terça-feira, fevereiro 28, 2006
Faz tempo que o ex-radialista Eduardo Chittolina, aqui de Porto Alegre, vem procurando apoio para retornar ao rádio com um programa sobre Beatles como já apresentou duas vezes na antiga Bandeirantes FM. Desta vez ele criou uma forma interessante de apresentar seu projeto: uma gravação onde ele dá uma amostra de seu estilo de comunicador, fala um pouco de si mesmo e expõe as propostas de seu programa. Patrocinadores em potencial podem ouvi-lo clicando aqui. Concordo com ele quando diz que faz falta um programa como esse nas rádios de Porto Alegre. Chittolina pode atingir um público bem amplo, pois ele conhece bastante sobre os Beatles, mas não tem aquele fanatismo por detalhes que poderia tornar o programa sectário ou cansativo para ouvintes casuais.
A décima-primeira
Lembram quando listei as 10 formas mais burras de se usar o Orkut? Na verdade são onze. Descobri uma que provavelmente ganha de todas as que citei: a brincadeira "vamos cantar a música tal". Um posta o começo de uma música, tipo os dois primeiros versos, e os outros vão continuando. Nossa, que coisa mais infantil! Já acho bobagem a maioria dos jogos no Orkut, mas esse é a suprema bobagem entre as bobagens!
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
É Carnaval. E daí?
Desculpem, gente, mas eu não me interesso por Carnaval. Nem por bailes, nem por desfiles, nem por escolas de samba, nem em saber por qual escola tal artista vai "sair" (acho engraçado esse jeito de falar), nem por músicas de carnaval, nem por fantasias, nem por nada. Mulher pelada eu vejo em filme pornô o ano inteiro, se quiser, e sem aquela purpurina toda em cima da melhor parte. Bom Carnaval pra quem gosta, mas me deixem aqui quietinho ouvindo meu rock progressivo nos headphones.
domingo, fevereiro 26, 2006
Alarme falso
Incrível como ainda tem gente que cai no conto do falso vírus. Só nesta semana recebi dois e-mails mandando apagar aquele executável com ícone do ursinho. Trata-se de um arquivo normal do sistema e não deve ser excluído.
Como é fácil criar mitos na Internet. As pessoas não só acreditam como repassam.
Como é fácil criar mitos na Internet. As pessoas não só acreditam como repassam.
sábado, fevereiro 25, 2006
Lançamento do primeiro LP dos Engenheiros
Aí está o programa do show de lançamento do primeiro LP dos Engenheiros do Hawaii, "Longe Demais das Capitais", em 1986, no Teatro Presidente, em Porto Alegre. Na verdade o disco ainda não havia chegado às lojas, mas o grupo já o estava divulgando. A promoção era da Ipanema FM, que tinha apenas três anos e anunciava isso com orgulho, como se vê abaixo (cliquem nas imagens para ampliar).
O programa não está completo. Os Engenheiros tocaram também uma música do começo da carreira que nunca chegou a ser lançada. Não tenho certeza do título, mas o refrão é: "A Maria / e o João / quem diria / por que não". Era um reggae típico do estilo que o grupo fazia na formação com Marcelo Pitz. Nei Lisboa fez participação especial em duas músicas. Humberto brincou: "Esse cara está nos roubando o show todas as noites!" Primeiro Nei cantou "Carecas da Jamaica", que só sairia em disco no ano seguinte e que, nesse show, ainda tinha um arranjo um pouco diferente, com ritmo de reggae também no refrão. Depois ele e o grupo apresentaram "Toda Forma de Poder", que viria a ser o primeiro sucesso dos Engenheiros (com uma pequena ajuda de uma novela) sem que o resto do Brasil viesse a saber que Nei participava na gravação. No bis, Nei e o grupo cantaram ainda uma versão em inglês de "Segurança" que dizia: "You need someone / to make you feel safe / or else you go insane / or else you go insane."
Observem abaixo que "Facel Vega" nada mais era do que "A Revolta dos Dândis" com outro título. A música, como todos sabem, seria a faixa título do segundo LP, que já teria Augustinho Licks no lugar de Marcelo Pitz. Curiosamente, no show era Pitz quem fazia o "ô-ô-ôô" logo depois que Humberto cantava: "Eu me sinto um estrangeiro..."
O programa não está completo. Os Engenheiros tocaram também uma música do começo da carreira que nunca chegou a ser lançada. Não tenho certeza do título, mas o refrão é: "A Maria / e o João / quem diria / por que não". Era um reggae típico do estilo que o grupo fazia na formação com Marcelo Pitz. Nei Lisboa fez participação especial em duas músicas. Humberto brincou: "Esse cara está nos roubando o show todas as noites!" Primeiro Nei cantou "Carecas da Jamaica", que só sairia em disco no ano seguinte e que, nesse show, ainda tinha um arranjo um pouco diferente, com ritmo de reggae também no refrão. Depois ele e o grupo apresentaram "Toda Forma de Poder", que viria a ser o primeiro sucesso dos Engenheiros (com uma pequena ajuda de uma novela) sem que o resto do Brasil viesse a saber que Nei participava na gravação. No bis, Nei e o grupo cantaram ainda uma versão em inglês de "Segurança" que dizia: "You need someone / to make you feel safe / or else you go insane / or else you go insane."
Observem abaixo que "Facel Vega" nada mais era do que "A Revolta dos Dândis" com outro título. A música, como todos sabem, seria a faixa título do segundo LP, que já teria Augustinho Licks no lugar de Marcelo Pitz. Curiosamente, no show era Pitz quem fazia o "ô-ô-ôô" logo depois que Humberto cantava: "Eu me sinto um estrangeiro..."
O blog é gaúcho
Meu comentário sobre curtas gaúchos em DVD acabou rendendo a citação deste blog numa lista de "Blogs Gaúchos" do site holandês de informações "Startpagina". Pode ter sido uma casualidade, mas não faz mal, o importante é marcar presença.
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Carlos Aleixo
Carlos Aleixo e minha irmã Beatriz Pacheco se conheceram em 1996 de uma forma bastante curiosa: pelo tele-amigos, um precursor telefônico dos chats da Internet. Não havia como enviar fotos. Quando se viram pessoalmente, a química foi rápida. Logo estavam namorando. Tomando emprestadas as palavras do escritor Mario Sergio Conti para descrever o casamento de Pedro e Teresa Collor em "Notícias do Planalto", Carlos e minha irmã tiveram uma relação "turbulenta, mas forte". De vez em quando brigavam, mas se amavam intensamente. Às vezes ela o mandava embora e me dizia que "dessa vez" era definitivo. Eu só ria por dentro. Tempos depois eu telefonava para ela e nem me surpreendia de ouvir a voz dele atendendo.
Fazia menos de um ano que eles estavam juntos quando eu me separei e fui morar na casa de minha irmã por algum tempo. A convivência com o Carlos gerou alguns atritos no começo, pois, de formas diferentes, amávamos a mesma mulher. Era normal que, pelo menos de um dos lados, surgisse ciúme. Chegamos a nos desentender uma vez. Mas depois percebemos que isso só faria sofrer uma pessoa a quem queríamos bem e passamos a nos entender como bons cunhados. Lembro de um Natal em que viramos a madrugada conversando e dando ombro amigo um ao outro. Ele fazia uma salada de maionese como ninguém e sabia que eu gostava. Mas nada era mais comovente que o carinho que o meu filho tinha por ele. Não sei se era um vínculo de identidade com a barba, que eu também uso, mas o Iuri, que é um menino autista, enxergava o Carlos e ia correndo dar um beijo nele. Do jeito dele, só encostando os lábios. E o Carlos se emocionava com isso.
Também antes de completarem um ano de relacionamento, foi constatado que minha irmã tinha o vírus da AIDS. Surpreendentemente, ele não foi infectado, mesmo tendo namorado com ela sem camisinha por vários meses. Ainda assim, foi um momento de crise para os dois. Mas, uma vez superada, cada um assumiu sua posição de forma corajosa. Minha irmã se tornou ativista na prevenção da AIDS e Carlos direcionou sua atividade na Delegacia Regional do Trabalho para atendimento a trabalhadores com HIV. Passaram a atuar em parceria, participando de palestras e seminários. Apareceram no Globo Repórter e foram capa da Zero Hora em 1999.
Infelizmente, quem tanto fez pelos outros não se preocupou em cuidar de si mesmo. Embora livre do HIV, Carlos descobriu no ano passado que estava com câncer de próstata em estágio avançado. Continuou trabalhando enquanto pôde, mas nas últimas semanas seu quadro era crítico. Carlos Antônio de Oliveira Aleixo faleceu hoje pela manhã, aos 54 anos. Deixa três filhas do primeiro casamento. Minha irmã perdeu o seu companheirão, mas o carinho dos filhos e dos irmãos a ajudará a vencer mais esse revés. Ela é uma guerreira e não vai abandonar a batalha.
Regras para confundir
Faz tempo que não abro um manual de redação. Ele até me seria útil para tirar dúvidas bem específicas de gramática, ortografia ou dados geográficos. Mas para me ensinar a escrever, ah, me poupe. Eu sou alfabetizado. Às vezes leio certas "normas de boa redação" e questiono sua validade. Entendo que há pessoas com dificuldade de redigir que podem se beneficiar de algumas orientações. Mas acho que a boa escrita vai além de uma camisa de força ou conjunto de macetes. Principalmente quando são repassadas ou impostas sem nenhum critério.
