terça-feira, fevereiro 21, 2006

Projetores e filmes

Eu sempre fui fascinado por projetores. Em minha infância, minha avó tinha um projetor 8mm que eu acabei herdando. No fim, o de slides também ficou comigo, mas esse veio depois. Nunca cheguei a ter uma filmadora Super-8, mas alguns amigos tinham. E, quando eu tinha entre 18 e 20 anos, fizemos dois filmes. Eles já haviam feito um, de forma que a "produção" completa da turma ficou em três títulos. Sim, os filmes tinham nome, embora fossem apenas rolinhos de Super-8 de três minutos filmados sem edição ou qualquer tipo de pós-produção.

"A Volta dos Que Não Irão" foi o primeiro filme, que não teve a minha participação. Foi realizado por uma turma de amigos que morava na Rua Pelotas, onde foram rodadas quase todas as cenas. Não havia um roteiro, simplesmente eles iam decidindo as cenas na hora. "Muito Antes Pelo Contrário", de 1978, esse sim, já teve o meu nome no elenco. A idéia era filmar cenas que depois pudessem ser vistas ao contrário, de forma que faríamos um filme de seis minutos com um rolo de três. Na hora, muita coisa não deu certo, mas isso só tornou o resultado ainda mais divertido. Lembro da emoção dos "atores" se reunindo em minha casa para ver o filme pela primeira vez. Por fim, "Ao Som do Projetor", um filme sonoro em rolo de filme mudo, foi feito no improviso. Naquela semana, John Lennon havia morrido e eu apareço mostrando a foto dele na capa da "Newsweek". Também meu primeiro carro, o fuquinha branco (ou "fusquinha", pra quem não é gaúcho), foi eternizado em película.

Depois disso, o mundo deu voltas, surgiu o videocassete e o Super 8 teve uma quase-morte. Sobreviveu em um mercado de nicho específico. Não se vendem mais filmes nas lojas de material fotográfico de Porto Alegre nem se encontra quem revele. Mas, nos Estados Unidos e Inglaterra, eles ainda têm uma produção restrita. Uma de minhas frustrações na Faculdade de Jornalismo foi ter feito a disciplina de cinema na verdade em vídeo. Depois que me formei, coloquei em prática um antigo sonho: colecionar filmes. Como velharia, mesmo. Descobri um revendedor e comecei a montar um acervo de filmes (versões condensadas das produções de cinema) e projetores, também. Até que, quando meu filho nasceu, tive uma idéia ousada: filmá-lo em Super 8. Consegui uma filmadora emprestada, importei dois rolos de filme dos Estados Unidos e depois enviei-os de volta para revelação. Chegaram sem problemas e com isso tenho imagens do Iuri em Super 8 nos meses em que começava a caminhar. Comprei também um projetor de 16mm e alguns filmes.

Minha vida virou do avesso nos últimos dez anos, mas nesse último fim-de-semana, depois de quase uma década, voltei a mexer em minha coleção de filmes. Como eu imaginava, as lâmpadas dos projetores acabaram queimando, depois de tanto tempo sem uso. Mas deu pra ver o Iuri pequeninho dando seus primeiros passos e também a nossa turma fazendo palhaçadas em "Muito Antes Pelo Contrário". Aliás, a realização desse filme foi um dos momentos marcantes da minha adolescência. Havíamos nos conhecido pelo rádio amador PX e abrimos o filme com um cartaz onde aparecia o título e os nossos prefixos. Sim, esse fim-de-semana foi de mexer no passado. Mas ainda tem muita coisa encaixotada. Os slides por exemplo. A sessão nostalgia está apenas começando.

2 Comments:

Blogger Factory said...

bom dia amigo como gosta de projetores gostaria de saber se conhece alguém pra comprar 6 projetores da marca strong ficaria muito grato meu contato é 91 981487645 este é meu zap

7:58 AM  
Blogger Emilio Pacheco said...

Desculpe, não tenho What's app e não sei quem poderia querer comprar. Fica aí o seu número, caso alguém se interesse.

12:03 PM  

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