Eu não vejo televisão
Não é que eu seja "contra" televisão. Simplesmente, ela não me atrai. Na minha situação atual, morando sozinho, não sinto vontade de ligá-la. Às vezes penso em colocar TV a cabo e me divertir gravando seriados antigos e documentários. Filmes? Prefiro ver no cinema ou escolher a dedo numa locadora. Em geral, passo minhas noites em frente ao computador. Aí, dizem que sou viciado em Internet. Se eu passasse minhas noites em frente à TV, consumindo passivamente a programação da Globo, eu seria uma pessoa normal.
Comecei a me desinteressar por televisão mais ou menos na época em que me tornei fanático por música. Enquanto meus pais ficavam na sala cumprindo o ritual da Tradicional Família Brasileira, eu me trancava no meu quarto para ouvir meus discos. É bem verdade que não ver televisão, no Brasil, acaba se constituindo num fator de alienação. Às vezes algum de meus colegas dizia uma bobagem sem graça nenhuma e todos menos eu caíam na gargalhada. Aí eu perguntava: isso é da televisão? Geralmente era. Quem não vê televisão deixa de tomar conhecimento de comerciais, personagens de novela, bordões humorísticos e imagens marcantes dos noticiários.
Quando comprei meu primeiro videocassete, passei a ver a programação da TV com outros olhos. Era como um cardápio de onde eu escolheria o que gravar. Tenho uma videoteca razoável com gravações em VHS que venho fazendo desde 1985. Pena que eu não tenha tido o cuidado de anotar o conteúdo nas caixinhas. Andei passando em revista algumas de minhas antigas fitas e descobri coisas bem interessantes. Algumas já foram devidamente transferidas para DVD-R.
Mas o mundo dá voltas e hoje voltei a ser um ET que não vê televisão. Até acho graça quando ouço amigos dizendo que vão "aproveitar" o horário político para fazer não sei o quê. Falam como se fossem obrigados a ficar sentados diante do tubo de imagem durante a programação normal. Eu até vejo televisão para acompanhar, quando surge a ocasião. Mesmo assim, espero que a companhia não se ofenda se eu pegar um livro e ficar apenas presente na sala, cada um fazendo o que gosta. No dia em que eu colocar TV a cabo com certeza vou voltar a ser um telespectador mais assíduo, talvez até resgatando o velho hábito de colecionar gravações em VHS. Mas meus amigos que me desculpem: mesmo sozinho, mesmo em casa, há coisas bem mais interessantes para se fazer à noite do que assistir à programação da Globo.
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