Por exemplo: há quem condene o chamado "gerundismo". Concordo. Essa mania de dizer "eu vou estar lhe passando os dados" ou "eu vou estar lhe pedindo algumas informações" deve ter sido inventada por algum gênio do telemarketing. Mas não se deve confundir essa construção viciosa "estar fazendo" com o emprego normal do gerúndio, que existe para ser usado. E há casos em que o "estar" é correto. Por exemplo: na semana que vem eu vou estar viajando, portanto aguarde meu retorno. Por outro lado, se eu disser que na terça-feira vou estar embarcando, aí sim, incorro em gerundismo condenável. (Eu ia escrever "vou estar incorrendo", mas notei que poderia parecer ironia. Mesmo assim, acho que seria um uso válido da construção.)
Na Faculdade de Jornalismo, um professor dizia que não se deveria escrever, por exemplo, "subiu o leite". "Não é o leite que sobe, é o preço do leite." Também outro mestre afirmava: "Está errado dizer que as lideranças sentaram para debater. Liderança não tem bunda." Ah, sim. Faltava-me, como aluno, um maior espírito contestador para questionar essa regra. Porque, a menos que algo me escape, trata-se de uma figura de linguagem chamada metonímia. É como dizer "ler Mario Quintana". A gente não lê o Mario e sim os poemas dele. A menos que a metonímia não seja aceita em linguagem jornalística. Aí o problema é outro.
Também gostaria de saber quem foi que inventou essa regra de estilo de que a voz passiva deve ser evitada (olha ela aí). Acabei de usá-la aqui mesmo e acho que o entendimento não foi prejudicado (de novo!). Isso parece modismo criado por quem não possui um conhecimento mais profundo do idioma ou, simplesmente, não tem o que fazer. Cansei de receber normas de boa redação condenando a voz passiva. Não vai muito longe: o corretor gramatical em inglês do Word acusa o seu uso em cada revisão.
Senão vejamos: se eu não souber quem realizou a ação, como vou usar a voz ativa? Em outras palavras, se eu não puder dizer "meu carro foi roubado", vou dizer o quê? "Alguém roubou meu carro." Aí virão outros ditadores de regrinhas dizer que se deve evitar o uso de "alguém". Certo. "Um ladrão roubou meu carro." Ora, se roubou só pode ser ladrão. Redundância. "Roubaram meu carro." Como assim, "roubaram"? Como saber com certeza se foram duas ou mais pessoas? "Roubou meu carro." Quem roubou? Cadê o sujeito dessa frase?
Houve uma época em que alguns jornais resolveram abolir a palavra "anos" de suas páginas. "Fulano de Tal, 29, afirmou que..." Talvez tenham lido isso no New York Times e pensado ser uma forma moderna de redigir a notícia. Só que, em inglês, é correto usar-se apenas o numeral, pois se diz que uma pessoa "é" de tal idade. Vale como adjetivo. Mas em português ela "tem" tantos anos, de forma que o número não pode ficar solto. Também se lê em entrevistas, entre parênteses: (risos). Sim, mas risos de quem? Do entrevistado? Do entrevistador? Dos dois? Se isso foi cópia do inglês "laughs", mais uma vez foi falha, pois esse "laughs" não é o plural do substantivo "laugh" e sim a terceira pessoa do singular do verbo "to laugh", ou seja: (ele) ri. E pode ter sido uma macaquice do inglês que também gerou a anomalia "Olimpíadas". Sim, "the Olympic Games" pode ser encurtado para "the Olympics", mas a Olimpíada é uma só.
Clareza e objetividade são dons que nenhum manual de redação saberá ensinar.
Por exemplo: há quem condene o chamado "gerundismo". Concordo. Essa mania de dizer "eu vou estar lhe passando os dados" ou "eu vou estar lhe pedindo algumas informações" deve ter sido inventada por algum gênio do telemarketing. Mas não se deve confundir essa construção viciosa "estar fazendo" com o emprego normal do gerúndio, que existe para ser usado. E há casos em que o "estar" é correto. Por exemplo: na semana que vem eu vou estar viajando, portanto aguarde meu retorno. Por outro lado, se eu disser que na terça-feira vou estar embarcando, aí sim, incorro em gerundismo condenável. (Eu ia escrever "vou estar incorrendo", mas notei que poderia parecer ironia. Mesmo assim, acho que seria um uso válido da construção.)
Na Faculdade de Jornalismo, um professor dizia que não se deveria escrever, por exemplo, "subiu o leite". "Não é o leite que sobe, é o preço do leite." Também outro mestre afirmava: "Está errado dizer que as lideranças sentaram para debater. Liderança não tem bunda." Ah, sim. Faltava-me, como aluno, um maior espírito contestador para questionar essa regra. Porque, a menos que algo me escape, trata-se de uma figura de linguagem chamada metonímia. É como dizer "ler Mario Quintana". A gente não lê o Mario e sim os poemas dele. A menos que a metonímia não seja aceita em linguagem jornalística. Aí o problema é outro.
Também gostaria de saber quem foi que inventou essa regra de estilo de que a voz passiva deve ser evitada (olha ela aí). Acabei de usá-la aqui mesmo e acho que o entendimento não foi prejudicado (de novo!). Isso parece modismo criado por quem não possui um conhecimento mais profundo do idioma ou, simplesmente, não tem o que fazer. Cansei de receber normas de boa redação condenando a voz passiva. Não vai muito longe: o corretor gramatical em inglês do Word acusa o seu uso em cada revisão.
Senão vejamos: se eu não souber quem realizou a ação, como vou usar a voz ativa? Em outras palavras, se eu não puder dizer "meu carro foi roubado", vou dizer o quê? "Alguém roubou meu carro." Aí virão outros ditadores de regrinhas dizer que se deve evitar o uso de "alguém". Certo. "Um ladrão roubou meu carro." Ora, se roubou só pode ser ladrão. Redundância. "Roubaram meu carro." Como assim, "roubaram"? Como saber com certeza se foram duas ou mais pessoas? "Roubou meu carro." Quem roubou? Cadê o sujeito dessa frase?
Houve uma época em que alguns jornais resolveram abolir a palavra "anos" de suas páginas. "Fulano de Tal, 29, afirmou que..." Talvez tenham lido isso no New York Times e pensado ser uma forma moderna de redigir a notícia. Só que, em inglês, é correto usar-se apenas o numeral, pois se diz que uma pessoa "é" de tal idade. Vale como adjetivo. Mas em português ela "tem" tantos anos, de forma que o número não pode ficar solto. Também se lê em entrevistas, entre parênteses: (risos). Sim, mas risos de quem? Do entrevistado? Do entrevistador? Dos dois? Se isso foi cópia do inglês "laughs", mais uma vez foi falha, pois esse "laughs" não é o plural do substantivo "laugh" e sim a terceira pessoa do singular do verbo "to laugh", ou seja: (ele) ri. E pode ter sido uma macaquice do inglês que também gerou a anomalia "Olimpíadas". Sim, "the Olympic Games" pode ser encurtado para "the Olympics", mas a Olimpíada é uma só.
Clareza e objetividade são dons que nenhum manual de redação saberá ensinar.
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
Papagaios de pirata
Em minha infância e adolescência eu me deixava impressionar por pequenas janelas de notoriedade. Lembro como fiquei eufórico e me senti importante quando meu nome foi publicado na revista Pop, em 1973, numa lista de ganhadores de uma promoção. A relação incluía centenas de premiados em letras microscópicas, mas para mim, eu havia sido citado na Pop. E o pior é que, como o endereço foi publicado com erro, nunca recebi o brinde. Hoje vejo de outra forma: pode ter sido uma bobagem, mas é um registro de que eu fui leitor de uma revista histórica.
Assim também, eu invejava quem aparecia na imprensa ou em outra vitrine pelos motivos mais fúteis. Em 1970, num Gre-Nal, um torcedor atirou uma pedra no jogador gremista João Severiano. Comentei com minha mãe: "Como esse cara deve estar orgulhoso de ver isso citado no jornal!" No colégio eu tinha um livro de Matemática que mostrava a foto de um grupo de alunos. Eu sentia pena do sujeito que ficou bem na espiral e teve sua imagem cortada. Quando foi mostrado na TV o clip de Hermes Aquino cantando "Nuvem Passageira", uma das cenas foi filmada na Escola Técnica Parobé, durante uma aula de Educação Física. Um dos estudantes apareceu bem na frente, fazendo exercícios. "Que sorte a dele", eu pensei. Quando os seqüestros tinham final feliz eu achava que, para os seqüestrados, tinha valido a pena pelo destaque.
Até que um dia, fui na TV Difusora buscar um LP que eu havia ganhado do Portovisão, no quadro de Fernando Vieira. Não entendi bem o que estava acontecendo quando um rapaz da produção me enfiou às pressas no estúdio "para ver se ainda dava tempo de participar". Sentei-me ao lado de outros que também estavam com discos na mão e só então entendi que eles iriam mostrar os ganhadores. Eu havia escolhido o disco "Olias of Sunhillow", de Jon Anderson, e a câmera deu um close da capa que eu estava segurando, depois abriu para plano geral. Devo ter aparecido por uns dez segundos no máximo. Mas, quando fui pegar o ônibus para voltar, imaginei que vários passageiros iriam me reconhecer. Só caí na real depois de uma semana, ao constatar que apenas dois amigos meus tinham me visto.
