identifiquei. Naquela rua nos encontrávamos nos fins-de-semana para jogar conversa fora, mais ou menos entre 78 e 81. Depois a vida e os compromissos levaram cada um para o seu caminho. A Pelotas é uma rua bonita, tranquila e arborizada.
Também caminhei pela frente de onde morava o meu ex-colega de Pio XII Caiubi Tarragô, que hoje está em Belo Horizonte e se apresenta no Facebook pelo apelido de família, Caio. O edifício ficava bem no comecinho da Cristóvão Colombo, quase esquina Barros Cassal. Dobrando à esquerda nessa rua, em direção à Independência, andei pela frente do prédio onde residia o meu tio Rubem, irmão de minha mãe - o "Dédum", como o chamávamos. Muitos Natais passei ali, na infância. Bem à frente da janela do apartamento dele, enxergava-se uma escultura de dois meninos no topo do edifício do outro lado da rua. Lembro que perguntei para minha mãe o que aqueles garotos estavam fazendo ali e ela, numa tirada típica, disse que eles estavam "esperando o ônibus". Pois hoje olhei para cima e vi que eles continuam lá, esperando!
Fui até o correio, no centro, depois voltei para casa de ônibus. Tomei um dos melhores banhos da minha vida, com chuveiro desligado, por causa do calor.
Desde a adolescência as caminhadas me fazem bem. Tomara que continue assim.