Pois hoje quem está em evidência é a moça Katilce Miranda, de Volta Redonda, por ter sido puxada da platéia pelo cantor Bono, do U2, dançado com ele e ter-lhe dado um beijo. Foi como tirar a sorte grande, pois está aparecendo em todos os veículos de imprensa, virou celebridade no Orkut e já se fala em fotos para a Playboy. Eu não duvidaria. Lembram da fogueteira? Outro exemplo muito parecido é o do Beijoqueiro, que fez praticamente uma carreira colecionando beijos em celebridades. É a fama fugaz dos papagaios de pirata. Aproveitem enquanto dura.
Assim também, eu invejava quem aparecia na imprensa ou em outra vitrine pelos motivos mais fúteis. Em 1970, num Gre-Nal, um torcedor atirou uma pedra no jogador gremista João Severiano. Comentei com minha mãe: "Como esse cara deve estar orgulhoso de ver isso citado no jornal!" No colégio eu tinha um livro de Matemática que mostrava a foto de um grupo de alunos. Eu sentia pena do sujeito que ficou bem na espiral e teve sua imagem cortada. Quando foi mostrado na TV o clip de Hermes Aquino cantando "Nuvem Passageira", uma das cenas foi filmada na Escola Técnica Parobé, durante uma aula de Educação Física. Um dos estudantes apareceu bem na frente, fazendo exercícios. "Que sorte a dele", eu pensei. Quando os seqüestros tinham final feliz eu achava que, para os seqüestrados, tinha valido a pena pelo destaque.
Até que um dia, fui na TV Difusora buscar um LP que eu havia ganhado do Portovisão, no quadro de Fernando Vieira. Não entendi bem o que estava acontecendo quando um rapaz da produção me enfiou às pressas no estúdio "para ver se ainda dava tempo de participar". Sentei-me ao lado de outros que também estavam com discos na mão e só então entendi que eles iriam mostrar os ganhadores. Eu havia escolhido o disco "Olias of Sunhillow", de Jon Anderson, e a câmera deu um close da capa que eu estava segurando, depois abriu para plano geral. Devo ter aparecido por uns dez segundos no máximo. Mas, quando fui pegar o ônibus para voltar, imaginei que vários passageiros iriam me reconhecer. Só caí na real depois de uma semana, ao constatar que apenas dois amigos meus tinham me visto.
Pois hoje quem está em evidência é a moça Katilce Miranda, de Volta Redonda, por ter sido puxada da platéia pelo cantor Bono, do U2, dançado com ele e ter-lhe dado um beijo. Foi como tirar a sorte grande, pois está aparecendo em todos os veículos de imprensa, virou celebridade no Orkut e já se fala em fotos para a Playboy. Eu não duvidaria. Lembram da fogueteira? Outro exemplo muito parecido é o do Beijoqueiro, que fez praticamente uma carreira colecionando beijos em celebridades. É a fama fugaz dos papagaios de pirata. Aproveitem enquanto dura.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Projetores e filmes
Eu sempre fui fascinado por projetores. Em minha infância, minha avó tinha um projetor 8mm que eu acabei herdando. No fim, o de slides também ficou comigo, mas esse veio depois. Nunca cheguei a ter uma filmadora Super-8, mas alguns amigos tinham. E, quando eu tinha entre 18 e 20 anos, fizemos dois filmes. Eles já haviam feito um, de forma que a "produção" completa da turma ficou em três títulos. Sim, os filmes tinham nome, embora fossem apenas rolinhos de Super-8 de três minutos filmados sem edição ou qualquer tipo de pós-produção.
"A Volta dos Que Não Irão" foi o primeiro filme, que não teve a minha participação. Foi realizado por uma turma de amigos que morava na Rua Pelotas, onde foram rodadas quase todas as cenas. Não havia um roteiro, simplesmente eles iam decidindo as cenas na hora. "Muito Antes Pelo Contrário", de 1978, esse sim, já teve o meu nome no elenco. A idéia era filmar cenas que depois pudessem ser vistas ao contrário, de forma que faríamos um filme de seis minutos com um rolo de três. Na hora, muita coisa não deu certo, mas isso só tornou o resultado ainda mais divertido. Lembro da emoção dos "atores" se reunindo em minha casa para ver o filme pela primeira vez. Por fim, "Ao Som do Projetor", um filme sonoro em rolo de filme mudo, foi feito no improviso. Naquela semana, John Lennon havia morrido e eu apareço mostrando a foto dele na capa da "Newsweek". Também meu primeiro carro, o fuquinha branco (ou "fusquinha", pra quem não é gaúcho), foi eternizado em película.
Depois disso, o mundo deu voltas, surgiu o videocassete e o Super 8 teve uma quase-morte. Sobreviveu em um mercado de nicho específico. Não se vendem mais filmes nas lojas de material fotográfico de Porto Alegre nem se encontra quem revele. Mas, nos Estados Unidos e Inglaterra, eles ainda têm uma produção restrita. Uma de minhas frustrações na Faculdade de Jornalismo foi ter feito a disciplina de cinema na verdade em vídeo. Depois que me formei, coloquei em prática um antigo sonho: colecionar filmes. Como velharia, mesmo. Descobri um revendedor e comecei a montar um acervo de filmes (versões condensadas das produções de cinema) e projetores, também. Até que, quando meu filho nasceu, tive uma idéia ousada: filmá-lo em Super 8. Consegui uma filmadora emprestada, importei dois rolos de filme dos Estados Unidos e depois enviei-os de volta para revelação. Chegaram sem problemas e com isso tenho imagens do Iuri em Super 8 nos meses em que começava a caminhar. Comprei também um projetor de 16mm e alguns filmes.
Minha vida virou do avesso nos últimos dez anos, mas nesse último fim-de-semana, depois de quase uma década, voltei a mexer em minha coleção de filmes. Como eu imaginava, as lâmpadas dos projetores acabaram queimando, depois de tanto tempo sem uso. Mas deu pra ver o Iuri pequeninho dando seus primeiros passos e também a nossa turma fazendo palhaçadas em "Muito Antes Pelo Contrário". Aliás, a realização desse filme foi um dos momentos marcantes da minha adolescência. Havíamos nos conhecido pelo rádio amador PX e abrimos o filme com um cartaz onde aparecia o título e os nossos prefixos. Sim, esse fim-de-semana foi de mexer no passado. Mas ainda tem muita coisa encaixotada. Os slides por exemplo. A sessão nostalgia está apenas começando.
"A Volta dos Que Não Irão" foi o primeiro filme, que não teve a minha participação. Foi realizado por uma turma de amigos que morava na Rua Pelotas, onde foram rodadas quase todas as cenas. Não havia um roteiro, simplesmente eles iam decidindo as cenas na hora. "Muito Antes Pelo Contrário", de 1978, esse sim, já teve o meu nome no elenco. A idéia era filmar cenas que depois pudessem ser vistas ao contrário, de forma que faríamos um filme de seis minutos com um rolo de três. Na hora, muita coisa não deu certo, mas isso só tornou o resultado ainda mais divertido. Lembro da emoção dos "atores" se reunindo em minha casa para ver o filme pela primeira vez. Por fim, "Ao Som do Projetor", um filme sonoro em rolo de filme mudo, foi feito no improviso. Naquela semana, John Lennon havia morrido e eu apareço mostrando a foto dele na capa da "Newsweek". Também meu primeiro carro, o fuquinha branco (ou "fusquinha", pra quem não é gaúcho), foi eternizado em película.
Depois disso, o mundo deu voltas, surgiu o videocassete e o Super 8 teve uma quase-morte. Sobreviveu em um mercado de nicho específico. Não se vendem mais filmes nas lojas de material fotográfico de Porto Alegre nem se encontra quem revele. Mas, nos Estados Unidos e Inglaterra, eles ainda têm uma produção restrita. Uma de minhas frustrações na Faculdade de Jornalismo foi ter feito a disciplina de cinema na verdade em vídeo. Depois que me formei, coloquei em prática um antigo sonho: colecionar filmes. Como velharia, mesmo. Descobri um revendedor e comecei a montar um acervo de filmes (versões condensadas das produções de cinema) e projetores, também. Até que, quando meu filho nasceu, tive uma idéia ousada: filmá-lo em Super 8. Consegui uma filmadora emprestada, importei dois rolos de filme dos Estados Unidos e depois enviei-os de volta para revelação. Chegaram sem problemas e com isso tenho imagens do Iuri em Super 8 nos meses em que começava a caminhar. Comprei também um projetor de 16mm e alguns filmes.
Minha vida virou do avesso nos últimos dez anos, mas nesse último fim-de-semana, depois de quase uma década, voltei a mexer em minha coleção de filmes. Como eu imaginava, as lâmpadas dos projetores acabaram queimando, depois de tanto tempo sem uso. Mas deu pra ver o Iuri pequeninho dando seus primeiros passos e também a nossa turma fazendo palhaçadas em "Muito Antes Pelo Contrário". Aliás, a realização desse filme foi um dos momentos marcantes da minha adolescência. Havíamos nos conhecido pelo rádio amador PX e abrimos o filme com um cartaz onde aparecia o título e os nossos prefixos. Sim, esse fim-de-semana foi de mexer no passado. Mas ainda tem muita coisa encaixotada. Os slides por exemplo. A sessão nostalgia está apenas começando.
sábado, fevereiro 18, 2006
Moderação com moderação
Há algum tempo, encontrei na Internet a foto de uma edição estrangeira do compacto "Je T'Aime, Moi Non Plus" em que Jane Birkin aparecia nua. Quando essa música começou a ser discutida num fórum de colecionadores, postei a imagem, para deleite dos demais (todos homens). No dia seguinte, ela havia sido removida por um dos moderadores. Fui ver as regras do site e lá estava: proibido nudez. Tudo bem. Num misto de protesto e brincadeira, postei novamente a foto com uma enorme tarja de "censurado" sobre a, digamos, parte ofensiva. Eu me pergunto se o procedimento teria sido o mesmo se eu colocasse a polêmica capa de "Two Virgins", de John e Yoko, que tanto escândalo causou em 1969.
Nesse caso, embora eu tenha me sentido tolhido, até acho que a atitude foi justificável. Mas a verdade é que alguns moderadores da Internet pensam que, se não derem uma censuradinha básica de vez em quando, não estarão mostrando serviço. A função lhes sobe à cabeça e eles passam a achar que é obrigação deles encontrar algo para vetar de tempos em tempos. Soube de um que configurou o grupo de discussão para que nenhuma mensagem entrasse sem a sua aprovação. Além de deixá-las retidas por quase uma semana, ele ainda ficava em dúvida diante de conteúdos perfeitamente normais. "E agora, será que autorizo esta mensagem ou não?"
A função do moderador de uma comunidade, fórum ou grupo de discussão é agir somente em último caso. Um moderador pode perfeitamente passar todo o seu mandato sem uma única intervenção. Aliás, essa seria a situação ideal, ou seja, que não ocorresse nenhuma transgressão. Infelizmente, nem todos têm essa visão. Começam a achar lícito usar a prerrogativa da censura por critérios pessoais. Alguém falou mal do seu ídolo? Criticou seu disco preferido? Contestou um ponto-de-vista com o qual ele concorda? A mensagem simplesmente não entra. E o moderador ainda acha que fez bem e se sente orgulhoso de seu desempenho participativo.
É verdade que algumas listas de discussão têm regras um tanto rígidas. Já participei de uma em que eu era obrigado a encerrar minhas mensagens dando meu nome, cidade e país. Se eu não observasse essa norma, imediatamente chegava uma advertência de violação em letras maiúsculas. Que gente folgada deve ser essa que consegue ler diariamente todas os e-mails de um grupo de discussão bastante concorrido e alertar um por um quem esquece algo tão importante quanto escrever "Porto Alegre, Brasil" ao final de um texto.
A meu ver, naquele fórum onde tive uma foto censurada, os moderadores estão começando a abusar um pouco. Recentemente um tópico sobre "o que faz você odiar uma música" descambou para a troca de ironias e um dos moderadores o encerrou, desabilitando a postagem de respostas. É uma atitude discutível. Não existe receita de bolo, mas o moderador só deveria entrar em cena quando a conversa partisse para a baixaria. Ou em casos específicos que a gente conhece tão bem, como o de quem entra numa comunidade somente para provocar baderna. Fora isso, é preciso maturidade para entender que um bom moderador deve honrar o seu título e agir com moderação. Simples assim.
Nesse caso, embora eu tenha me sentido tolhido, até acho que a atitude foi justificável. Mas a verdade é que alguns moderadores da Internet pensam que, se não derem uma censuradinha básica de vez em quando, não estarão mostrando serviço. A função lhes sobe à cabeça e eles passam a achar que é obrigação deles encontrar algo para vetar de tempos em tempos. Soube de um que configurou o grupo de discussão para que nenhuma mensagem entrasse sem a sua aprovação. Além de deixá-las retidas por quase uma semana, ele ainda ficava em dúvida diante de conteúdos perfeitamente normais. "E agora, será que autorizo esta mensagem ou não?"
A função do moderador de uma comunidade, fórum ou grupo de discussão é agir somente em último caso. Um moderador pode perfeitamente passar todo o seu mandato sem uma única intervenção. Aliás, essa seria a situação ideal, ou seja, que não ocorresse nenhuma transgressão. Infelizmente, nem todos têm essa visão. Começam a achar lícito usar a prerrogativa da censura por critérios pessoais. Alguém falou mal do seu ídolo? Criticou seu disco preferido? Contestou um ponto-de-vista com o qual ele concorda? A mensagem simplesmente não entra. E o moderador ainda acha que fez bem e se sente orgulhoso de seu desempenho participativo.
É verdade que algumas listas de discussão têm regras um tanto rígidas. Já participei de uma em que eu era obrigado a encerrar minhas mensagens dando meu nome, cidade e país. Se eu não observasse essa norma, imediatamente chegava uma advertência de violação em letras maiúsculas. Que gente folgada deve ser essa que consegue ler diariamente todas os e-mails de um grupo de discussão bastante concorrido e alertar um por um quem esquece algo tão importante quanto escrever "Porto Alegre, Brasil" ao final de um texto.
A meu ver, naquele fórum onde tive uma foto censurada, os moderadores estão começando a abusar um pouco. Recentemente um tópico sobre "o que faz você odiar uma música" descambou para a troca de ironias e um dos moderadores o encerrou, desabilitando a postagem de respostas. É uma atitude discutível. Não existe receita de bolo, mas o moderador só deveria entrar em cena quando a conversa partisse para a baixaria. Ou em casos específicos que a gente conhece tão bem, como o de quem entra numa comunidade somente para provocar baderna. Fora isso, é preciso maturidade para entender que um bom moderador deve honrar o seu título e agir com moderação. Simples assim.
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
Cenas estranhas
Minha namorada disse que enxergou um homem mexendo numa poça d'água e, quando chegou perto, viu que ele estava lavando a dentadura na água suja. Isso me fez pensar que todos nós, em algum momento, testemunhamos cenas inusitadas em que depois nem nós acreditamos. Uma que eu lembro bem de ter visto mas custo a crer foi quando eu estava indo de carro para a PUC pela Bento Gonçalves, no final da tarde. Dois rapazes estavam correndo com a costumeira indumentária de prática esportiva (calção, camiseta e tênis) e um deles levava à mão um cigarro aceso. Isso mesmo: correndo e fumando.
Outra cena foi em Brasília, em 1990. Um casal de moto carregava um colchão recém comprado. Talvez o trajeto fosse curto, mas aquela imagem foi muito estranha. Por sorte não costuma ventar em Brasília, ou os dois poderiam cair no chão com moto, colchão e tudo.
Por fim, já contei sobre o sujeito com flip-chart aberto em plena Rua da Praia explicando uma equação de duas variáveis. E juntou gente para ver! Esse ficou uma temporada exibindo sua didática, depois desapareceu.
Pensando bem, vale a pena ter uma máquina fotográfica sempre à mão.
Outra cena foi em Brasília, em 1990. Um casal de moto carregava um colchão recém comprado. Talvez o trajeto fosse curto, mas aquela imagem foi muito estranha. Por sorte não costuma ventar em Brasília, ou os dois poderiam cair no chão com moto, colchão e tudo.
Por fim, já contei sobre o sujeito com flip-chart aberto em plena Rua da Praia explicando uma equação de duas variáveis. E juntou gente para ver! Esse ficou uma temporada exibindo sua didática, depois desapareceu.
Pensando bem, vale a pena ter uma máquina fotográfica sempre à mão.
Da série "você sabe que está ficando velho quando..."
A Zero Hora está vendendo reproduções de capas de qualquer edição de sua história. O anúncio diz: "imagine a surpresa de uma pessoa querida ao receber uma capa de ZH do dia de seu nascimento".
Eu com certeza ficaria muito surpreso. Não existia Zero Hora quando eu nasci.
Eu com certeza ficaria muito surpreso. Não existia Zero Hora quando eu nasci.
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
Marketing da pressão
No tempo em que era praticamente impossível encontrar vídeos de música e shows em lojas de Porto Alegre, embora eles existissem no exterior, eu tinha meus fornecedores. Um deles é meu amigo até hoje e de vez em quando ainda me consegue algum material. Só coisas inéditas, pois as "normais" estão todas disponíveis no comércio real e virtual. Mas, nos anos 80, eu dependia de meus contatos. Um deles, que morava em outro estado, enviava regularmente um catálogo aos clientes, sempre acompanhado de uma carta circular. E, embora escrevesse bem, tinha um discurso um tanto constrangedor, como se quisesse obrigar a todos a comprar seus produtos. Dizia coisas como "para que possamos manter nosso acervo sempre atualizado, é importante que os clientes mantenham a regularidade de uma encomenda por mês". E também, ao sugerir suas fitas como presente de fim de ano, usava de argumentos agressivos que em última análise queriam dizer: você tem que comprar de mim, não das lojas.
Tempos depois, entrei em contato com um colecionador de filmes antigos. Ele me enviou um envelope grande recheado de folhetos com títulos de filmes, cartazes, fotos e informações. Ali, entre outras coisas, ele dizia que iria deixar de enviar seu catálogo para algumas pessoas que "não têm encomendado mais nada, demonstrando desinteresse em nosso trabalho". E tentava convencer também os colecionadores a não comprar só filmes com legendas, pois no caso de faroeste não é preciso saber inglês para captar a emoção de uma briga ou troca de tiros e blá blá blá.
Eu sei que não deve ser fácil trabalhar com vendas, seja informalmente ou no comércio regularizado. Mas, no caso desses "fornecedores", é difícil fazê-los entender que o cliente não é obrigado a comprar nada. É muita falta de tato querer, no grito, impor ou qualificar a demanda. Aqui em Porto Alegre existem excelentes lojas de discos onde às vezes fico quase um ano sem aparecer. Mas quando chego, sou sempre bem atendido, mesmo que não compre nada. Até pode ser que, na intimidade, o lojista comente: "Aquele cara não vinha aqui há um ano e agora veio só para olhar." Mas, dentro de loja, nunca fui pressionado. E, mesmo que fosse, não adiantaria.
O vendedor informal tem esse toque amadorístico: ele quer vender na marra. Com isso, torna-se inconveniente pela insistência. Nunca esqueci esse fornecedor que pedia que os clientes encomendassem uma fita por mês. Ou o outro, que queria que seus compradores se interessassem por filmes sem legendas mesmo não sabendo inglês. Eu gosto que me mandem catálogo. Sou um notório consumista. Mas não façam marcação cerrada, por favor. Deixem-me escolher com calma o que me interessa e o momento certo de comprar. Também não queiram me impor seus valores. O que a maioria procura pode não ser exatamente o que me agrada.
Tempos depois, entrei em contato com um colecionador de filmes antigos. Ele me enviou um envelope grande recheado de folhetos com títulos de filmes, cartazes, fotos e informações. Ali, entre outras coisas, ele dizia que iria deixar de enviar seu catálogo para algumas pessoas que "não têm encomendado mais nada, demonstrando desinteresse em nosso trabalho". E tentava convencer também os colecionadores a não comprar só filmes com legendas, pois no caso de faroeste não é preciso saber inglês para captar a emoção de uma briga ou troca de tiros e blá blá blá.
Eu sei que não deve ser fácil trabalhar com vendas, seja informalmente ou no comércio regularizado. Mas, no caso desses "fornecedores", é difícil fazê-los entender que o cliente não é obrigado a comprar nada. É muita falta de tato querer, no grito, impor ou qualificar a demanda. Aqui em Porto Alegre existem excelentes lojas de discos onde às vezes fico quase um ano sem aparecer. Mas quando chego, sou sempre bem atendido, mesmo que não compre nada. Até pode ser que, na intimidade, o lojista comente: "Aquele cara não vinha aqui há um ano e agora veio só para olhar." Mas, dentro de loja, nunca fui pressionado. E, mesmo que fosse, não adiantaria.
O vendedor informal tem esse toque amadorístico: ele quer vender na marra. Com isso, torna-se inconveniente pela insistência. Nunca esqueci esse fornecedor que pedia que os clientes encomendassem uma fita por mês. Ou o outro, que queria que seus compradores se interessassem por filmes sem legendas mesmo não sabendo inglês. Eu gosto que me mandem catálogo. Sou um notório consumista. Mas não façam marcação cerrada, por favor. Deixem-me escolher com calma o que me interessa e o momento certo de comprar. Também não queiram me impor seus valores. O que a maioria procura pode não ser exatamente o que me agrada.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Eu li!
"Olá... Tenho um livro autobiográfico que pretendo lançar no exterior, em inglês e em francês. Infelizmente, pelos preços que tenho visto nas empresas/pessoas que traduzem, fica impossível... Alguém aí poderia fazer a tradução de graça ou a um preço BEM camarada? O seu nome seria publicado no livro, e você teria a divulgação que o livro pode dar.
Obrigado.
Mensagem para:(...)"
E não era piada.
Obrigado.
Mensagem para:(...)"
E não era piada.
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Tapoé
Recebi esta foto de um amigo de São Paulo. Comentei com meu colega paraense, aquele que me explicou o que significa "piriri", e perguntei se ele sabia o que queria dizer. Ele confirmou e explicou: "Na verdade é uma marca americana. Dessas que se vende diretamente ao cliente." Eu já estava pronto para pesquisar alguma marca chamada "Tapoe", que talvez se pronunciasse "tapou", no original, mas diante da explicação dele eu falei: "Ah, sim, é igual àqueles produtos..." Quando lembrei o nome, não queria acreditar.
Tupperware!
Essa é a origem do "tapoé"! Depois dessa, acho que vou acreditar naquela história de que "forró" se originou de "for all" e "Sarney" vem de "Sir Ney".
P.S.: Eles também dizem "softoé" e "rardoé"?
Tupperware!
Essa é a origem do "tapoé"! Depois dessa, acho que vou acreditar naquela história de que "forró" se originou de "for all" e "Sarney" vem de "Sir Ney".
P.S.: Eles também dizem "softoé" e "rardoé"?
De novo
Mais uma vez, Luis Fernando Verissimo escreve sobre um tema que eu já tinha abordado aqui no blog, em meu texto "Sistema Enrolado". Mas desta vez vou presumir que foi apenas coincidência. Afinal, não sou só eu que sofro com os atendimentos confusos dos cartões de crédito. Verissimo não citou o nome do cartão, mas divulgou o número do telefone. Não foi por descuido, garanto. Ele sabe muito bem o que vai provocar. Vingativo!
Só não entendo como ele consegue ter aquelas tiradas geniais que me fazem pensar: como não tive essa idéia? Que saco, até quando rouba meus assuntos ele escreve melhor do que eu.
Só não entendo como ele consegue ter aquelas tiradas geniais que me fazem pensar: como não tive essa idéia? Que saco, até quando rouba meus assuntos ele escreve melhor do que eu.
domingo, fevereiro 12, 2006
Fechadão
Ouvi dizer que a Zero Hora fez uma reportagem sobre a timidez e citou Luis Fernando Verissimo. Ainda não a li e prefiro nem ler, para não influenciar no que pretendo escrever agora. Mas o fato é que Verissimo não é tímido, ele é quieto. É diferente. E eu entendo bem isso porque a vida inteira ouvi dizer que sou fechadão. Então agora chegou o momento de me explicar.
Eu me tornei fechadão quando amadureci um pouco e entendi que meus assuntos não interessavam a todos. Na infância, por exemplo, a gente traz os brinquedos para mostrar para os adultos e perguntar qual acham mais bonito. Quando percebi que meus brinquedos só interessavam a mim, parei de jogar conversa fora. Tenho interesses bem específicos e é difícil encontrar com quem compartilhar. Por isso adoro a Internet: aqui se encontram os "iguais", mesmo que seja lá do outro lado do mundo. Mas nem sempre foi assim. A isso some-se um agravante: eu fui filho temporão, o mais moço com uma diferença enorme dos demais. Então meus pais me apresentavam a seus amigos e lá vinham eles com aquele "sorrisinho de agradar nenê" me cumprimentar e fazer aquelas perguntas de praxe: "Em que colégio está estudando? Em que ano?" Ora, que assunto eu, no começo da adolescência, iria ter para conversar com gente assim? Lembro de uma noite, no Clube do Comércio, em que um amigo de meu pai se virou para mim e perguntou: "A quem tu saiu pra ser tão quieto?" Esse tipo de pergunta me irritava e me fazia silenciar ainda mais.
Houve uma época, em minha infância, em que eu falava bastante. E os adultos ouviam fascinados com aquele guri de nove ou dez anos que já tinha aquelas opiniões todas. O que eu dizia em si não era levado a sério, engraçado era me ouvir falar. Quando criei consciência disso, fechei a boca. Passei a guardar meus assuntos para quem fosse realmente valorizar. E assim é até hoje. Por outro lado, tem gente que consegue conversar sobre qualquer bobagem. Hoje esfriou um pouco, né? Ontem fez mais calor. Será que amanhã vai chover? Puxa, não vejo a hora de chegar o Carnaval. Adoro Carnaval. Olha a roupa daquela mulher! E o Grêmio, hein? E o Inter, hein? E o Big Brother, que coisa, hein? E aí, quem você acha que vai para o paredão? Viu ontem a novela? Eu não consigo ser assim.
Meu pai certa vez disse que eu não era tímido e sim introspectivo. Talvez. A verdade é que só consigo me soltar quando estou em meio a pessoas que entendem do que eu entendo e gostam do que eu gosto. Fora disso, não vou gastar saliva para tecer os comentários meteorológicos de praxe ou falar de coisas minhas para quem não vai se interessar. Por isso entendo Luis Fernando Verissimo. Ele é quieto porque prefere guardar suas idéias para seus leitores. Em vez de falar, escreve. Ele está certo. Não tem nada que perder tempo tagarelando com quem não iria entender, mesmo.
Eu me tornei fechadão quando amadureci um pouco e entendi que meus assuntos não interessavam a todos. Na infância, por exemplo, a gente traz os brinquedos para mostrar para os adultos e perguntar qual acham mais bonito. Quando percebi que meus brinquedos só interessavam a mim, parei de jogar conversa fora. Tenho interesses bem específicos e é difícil encontrar com quem compartilhar. Por isso adoro a Internet: aqui se encontram os "iguais", mesmo que seja lá do outro lado do mundo. Mas nem sempre foi assim. A isso some-se um agravante: eu fui filho temporão, o mais moço com uma diferença enorme dos demais. Então meus pais me apresentavam a seus amigos e lá vinham eles com aquele "sorrisinho de agradar nenê" me cumprimentar e fazer aquelas perguntas de praxe: "Em que colégio está estudando? Em que ano?" Ora, que assunto eu, no começo da adolescência, iria ter para conversar com gente assim? Lembro de uma noite, no Clube do Comércio, em que um amigo de meu pai se virou para mim e perguntou: "A quem tu saiu pra ser tão quieto?" Esse tipo de pergunta me irritava e me fazia silenciar ainda mais.
Houve uma época, em minha infância, em que eu falava bastante. E os adultos ouviam fascinados com aquele guri de nove ou dez anos que já tinha aquelas opiniões todas. O que eu dizia em si não era levado a sério, engraçado era me ouvir falar. Quando criei consciência disso, fechei a boca. Passei a guardar meus assuntos para quem fosse realmente valorizar. E assim é até hoje. Por outro lado, tem gente que consegue conversar sobre qualquer bobagem. Hoje esfriou um pouco, né? Ontem fez mais calor. Será que amanhã vai chover? Puxa, não vejo a hora de chegar o Carnaval. Adoro Carnaval. Olha a roupa daquela mulher! E o Grêmio, hein? E o Inter, hein? E o Big Brother, que coisa, hein? E aí, quem você acha que vai para o paredão? Viu ontem a novela? Eu não consigo ser assim.
Meu pai certa vez disse que eu não era tímido e sim introspectivo. Talvez. A verdade é que só consigo me soltar quando estou em meio a pessoas que entendem do que eu entendo e gostam do que eu gosto. Fora disso, não vou gastar saliva para tecer os comentários meteorológicos de praxe ou falar de coisas minhas para quem não vai se interessar. Por isso entendo Luis Fernando Verissimo. Ele é quieto porque prefere guardar suas idéias para seus leitores. Em vez de falar, escreve. Ele está certo. Não tem nada que perder tempo tagarelando com quem não iria entender, mesmo.
Ciuminho
É incrível o ciuminho que a vinda do U2 está causando nos fãs de outros grupos e cantores. Não o show em si, mas o destaque que está recebendo na mídia. Cada fã acha que o seu ídolo é que deveria estar em evidência! O que é isso, gente? Música não é futebol, tem lugar para todos! E a banda irlandesa tem a sua importância. Eu já estava acostumado com esse tipo de choro e ranger de dentes em comunidades do Kiss e Bee Gees, que não são unanimidades de crítica e nunca aparecem em listas de "100 melhores". Mas agora até alguns fãs de David Bowie, que sempre foi devidamente reverenciado pela imprensa, estão agindo feito crianças magoadas. Fã é tudo igual, não adianta. Isso remete a dois textos já publicados aqui: "O dilema de ser eclético" e "O ouvinte sofredor".
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Encarando a prova
Às vezes lembro das provas e concursos que já fiz e percebo que, na maioria deles, eu sabia se iria ser aprovado ou não. Na véspera do concurso da Caixa, por exemplo, lá pelas oito da noite eu fechei os livros e pensei: "estou preparado!" A matéria estava assimilada, não havia por que continuar estudando até o último minuto só porque a prova seria no dia seguinte. E deu certo. Fui aprovado com boa colocação. Por outro lado, nas duas vezes em que concorri para o Banco do Brasil, senti desde o início que não iria passar. O fato de o concurso da Caixa ter uma prova de nível intelectual em vez de conhecimentos gerais fez uma diferença enorme para mim.
Assim também, nos dois vestibulares em que passei, eu já esperava. Até tive um certo receio no de Jornalismo, pois eu estava concorrendo com gente recém saída do 2º Grau e só fiz um cursinho rápido de Geografia e História. Não lembro como consegui me safar em matérias como Matemática, Física, Química e Biologia, mas meu ótimo desempenho em Português e Inglês (que naquele tempo ainda era a única matéria com uma prova inteira) foi decisivo. Mas eu fui reprovado em meus primeiros vestibulares e já sabia que ia ser assim. Até me irritava ouvir as pessoas que não sabiam das minhas dificuldades dizer que eu ia passar, com aquele sorrisinho esperto de quem conhecia melhor do que eu o meu destino. Claro que um pensamento negativo atrapalha, mas à medida que vai chegando o momento a gente percebe se vai dar ou não. E muitas vezes é tarde para tentar reverter.
Só houve um teste que eu fiz sem ter a mínima idéia como me sairia: o exame de direção. Ao contrário da maioria dos rapazes da minha geração, eu não havia aprendido a dirigir antes do tempo. Nem me interessei, na verdade. Lembro de duas ou três vezes em que peguei a direção sob a orientação do meu pai, mas em geral carro nunca me atraiu. Então fiz auto-escola aos 18 anos, sem prática nenhuma, com todas as dificuldades e inseguranças de um iniciante. Não lembro quanto tempo fiquei aprendendo, mas foi bastante. Expliquei ao meu instrutor que, embora eu sempre tivesse morado em Porto Alegre, não conhecia bem as ruas e os trajetos. Não era de sair muito e, quando saía, não prestava atenção nos itinerários. Ele imaginou que isso poderia ser sanado me fazendo percorrer a cidade. Mas não, eu só ficava preocupado em dirigir bem e não memorizava a seqüência de ruas. Até hoje, se alguém ficar me dizendo "dobra aqui" e "entra ali" para me levar a algum lugar, eu não lembro mais nada depois. Se me explicar o trajeto todo antes, aí pode ser que eu guarde.
Então eu fui fazer o exame com aquela dúvida. Será que eu conseguiria passar? Felizmente, deu certo. Mas eu ainda levei anos para perder certos medos e melhorar minhas habilidades. Há quem me considere mau motorista, mas muito disso tem a ver com a mentalidade do brasileiro. Aqui, dirigir bem é ter segurança para correr. Quem observa a velocidade e obedece às leis de trânsito chega a ser ridicularizado às vezes. Por outro lado, tive a experiência de dirigir nos Estados Unidos e fiquei encantado com um trânsito que funciona como um relógio: boas ruas, ótimas estradas, traçado inteligente, farta sinalização (o nome da rua pela qual você está cruzando aparece numa placa suspensa bem visível acima de você) e, principalmente, motoristas civilizados.
Pois bem: venceu minha carteira de motorista. Venceu vencida, mesmo, inclusive os 30 dias de tolerância. Não estou muito a fim de fazer as três aulas para renovar. Acho que vou arriscar a prova escrita. Por enquanto, ainda não sei dizer se vou passar. Tenho que estudar um pouco primeiro e também aproveitar os testes simulados que estão disponíveis no site do Detran (ao menos foi o que me disseram). Se as perguntas seguirem a lógica da racionalidade e não do que se verifica na prática, quem sabe até eu não me saia melhor do que muitos "bons motoristas" que andam por aí?
Assim também, nos dois vestibulares em que passei, eu já esperava. Até tive um certo receio no de Jornalismo, pois eu estava concorrendo com gente recém saída do 2º Grau e só fiz um cursinho rápido de Geografia e História. Não lembro como consegui me safar em matérias como Matemática, Física, Química e Biologia, mas meu ótimo desempenho em Português e Inglês (que naquele tempo ainda era a única matéria com uma prova inteira) foi decisivo. Mas eu fui reprovado em meus primeiros vestibulares e já sabia que ia ser assim. Até me irritava ouvir as pessoas que não sabiam das minhas dificuldades dizer que eu ia passar, com aquele sorrisinho esperto de quem conhecia melhor do que eu o meu destino. Claro que um pensamento negativo atrapalha, mas à medida que vai chegando o momento a gente percebe se vai dar ou não. E muitas vezes é tarde para tentar reverter.
Só houve um teste que eu fiz sem ter a mínima idéia como me sairia: o exame de direção. Ao contrário da maioria dos rapazes da minha geração, eu não havia aprendido a dirigir antes do tempo. Nem me interessei, na verdade. Lembro de duas ou três vezes em que peguei a direção sob a orientação do meu pai, mas em geral carro nunca me atraiu. Então fiz auto-escola aos 18 anos, sem prática nenhuma, com todas as dificuldades e inseguranças de um iniciante. Não lembro quanto tempo fiquei aprendendo, mas foi bastante. Expliquei ao meu instrutor que, embora eu sempre tivesse morado em Porto Alegre, não conhecia bem as ruas e os trajetos. Não era de sair muito e, quando saía, não prestava atenção nos itinerários. Ele imaginou que isso poderia ser sanado me fazendo percorrer a cidade. Mas não, eu só ficava preocupado em dirigir bem e não memorizava a seqüência de ruas. Até hoje, se alguém ficar me dizendo "dobra aqui" e "entra ali" para me levar a algum lugar, eu não lembro mais nada depois. Se me explicar o trajeto todo antes, aí pode ser que eu guarde.
Então eu fui fazer o exame com aquela dúvida. Será que eu conseguiria passar? Felizmente, deu certo. Mas eu ainda levei anos para perder certos medos e melhorar minhas habilidades. Há quem me considere mau motorista, mas muito disso tem a ver com a mentalidade do brasileiro. Aqui, dirigir bem é ter segurança para correr. Quem observa a velocidade e obedece às leis de trânsito chega a ser ridicularizado às vezes. Por outro lado, tive a experiência de dirigir nos Estados Unidos e fiquei encantado com um trânsito que funciona como um relógio: boas ruas, ótimas estradas, traçado inteligente, farta sinalização (o nome da rua pela qual você está cruzando aparece numa placa suspensa bem visível acima de você) e, principalmente, motoristas civilizados.
Pois bem: venceu minha carteira de motorista. Venceu vencida, mesmo, inclusive os 30 dias de tolerância. Não estou muito a fim de fazer as três aulas para renovar. Acho que vou arriscar a prova escrita. Por enquanto, ainda não sei dizer se vou passar. Tenho que estudar um pouco primeiro e também aproveitar os testes simulados que estão disponíveis no site do Detran (ao menos foi o que me disseram). Se as perguntas seguirem a lógica da racionalidade e não do que se verifica na prática, quem sabe até eu não me saia melhor do que muitos "bons motoristas" que andam por aí?
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
Votem na Rosana Herrman
Rosana Herrman, do blog Querido Leitor, está concorrendo na enquete do Portal Imprensa na categoria "Blogueira". O blog dela foi uma das minhas maiores inspirações para criar este (embora meu estilo seja um e o dela, outro) e muitos dos que me visitam hoje me "descobriram" por lá. Sempre que ela cita um assunto que eu já tenha abordado aqui, ou que sirva de gancho para algum de meus textos, eu vou lá e coloco um link nos comentários. E o pessoal vem conferir. Então não me constranjo de pedir votos para ela. É só clicar aqui, depois votar em Rosana Herrman.
Bruno e Marrone
A assessora de imprensa de Bruno e Marrone acaba de responder a um e-mail enviado por mim sobre o poema "Um Dia", que a dupla está declamando nos shows como sendo de Mario Quintana. Diz que a falha será corrigida. Tomara. Acho que mais gente já escreveu avisando, também.
Choque de gerações
Há muitos anos, num chat, contei uma piada e ninguém entendeu. Tentei explicar. Continuaram não entendendo. Lá pelas tantas, caiu a ficha: ninguém sabia quem era Jota Silvestre. Sem esse conhecimento, a piada não tinha graça, mesmo.
A gente percebe que está ficando velho quando as gerações mais jovens não entendem certas referências. Nélson Motta conta um episódio curioso em seu livro "Noites Tropicais". Na cobertura do primeiro Rock in Rio, ele teria dito: "E agora, como dizia Jair de Taumaturgo, tira o tapete da sala que hoje é dia de rock!" O Boni, da Globo, pediu para falar com ele imediatamente. Pegou o microfone relevante e Nélson ouviu sua voz gritando nos fones de ouvido: "Jair de Taumaturgo a puta que o pariu!" Descontroles à parte, ele estava certo. Qual o jovem que em 1985 haveria de conhecer o nome de um lendário radialista carioca do começo dos anos 60?
Lembrei de tudo isso em razão da charge de Iotti na Zero Hora de hoje:
A gente percebe que está ficando velho quando as gerações mais jovens não entendem certas referências. Nélson Motta conta um episódio curioso em seu livro "Noites Tropicais". Na cobertura do primeiro Rock in Rio, ele teria dito: "E agora, como dizia Jair de Taumaturgo, tira o tapete da sala que hoje é dia de rock!" O Boni, da Globo, pediu para falar com ele imediatamente. Pegou o microfone relevante e Nélson ouviu sua voz gritando nos fones de ouvido: "Jair de Taumaturgo a puta que o pariu!" Descontroles à parte, ele estava certo. Qual o jovem que em 1985 haveria de conhecer o nome de um lendário radialista carioca do começo dos anos 60?
Lembrei de tudo isso em razão da charge de Iotti na Zero Hora de hoje:
Vai ter muita gurizada perguntando pros pais quem é aquele sujeitinho da caricatura. É o Amigo da Onça, antológico personagem do chargista Péricles. Ele aparecia na revista O Cruzeiro. A publicação era dos Diários Associados, de Assis Chateubriand. O mesmo da TV Piratini Canal 5.
Não entenderam?
Parabéns, David Bowie!
David Bowie não compareceu à cerimônia do Grammy ontem à noite, mesmo assim foi homenageado pelo conjunto da obra. Há quem não valorize muito essa categoria, considerando-a uma espécie de "prêmio de consolação" para quem nunca teve um disco premiado. Mas, no caso de Bowie, acho a premiação muito mais justa e coerente do que se resolvessem dar um Grammy a algum CD recente, como já fizeram com outros veteranos. Alguns artistas se destacam por um trabalho específico, outros por uma fase passageira. Mas se existe alguém merecedor de um prêmio por toda a sua obra, é David Bowie. Parabéns!
P.S.: Ontem que o prêmio era para ele, Bowie não foi, mas na cerimônia de 1975 ele se fez presente para entregar um Grammy a Aretha Franklin. A foto de bastidores em que ele aparece com Aretha, John & Yoko e Simon & Garfunkel é histórica. Vejam tudo aqui.
P.S.: Ontem que o prêmio era para ele, Bowie não foi, mas na cerimônia de 1975 ele se fez presente para entregar um Grammy a Aretha Franklin. A foto de bastidores em que ele aparece com Aretha, John & Yoko e Simon & Garfunkel é histórica. Vejam tudo aqui.
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Lancheria Piriri
Para quem não acreditou, aí está a prova de que existe mesmo em Porto Alegre uma "Lancheria Piriri". Aqui ninguém sabe o que essa palavra quer dizer. Foi um colega do Pará quem me explicou o significado. Pior é que eu sou freguês. Adoro o pastel deles.
Acho que os não-gaúchos já perceberam que "lancheria" é o mesmo que "lanchonete". Mas, para nós, existe uma diferença. Em minha infância e adolescência só existiam lancherias. Em 1989, com a chegada do primeiro McDonald's a Porto Alegre, estabelecimentos de fast food em estilo americano passaram a ser chamados de lanchonetes. O resto continua sendo lancheria.
Acho que os não-gaúchos já perceberam que "lancheria" é o mesmo que "lanchonete". Mas, para nós, existe uma diferença. Em minha infância e adolescência só existiam lancherias. Em 1989, com a chegada do primeiro McDonald's a Porto Alegre, estabelecimentos de fast food em estilo americano passaram a ser chamados de lanchonetes. O resto continua sendo lancheria.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
Comentário
Diretamente de Londres, o meu sobrinho Ricardo postou o seguinte comentário sobre a foto abaixo:
"Muito boa essa foto!!! Uma das poucas que eu tenho do meu antigo carro em movimento também foi tirada por esse rapaz, o tal de Detran. Gente boa, pena que cobra caro pelos retratos!"
É verdade.
"Muito boa essa foto!!! Uma das poucas que eu tenho do meu antigo carro em movimento também foi tirada por esse rapaz, o tal de Detran. Gente boa, pena que cobra caro pelos retratos!"
É verdade.
Eufemismos
Acho que foi o tradutor Danilo Nogueira quem certa vez chamou a atenção para o fato de que, em português, chamamos de "contribuinte" o que em inglês se diz "pagador de impostos" (taxpayer). Desde então, comecei a observar como os eufemismos fazem parte da nossa cultura. Certos termos ou expressões são tabu e costumam ser trocados por equivalentes mais brandos. "Contribuinte" ameniza a idéia de coerção e reforça o benefício que se espera de um imposto. Assim também, diz-se que um imposto "incide" sobre determinado pagamento ou atividade. Em inglês ele é "imposto" (particípio do verbo impor), mesmo, o que faz com que alguns tradutores menos experientes traduzam "tax imposed" como "imposto imposto". O verbo "incidir" é mais bonito e transforma o que deveria ser objeto em sujeito. Ou seja, não é a autoridade que cobra o imposto sobre algo, é o imposto que incide. É como se ele não tivesse sido criado por ninguém, mas fosse um fenômeno natural e inevitável como o vento e a chuva. Da mesma forma, o que se chama em inglês de "evento tributável" (taxable event) é conhecido em português como "fato gerador". Em suma, ninguém tributa nada, simplesmente o fato gera e o imposto incide.
Um dia desses eu estava no supermercado e ouvi alguém chamar pelo alto-falante: "atenção colaboradora Fulana..." Agora virou mania chamar "empregado" de "colaborador", camuflando a relação patrão-empregado, chefe-subordinado, manda-obedece. Você não está trabalhando ou cumprindo ordens, está colaborando para o sucesso da empresa, que no final das contas será benéfico para você também. Da mesma forma, empregada doméstica virou "secretária". "Vou pedir para minha secretária fazer um café para nós." Até mesmo alguns professores, no intuito de desfazer a imagem de mestre autoritário, chamam aula de "encontro". "Não esqueçam que daqui a dois encontros teremos prova". Mas, se você é casado e cursa faculdade, com certeza não quererá dizer à sua esposa que está indo a um "encontro".
Às vezes eu fazia encomendas para lojas de discos e depois recebia o telefonema avisando que havia chegado o meu "material". E quando aparecia algum disco que poderia me interessar eles perguntavam se eu já o havia "pegado". Um dia um amigo pediu para ver os meus "trabalhos" – eram os poemas que eu escrevia na adolescência. Quanto eu era rádio-amador PX, um colega veio na minha casa conhecer a minha "estação" – leia-se o rádio instalado na cabeceira da cama (acho que eu era um dos raros PX que modulava deitado). E, embora já esteja mais do que consagrado, até hoje não consigo "chamar" ninguém para alguma coisa. Pra mim é "convidar", mesmo. Certa vez eu comprei um rack de computador e estava empurrando a caixa até o estacionamento do shopping quando o funcionário veio me "orientar" que eu não podia arrastar pacotes. Sujeito legal, ele. Não repreende nem proíbe, apenas "orienta".
Mas nada é mais tabu do que dinheiro. Essa palavra adquire os mais diversos sinônimos conforme a situação: Fulano tem "recurso", eu não tenho "condições", para fazer isso é preciso "estrutura", vou obter os "meios", ainda não temos o "aporte" necessário, faremos uma transferência de "numerário" e assim por diante. Cada vez mais se fala em "investimento" em vez de "preço", salientando que o benefício compensará o gasto. Ninguém ganha "salário mínimo", apenas "salário" (essa também foi o Danilo Nogueira quem observou). Também é raro alguém dizer que vai "pagar" alguma coisa. As pessoas preferem "acertar". "Vim acertar com você." "Você já acertou este mês?" E se você não "acertar", o credor não irá lhe processar ou colocar na Justiça, irá "encaminhar a questão para o Departamento Jurídico" ou, se for pessoa física, "tomar as providências cabíveis".
Um dia desses eu estava no supermercado e ouvi alguém chamar pelo alto-falante: "atenção colaboradora Fulana..." Agora virou mania chamar "empregado" de "colaborador", camuflando a relação patrão-empregado, chefe-subordinado, manda-obedece. Você não está trabalhando ou cumprindo ordens, está colaborando para o sucesso da empresa, que no final das contas será benéfico para você também. Da mesma forma, empregada doméstica virou "secretária". "Vou pedir para minha secretária fazer um café para nós." Até mesmo alguns professores, no intuito de desfazer a imagem de mestre autoritário, chamam aula de "encontro". "Não esqueçam que daqui a dois encontros teremos prova". Mas, se você é casado e cursa faculdade, com certeza não quererá dizer à sua esposa que está indo a um "encontro".
Às vezes eu fazia encomendas para lojas de discos e depois recebia o telefonema avisando que havia chegado o meu "material". E quando aparecia algum disco que poderia me interessar eles perguntavam se eu já o havia "pegado". Um dia um amigo pediu para ver os meus "trabalhos" – eram os poemas que eu escrevia na adolescência. Quanto eu era rádio-amador PX, um colega veio na minha casa conhecer a minha "estação" – leia-se o rádio instalado na cabeceira da cama (acho que eu era um dos raros PX que modulava deitado). E, embora já esteja mais do que consagrado, até hoje não consigo "chamar" ninguém para alguma coisa. Pra mim é "convidar", mesmo. Certa vez eu comprei um rack de computador e estava empurrando a caixa até o estacionamento do shopping quando o funcionário veio me "orientar" que eu não podia arrastar pacotes. Sujeito legal, ele. Não repreende nem proíbe, apenas "orienta".
Mas nada é mais tabu do que dinheiro. Essa palavra adquire os mais diversos sinônimos conforme a situação: Fulano tem "recurso", eu não tenho "condições", para fazer isso é preciso "estrutura", vou obter os "meios", ainda não temos o "aporte" necessário, faremos uma transferência de "numerário" e assim por diante. Cada vez mais se fala em "investimento" em vez de "preço", salientando que o benefício compensará o gasto. Ninguém ganha "salário mínimo", apenas "salário" (essa também foi o Danilo Nogueira quem observou). Também é raro alguém dizer que vai "pagar" alguma coisa. As pessoas preferem "acertar". "Vim acertar com você." "Você já acertou este mês?" E se você não "acertar", o credor não irá lhe processar ou colocar na Justiça, irá "encaminhar a questão para o Departamento Jurídico" ou, se for pessoa física, "tomar as providências cabíveis".
sábado, fevereiro 04, 2006
Big Brother is watching you
Vejam só a coincidência. Faz tempo que venho pensando em escrever um comentário sobre o valor documental da fotografia. A gente lembra de tirar fotos em viagens e ocasiões especiais, mas depois lamenta não ter registrado outros momentos que na hora não pareceram tão importantes, mas que depois dão saudades. Lembrei disso ao ver as fotos disponibilizadas por integrantes da comunidade de ex-alunos do Pio XII no Orkut. Eu até tenho algumas fotos minhas do tempo do Paula Soares, mas nenhuma do Pio XII. Uma pena.
Pois hoje pela manhã chegou pelo correio uma foto minha que eu nem sabia que tinha sido tirada. Olhem eu aí voltando da casa da minha namorada na noite de 5 para 6 de janeiro, no meu Golzinho velho de guerra. Uma recordação que ficará para sempre deste namoro dividido entre bairros distantes. Será que o Detran não tem mais fotos minhas? Talvez eles tenham captado outras imagens históricas que eu não esteja nem sabendo. Bem que seria legal guardar as gravações em vídeo de minhas andanças pelo centro. Recordar é viver.
A maior prova de que eu não costumo correr quando ando de carro é que os pardais me pegam em horários de "nenhum" movimento na perigosíssima velocidade de 70 km por hora. Não é a primeira vez. Motorista cancheiro não cai nessa, pois sabe de cor onde estão os pardais. E continua correndo.
Pois hoje pela manhã chegou pelo correio uma foto minha que eu nem sabia que tinha sido tirada. Olhem eu aí voltando da casa da minha namorada na noite de 5 para 6 de janeiro, no meu Golzinho velho de guerra. Uma recordação que ficará para sempre deste namoro dividido entre bairros distantes. Será que o Detran não tem mais fotos minhas? Talvez eles tenham captado outras imagens históricas que eu não esteja nem sabendo. Bem que seria legal guardar as gravações em vídeo de minhas andanças pelo centro. Recordar é viver.
A maior prova de que eu não costumo correr quando ando de carro é que os pardais me pegam em horários de "nenhum" movimento na perigosíssima velocidade de 70 km por hora. Não é a primeira vez. Motorista cancheiro não cai nessa, pois sabe de cor onde estão os pardais. E continua correndo.
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Casualidade
Eu tenho guardadas todas as edições da Folha de São Paulo com a cobertura da primeira vinda de David Bowie ao Brasil em 1990. Há algum tempo dei uma olhada na edição de 20 de setembro (casualmente nesse dia eu ainda estava nos Estados Unidos, mas consegui o jornal depois) e vejam a foto que descobri logo abaixo da de Bowie (cliquem para ampliar). É a notícia da chegada de Edinho dos Estados Unidos para fazer testes no Santos. Lembrei disso ao ouvir a notícia de que o filho de Pelé voltou a ser preso.
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
Página inútil
Por mim, a página de recados do Orkut não precisaria existir. De manhã e à tarde, no meu trabalho, tenho acesso à Internet, mas o Orkut é bloqueado. Aí, quando chego em casa e vou ler as mensagens do Orkut... a página não abre! Só dá "Erro." "Erro." "Erro." "Erro." Se as pessoas que escreveram no meu mural tivessem simplesmente enviado um e-mail, eu já teria lido há horas!
Fim de mistério?
Encontrei um "suspeito" para a autoria de dois poemas que circulam pela Internet como se fossem de Mario Quintana: o português Jorge Rodrigues Simão. No link vocês encontrarão uma página onde, entre outros versos, aparecem os seguintes:
Para ser feliz com uma outra pessoa, precisas, em primeiro lugar, não precisar dela. Ninguém é auto-suficiente, mas já é o bastante... Aprenda a gostar de ti, a cuidar de ti e, principalmente, a gostar de quem também gosta de ti. Não corras atrás das borboletas, cuida do teu jardim e elas virão até ti. No final de contas, vais achar não quem tu estava à procura , mas quem estava à procura de ti...
E mais abaixo:
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é asneira. Não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela... Descobrimos que se apaixonar é inevitável, as melhores provas de amor são as mais simples... Um dia percebemos que o comum não nos atrai, que ser classificado como o "bonzinho" não é bom... percebemos como aquele amigo faz falta, mas já é tarde demais... Enfim...um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizermos tudo o que tem que ser dito.. A forma é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Nenhum dos textos aparece exatamente como os conhecíamos, mas não seria o primeiro caso de adulteração (aliás, muitos apócrifos são verdadeiros Frankensteins, como já se constatou). Explorando os links do site, descobrem-se várias outras páginas com textos em estilo semelhante. Ocasionalmente aparece algum com assinatura alheia, mas quase todos são apresentados como de autoria do proprietário do site. Segundo consta na página principal, Jorge Rodrigues Simão é "advogado, escritor, jornalista e ensaísta", com uma longa lista de títulos. Infelizmente não localizei e-mail para contato.
A propósito, apareceu no Orkut uma moça chamada Adriana Britto reivindicando a autoria de outro falso Quintana, aquele que começa assim: "Não quero que ninguém morra de amor por mim..." Está lá, completo, no perfil dela.
E o mais irônico é que o verdadeiro Mario Quintana não tem nada a ver com isso. Estamos apenas desfazendo o nó que a Internet ajudou a fazer com a imagem dele.
Para ser feliz com uma outra pessoa, precisas, em primeiro lugar, não precisar dela. Ninguém é auto-suficiente, mas já é o bastante... Aprenda a gostar de ti, a cuidar de ti e, principalmente, a gostar de quem também gosta de ti. Não corras atrás das borboletas, cuida do teu jardim e elas virão até ti. No final de contas, vais achar não quem tu estava à procura , mas quem estava à procura de ti...
E mais abaixo:
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é asneira. Não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela... Descobrimos que se apaixonar é inevitável, as melhores provas de amor são as mais simples... Um dia percebemos que o comum não nos atrai, que ser classificado como o "bonzinho" não é bom... percebemos como aquele amigo faz falta, mas já é tarde demais... Enfim...um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizermos tudo o que tem que ser dito.. A forma é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Nenhum dos textos aparece exatamente como os conhecíamos, mas não seria o primeiro caso de adulteração (aliás, muitos apócrifos são verdadeiros Frankensteins, como já se constatou). Explorando os links do site, descobrem-se várias outras páginas com textos em estilo semelhante. Ocasionalmente aparece algum com assinatura alheia, mas quase todos são apresentados como de autoria do proprietário do site. Segundo consta na página principal, Jorge Rodrigues Simão é "advogado, escritor, jornalista e ensaísta", com uma longa lista de títulos. Infelizmente não localizei e-mail para contato.
A propósito, apareceu no Orkut uma moça chamada Adriana Britto reivindicando a autoria de outro falso Quintana, aquele que começa assim: "Não quero que ninguém morra de amor por mim..." Está lá, completo, no perfil dela.
E o mais irônico é que o verdadeiro Mario Quintana não tem nada a ver com isso. Estamos apenas desfazendo o nó que a Internet ajudou a fazer com a imagem dele.